Vozes historicamente silenciadas encontram em Mulheres quilombolas espaço para compartilhar saberes a partir de suas perspectivas, como faziam nossos ancestrais reunidos em torno do fogo, no ritual de transmissão e perpetuação de conhecimentos basilares para a comunidade. As autoras trazem para a roda uma diversidade de pautas em geral invisibilizadas na sociedade, contribuindo com suas visões de mundo, seus conhecimentos acadêmicos e suas experiências de vida para abrir novas possibilidades de debate. Assumindo o lugar de guardiãs dos saberes ancestrais, de lideranças políticas, de mulheres racializadas na sociedade, expõem em suas reflexões os muitos atravessamentos que a discussão em torno do que é ser mulher quilombola abarca. Para além da pauta identitária, como protagonistas de suas próprias histórias, as autoras denunciam os muitos percalços enfrentados pela população quilombola - que existe (e resiste) em torno de quatro mil comunidades em quase toda a extensão do Brasil -, lamentavelmente pouco divulgados e discutidos na mídia e em nossos círculos sociais. Uma oportunidade privilegiada de estabelecermos diálogo com uma epistemologia e uma realidade social em geral pouco conhecida, com uma Outridade ainda invisibilizada. Um livro do Selo Sueli Carneiro, coordenado por Djamila Ribeiro.
Um excelente livro de introdução à centralidade mulheres quilombolas para a manutenção e reprodução social, cultural e econômica de seus quilombos. Mais do que isso, é um livro que nos ensina que ser-quilombola é ser-coletivo e ser-território. E também que existem vários feminismos, várias urbanidade e várias ruralidades.
Com uma abordagem interseccional, diversas autoras quilombolas escrevem sobre o seu papel como defensoras do meio ambiente e as violências que enfrentam. O livro também discute suas subjetividades, a presença na política, o trabalho de cuidado, os seus saberes ancestrais, a luta pela soberania alimentar, os desafios da autoidentificação e os entraves burocráticos intermináveis que violentamente atrasam a titulação de seus territórios.
“No entanto, o olhar exótico da sociedade sobre essas mulheres crioulas, assim como sobre outras mulheres negras, reforça a imagem imposta a elas ‘de mulheres fortes’, que tudo suportam, inclusive a violação de direitos fundamentais como educação, saúde, oportunidades de trabalho digno etc.”
“só não consigo ser forte o tempo todo, e quero ter esse direito.”
Uma leitura indispensável para pensar em inclusão, participação, multiculturalidade e emancipação.
Achei uma boa introdução para assuntos relacionados ao papel da mulher quilombola na luta territorial e política. E para entendermos as especificidades das vivências femininas dessas comunidades. Gostei bastante dos artigos. Um livro de abordagem rara, portanto, bastante necessário.