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Neoliberalismo Como Gestão do Sofrimento Psíquico

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Baseado em um conjunto de práticas de gerenciamento do mal-estar – por exemplo, a individualização da culpa, o repúdio ao fracasso depressivo, o louvor maníaco do mérito e a criação de um estado de crises e reformulações, bem como de anomia e mudanças permanentes –, o neoliberalismo consegue extrair um a-mais de produtividade das pessoas. Neste livro, o leitor poderá acompanhar como o modo de produção neoliberal construiu uma nova forma de sofrimento que se entranhou em nossas vidas ao modo de uma moralidade indiscutível. Ele funciona como antídoto e resposta aos manuais de gerenciamento e motivação, às narrativas de sucesso e coaching, bem como aos discursos que produzem sujeitos estruturados como uma empresa.

290 pages, Kindle Edition

First published January 26, 2021

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Vladimir Safatle

50 books54 followers

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Displaying 1 - 17 of 17 reviews
Profile Image for Luiza Hubner.
10 reviews1 follower
January 8, 2023
Muita coisa me deixava desconfortável quando escrevi meu TCC em neurociência do comportamento humano, mas eu não entendia muito bem o porquê desse desconforto. Depois de ler esse livro o desconforto começou a fazer sentido. Na neurociência atual existe a idéia de que cálculos de custo-benefício embasam a motivação humana. Entretanto, isso não é uma idéia original, mas derivada da filosofia utilitarista, que foi apropriada por economistas neoliberais, como Becker, para construir seus conceitos de liberdade e indivíduo.
A neurociência do comportamento tenta se apresentar como isenta de ideologias, apenas tirando conclusões neutras de dados obtidos através de experimentos quantitativos. Entretanto essa neutralidade é uma baita de uma ilusão, e fica evidente como a neurociência atual é fortemente influenciada pelo pensamento neoliberal, tanto na forma como os estudos são conduzidos quanto na ótica pela qual os resultados são interpretados.
Temas de pesquisa como fadiga, motivação e tomada de decisão baseada em esforço, têm suas explicações baseadas na filosofia utilitarista de cálculos de custo-benefício. E todas parecem ter como objetivo final arranjar formas de extrair cada vez mais e mais trabalho das pessoas. Mas nada se discute dentro da neurociência sobre como a ideologia interfere em suas análises puramente "científicas".
Hoje em dia me sinto aliviada por ter trocado de área de pesquisa, ao mesmo tempo que passo raiva na internet ao ver neurocientistas vendendo a idéia de "autogestão empresarial do indivíduo" e "empreendedorismo de si" sob uma ótica puramente científica, e repaginadas sob o slogan de "controle sua dopamina".
Profile Image for Jorge.
14 reviews1 follower
March 9, 2021
O livro é muito bom, precisa ser lido por quem tem interesse em estudos sobre o neoliberalismo, sociologia, psicanálise, psicologia e economia. Sobre o texto, ao menos duas questões: 1. é comum faltar vírgulas e há erros de formatação ao longo de todo o texto, mas não chega a comprometer a leitura, a compreensão; 2. à escrita falta identidade. Claro que há textos em que são muitos autores ou mesmo (e isto creio ser decisivo) a natureza acadêmica talvez impeça a marca da escrita dos autores, mas o andamento, creio, fica comprometido. Em outras palavras, na sua maioria os textos são chatos. O que salva é que há muitas ideias boas por todo lado. Fica o destaque à escrita de Safatle e à escrita de Dunker, dois que assinam capítulos individuais nesta publicação e o fazem muito bem.
Profile Image for Carolina Marconi.
31 reviews3 followers
October 28, 2021
O título precisava ser TÃO longo assim? não sei. Mas é uma abordagem e aprofundamento excelente da relação entre economia, moralismo, afeto e saúde mental. Apanhei horrores pra ler, mas VENCI. Leitura imprescindível pra quem é da área da saúde.
Profile Image for Sarah Cecília.
46 reviews
May 13, 2022
O livro é um compilado de artigos com vasta pesquisa bibliográfica e autores das áreas da psicologia, psicanálise, filosofia e ciências humanas, em geral. É sempre difícil entender tudo o que nos trouxe até essa sociedade em que vivemos hoje, mas a obra esmiuça muito bem os pontos teóricos, factuais, políticos e sociais que caracterizam o neoliberalismo e sua relação com o sofrimento psíquico. Ainda assim, no meu caso, alguns artigos foram mais fáceis de ler, enquanto tive dificuldade em outros aos quais precisei reler para finalmente compreender, sendo próprio do livro a linguagem acadêmica e as muitas citações, referências e conceitos. É claro que, pra quem tiver uma bagagem maior de conhecimento, a leitura vai ser muito mais fluida, mas isso não me impediu de ter uma experiência muitíssimo esclarecedora e de ampliar minhas perspectivas sobre o tema. Dito isso, os autores demonstram como que o neoliberalismo é mais que um sistema econômico do qual já ouvimos falar tantas vezes, mas como, tal qual outras formas de organização econômica, ele possui profundo impacto sobre o modo como nos vemos, como sofremos e como nos relacionamos com os outros. E, como titulado na capa, ele funciona justamente como produtor e também gestor do nosso sofrimento. A análise inicial de vários apoiadores dessa teoria econômica permite esboçar um sujeito neoliberal: aquele que se identifica como uma empresa que busca alta performance, alta produtividade e vê tudo como um "cálculo de utilidade"; um sujeito estritamente racional e desvinculado dos outros. Essa individualização excessiva, que nos faz crer que toda responsabilidade está unicamente sob nós mesmos, nos separando do coletivo e dos problemas advindos dele, produz o sofrimento na medida em que o indivíduo que não se encaixa na lógica do livre mercado, da concorrência naturalizada e da racionalidade total, sente o fracasso e a exclusão não como frutos de um conflito político, mas como consequências da sua "falta de esforço". Nos é vendido, seja pelos coachings, pela indústria farmacêutica, pelas diferentes abordagens psicológicas ou por pessoas de significativa influência, que podemos e devemos ser sempre uma versão melhor de nós mesmos. Com isso, é a lucratividade que aumenta mesmo que seja às custas de nosso sofrimento, com o crescimento cada vez maior do consumo de medicamentos e de programas de gestão emocional falaciosos. Tudo isso sob a égide de que o sistema capitalista liberal é natural, legítimo e que não há alternativa fora dele. Nesse sentido, há trechos e capítulos dedicados a abordar as mudanças de diagnóstico psíquico, a tendência a se pensar distúrbios ou doenças como fruto exclusivo de fatores biológicos e não ligados (também) à problemas sociais, uma ótima reflexão com paralelos entre neopentecostalismo e neoliberalismo, entre outros pontos interessantes. Enfim, vale a pena por nos fazer pensar o quanto estamos submersos nessa lógica excludente, individualista, onde falta empatia pelo outro e sobra uma competitividade adoecedora.
31 reviews
March 8, 2021
Algumas afirmações iniciais causam certa estranheza, ligando o aumento do diagnóstico de depressão ao advento de regimes neoliberais. É sabido q o próprio diagnóstico foi sendo aperfeiçoado concomitantemente a este período que era recheado de ditaduras, capitalistas ou não, e os dados eram escassos ou pouco confiáveis, levando uma base de comparação praticamente impossível. Levo a crer que a patologia foi resultado de crescentes distorções sociais e obrigações e exigências particulares da vida social da vida moderna, presentes de forma diferenciada em cada região, cultura e regime político.
Profile Image for Die!Go!.
4 reviews4 followers
March 23, 2023
Assunto super interessante emoldurado por uma linguagem deveras nauseante.
Profile Image for Marta D'Agord.
226 reviews16 followers
February 1, 2022
O termo Neoliberalismo surgiu em 1938, no mesmo ano em que o termo borderline entrava no campo psicopatológico. O neoliberalismo expandiu a lógica de mercado como lógica normativa em aliança com a biopolítica como design psicológico. Capital humano e investimento em si revelam a predominância de um discurso híbrido entre economia e psicologia que a partir da década de 1970 reconfigura a “gramática do sofrimento psíquico”.

Nessa reconfiguração, o borderline emerge no quadro de substituição da cultura do narcisismo pela cultura da indiferença em alternância com irrupções de ódio. modelos socioeconômicos são animados não apenas por proposições a respeito do modo de funcionamento de sistemas econômicos de produção e consumo. Como eles devem também determinar a configuração de seus agentes racionais, definindo com isso um conjunto de comportamentos, modos de avaliação e justificativas vinculados a modelos validados pelas ciências como a psiquiatria e a psicologia.

Assim, há uma crítica às formas como os saberes acadêmicos e não acadêmicos, inclusive no campo das igrejas neopentecostais vêm produzindo as justificativas para o status quo.

O livro está estruturado em três partes: a primeira enfoca a história do neoliberalismo; a segunda analisa seus impactos sobre o declínio das categorias psicopatológicas que passam a ser substituídas por sistemas orgânicos para os quais há fármacos que podem potencializar performances ou equilibrar funcionamentos; e a terceira parte onde se faz uma análise das formas brasileiras de neoliberalismo.

Profile Image for Anac.
30 reviews
June 14, 2025
sic - indústrias farmacêuticas patrocinam campanhas com o objetivo de sensibilizar a população em relação a determinados transtornos psiquiátricos, o que enviesa médicos e pacientes a compreenderem o sofrimento psíquico dentro do espectro do transtorno e alinharem seu tratamento com os interesses da indústria
- o enhancement seria a maximização de potencialidades das funções humanas para uma melhor satisfação de demandas sociais, sejam elas de cunho estético, laboral ou esportivo.
- patologizacao da vida cotidiana na qual os sujeitos cada vez mais passam a nomear sua experiência psíquica balizados nas diretrizes diagnósticas dos grandes manuais psiquiátricos
-o biológico acaba sendo na psiquiatria o refúgio do transcendental e, assim, campo privilegiado de ocultamento das mediações sociais e políticas dos fenômenos psíquicos
- forte correlação entre os resultados encontrados e o horizonte da normalidade proposto pela matriz psicológica da episteme neoliberal

meio que o dsm v é um viado a psiquiatria uma puta e o neoliberalismo um corno
Profile Image for Celso Rennó Lima.
236 reviews4 followers
April 18, 2021
Esse livro deveria fazer parte da leitura de todos aqueles que pretendem discutir a atualidade de nosso mundo e, mais especificamente, de nosso país: Brasil!
Um levantamento da história que levou a esse momento tão difícil e que precisa ser revisto para podermos ter lugar como sujeitos capazes de viver uma vida digna de cada um!
Profile Image for Diego Pereira.
2 reviews
November 28, 2021
Do meu ponto de vista após a leitura do livro, é a falta de dados que correlacionem com as descrições. Visto que não sou psicanalista e/ou psicólogo, fica difícil a compreensão dos conceitos citados. Acredito que alguns indicadores e gráficos poderiam sintetizar grande parte das críticas ao Neoliberalismo e suas consequências.
Profile Image for mari.
55 reviews
Read
February 20, 2022
“As formas de sofrer aparecem como impossibilidades de operar uma reconversão geral da vida a partir da abstração geral da unidade e da síntese, abstração essa que agora será vista como ‘liberdade’. Dessa forma, o neoliberalismo nos levou a sofrer de outra forma, procurando retirar de nosso sofrimento psíquico a consciência potencial da violência social.”

Profile Image for Fernando Cidade.
16 reviews
February 2, 2025
Gostei bastante da parte que revisava os filósofos que inspiraram ou criaram o neoliberalismo, porque sabia pouco sobre eles. No entanto, senti que, no geral, o livro falha em mobilizar ideias originais, repetindo argumentos que já foram muito proferidos em discussões filosóficas.
Profile Image for Ronald Stresser.
Author 7 books10 followers
February 22, 2023
Grande obra! Mostra de maneira direta e simples a origem do sofrimento psíquico pelo qual hoje passa a humanidade. Recomendo fortemente a leitura.
Displaying 1 - 17 of 17 reviews

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