2020 foi um ano estranho para todos. Nunca passámos tanto tempo em casa, nunca passámos tanto tempo sem ver aqueles que são importantes para nós. E quando a necessidade apertou, foram precisas novas, e velhas, formas de comunicação: regressou a conversa à janela, foi-se embora o abraço, chegaram os Zooms.
Mas, onde ficam outras gerações nestes tempos incertos? Como faz uma avó que nunca aprendeu a mandar SMS ou um avô cujo telemóvel não tem câmara?
Mais do que nunca, as gerações mais velhas têm-se visto isoladas, mas tal não devia ser, especialmente considerando a tecnologia que temos hoje a nosso dispor. E é aí que entram Alice Vieira e Nélson Mateus, Avó e Neto adotados, uma ponte entre gerações que ensina como a alma está algures entre a vivacidade dos jovens e as memórias dos mais velhos, e que podemos criar algo de mágico ao juntar os dois.
Alice Vieira nasceu em 1943 em Lisboa. É licenciada em Germânicas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em 1958 iniciou a sua colaboração no suplemento «Juvenil» do Diário de Lisboa e a partir de 1969 dedicou-se ao jornalismo profissional. Desde 1979 tem vindo a publicar regularmente livros tendo, editados na Caminho, mais de cinco dezenas de títulos. Recebeu em 1979, o Prémio de Literatura Infantil Ano Internacional da Criança com "Rosa, Minha Irmã Rosa", em 1983, com "Este Rei que Eu Escolhi", o Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura Infantil e em 1994 o Grande Prémio Gulbenkian, pelo conjunto da sua obra. Foi indicada, por duas vezes, como candidata portuguesa ao Prémio Hans Christian Andersen. Trata-se do mais importante prémio internacional no campo da literatura para crianças e jovens, atribuído a um autor vivo pelo conjunto da sua obra. Alice Vieira é uma das mais importantes escritoras portuguesas para jovens, tendo ganho grande projecção nacional e internacional. Foi igualmente apresentada por duas vezes, como candidata ao ALMA (Astrid Lindgren Memorial Award).
Neste 'diário' que são cartas trocadas entre uma avó (Alice Vieira) e o seu 'neto' durante a pandemia, é tudo muito natural.
Neto: 'Hoje a pessoa X faz anos" Avó: 'Ah, a pessoa X! Sobre ela tenho estas histórias: .....'
Tudo forçado. É pena, gosto muito da Alice Vieira. Ainda assim, sabiam que o João Baião é a primeira pessoa a dar os parabéns à Alice ? Fiquem com essa
Este diário em forma de carta onde conversam, mesmo à distância, é uma verdadeira delícia. Muito simples, muito terra-a-terra, sem os malfadados adjetivos que Alice abomina. Muito ao seu jeito simples de escrever. É desta forma singela, mas tão bonita ao mesmo tempo, que Alice Vieira e Nélson Mateus (um dos muitos netos emprestados da avó Alice), combatem a solidão originada pelo confinamento. Falam de tudo e de nada, aproveitando para proporcionar ao leitor “Retratos Contados das Memórias de Portugal”, uma “Biblioteca de Avós”, numa viagem através do tempo, que recupera “estórias de Portugal”, ao mesmo tempo que retrata episódios do seu dia-a-dia durante o confinamento ou relembra momentos passados das suas vidas. E, como diz Alice Vieira, ela recorda muitas estórias, porque já viveu muito, é jornalista desde 1961, e fala-nos deste paradoxo que é a velhice: “Ninguém quer ser velho e todos queremos chegar a velhos”. Nota-se nestas estórias um profundo carinho, uma mútua admiração, mas também uma grande afinidade e gostos comuns. Gostei de regressar à minha própria infância através de algumas das memórias partilhadas, entre as quais os programas que passavam na RTP, cantores antigos, programas de rádio, entre tantos outros acontecimentos que estavam adormecidos na minha memória e que gostei de trazer de novo ao palco da minha própria memória!
Um diário em forma de cartas, onde Alice Vieira conversa com Nélson Mateus, um dos seus muitos netos emprestados. De uma forma bonita, simples e para combater a solidão, falam de tudo um pouco, de momentos passados, do dia a dia durante o confinamento... Programas que passavam na RTP, cantores antigos, programas de rádio... foram algumas das memórias partilhadas, entre outros acontecimentos. Foi uma leitura agradável.
Livro bonito de Alice Vieira. Desde pequena que leio muitos livros de Alice. Este é só mais um , que resulta de umas pequenas confidências e aprendizagens de Alice e do "neto".
Um livro para ir lendo. Umas confidências de vez em quando.
Uma escrita despretensiosa concretiza uma bela intenção. Um Livro de afectos que é também de evocações e homenagens diversas (desde logo ao Livro, mas também ao Teatro, à Televisão, aos Jornais, à Rádio…) e onde, inesperadamente, podemos estar a ler sobre Termas ou sobre camiões Volvo. Um Livro, afinal, por onde passam tantas e tantas viagens (da Sérvia à Argentina) e, em especial, tanta e tanta gente (de Júlio Isidro a Afonso Reis Cabral, passando por Maria de Lurdes Resende, Nemésio, Ruy de Carvalho, Simone, Mário Zambujal, Herberto, Ruy Belo e, claro, Mário Castrim). Três horas muito bem passadas, um Livro que pode ser reaberto a qualquer momento, em qualquer lugar, numa página seja ela qual for.
Por vezes as cartas davam a sensação de serem forçadas (e de andarem a todo o custo procurar um tema de conversa). Também pareciam as minhas composições do secundário 😅
No entanto, apreciei o facto de ler que alguém ter experienciado os confinamentos (de certa forma ) da mesma maneira que eu