"tomar uma droga que poderia ser minha ruína não me parece algo que eu faria nessa vida. e, mesmo assim, hoje me encontro mais disposta a tomar do que a não tomar."
Com certeza virou um dos meus favoritos do ano. O humor é no ponto perfeito, a história é absurda porém com toda possibilidade de ser real e as personagens são incríveis.
Paula sendo genial com sempre. Eu fico na torcida p'ra que o próximo seja pela Companhia das Letras. Eles estão perdendo. Eu me amarro em como ela escreve.
Uma professora universitária resolve deixar a cautela de lado e se submeter a um tratamento experimental, não científico, com um possível charlatão e definitivamente proibido, com psilocibina, para tentar diminuir sua ansiedade. Toda a experiência é relatada em forma de diário, e ela parece muito honesta ao relatar tudo, além dos comentários mordazes sobre as vizinhas, os colegas de trabalho, os orientandos, e conforme a droga vai fazendo efeito, ou pelo menos é o que ela quer que a gente acredite, o comportamento dela muda, ela fica mais "solta", mas o sarcasmo e os comentários continuam ácidos. Eu não sei muito bem como descrever como é estar na cabeça dela, ela não é uma personagem da qual você gosta, mas ela tem uma visão sensata e peculiar da vida, até por ser cientista, que traz uns momentos de reflexão interessantes. Eu diria que o livro é uma mistura de momentos de vergonha alheia e reflexões interessantes. E muito sarcasmo.
Acompanho os textos da Paula no Medium e gosto como a sua escrita é ágil, objetiva e sarcástica ao mesmo tempo, seu primeiro livro "Ninguém morre sem ser anunciado" foi um ótimo achado na quarentena, o que me deu grandes expectativas com este segundo. Aqui a história é mais profunda, passada o tempo todo em devaneios de alguém felizmente divorciada mas que tenta se encontrar para além da vida acadêmica, ainda que as experiências de professora universitária tome um grande espaço na narrativa. Gostei, ainda acho que falta uma revisão crítica mais acentuada, assim como no primeiro, e neste, a resolução foi um pouco menos impactante do que eu gostaria que tivesse sido. Ainda assim, aguardo ansiosa pra outros trabalhos da autora.
"abrigar um pensamento que não se pode jogar fora é flertar com uma versão desconhecida de si que vai querendo tomar espaço, te sufocando, um casulo que cresce por dentro e, quando arrebenta, mostra um bicho mais feio, mais primitivo. cópula e sobrevivência tomando o lugar do sofisticado, belo, insustentável."
paula gomes é uma das escritoras que mais me surpreenderam, primeiro com ninguém morre sem ser anunciado e agora com este livro que tem um humor particular que me agrada demais. as vizinhas no condomínio podem facilmente ser as vizinhas do condomínio que morei entre os 4 e 15 anos, são personagens muito reais e a sensação que fica é que, pela narrativa ser em entradas em um diário, a história continua para além do livro. eu adorei seguir toda a decisão de fazer o tratamento experimental e como a protagonista tenta entender o que realmente foi efeito disso e o que era ela mesma.
uma história sem pé nem cabeça. mas o tronco já basta. quero entrar nesse livro e viver nele. poderia ter um fim mais desenvolvido (pq não entendi nada), mas deu uma sensação de que a história continua na vida real, então tudo certo.
Engoli "Ninguém morre sem ser anunciado" da Paula e já emendei neste, que divertiu meus dias com sua protagonista anti-heroína e tantos personagens divertidíssimos. Um respiro ao dia a dia corrido e maluco.