Jump to ratings and reviews
Rate this book

Tungstênio

Rate this book
“Vallejo marca o começo da diferenciação da narrativa e da poesia do litoral e da serra, no Peru. Vallejo dá início a uma tremenda etapa em que o homem andino percebe o conflito entre seu mundo interior e o castelhano como seu idioma.”

José María Arguedas

“Em sua literatura, Vallejo é sempre uma alma ávida de infinito, sedenta de verdade. A criação é nele, em simultâneo, inefavelmente dolorosa e exultante. Este artista não aspira senão a se expressar pura e inocentemente. Se despoja de todo ornamento retórico, se desnuda de toda vaidade literária. Chegando até a mais austera, a mais humilde, a mais orgulhosa sinceridade da forma. É um místico da pobreza que descalça seus pés para que conheçam, nus, a dureza e a crueldade do seu caminho.”

José Carlos Mariátegui

Uma mostra da obra narrativa do poeta, dramaturgo e ficcionista peruano, César Vallejo, é traduzida pela primeira vez no Brasil. Foi publicada em Madri, em 1931, e só lançada no seu país, em 1957, quase vinte anos após a morte do autor, ocorrida em Paris, em 1938, onde era reconhecido como um dos nomes decisivos da literatura latino-americana.

Respeitado sobretudo como poeta, autor de livros emblemáticos como Os arautos negros, Trilce e Espanha afasta de mim esse cálice, Vallejo escreveu várias obras de ficção. Tungstênio é o exemplo contundente desta produção.

Ao longo das últimas décadas essa parte da sua obra tem sido reavaliada, como é caso de Tungstênio, que adquiriu uma relevância explícita, e reconhecido pela crítica como um marco literário da narrativa indigenista do Peru, antecipando inclusive um autor como José María Arguedas.

Tungstênio é a tentativa veemente de Vallejo de denunciar a exploração não só das riquezas minerais como do povo peruano. Em simultâneo, alerta para o tratamento desumano das populações indígenas, com a complacência das oligarquias locais, suplantando dessa maneira tempo e espaço, e fixando sua narrativa com a força da atemporalidade.

Tudo decorre na região serrana de Colca, onde se situam as minas de tungstênio, metal que o Peru chegou a produzir em larga escala até a pouco tempo. Uma empresa norte-americana ― a Mining Society ― é a responsável pela extração do metal, que envia para os Estados Unidos, prestes a entrar na Primeira Guerra Mundial. Para o efeito, emprega uma legião de indígenas e a população mais desvalida, cujo trabalho se efetua sob o regime de semiescravidão.

Os representantes do poder local colaboram com todas as injustiças praticadas, e Vallejo delineia tais personagens de maneira intensa, sem poupar os traços mais obtusos do caráter humano, descrevendo desde um estupro coletivo, até o assassínio da população que tenta fazer um levante após presenciar a morte de um indígena em plena prefeitura. Dessa maneira, Colca se torna o microcosmo de um continente, e todos os ataques sofridos ao longo da história e dos séculos se ressignificam simbolicamente aqui.

Ao contrário da poesia do autor, sua ficção transita sobre os aspectos mais crus da realidade que marcou ― ainda marca ― o Peru e, por extensão, a América Latina. Vallejo intensifica sua paleta, expondo os abusos, os crimes e a intolerância, que são reproduzidos com a tensão contínua. Por essa razão, a crítica que atravessa o livro garante sua atualidade, revelando um autor consciente, mas distinto do poeta que trabalhou os aspectos oníricos e a densidade vanguardista do discurso poético. Com Tungstênio, Vallejo funda uma voz atemporal que continuará a ecoar para além destas páginas.

César Vallejo (Santiago de Chuco, Peru, 16 de março de 1892 – Paris, França, 15 de abril de 1938) foi um poeta e escritor peruano. Ele é um dos principais poetas da literatura sul-americana.

Era mestiço e suas origens humildes afetaram profundamente sua vida e obra. Estudou literatura e direito.

Em seu primeiro livro de poemas, Los heraldos negros (1918), ele revelou os principais temas de sua o luto e a insegurança causados pela morte de sua mãe e irmão, as limitações e o vazio da vida, a dificuldade do homem para lidar com a opressão social e encontrar justiça para superar a falta.

O escritor ficou preso, em 1920, por três meses por sua atividade política em favor dos ameríndios. Enquanto estava na prisão, ele começou a escrever os poemas de Trilce, uma de suas principais obras; nela deixou de lado sua retórica literária usual e usou neologismos, expressões amigáveis, inovações tipográficas e imagens retóricas surpreendentes como um meio de expressar as limitações e impossibilidades do homem.

Após a publicação do curto romance Fábula salvaje, em 1923, mudou-se para Paris e nunca mais voltou para sua terra natal, embora nunca tenha rompido laços com o seu povo. Em Paris manteve relações com os principais intelectuais da época, mas devido a problemas políticos teve que se exilar em Madrid em 1930. Em 1931, Vallejo acreditava que o caminho para melhorar a sociedade era o m...

168 pages, Paperback

First published January 1, 1931

10 people are currently reading
160 people want to read

About the author

César Vallejo

309 books375 followers
César Abraham Vallejo Mendoza was a Peruvian poet. Although he published only three books of poetry during his lifetime, he is considered one of the great poetic innovators of the 20th century. Always a step ahead of the literary currents, each of his books was distinct from the others and, in it's own sense, revolutionary. Clayton Eshleman and José Rubia Barcia's translation of "The Complete Posthumous Poetry of César Vallejo" won the National Book Award for translation in 1979.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
35 (19%)
4 stars
71 (38%)
3 stars
59 (32%)
2 stars
17 (9%)
1 star
2 (1%)
Displaying 1 - 13 of 13 reviews
Profile Image for Cosimo.
443 reviews
May 2, 2015
Utopia meticcia

“Morirò a Parigi con la pioggia, in un giorno del quale ho già il ricordo”.

César Vallejo è un grande poeta peruviano, uno degli uomini di lettere più importanti e riconosciuti del continente sudamericano, inventore del creazionismo nel solco del modernismo di Ruben Darìo. Era per metà indio e ambiva a scrivere per gli analfabeti, conscio di tutte le radicali difficoltà di questo mito; la sua disperata morte è stata narrata da Bolano in Monsieur Pain. In questo libro aspro e vero, di ispirazione sociale e profondamente politico, Vallejo non mente, c'è già una storia che gli sta a cuore e prende vita naturalmente, aggredendo azione dopo azione l'immaginazione del lettore, tra le Ande e le miniere. Il testo ha uno sviluppo teatrale che denuncia i crimini del profitto e la crudeltà del capitale, partecipando alla sofferenza di peones sfruttati, indios umiliati e donne violate e assassinate. Nel caos di un destino cruento che si rovescia disobbediente sull'innocenza degli ultimi, è la vocazione all'arte a condurre l'autore fuori dalla prepotente desolazione del reale, verso l'aspirazione all'uguaglianza e alla giustizia, realizzata in una parola coraggiosa che sia solidarietà felice, persistente aurora e adesione irremovibile.
Profile Image for Marta Limón.
14 reviews2 followers
January 9, 2022
El Tungsteno más que una novela social es una novela bolchevique, proletaria. Una novela en la que el autor nos muestra toda su ideología sin fisuras ni reservas. En ella, Vallejo, nos lleva hasta las entrañas del conflicto de clases y nos muestra el látigo que azota con crudeza la vida del "cholo", que golpea aún más brutalmente a las mujeres.

Los principales protagonistas son los soras, que vienen a representar a la maltratada "raza andina" que habita pacíficamente las tierras de Quivilca, departamento de Cuzco. Al otro lado están los gringos, representados por la Mining Society, que expolian las tierras y explotan a los indios. En medio está la pequeña burguesía peruana, urbanita pero aún rural, intelectual pero todavía demasiado devota, liberal pero sin suficiente capital, condenada a no ser más que un actor secundario en la historial del capitalismo universal.

Aunque el relato pueda parecer a veces demasiado simplista y no es capaz de mostrar la complejidad de la vida indígena, El Tungsteno es un grito al cielo contra la injusticia social y un fiel retrato de la realidad. Solo por eso ya merece pena leerlo.
Profile Image for Lungstrum Smalls.
388 reviews20 followers
November 2, 2018
I read most of Vallejo's poetry a while ago, even translated a few of his poems from Spain, Take This Cup From Me. They are wild things, his poems, where books sprout from dead soldiers like flowers and words that we didn't even know we needed are made up.

So it was a real disappointment when I finally got around to reading this novel that he wrote shortly after becoming enamored with the Soviet Union. Far from the unwieldy stories in his poetry, this book offers a sort of proletarian realism that reminds me of Upton Sinclair. It's all workers toil and painfully didactic scenes of exploitation. The characters are all thin foils. Even the indigenous population, that Vallejo so clearly wants to champion, are relegated to their 'class position' under Marxist Leninist thinking, as thoughtless, lumpen-proletariat hordes.

I'm sure this book was brave in its own way when it was written. It certainly opposes colonialism and capitalism in Peru at a time when few others were doing so. For that reason maybe I'd say 2.5 rather than 2 stars. But, in the end, I must judge a book primarily as a piece of literature, and in that regard this one is not much more than an extended communist pamphlet.



Profile Image for Fabricio Alarcón.
14 reviews
May 20, 2021
Breve novela que a través de un argumento crítico-social refleja la ideología política de Vallejo. El abuso excesivo al que están sometidos los indios termina siendo una carga ineludible para el lector.
Además del marcado contraste donde sucumben los personajes, entre la avaricia, la maldad y la inocencia, El Tungsteno cuenta la cercana realidad de un país chamuscado y fragmentado desde tiempos pasados.
Profile Image for Emma.
70 reviews30 followers
October 21, 2018
I don’t even know why I enjoyed this book so much. It’s a story of an exploitative food-chain of individuals with the indigenous Peruvian population at the bottom and the American mining business owners at the top. The depictions of violence - physical, sexual, and social - are blunt and don’t shy away from depicting the harsh reality at hand. What we see is the fault lines of exploitation and dominance rupturing communities and creating uncrossable ravines between peoples. Reading this book, it is easy to understand Vallejo’s communist leanings.
Profile Image for Mile.
69 reviews
July 28, 2021
Questo libro mi ha piacevolmente sorpresa.
Scoperto quasi per caso(santi gruppi di lettura) è una lettura necessaria, di forte ispirazione politica e socialista.
Tungsteno descrive come si è avviata l' industria mineraria nelle Ande, di fatto estromettendo, torturando e sterminando le popolazioni indigene.
Vallejo ci guida tratteggiando con estrema lucidità i vizi, la cupidigia e la sorda crudeltà degli oppressori, nonché la rassegnazione degli oppressi.
Profile Image for Jo March.
210 reviews33 followers
April 2, 2024
Non é un mal libro, pero peca de ser moi maniqueo, e vese bastante a intención propagandística.
Non digo que o que se relata sexa de todo mentira, pero sí que caricaturiza moito ós seus personaxes. Os patróns son malos malísimos e os obreiros indíxenas son pobres criaturas inocentes.
Profile Image for Rey Félix.
351 reviews28 followers
June 18, 2020
¿Hasta cuándo vamos a ser obreros y mal considerados?...
18 reviews
May 13, 2024
Obra que relata la lucha desigual de las clases. Dónde se evidencia la permanencia de estos conflictos hasta el día de hoy.
Profile Image for Ariana Vilela .
52 reviews
April 21, 2025
Calificando libros que reencontre ordenando mi librero 🤓👆🏻 #2:

El que diga que la literatura no es política, le mostrare este de acá.
Profile Image for Leyles Leon.
Author 3 books42 followers
November 3, 2016
Con este libro, Vallejo demuestra toda su maestría para la prosa.
Profile Image for Mike Ortiz.
49 reviews
April 12, 2020
Breve e intensa novela. Sorprende la transparencia de la escritura de Vallejo en comparación a su poesía.
Displaying 1 - 13 of 13 reviews

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.