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Os diários de Virginia Woolf: Diário I

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Este é o primeiro volume de um diário que Virginia Woolf manteve, com alguns hiatos, por 44 anos, desde a adolescência até poucos dias de sua morte. Vivido como uma escrita sem fim, o diário de Virginia Woolf representa o seu anseio por um sistema capaz de incluir tudo, sem distinções – o rasteiro e o sublime, o público e o privado. No primeiro volume, a jovem de 33 anos, recém-casada e ainda não publicada, retoma a escrita de um projeto de diário que havia interrompido no final da adolescência. As lacunas são um dos principais traços desse início. A vontade de usar o diário como terreno para se consolidar como escritora vê-se agora barrada por dois colapsos mentais que sofreu, primeiro em 1913 – e do qual mal estava recuperada em 1915, quando começa o volume – e em seguida um mês e meio depois de iniciá-lo. Virginia ainda está encontrando, com grandes dificuldades, sua voz literária e uma forma para o seu diário. Até 1919 ele assumirá o rosto que terá nos anos posteriores, abarcando às vezes em um mesmo parágrafo comentários domésticos, análises literárias e dos acontecimentos da época, trivialidades e trechos de extrema beleza – a aridez do cotidiano lado a lado com o questionamento do espírito. Grande leitora do gênero que é e com um projeto muito claro para seu diário, Virginia o afasta do estereótipo de texto confessional e o transforma em um campo de testes para seus experimentos, usando-o acima de tudo para observar sempre: o mundo, os outros e, em especial, a si mesma. Assim, o que se vê ao longo de suas centenas de páginas não é o retrato consolidado de uma “única” Virginia Woolf, mas o registro de uma constante mudança. Quando este volume se abre, Virginia e Leonard, que haviam se casado em 1912, estão morando em Richmond, cidade próxima a Londres. O diário neste início é muitas vezes lido por Leonard, a pedido da própria Virginia. Ela está prestes a publicar seu primeiro romance, The Voyage Out – e o fato de só o mencionar uma vez não significa que não fosse fonte de angústia: muitas vezes no diário ela trata obliquamente os acontecimentos mais impactantes da sua vida. Supõe-se que a expectativa dessa publicação tenha sido um dos gatilhos do seu segundo colapso.

344 pages, Paperback

Published March 28, 2021

28 people are currently reading
120 people want to read

About the author

Virginia Woolf

1,830 books28.8k followers
(Adeline) Virginia Woolf was an English novelist and essayist regarded as one of the foremost modernist literary figures of the twentieth century.

During the interwar period, Woolf was a significant figure in London literary society and a member of the Bloomsbury Group. Her most famous works include the novels Mrs. Dalloway (1925), To the Lighthouse (1927), and Orlando (1928), and the book-length essay A Room of One's Own (1929) with its famous dictum, "a woman must have money and a room of her own if she is to write fiction."

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Displaying 1 - 9 of 9 reviews
Profile Image for Gabriele.
175 reviews
July 30, 2021
eu tive meu primeiro contato com a Virginia Woolf em 2014. mesmo ano que eu entrei na faculdade, mesmo ano que muito começou a mudar em mim, interna e externamente. desde então eu já conheci muitas outras narrativas, autoras, pessoas e versões de mim mesma. eu documento minhas leituras desde antes disso, e sempre que consigo recuperar registros antigos e olhar todo esse percurso, eu fico feliz de ter documentado. desde 2014 eu tenho entrado em contato com a narrativa da Virginia Woolf com o olho brilhando. sempre são leituras que me deixam feliz por estar lendo algo incrível. e desde 2014 eu tinha vontade de ter contato com os diários da autora, que ainda não haviam sido publicados no brasil e era absurdamente caro no original em inglês.

felizmente 2021 me trouxe a publicação do primeiro volume dos diários em português pela Editora Nós, comprei em pré-venda e "guardei" para ler nas férias, um momento onde poderia me dedicar calmamente a essa leitura. e que leitura. eu me senti próxima da Virginia Woolf como se ela não tivesse vivido em outro momento histórico. sempre que existem aquelas perguntas "se você pudesse conversar com alguma pessoa viva ou morta, quem seria?" eu respondo Virginia Woolf. e de certa forma, a leitura dos diários foi uma conversa. é uma leitura e um retrato da época muito interessante. temos diversas passagens de relatos sobre os impactos da Primeira Guerra Mundial no cotidiano de Virginia e do marido. temos passagens sobre o sufrágio feminino e aprovação do voto para mulheres em Londres. temos passagens sobre o tempo chuvoso londrino, conversas com amigos, fofocas e uma ideia do círculo de pessoas que Virginia se relacionava naquele momento.

de forma mais específica, achei interessante passagens sobre a psicanálise de Freud que estava no seu início na Europa naquele momento, bem como passagens que trazem de forma mais implícita o sofrimento e oscilações de humor que acometiam Virginia de tempos em tempos. eu amei amei amei essa experiência de leitura e aguardo ansiosa pela publicação dos próximos volumes
Profile Image for Isis.
332 reviews17 followers
January 16, 2025
O primeiro volume do diário da Virginia me trouxe a impressão de que eu estava ouvindo fofocas, conversas, pensamentos de uma querida parente. Claro que tem algumas opiniões sem noção em alguns momentos, mas o resto é tão interessante.

“Escrevi a manhã inteira, com infinito prazer, o que é estranho, pois o tempo todo sei que não existe motivo para me sentir satisfeita com aquilo que escrevo, & que daqui a seis semanas ou mesmo dias irei odiá-lo”.
Profile Image for Gerlan Menegusse.
62 reviews
February 27, 2023
Esse contato com a autora através dos diários é uma experiência única. Eu me sinto lendo um de seus romances já que a beleza da escrita não muda. Foi muito interessante acompanhar de perto o que ela fazia, como gostava de fazer, seu ciclo social.. o quanto ela odia K.M kkkkkk, os lugares que frequentava (me senti menos culpado vendo o tanto que era consumista de livros). Sua parceria com L. E que parceria! Ela era muito fã do marido!! Sempre fazendo coisas juntos, o trabalho que desenvolvia junto com ele na publicação de livros, os momentos a sós para leitura e o quanto ela ficava ansiosa esperando ele chegar. Leonard com certeza teve um papel muito importante na vida dela! Adorei descobrir que ela colecionava vidros hahahaha e gostava de escrever com canetas! Nada de tinteiro! Nesse primeiro volume ela trabalha em cima dos seus 2 primeiros livros, A viagem e Noite e dia. Agora é começar o segundo volume para não deixar de acompanhar a vida dessa mulher maravilhosa, de lingua afiadissimaaaaaaaaa kkkkk mas com um projeto literário incrível.
Profile Image for jess.
153 reviews16 followers
April 17, 2022
“Neste exato momento, sinto como se a raça humana não tivesse nenhuma personalidade - como se perseguisse o nada, acreditasse no nada e combatesse apenas por um monótono senso de dever.”

Amei demais poder ter tido esse contato com os pensamentos e reflexões da Virgínia e como essa parte dos diários dela se passam durante a primeira guerra mundial, é um vislumbre super interessante nos detalhes do que se passava naquele momento assim como nas interações entre o grupo intelectual ao qual ela pertencia na Inglaterra, sua rotina e claro, o aumento da sua melancolia e desilusão com o mundo como um todo, ao mesmo tempo em que publicava seu primeiro romance e trabalhava como editora. Nem preciso dizer o quanto eu admiro mais e mais essa mulher.
Profile Image for rafi.
94 reviews25 followers
October 31, 2024
acho muito engraçado o jeito que ela falava "a tal lugar" e nunca usava o verbo ir
Profile Image for HANIK TORRES.
16 reviews1 follower
November 20, 2025
apaixonante. uma flecha etérea que rasga o céu do peito. um deleite se aproximar das conversas existenciais entre os muitos eus de virgínia.
Profile Image for Leticia.
3 reviews
Read
December 16, 2025
como q vc da nota pra porra de um diario. cinco estrelas tio
Profile Image for mariana correia santos.
2 reviews
September 10, 2023
posso não gostar da Virgínia neste diário muito do tempo em que o li, mas com certeza essa leitura foi importante em relação à literatura e à história no século 20.
Profile Image for Lucas Petry Bender.
33 reviews2 followers
December 12, 2021
Há muito tempo aguardada pelos leitores brasileiros de Virginia Woolf (1882–1941), a tradução completa dos seus diários começa a se tornar realidade quando se celebram oitenta anos da morte da autora. O bom gosto visual da edição se completa no cuidadoso trabalho de tradução, apresentação e notas de Ana Carolina Mesquita, que enfrenta o desafio de entregar ao leitor, habituado com a riqueza e o aprumo estilístico de Woolf, um texto cheio de abreviações, repetições e lapsos, produzidos ao gosto do momento, com a curiosa mistura de urgência e de ponderação que caracteriza essa forma de escrita. Se falta a substância textual que torna tão fascinantes os seus romances e ensaios, por outro lado sobressai a essência de uma observadora cuja sagacidade se mostra desde uma simples saída para comprar flores a um sinistro refúgio noturno de um bombardeio. A constante ameaça gerada pela Primeira Guerra Mundial e a angústia provocada pelas crises nervosas são confrontadas por expressões de iluminada alegria e bom humor, sobretudo quando o prazer proporcionado pela arte e pela pulsação da vida urbana superam a opressão das horas. A última dos grandes estetas da literatura, como classificou o crítico Harold Bloom, Virginia Woolf demonstra que o esteticismo é tão mais verdadeiro, potente e criativo quanto mais inteligente, sensível e arrojado for o autor, sobretudo quando capaz de provocar, no encontro da sua solidão com a do leitor, vislumbres de uma realidade que se expande em uma direção desconhecida, na contramão das expectativas de boa parte do público que procura os seus livros pelos mais diversos motivos acessórios ou ideológicos. "Elogios? Fama? A boa opinião de Janet? Como são irrelevantes, todos eles! Não paro de pensar em maneiras diferentes de lidar com as minhas cenas, concebendo possibilidades infinitas, vendo a vida, ao caminhar pelas ruas, como um imenso bloco opaco de material que preciso transmutar em sua forma equivalente de linguagem", escreve. Erguendo o véu do hábito que nos impele a participar do mundo maquinalmente, as palavras da britânica abrem uma perspectiva inesgotável que posteriormente será tão bem explorada nos seus romances. "Que estranho destino, esse - sempre ser a espectadora do público, jamais parte dele", registra num sábado, 30 de novembro de 1918. Pouco mais de cem anos depois, a marca deixada por Woolf segue provocando um indizível estranhamento nos nossos dias.
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