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Bairro Sem Saída

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A acção situa-se no Bairro mais clandestino da Europa durante os anos 70 e 80: a Brandoa e é narrada por Rogério Paulo, nascido durante o terramoto de 28 de Fevereiro de 1969.

O narrador cresce marcado pela morte do seu primo Fernando dois dias antes de nascer, acompanhado pelas personagens fantásticas do Bairro sem Saída: o seu amigo e Mário, diabético que vai desaparecendo; a cigana Zíngara e suas maldições; o monstruoso ser de duas cabeças que lhe ensombra a infância; a Noiva de Branco, que se atira da janela do quarto andar.

Um livro com os batimentos rápidos do heavy metal e a melancolia escura do gótico, sem esquecer uma boa dose de humor, apresentando a eterna guerra entre ricos e pobres.

Este é o primeiro romance de Fernando Ribeiro, que aqui apresenta a sua outra voz, tão forte e ousada como na sua banda, mas, agora, traduzida nas palavras de um livro que grita, emociona, entretém e encanta.

208 pages, Paperback

First published May 1, 2021

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About the author

Fernando Ribeiro

29 books79 followers
Librarian note: There is more than one author with this name in the database.

Fernando Miguel Santos Ribeiro nasceu em 26 de Agosto de 1974. É vocalista, letrista e alma da banda portuguesa de heavy metal e metal gótico Moonspell, sendo também escritor e tradutor. Cursou Filosofia na Faculdade de Letras de Lisboa e tem tido diversas experiências no mundo literário: traduziu para a língua portuguesa Eu Sou a Lenda (I am Legend) de Richard Matheson; publicou um livro de contos, Senhora Vingança; e colaborou na edição e tradução dos dois primeiros volumes a obra integral de H.P. Lovecraft, autor de ficção de terror. Em 2009 fez parte do projeto musical Amália Hoje, que juntamente com Sónia Tavares, Paulo Praça e Nuno Melo, regressou a alguns dos clássicos mais emblemáticos de Amália Rodrigues.
Vive em Lisboa e toca por todo o mundo com os Moonspell, estando neste momento a realizar a digressão do último álbum da
banda, Extinct (2015). Publicou três livros de poesia, Como Escavar um Abismo (2001), As Feridas Essenciais (2004), e o Diálogo de Vultos (2007). Purgatorial é o seu quarto livro de poesia, que, além dos originais reagrupa a sua poesia completa.

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Community Reviews

5 stars
17 (13%)
4 stars
53 (41%)
3 stars
46 (35%)
2 stars
9 (6%)
1 star
4 (3%)
Displaying 1 - 13 of 13 reviews
Profile Image for Fátima Linhares.
933 reviews340 followers
May 10, 2025
Neste Bairro o narrador, Rogério Paulo, um adolescente dos anos 1980, com as hormonas aos saltos, vai-nos apresentando as diversas personagens que compõem o dito Bairro, um dormitório situado na margem sul do Tejo. Tudo isto enquanto tenta alcançar o seu maior objetivo, relacionado com miúdas, claro.
A linguagem é muito crua e a história começa a ganhar contornos de tragédia quando os ricos começam a construir prédios luxuosos próximos daquele gueto de pessoas remediadas. Fiquei muito surpreendida com a escrita do Fernando Ribeiro.
Profile Image for Joaquim Margarido.
299 reviews39 followers
October 10, 2021
É num bairro degradado de uma cidade-dormitório às portas da capital que tudo se passa. Os ímpetos libertários de Abril fazem-se sentir ainda com intensidade e a luta de classes extravasa dos prédios para as ruas e destas para outros bairros igualmente degradados, para outras cidades periféricas, também elas cidades-dormitório. Apanhado num torvelinho de emoções, procuração passada às hormonas para pensarem por si, Rogério Paulo sente o Bairro e o clamor como algo orgânico, parte intrínseca do seu eu que importa defender como se de uma luta pela própria sobrevivência se tratasse. Na sua esteira, seguimos por ruas e becos desordenados e atulhados de lixo, entramos em prédios onde tudo é precário e conhecemos as mais improváveis figuras, do Mário que passa a vida a enfiar doçaria pela goela abaixo “e não engorda, o cabrão”, ao Fonseca “culturão”, comunista dos quatro costados que roubou um quadro do MNAA para financiar a revolução; do Galamba que guarda em si toda a história do Bairro, à Célia “que tinha sardas e se calhar até já tinha aberto as pernas a um rapaz”.

Rogério Paulo nasceu na Brandoa, “o bairro mais clandestino da Europa”. Faltavam 19 minutos para as quatro da manhã do último dia de Fevereiro de 1969, no preciso momento em que o País era abalado por um sismo de magnitude 7,9 na Escala de Richter. Talvez este pormenor não seja uma mera curiosidade e Fernando Ribeiro, autor de “Bairro Sem Saída”, se sirva do fragor do terramoto para se situar a si próprio, também ele um filho do Bairro, nascido em pleno fulgor de Abril, o País a sofrer as réplicas de uma revolução menina de berço ainda. É nestas águas revoltas que o livro mergulha, ao encontro de uma realidade que o autor conhece bem, o que acaba por conferir a este seu primeiro romance um cunho marcadamente autobiográfico. Vocalista e letrista da banda portuguesa de metal gótico Moonspell, Fernando Ribeiro lança-se num desfiar de memórias marcantes, fazendo delas a argamassa de uma construção literária que surpreende pela solidez das personagens e pelo dinamismo das peripécias.

Fernando Ribeiro firmou-se no propósito de encontrar o tom certo para o seu livro e conseguiu-o. Palavra afiada, sem eufemismos nem preconceitos linguísticos de qualquer espécie, “Bairro Sem Saída” sabe ser duro sem magoar. Não recusa cumplicidades mas fica fulo quando percebe que os olhares são de comiseração. Imensamente divertido, consegue essa proeza de rir-se de si próprio, convidando o leitor a fazer o mesmo. Não é redundante, tão pouco é boçal, embora muitas das suas personagens o sejam. É, sobretudo, um livro honesto pelas verdades que encerra, pela ilusão que dele se desprende, pelos sonhos que estão ali a comandar a vida. É um livro que galopa sem sela, joelhos fincados num dorso nu, suores que se misturam, um resfolegar que cresce em doida correria, um clamor de liberdade soprado aos quatro ventos. Entretanto, cresceram as garras ao capitalismo, as assimetrias agravaram-se, o populismo tomou conta da política e os mais débeis são triturados pelas máquinas que transformam nomes em números. Tudo isto (e muito mais) aconteceu. Mas houve um tempo - e isso ninguém nos tira! - em que ousámos sonhar.
Profile Image for Sofia.
1,034 reviews129 followers
September 12, 2022
Nem sei bem o que dizer deste livro.
Havia aqui material e ideias para fazer um bom romance, à semelhança, p.e., do "As primeiras coisas" do Bruno Vieira Amaral. Tínhamos um bairro em formação, com pessoas/personagens que só por si eram suficientes para enriquecer ou fazer a história. Não era preciso o realismo mágico, torna tudo mais estranho, como se as dificuldades daquela gente não fossem mais do que um simples pesadelo do qual de pode acordar.
Em relação à linguagem (e ao sexo), as primeiras vezes que surgem na narrativa dão impacto, verosimilhança às personagens. Mas este recurso em demasia torna-se cansativo e quebra o efeito pretendido.

"Uma sala completa de tudo quanto nos era inútil. Uma sala cheia da vaidade dos pobres. Uma sala vazia, enquanto a minha avó e a minha irmã tinham de partilhar um divã no hall de entrada."
"Vinham todos, ou mais crescidos, ou mais inchados, com o papo cheio de histórias para contar. Eu fugia deles e delas a sete pés. Não queria nem saber. A inveja é o orgulho dos pobres."
Profile Image for Bruno Rodrigues.
35 reviews60 followers
January 30, 2024
Recordo-me, há muitos anos, numa entrevista (penso que aquando do lançamento de Como Escavar um Abismo) de uma pergunta acerca de qual o próximo projecto, e o Fernando Ribeiro ter respondido, num tom irônico (presumi eu), que talvez fosse um livro acerca de um Serial Killer da Brandoa. Pois bem, não é que, após tantos anos, ele escreveu mesmo acerca da Brandoa? Só faltou o serial killer para a profecia estar completa (ou será que faltou?).
Tendo sido eu um grande fã de Moonspell (o Irreligious é um dos álbuns da minha vida), gostando não só das músicas, mas apreciando especialmente as letras, não poderia deixar de ler este livro escrito pelo vocalista. E gostaria muito de ter apreciado o livro tanto como aprecio as músicas, mas não aconteceu, infelizmente.

O livro está, no fundo, dividido em duas partes. Na primeira, a personagem principal é o Bairro. E apreciei bastante esta parte, pois descreve esse mesmo bairro com um realismo impressionante. Penso que está muito bem contada, as personagens, as situações, mesmo as coincidências cósmicas estão muito bem introduzidas e acrescentam à história. A linguagem é dura, mas não acho que tenha sido escrita assim para chocar. Penso que tenha sido escrita assim para dar realismo, pois nesses bairros, quando uma coisa corre mal, não se diz 'Possas, que chatice'. Ou quando alguém nos chateia, não se manda 'pentear macacos'. Usa-se outra linguagem, daí essa linguagem estar no livro, fazer todo o sentido que esteja, e ter contribuído para o realismo desta primeira parte. Algumas das personagens, e algumas das situações, com uma ou outra alteração, poderiam ser, ou ter-se passado no meu bairro. Isto demonstra como gostei, e como me afeiçoei a esse bairro.

E por ter gostado, e ter-me afeiçoado tanto ao Bairro, acabei por não gostar tanto da segunda parte do livro. Na segunda parte a personagem principal deixa de ser o Bairro, e o foco passa a estar num dos habitantes do mesmo. E nesta segunda parte, o livro entra no campo da fantasia, começando o livro a descrever situações inverosímeis, que eu como leitor nunca consegui aceitar, pois não eram situações credíveis, para mim, num ambiente realista, ou real, que foi o que assimilei, como leitor, após ter lido a primeira parte. Talvez fosse intenção do autor que houvesse esse choque, entre um bairro que interpretamos como real e as situações 'do arco da velha' que acontecem na segunda parte. Mas para mim, esse choque foi negativo, e não me fez apreciar essas situações, pelo contrário.
Depois, nesta segunda parte existem, pelo menos, duas situações onde, e esta é a minha interpretação, o autor tentou criar um choque, pela natureza, e pela surpresa das situações. Tentou criar momentos em que o leitor diz 'Uau, o que se passou aqui?', e tem de parar para assimilar a situação e recuperar o fôlego. Algo parecido com o que acontece na cena da orgia n'O Perfume', que o autor também conhece, pois os Moonspell falam disso na sua música 'Herr Spiegelmann'. Mas falhou.
Talvez, tal como o anterior, este não seja um ponto negativo do livro, mas apenas seja negativo devido à minha percepção, e ao viés criado pela primeira parte do livro, e por já ter lido O Perfume, e saber que o autor também o conhece. Mas, para mim, estes foram dois pontos negativos.

Mas, na minha opinião, o ponto mais negativo do livro é a inconsistência do narrador. Isto porque o narrador é um habitante do Bairro, e por essa razão limitado pelos conhecimentos (ou falta deles) que os habitantes de tais bairros tipicamente têm, especialmente na infância/juventude. Mas este narrador usa uma linguagem rica, nada típica de um habitante de um bairro clandestino. Mas quanto a isto, pela minha parte, nem há nenhum problema. O narrador pode ter escrito a história à posteriori, após ter adquirido cultura e vocabulário mais rico do que o que tinha aquando das situações relatadas. O problema, que eu não consegui ultrapassar, é a tentativa de, por vezes, nos trazer esse narrador de bairro clandestino, e essas tentativas soam incrivelmente artificiais, e para mim estragam a narração. E dou um exemplo: Em certo ponto, o narrador fala numa 'Hamburgueria'. Quem no bairro se referiria ao sítio nesses termos? Era o 'Méque', ou o 'Mecas'. Hamburgueria é um nome que apareceu há meia dúzia de anos, para referir restaurantes onde se fazem hambúrgueres Gourmet. Certamente não era um nome usado nos anos 70/80. Duas ou três páginas depois, ao descrever o hambúrguer, refere que 'Havia também uma coisa vermelha, tipo polpa de tomate, mas mais açucarada, que se metia na carne e nas batatas'. Isto a mim soa-me bastante artificial, e a minha experiência de leitura nunca se conseguiu abstrair destes momentos, que me deixaram sempre um travo de incoerência. Para ser justo, na frase seguinte isto é explicado: 'Era a primeira vez que comia ketchup, mas creio que já tinha ouvido falar'. Esta frase justifica a anterior, mas para mim, o travo a artificial já se tinha formado, e a justificação não o consegue apagar. Existem mais situações como esta no livro, e estas são as que realmente mais impacto negativo tiveram na minha leitura.

Em resumo, à primeira parte do livro eu daria 5 estrelas. À segunda daria 2 estrelas. Arredondo a média para cima, para as 4 estrelas, porque os pontos negativos talvez não sejam defeitos objectivos do livro, mas apenas sejam subjectivamente negativos, para mim, devido às expectativas que tinha para o livro, antes de o ler, e especialmente após ler a primeira parte.
Profile Image for Margarida Matias.
24 reviews2 followers
April 18, 2024
Gostei muito deste livro. Escrita muito crua. Algumas passagens mexeram comigo. Foi a primeira vez que li este autor (ouvir, já ouvi muito) e quero ler mais.
Dei quatro estrelas mas é um 4,5 - ainda não é um 5 mas também não é um 4.
Profile Image for Eva.
5 reviews
August 14, 2022
É horrível, não gastem dinheiro nisto. É tão mau que nem consegui acabar
Profile Image for Carlos Brandao.
144 reviews3 followers
September 8, 2024
O primeiro romance do Fernando traduz se na ideia de um bairro de gente pobre que trabalha desalmadamente pela vida, de gente remediada que força a corrente diaria, dos dramas, desejos, vontades, amores e desamores. Num bairro dos subúrbios cuja saída escapa aos seus, mas que na luta do trabalho diário permite a honra de dizer Brandoa a quem doer

Belíssimo .
Profile Image for Luis Jordao.
49 reviews10 followers
October 2, 2023
O chefe da alcateia Moonspell não escreve só para a banda em formato canção, a poesia e o romance também lhe caiem bem. Este Bairro sem Saida já vivia na estante há uns meses, saiu de lá neste fim de Verão. A história de um bairro dos subúrbios visto pelos olhos de um miúdo a descobrir a vida, a descobrir-se a si e as fronteiras do espaço onde vive. Curiosamente é uma temática semelhante ao primeiro do Bruno Vieira Amaral de que já falei há uns tempos, os dois crus, escrita pesada e sem medo das palavras mas aqui com uns laivos de fantasia dark à mistura. O black metal a entrar na história da Brandoa sem pedir licença.
Como não gostar ?
Profile Image for Tânia Luz.
80 reviews1 follower
July 2, 2023
+ escrita muito crua, explicita
+ certo humor
+ a vida pobre dos bairros lisboetas
+ surpreende o final da história com a personagem principal, o Rogério, dentro de um tanque

- história nao fluida
- mesma coisa diga de varias maneiras
- escrita explicita em varias situações
- nao se consegue seguir aa histórias de vida das varias personagens... apenas do Rogério q se percebe a infancia e adolescência
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for Rita Ferreira.
14 reviews
June 21, 2025
Ritmo acelerado característico de uma boa malha metaleira. Recomendo. Para os que estão habituados aos riffs acelerados e circle pits de perder a cabeça do mundo metaleiro, força. Para os mais sensíveis, recomendo começar pelos clássicos e irem aumentado as batidas até chegarem àquilo a que Fernando Ribeiro já nos habituou na sua escrita, tanto em livro como nas melodias e canções da sua banda Moonspell.
Para os resistentes, boas leituras. Para os mais fracos boa sorte.
Displaying 1 - 13 of 13 reviews

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