“Como desfazer o que me tornam?” Com esta e tantas outras indagações, Jota Mombaça aponta horizontes que vislumbram a importância de existir e performar em meio às feridas deixadas pelo colonialismo. Não vão nos matar agora é um espaço de experimentação, fazendo da palavra e do corpo ferramentas de crítica, potência e combate. As reflexões forjadas neste livro testemunham uma produção de conhecimento original e interdisciplinar, permeada por tensões permanentes em que a autora busca repensar o mundo como o conhecemos, propondo alternativas e transformações rumo ao novo. Trata-se, pois, de afirmar a resistência dos corpos vigiados por sistemas de controle. Corpos — e corpas — que seguem de pé apesar das adversidades de um ambiente dominado por padrões opressivos, pela obsessão em rotulá-los e negá-los, na inútil tentativa de capturá-los.
“Eu me lembro de trabalhar como se estivesse correndo. Correndo rumo a uma ilusão de conforto e estabilidade, a tentar salvar-me de coisas das quais não posso ser salva. E eu também lembro de trabalhar como se eu pudesse alcançar a velocidade necessária para cruzar pontes ainda não erguidas; como se, correndo, eu pudesse existir entre mundos assimétricos.”
A publicação inaugura a coleção Encruzilhada, da Editora Cobogó, que, com coordenação de José Fernando Peixoto de Azevedo, doutor em Filosofia e professor da ECA/USP, pretende ser um panorama de títulos de autores nacionais e estrangeiros que abarcam temas contemporâneos como o antirracismo, os feminismos e o pensamento descolonial. Autores que refletem o presente buscando lançar luz sobre como os processos, na medida em que são enfrentados, compreendidos e transformados mudam a percepção histórica.
Jota Mombaça é uma bicha não binária, nascida e criada no Nordeste do Brasil, que escreve, performa e faz estudos acadêmicos em torno das relações entre monstruosidade e humanidade, estudos kuir, giros descoloniais, interseccionalidade política, justiça anti-colonial, redistribuição da violência, ficção visionária e tensões entre ética, estética, arte e política nas produções de conhecimentos do sul-do-sul globalizado.
Nossa, feliz que tô conseguindo sair da inércia das leituras.. não sei o que tem rolado nos últimos meses, tenho ficado mais distraída do que nunca e sem conseguir levar adiante qualquer coisa. Fora essa ressaca, tô aqui pra dizer que Jota é brilhante, baita artista e baita escrita. Saio remexida.
Algumas reflexões interessantes sobre “lugar de falar” (não como posição de quem fala, mas de como se fala), a subversão da autorização argumentativa (nesse caso para interromper vozes hegemônicas), o “papel das aliadas” (e as narrativas benevolentesque reproduzem o binário subalternidade-dominância), o mundo das artes (agora “diverso”). Me fez pensar.
Sobre as discussões de gênero, tive alguns pontos de divergência e outros que não consegui entender o ponto defendido, a autora me parece que não se debruça em algumas questões que considero relevantes para o debate.
A escrita de Jota Mombaça é voraz. Desafia-nos a questionar em qual local do espectro do fundamentalismo de gênero estamos e qual a nossa responsabilidade na continuidade da delimitação de quais corpos são matáveis e quais devem sobreviver - e a custa de quê. O livro me provocou uma série de sensações, entre elas medo, raiva, repulsa, vergonha, desespero, mas também esperança. Espero, e devo continuar a lutar por isso, que os exercícios especulativos que constroem o texto sejam mais impulsos para transformações do que realidades irrestritas de um futuro próximo (por mais que o presente nos mostre que o projeto já está em curso).
The writing was too hard to follow and it seemed like the person was never getting anywhere, there are racial and genders explanations there that people should know but I feel like I already know what they is talking about, anyways, I couldn't finish it