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Catarina et la beauté de tuer des fascistes

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Cette famille tue les fascistes. C'est une tradition que tous les membres de la famille suivent depuis plus de soixante-dix ans. Aujourd'hui, Catarina doit tuer son premier fasciste. La violence a-t-elle sa place dans la lutte pour un monde meilleur?

112 pages, Paperback

Published November 19, 2020

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About the author

Tiago Rodrigues

46 books28 followers
Tiago Rodrigues nasceu em 1977 e desenvolve o seu trabalho como ator, encenador, produtor e dramaturgo. Colaborou com os Artistas Unidos,
o coletivo SubUrbe e, desde 1998, com a companhia belga tg STAN, tendo entretanto co-criado, interpretado, encenado e apresentado espetáculos em mais de 15 países. Em 2003 cria a estrutura Mundo Perfeito, em conjunto com Magda Bizarro, onde desenvolve um trabalho baseado na colaboração artística e nos processos coletivos. Com o Mundo Perfeito criou e coordenou os projetos Urgências, no âmbito da nova dramaturgia portuguesa, e Estúdios, dedicado à colaboração artística entre criadores portugueses e estrangeiros. Os seus espetáculos têm sido produzidos por festivais prestigiados (Alkantara Festival, Festival d’Automne em Paris, Kunsten Festival des Arts em Bruxelas) e por instituições de programação como o Teatro Maria Matos e a Culturgest. Criador versátil e inventivo, Tiago Rodrigues dirigiu programas de televisão como o Zapping, tendo sido argumentista nas Produções Fictícias e cronista em diversos jornais nacionais. Escreveu o argumento e foi ator da mini-série Noite Sangrenta, vencedora do prémio de Melhor Ficção Televisiva da SPA. Além de professor convidado na escola de dança PARTS (Bruxelas), coordenou diversos workshops e projetos
de formação em artes performativas, tendo ensinado em escolas de teatro e dança (Universidade de Évora, ESMAE, Balleteatro, Escola Superior de Dança de Lisboa e ESTAL). Colaborou como dramaturgista em criações de Rui Horta, Ana Borralho e João Galante. É autor de cerca de uma vintena de textos para teatro, em formatos diversos, dos quais se publicam neste primeiro volume três peças das mais significativas. Três dedos abaixo do joelho recebeu em 2012 o prémio para Melhor Espetáculo do Ano pela SPA.

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Profile Image for Paula Mota.
1,665 reviews563 followers
April 25, 2025
# 25 de Abril Sempre (e agora mais do que nunca)
4,5*

Eleanor Roosevelt: “Quantos homens matou?”
Lyudmila Pavlichenko: “Homens, não… Fascistas – 309.”


Estamos no ano 2028, portanto, no início da próxima legislatura (se não houver algum imprevisto dos previstos) *, e a extrema-direita voltou ao poder.

ANTÓNIO
Desde que eles aprovaram a Lei da Decência na Internet…
ISABEL
O “algoritmo patriótico”…
ANTÓNIO
Por causa das criancinhas, coitadas, que eram expostas à violência, à ideologia de género, ao pós-colonialismo…
ISABEL
E ao ateísmo.


Num monte alentejano, reúne-se uma família para um ritual iniciado nos tempos da ditadura, e no centro do palco, o fascista imobilizado e em silêncio, para darem seguimento à tradição iniciada pela avó.

Hoje matei um homem. Não o matei pelo mal que me fez, embora estivesse no meu direito. Matei-o pelo bem que não fez. (…) Que esta herança sirva para nunca vos calardes à vista de injustiça. Se tiverdes precisão, não hesiteis em fazer o mal para praticar o bem.

Entre tios, tias, primos, irmãs, irmãos, todos se tratam por Catarina, o que parece confuso mas depressa é explicado. Para quem nasceu na mesma época que eu ou posteriormente pode não se fazer luz de imediato, mas vale a pena não revelar a referência aqui nem em lado nenhum, para que os outros leitores cheguem lá ao seu ritmo.
Raptado o fascista da praxe, chegou a vez de a jovem Sara se estrear, mas no momento decisivo, ela não sente a beleza.

Agora sou duas (...) A que cresceu a aprender todas as histórias de mulheres oprimidas. A que cerra os punhos de cada vez que é assassinada uma mulher. A que jurou vingança. (…) A que sabe que a democracia não tem armas para combater o fascismo. A que acredita que o fascismo não é para ser debatido, é para ser destruído. (…) Mas há outra voz. (…) Matar não é impor uma ditadura? (…) Matar não é trair o poder das palavras? (…) Matar não é trair a palavra liberdade?

A mãe, porém, veterana nas andanças de matar “fascistas que contribuíram para a morte de mulheres, que foram cúmplices, que apoiaram o assassino, que calaram”, é implacável com a filha.

ISABEL
(…) Gostava de te ver a tentar explicar à tua bisavó, que viveu quase toda a vida em ditadura, porque é tão difícil para ti apertar o gatilho, coitadinha.
SARA
Já não vivemos em ditadura.
ISABEL
Não deve faltar muito.


E sempre que Sara justifica o seu ponto de vista, a mãe rebate-o sem misericórdia, uma e outra vez.

SARA
Acho que ele devia ter direito a falar.
ISABEL
És muito estúpida, tu. Direito a falar? Esse é o primeiro dos erros. Foi assim que começou. “Todos têm direito à opinião”, não é? A opiniãozinha. Mesmo que a opinião seja mentira. Mesmo que a opinião vá contra os direitos humanos, a ciência, a saúde. Durante anos, permitimos que fossem ditas todas as alarvidades.


O texto que Tiago Rodrigues criou juntamente com o elenco é avassalador na sua pertinência e actualidade, desenrolando-se em diálogos poderosos e credíveis, onde as muitas e bem escolhidas citações de Bertolt Brecht, figura essencial do teatro e do combate ao fascismo, lhe incutem uma maior eficácia. A rematar, surge o posfácio “Como Chegámos Aqui”, do jornalista Gonçalo Frota que é uma espécie de “making of”, onde relata todo o processo criativo, desde o caso do malfadado juiz que desencadeou a ideia da peça, passando pela parte mais técnica, como os figurinos e a sonoplastia, até às inúmeras fontes de inspiração, como por exemplo Lyudmila Pavlichenko, Tarantino, a série “Years and Years”, Camus, Hannah Arendt e Édouard Louis. Ainda que tenha pontos interessantes, para mim, que sou leiga em termos de teatro e criação, pareceu-me que 100 páginas num livro de 221 se assemelha mais a uma tese do que a um posfácio.
“Catarina e a Beleza de Matar Fascistas” é um excelente livro para uma leitura conjunta ou um clube de leitura, pois pelo seu conteúdo provocativo e controverso daria decerto azo a debates e a um salutar (ou até inflamado) esgrimir de ideias. Na minha leitura solitária, deu origem a uma profunda reflexão e ainda a uma maior indignação pela forma como Tiago Rodrigues decidiu terminar esta peça. Depois de um crescendo de tensão, foi um anti-clímax difícil de encaixar, como acontece com parte do público que assiste à peça, seguido de um discurso que me causou náuseas, como me provoca sempre a retórica populista na vida real. Embora compreenda a sua intenção, talvez pedagógica, talvez de acautelamento, foi um final extremamente incómodo que me levou a pensar que eu talvez seja mais Catarina do que gosto de admitir.

“A violência usada como forma de defesa daqueles que não conseguem defender-se é um acto de coragem muito preferível à submissão cobarde.” Sabes quem é que disse isto? Sabes quem foi? Não. Não foi Brecht. Foi Ghandi. Vês? Somos todos contradições.

*Afinal, houve!
Profile Image for Nelson Zagalo.
Author 15 books466 followers
June 2, 2024
Tiago Rodrigues começou a germinar a peça “Catarina e a Beleza de Matar Fascistas” (2020) em outubro de 2017, quando foi noticiado o célebre acórdão do juiz Neto Moura, do caso de violência doméstica em que o marido e o ex-amante agrediram uma mulher com uma moca de pregos, valorizando-se como atenuantes para pena suspensa o "contexto de adultério" por “constituir um gravíssimo atentado à honra e dignidade do homem", com direito a referências à Bíblia, ao Código Penal de 1886, e a um passado que "em que a mulher adúltera” era “alvo de lapidação até à morte". Em 2019 temos a eleição do primeiro deputado do Chega. A peça de Tiago Rodrigues estreia em setembro de 2020, em Guimarães. Em 2022, o Chega elege 12 deputados. Em 2024, elege 50. Na peça, passada num futuro próximo, 2028, dá-se conta que o partido fascista tem 117 deputados na Assembleia da República.

O livro é constituído pelo texto da peça que ocupa metade das páginas, sendo as restantes escritas por Gonçalo Frota que traça todo o processo criativo, das ideias aos ensaios, pensamentos do encenador e dos atores, oferecendo referências do que serviu de inspiração à criação da experiência final, de livros a séries de televisão, passando por quadros e autores conhecidos, chegando à atualidade e a alguns dos principais encenadores do fascismo mundial — Trump, Bolsonaro ou Steve Bannon — para acabar na figura central de Catarina Eufémia.

Tendo em conta o brilhante design dramático da peça criada por Tiago Rodrigues, considero que o livro deveria conter ainda uma terceira parte, com relatos da experiência dos espectadores, potencialmente entrevistas, análise e discussão. Como tal, deixo aqui um relato de uma espectadora, a Sónia Pereira do blog Quimeras e Utopias, para lerem depois de terminarem a leitura da peça. Para quem, como eu, não assistiu à peça ao vivo, é fundamental aceder aos relatos dessas experiências, sem o que dificilmente se chega à essência da peça.

Sobre a minha leitura. Confesso ter partido com muitas cautelas para a mesma, já que desde que conheci o título da peça, em 2020, não quis de todo aproximar-me da mesma, causando-me repugna. Acabei comprando o livro, porque depois de ler algumas resenhas internacionais, a peça ganhou vários prémios em França e Itália, compreendi que existia um dispositivo dramático particular no seio da peça que era despoletado pelo título. Como não é revelado, ou não se compreende sem ler a peça, a curiosidade obrigou-me a entrar na mesma pelo texto. Se o texto é excelente, o dispositivo dramático não funciona como numa sala de teatro, porque lhe falta o corpo humano que assume a performance das palavras, elevando o texto para outros patamares experienciais. Lê-las num livro, soam abstractas. Contudo, depois de compreendermos o design da encenação, que é bem descrito por Gonçalo Frota na segunda metade do livro, nomeadamente a componente final, o trabalho do ator e o controlo de luzes, relemos todo o discurso final com um olhar distinto.

“Catarina e a Beleza de Matar Fascistas” enquanto livro é uma memória escrita que serve a quem teve oportunidade de ver a peça ao vivo. Espero que sirva para manter a peça em encenação por mais alguns anos, pois muitos de nós que conhecemos a mesma apenas agora pelo texto ficamos desejosos de aceder à encenação em palco, à experiência total no meio de uma plateia cheia.

Publicado no Nx: https://narrativax.blogspot.com/2024/...
Profile Image for Ines.
189 reviews11 followers
June 8, 2024
Sinto-me uma privilegiada por ter podido aceder a este texto por duas vias que amo e que tanto me acrescentam: o teatro e o texto escrito.

Vi Catarina e a Beleza de Matar Fascistas pela primeira vez em abril de 2021. Tínhamos 1 deputado de extrema direita eleito em Portugal.

Revi a peça em janeiro de 2023. Tínhamos 12 deputados de extrema direita eleitos em Portugal.

Li pela primeira vez este texto maravilhoso em junho de 2024. Temos 50 deputados de extrema direita eleitos em Portugal.

A peça, o texto, passa-se em Portugal, cerca de 100 dias após a ascensão ao Governo da extrema direita. Supostamente em 2028.

“Embora o faça a partir de uma proposta radical, Tiago Rodrigues parece colocar-nos perante a ideia de que enquanto os democratas discutem entre si o que fazer e como idar eficazmente com os populismos e as extremas-direitas ascizantes, anulam-se entre si, gastam as suas energias a combater-se mutuamente, enquanto o palco fica livre para que a demagogia implante, sem grandes limitações, o seu jogo.”
Profile Image for Vasco.
80 reviews36 followers
January 21, 2025
que texto demasiado inteligente. cheguei ao fim com a sensação de que, os cúmplices do fascismo tomarão sempre as rédeas da história e farão dos “outros” seus cúmplices também.
Profile Image for Magda Cruz.
100 reviews75 followers
August 19, 2024
Um livro que acelera o presente, antecipando o que pode ser o futuro. Se... A peça, agora em livro, representa a dúvida antifascista: usar violência para combater violência? É a pergunta que serve de base para a peça.

O pano de fundo é a ascenção ao poder de um partido neofascista cujo líder prometeu melhorias na vida das pessoas a torto e a direito, promessas sem verdade, usando toda a demagogia que lhe é permitida e abusando do populismo na palavra.

Como é possível ler na segunda parte do livro, a peça gira muito em torno de Catarina Eufémia, mulher que acaba por inspirar mais a personagem de Catarina filha, que tem a função, nesse ano, de matar o fascista. Tudo se prende nessa tradição: todos os anos, aquela família rapta um fascista, mata-o e enterra-o debaixo de um sobreiro, no jardim da propriedade. É um segredo da família, das Catarinas, que seguem o ritual há décadas. A partir dessa ideia, é plantada a dúvida, junto de Catarina filha, que hesita em matar o fascista. Tudo se precipita a partir daí.

Com tudo isto a acontecer em 2028, achei uma data suficientemente distante para parecer plausível mas também próxima o suficiente para assustar o público. Afinal, desde a data em que começa a ser idealizada a peça, são apenas dois ciclos legislativos e, entretanto, a extrema-direita cresceu em toda a Europa, incluindo em Portugal, onde tem agora 50 deputados. Com a coincidência de o governo português ter caído e terem sido antecipadas as eleições, 2028 volta a estar num horizonte possível sugerido pela peça. É assustador e a peça versa nisso mesmo: o crescimento da demagogia da extrema-direita, sendo o símbolo disso mesmo o facto de, no final, o fascista se conseguir libertar e protagonizar um discurso populista para toda a audiência.

Com humor, lembro o episódio da camisola quando Catarina-mãe tenta persuadir Catarina-filha a voltar e a matar, Tiago Rodrigues consegue uma peça imaculada, que muito prazer tive de (re)ler e muito privilégio tive ao ver ao vivo no Centro Cultural de Belém. A peça é poderosíssima, o meu sangue latejava ao ler porque me lembrava da encenação (em que chorei com o som das balas) e as vozes das personagens reverberavam na minha cabeça.

Muitos elogios tenho também a tecer a esta edição do livro pois contém um texto do jornalista Gonçalo Frota, que disseca a peça, acompanha a elaboração da obra e dá voz ao encenador, atores, atrizes e restante pessoal envolvido. Um texto irrepreensível e de fazer inveja a qualquer escritor e jornalista.

É uma edição muito bem conseguida e da qual a Tinta-da-China está de parabéns. Toda a tiragem é merecida.

É acima de tudo a história de uma família com uma luta, de um tempo que pode ser vindouro e de que batalha que a democracia tem de travar.
Profile Image for João Mendes.
290 reviews17 followers
April 22, 2025
leituras de Abril - #9

"Foi assim que começou. "Todos têm direito à opinião", não é? A opiniãozinha. Mesmo que a opinião seja mentira. Mesmo que a opinião vá contra os direitos humanos, a ciência, a saúde. (...) E queres tu que eu os deixe falar? Para fazer um dos seus discursos? As palavras são poderosas, Catarina. (...) Os discursos que ele escreveu, agora são leis. Amanhã serão artigos da Constituição. E onde é que começou? Na opiniãozinha. A maldita opiniãozinha que ninguém teve a coragem de matar à nascença."
Profile Image for Jose Santos.
Author 3 books167 followers
April 17, 2025
Foi com grande prazer e interesse que fiz esta leitura em voz alta com um grupinho de leitores. Uma obra interessante, sobre um tema perturbante.
A extrutura da peça de teatro, passada a livro, está muito bem feita porque nos explica todo o processo de criação do texto e da encenação, o que o torna ainda mais interessante.
Agora só falta assistir ao espectáculo. Se for reposto em cena não irei faltar.
Profile Image for Sónia Carvalho.
196 reviews17 followers
May 14, 2025
Há uns anos atrás ouvi falar pela primeira vez na peça de teatro "Catarina e a Beleza de Matar Fascistas" pela boca de uma amiga que a viu em Viena e que a aconselhou sem reservas. Desde esse dia, tentei, por diversas vezes, comprar um bilhete para a peça, mas sem sucesso, uma vez que as sessões esgotavam quase instantaneamente.

Face à impossibilidade de a ver, li recentemente o livro. A peça de Tiago Rodrigues desafia convenções políticas, morais e familiares. Com uma escrita intensa e provocadora, o autor constrói uma história contemporânea onde a violência é ritualizada e transmitida de geração em geração como herança de resistência depois da matriarca da família ter assistido ao assassinato da amiga Catarina Eufémia.
É um murro no estômago, daqueles que nos deixa a pensar. A peça é desafiante e fala-nos sobre escolha. O colectivo de Catarinas, representa não só a continuidade de uma luta, mas também a tensão entre herança e livre-arbítrio. Ao usar a estrutura familiar como metáfora de um país dividido, o texto encena o conflito interno de uma geração que herdou as feridas do fascismo, mas que já não sabe se pode (ou deve) repetir os gestos do passado. Fala sobre os limites da acção e o perigo de absolutismos, mesmo aqueles que nascem de causas justas.

Gostei muito de ler o posfácio escrito por Gonçalo Frota, uma vez que nos dá o contexto para entender a origem da peça e o desenrolar de todo o seu processo criativo. Fiquei ainda com mais pena de não a ter conseguido ver em palco com a intensidade da representação, com as músicas escolhidas para acompanhar as cenas e com a calor e espontaneidade do público, especialmente durante a cena final.
Profile Image for Carolina.
328 reviews
August 21, 2024
Vi a peça e adorei! O posfácio ajuda a perceber melhor alguma simbologia e outros aspetos interessantes 😊
Profile Image for Jorge Castanheira.
21 reviews3 followers
May 9, 2025
A extrema direita ascendeu ao governo português e, todos anos, a familia da Catarina Eufémia, em sua memória, mata um fascista. Mas será a beleza de matar fascistas a contra-luta certa para proteger a democracia? Será a intolorância aos intolorantes a única resposta possível? Haverá uma maneira democratica salvar democracia, ou apenas com extremos actos conseguimos anular extremismos?

Tiago Rodrigues confronta-nos com os paradoxos da moralidade e da resistência ao extremismo político, expondo as fragilidades de sistemas democráticos que, em nome da liberdade, permitem a sua própria corrosão. Com esta peça, somos desafiados a refletir sobre quais valores democráticos nunca podem ser postos em causa — e onde traçar as linhas vermelhas na sua defesa.
Profile Image for Leonor Borges.
107 reviews10 followers
June 13, 2024
Um livro tão actual quanto inquietante, muito bem escrito a 4 mãos: as de Tiago Rodrigues, encenador e produtor, autor da peça de teatro, e as de Gonçalo Frota, jornalista.
Se o final da peça nos deixa sem conforto, o posfácio sobre como se chegou à peça tal como foi apresentada em cena, é revelador não só do processo criativo, como das próprias inquietações dos actores, deixando nos, mais uma vez, a pensar como já chegámos ( ou chegaremos) àquela situação.
E fez-me voltar a ler partes da peça.
Muito, muito bom!
Tenho pena de não ter visto a peça, mas estarei atenta a próximas criações.
Profile Image for Sofia Pissarra.
31 reviews5 followers
August 17, 2024
Não vi a peça. Tenho pena. Agora ainda mais.
A peça é poderosa , pertinente, atual e necessária. Esta edição que é complementada pelo testemunho e registo jornalístico de Gonçalo Frota sobre a génese e todo o processo criativo deste genial Catarina e a beleza de matar Fascistas, eleva esta publicação acrescentando-lhe valor. Aconselho.
Profile Image for André.
Author 4 books75 followers
July 16, 2025
Tenho imensa pena de nunca ter podido ver a peça. Questiono-me qual teria sido a minha reação ao final se o desconhecesse previamente. Aliás, questionar é, talvez surpreendentemente, a mais importante consequência desta peça. Digo surpreendentemente porque o título apontaria para algo já considerado e avaliado - daí "a beleza". Tiago Rodrigues e todo o elenco de pessoas que ajudou a construir a peça conseguiram concentrar neste relativamente curto texto uma revisão da eterna discussão sobre o que fazer em relação aos fascistas nas democracias ou momentos transformativos dos sistemas políticos: deixar falar ou proibir, deixar participar ou ilegalizar, deixar fazer ou criminalizar, deixar existir ou matar. O fascismo é terrível, isso é claro. O que fazer com as pessoas que opinam, que defendem, que apoiam, que promovem fascismo é a reflexão. E, consequentemente, como pode haver divisão e esterilidade dentro dos movimentos democráticos dadas as discordâncias em relação a esta questão. A explosão teatral deste problema é reflexo de como o fascismo é uma ameaça existencial à democracia, de como ela é fraca a defender-se, de como os seus princípios amarram os democratas a uma conversa que se torna existencial também para os seus ativistas e a sua ação, seja enquanto a democracia dura, seja sob o jugo do fascismo.

A segunda metade do livro - muito mais que um posfácio - acompanha a concepção e execução da peça, desde a ideia aos primeiros espetáculos. O autor leva-nos numa viagem a todos os momentos relevantes que foram transformando a peça, entrevista os atores, lembra os paralelos com o que estava a acontecer no mundo real a cada ponto. Para mim foi interessante, mas parece-me importante notar que é uma leitura completamente diferente e que se pode tornar estranha para quem pensou estar a comprar e ler a peça em texto.

Muitas vezes questiono-me se seria Catarina. Cada vez mais temo ter que decidir se sou ou não Catarina. 2028 - ou sabe-se lá quando serão as próximas eleições, agora parece 2029 - pode mesmo ser uma data histórica.
Profile Image for Inês Afonso.
54 reviews6 followers
January 1, 2025
Comecei este livro em 2024 e termino agora, no primeiro dia de 2025 (um ano para o qual não tinha qualquer resolução), com o objetivo de explorar mais a cultura teatral que os actores em Portugal nos proporcionam. Foi a primeira vez que li um livro deste género, no qual a primeira parte apresenta o guião da peça. A temática interessou-me desde o início e saio desta experiência com vontade de ler mais obras neste formato no futuro. Não só por ser uma leitura rápida, mas também pelo exercício mental necessário para compreender a história exclusivamente através das falas, o que, no meu caso, me fez sentir ainda mais próxima das personagens e da narrativa.
A peça desenrola-se em 2028, num cenário onde a extrema-direita assume o poder em Portugal. Se tivesse lido este livro há alguns anos, certamente o teria feito com menos ansiedade, não apenas porque 2028 parece agora assustadoramente próximo, mas também porque estamos efectivamente a viver a ascensão desta ideologia em Portugal e na Europa. A obra aborda questões cruciais que ecoam na mente de qualquer defensor da democracia e da liberdade nos dias de hoje: é legítimo recorrer à violência contra os adversários da democracia? Devemos silenciar esses discursos, evitar o debate e, assim, negar palco a estas ideologias em nome da proteção da democracia?
Estas reflexões são apresentadas através de uma família que, a meu ver, simboliza todos nós, defensores da liberdade. As discussões no seio deste núcleo expõem as dificuldades de lidar com o extremismo conservador enquanto a sociedade, especialmente no que toca às populações mais isoladas do país. O monólogo final, embora carregado dos discursos que diariamente nos invadem pelas televisões e ecrãs dos telemóveis, não deixa de ser impactante. Saber o efeito que causou no público que assistiu à peça ao vivo deixou-me emocionada.
O posfácio, para além de explicar algumas das decisões tomadas pelo dramaturgo e pelos actores, aproxima o leitor do processo criativo por detrás da produção de uma peça como esta. Descobrir este universo foi uma experiência nova e fascinante. Tenho pena de não ter tido a oportunidade de assistir à peça em palco, mas guardo a esperança de que isso ainda venha a acontecer. Espero que, quando chegar o momento, ela seja encenada não como um aviso, mas como uma celebração e um lembrete daquilo que devemos evitar repetir.
Entre os vários esclarecimentos e conexões apresentados no posfácio, destaco aquele que mais me marcou, não só pelo contexto da peça em Portugal, mas também pela sua aplicação na luta pela democracia e liberdade noutros países:
‘Ludmila ajustava-se “porque era um símbolo diferente de Catarina Eufémia, um símbolo de violência como libertação - difícil de pensar agora, mas fácil de compreender quando falamos de heróis de guerra. E os heróis de guerra, à partida, mataram. Portanto, a legitimidade da violência muitas vezes está na decisão institucional de ir para a guerra ou não.”’
Profile Image for Margarida Galante.
463 reviews41 followers
April 25, 2025
Não vi esta peça de teatro, embora tenha estado em cena, em diversos períodos, desde a sua estreia, em setembro de 2020. Esgotou muitas salas e recebeu vários prémios. Quando este livro foi publicado fiquei com vontade de o ler mas esperava que talvez fosse possível ver a peça primeiro. Infelizmente, isso ainda não aconteceu.

Passa-se numa época distópica mas muito próxima, em 2028, num monte alentejano, cerca de 100 dias após a ascensão da extrema direita ao Governo.
Uma família reúne-se, mais uma vez, para cumprir uma tradição iniciada pela avó. Esta família mata fascistas, lembrando uma Catarina mártir da nossa história.

O texto de Tiago Rodrigues é avassalador, pertinente e com muitos ecos da atualidade. Impossível de ler sem nele reconhecer o nosso tempo, sem refletir sobre as formas de lidar com o discurso populista e com o aumento de visibilidade e palco da extrema direita.

O Posfácio de Gonçalo Frota enriquece muito a leitura da peça, principalmente para quem não viu a representação. O processo criativo de Tiago Rodrigues é muito interessante e gostei muito de conhecer a forma como a peça foi construída. No final, não resisti, e fui reler o texto da peça.

Comemoramos hoje os 51 anos da Liberdade conquistada no 25 de Abril e foi há 50 anos que se realizaram as primeiras eleições livres, com sufrágio universal, que tiveram a maior participação de sempre.
No próximo dia 18 de Maio vamos ter novas eleições para a Assembleia da República e, como sempre, está nas mãos de todos a manutenção de um sistema democrático. Vivemos num tempo em que se muitos se deixam seduzir por ideais de extrema direita e começamos a assistir a retrocessos e tentativas de restrição da liberdade.
Não podemos esquecer que a liberdade nunca está garantida e é muito importante que seja celebrada, defendida, vivida de forma plena por todos. Votar faz parte da liberdade.

25 de Abril sempre, fascismo nunca mais!
Profile Image for Nanete Gomes.
15 reviews7 followers
October 11, 2025
Uma boa discussão sobre os limites, ou limitações, da democracia e sobre a liberdade de expressão.
Profile Image for Tiago Diogo.
76 reviews31 followers
July 23, 2024
"Discussão da legitimidade do uso da violência na defesa da democracia.

Deve ou não dar-se a palavra a alguém que discursa contra o edifício democrático?"
Profile Image for Teresa Cintra.
58 reviews2 followers
July 16, 2024
"Tenho medo de deixar de te amar se tiveres medo". Tão real, absolutamente perfeito.
Profile Image for Mimi.
51 reviews1 follower
October 19, 2025
5⭐️
Ao início achei que não ia conseguir entrar na história por esta não ser super super fácil mas rapidamente esse pensamento fugiu porque li-a de um sopro. Adorei completamente tudo não tenho nada de mau a dizer, só que tenho imensa pena de não ter visto a peça ao vivo.

Sobre o posfácio:
Não costumo gostar nem de prefácios nem de posfácios porque não me agrada a ideia do autor explicar coisas aos leitores, acho que cada um tira uma conclusão diferente do que lê e não cabe a ninguém explicar o que devemos sentir e por isso fiquei muito reticente quando vi que o posfácio ocupava mais de metade do livro.
Como é óbvio que foi incrível e que me surpreendeu.
Primeiro porque se há coisa que adoro é saber como é o processo criativo dos artistas e falam imenso disso, por isso adorei. Depois fiquei com imensa vontade de ver mais coisas do Tiago Rodrigues e claro que adoro tudo sobre estes temas por isso adorei o livro.

Queria só deixar uma frase da sinopse que me ocupou muito a cabeça nos dias que li o livro.
“Podemos violar as regras da democracia para melhor a defender?”
Profile Image for Ana.
300 reviews40 followers
May 31, 2024
Não só a peça é bastante interessante e joga bem com o simbolismo de cada personagem, mas o proprio posfácio da uma visão muito interessante sobre o processo criativo de desenvolvimento das peça, das personagens e toda a base que esteve na sua génese
Profile Image for Joana Silva.
293 reviews10 followers
Read
November 9, 2024
Ainda choro por não ter conseguido ido ver esta peça
Profile Image for Cat.
805 reviews86 followers
July 26, 2025
este livro não só contém um texto excelente que nos deixa a refletir sobre o possível perigo da tolerância e respeito pelos que não o têm pelos outros, como também é acompanho de um posfácio que dá muito contexto e enriquece a peça. uma leitura que recomendo muito e espero ainda ter oportunidade de um dia a ver ao vivo
Profile Image for Andreia.
116 reviews26 followers
October 4, 2024
Que livro tão atual, só tenho pena de não ter conseguido assistir a esta peça ao vivo. As reflexões são mais pertinentes do que nunca na sociedade portuguesa e a nível global. Uma exposição marcante sobre o que fazer com os “arquitetos da impunidade”, os agentes morais do fascismo. Um convite à reflexão sobre a legitimidade do uso da violência na luta contra o que corrói a democracia por dentro.

"Devíamos dialogar mais com as pessoas que votam nos fascistas. As que se sentem excluídas, as que não têm voz. Fazer-lhes ver que estão a ser manipuladas. Apelar ao melhor que há nas pessoas em vez de explorar o medo e o preconceito. Fazer política"

“Os fascistas subvertem todas as regras da democracia. Fazem batota. Tu queres combatê-los e ao mesmo tempo cumprir as regras da democracia. Não é possível. A democracia é impotente contra a ameaça do fascismo."

Para além da peça, o livro contém também um posfácio que revela como nasceu esta peça. Como se chegou até às ideias centrais. Achei particularmente interessante como a realidade eleitoral em Portugal operou uma mudança decisiva no trabalho.

“A questão deixava de ser varrer de vez uma ditadura passada, mas sim passar a combater ativamente a possibilidade de uma ditadura por vir”
Profile Image for Bárbara.
25 reviews
October 6, 2025
Sem palavras. Esta peça é linda e maravilhosa. O monólogo do fascista fez me querer atirar o livro contra a parede de tão revolta que eu me senti a ler.

Pensas que depois de lhe terem tirado a liberdade que o fascista ia aprender a dar valor mas enganei me. Não mudou. Esta é uma triste realidade na qual vivemos ainda hoje e é triste ver que aqueles que lutaram para dar a liberdade aos filhos e às gerações futuras, que lutaram pelos seus direitos e pelo direito à democracia, estejam do lado de uma força fascista e que o fascismo seja a oposição.

É assustador como cada vez mais estamos a regredir no tempo. Não aprendemos com os nossos erros, com o nosso passado. É a minha melhor recomendação, que leiam e que percebam o quão perigoso é a ascensão do fascismo em Portugal e no mundo (não só do fascismo mas de qualquer força política extremista).
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Profile Image for Vera Sopa.
741 reviews72 followers
June 10, 2025
Uma peça de teatro que, muitos viram e outros desejam ver. Não é o meu tipo de leitura e torcia o nariz quando sugerido mas a afirmação unânime de que era imperdível e a recomendação para o clube de leitura fizeram com que o lesse e ainda bem porque não se fica indiferente, principalmente no tempo em que vivemos. Um grito de alerta.

Uma tradição familiar em que todos são Catarina para matar um fascista, exceto uma que, tem dúvidas. Não se matava um fascista qualquer mas um que contribuísse para a morte de uma mulher. O primeiro foi o marido da bisavó que testemunhou em silêncio o assassinato de Catarina Eufemia. Questionamos justiça e vingança, liberdade e segurança, democracia e ditadura e tudo isto teve início com o hediondo episódio de Neto de Moura e resultou de um belíssimo trabalho conjunto.
Profile Image for Ana.
41 reviews
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January 26, 2025
"Embora o faça a partir de uma proposta radical, Tiago Rodrigues parece colocar-nos perante a ideia de que enquanto os democratas discutem entre si o que fazer e como lidar eficazmente com os populismos e as extremas-direitas fascizantes, anulam-se entre si, gastam as suas energias a combater-se mutuamente, enquanto o palco fica livre para que a demagogia implante, sem grandes limitações, o seu jogo."
Profile Image for William Greer.
8 reviews
February 4, 2025
Peça fantástica, muito (infelizmente) atual com a subida da extrema direita a acontecer em todo o mundo.
Para além disso, também conta o processo criativo que é sempre das coisas que mais quero saber em relação a uma peça!
Mortinho para a ver em cena! :))
Displaying 1 - 30 of 123 reviews

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