Pioneirismo, guerras, intrigas, reis e escroques: a carreira do visconde de Mauá (1813-1889) teve de tudo. Para montar a primeira indústria - um grande estaleiro e uma fundição em Niterói -, a primeira estrada de ferro e o primeiro banco a operar em grande escala no Brasil, ele teve de brigar contra uma sociedade provinciana, que considerava o feitor de escravos como o melhor gerente de recursos humanos. Quando expandiu seus negócios em escala planetária, com dezessete empresas em seis países, aí sim vieram os grandes adversários. Banqueiros internacionais, ditadores latinos, políticos de alto coturno e figuras da sociedade passaram a fazer parte da luta diária do visconde, numa história que se confunde com a do próprio nascimento de um país chamado Brasil.
Jorge Caldeira é mestre em sociologia e doutor em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP). Autor, entre outros, dos livros Mauá, empresário do Império (1995), Viagem pela história do Brasil (1997), A nação mercantilista (1999), O banqueiro do sertão (2006) e História do Brasil com empreendedores (2009). Dirigiu a coleção Formadores do Brasil, para a qual organizou os volumes Diogo Antônio Feijó e José Bonifácio de Andrada e Silva. Dirigiu a equipe de pesquisa que reuniu a obra de José Bonifácio no site www.obrabonifacio.com.br.
História fabulosa! Ajuda a compreender inclusive o presente de nosso país. Acaba apontando possíveis razões do atrazo econômico profundamente entranhadas na formação do pensamento brasileiro desde a época do império. A trajetória de vida de Mauá é de grande inspiração, vale cada minuto dedicado a leitura da obra.
A real Brazilian history book! Impressive as Brazil's challenges, especially for entrepreneurs, are practically the same as those in the 21st century. Bureaucracy, backward lobbies and even corruption.
Finalmente conclui. Há 9 anos atrás comecei e parei em 1/3 do livro por achar que não estava preparado pra ir até o fim. Fiz certo.
Não deixa de ser um livro que me deixou triste. Triste por Irineu e pelo Brasil que não foi, não é e provavelmente nunca será. Bom pra uns, ruim pra outros, indiferente pra maioria ignorante e preguiçosa. Nem bom nem mau.
Destaco passagem abaixo do autor: "comecei a perceber que muitos problemas que pareciam atuais não o eram tanto assim, e me senti tentado a olhar mais para a figura de Mauá, buscando futuro no conhecimento do passado."
O Brasil é, notoriamente, um país que valoriza pouco seus heróis.
Não que nos faltem figuras notáveis. Mas, por algum motivo, seja por traço cultural, ou por escolhas políticas, a construção da identidade nacional raramente coloca esses personagens no centro. Esse apagamento pode ser uma das raízes do famoso complexo de vira-lata que marca o imaginário brasileiro.
Irineu Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá, é um desses nomes que merecia estar no panteão dos grandes. Se tivesse nascido nos Estados Unidos, provavelmente figuraria ao lado de nomes como Henry Ford, Andrew Carnegie e John D. Rockefeller, reverenciado como símbolo de inovação, empreendedorismo e progresso. Aqui, porém, é quase um desconhecido.
Nascido em uma família modesta e órfão de pai aos cinco anos, começou a trabalhar antes dos dez. Com esforço, disciplina e uma visão incomum para os negócios, transformou-se no maior empresário do Brasil e em um dos homens mais ricos do mundo em meados do século XIX, com empreendimentos que se estendiam do Brasil à Inglaterra.
Fez isso em um ambiente institucional hostil, em que empreender era visto com desconfiança e, muitas vezes, tratado como uma afronta à ordem vigente. A busca por eficiência, lucros e inovação era um afronte num país acostumado ao improviso e à dependência do Estado. Não surpreende que tenha enfrentado resistência constante — inclusive de quem deveria apoiá-lo.
Cenário, aliás, que não parece ter mudado até hoje, já que empresários continuam a ser vistos com desconfiança no cenário nacional, algo que explica muito do nosso atraso.
Mesmo quando seus projetos estavam claramente alinhados ao interesse nacional, Mauá foi sabotado por autoridades e políticos. O episódio mais emblemático talvez tenha sido a humilhação que sofreu quando o governo imperial tomou de suas mãos o controle do Banco do Brasil, fundado por ele.
Ao longo da vida, Mauá criou e dirigiu empresas em setores tão diversos quanto ferrovias, navegação, finanças e indústria, muitas delas pioneiras e bem-sucedidas. Mesmo assim, eventualmente se viu forçado a pedir falência, combalido por um sistema político desconfiado da livre iniciativa. De toda forma, tempos depois, conseguiu saldar todas as dívidas, manteve seu nome limpo e morreu com o patrimônio preservado, embora sem o reconhecimento que merecia.
Jorge Caldeira reconstrói essa trajetória com rigor impressionante e um texto envolvente. O livro é fruto de pesquisa minuciosa e mergulha com profundidade tanto na biografia de Mauá quanto no cenário político e econômico do Império. Um dos méritos da obra é mostrar como as engrenagens do poder e os vícios estruturais do país (patrimonialismo, clientelismo, desprezo pela meritocracia...) já estavam bem estabelecidos naquele tempo.
A leitura provoca um incômodo difícil de ignorar: em dois séculos, o Brasil mudou menos do que gostaríamos de admitir. A mesma lógica que impediu Mauá de transformar o país ainda parece reger boa parte da política nacional. É uma constatação amarga, mas necessária.
Muito feliz por ter lido esse livro e por ter começado na data que o Visconde de Mauá nasceu. Mais um brasileiro fascinante da lista que estou montando que com certeza ainda terá muitos nomes. Fiquei muito contente de saber da memória do Visconde e de seu apreço desde cedo pela contabilidade como algo fundamental na construção do seu império. Impressionante e ao mesmo tempo triste constatar como ele estava tão a frente do seu tempo. Muito do que ele fez ou gostaria de ter feito é prática recorrente hoje na indústria. Mas a época que viveu não permitiu que ele desenvolvesse todas suas habilidades e contribuísse ainda mais para inigualável legado que deixou ao país. Pra mim a lição de não se envolver em disputas que não trazem qualquer benefício mas extremamente custosas e a importância de perseverar no caminho da retidão a despeito de todas as forças contrárias quando se alcança algum prestígio no que faz. E principalmente a satisfação de encontrar mais um exemplar de amor incondicional ao Brasil, o que tanto me motiva.
Talvez essa seja a melhor biografia ja escrita sobre um empreendor brasileiro.
A biografia de “Mauá” mescla, com uma enorme riqueza de detalhes, a sociedade e a mentalidade escravocrata do Brasil Colonial, os detalhes historicos da epoca e a trajetoria de Maua como empresario.
Mauá foi uma figura emblematica e inspiradora. Muito a frente de seu tempo, ele ja tinha ideias liberais, anti-escravistas e meritocraticos - verdadeiros palavrões da epoca. Sem duvida, foi uma pessoa muito a frente de seu tempo, um tomador de risco, um apostador em Industrias que nao existia no Brasil na epoca - uma especie de Elon Musk do seu tempo.
Assim como sao as BigTechs hoje, Maua foi maior que o proprio país: ele chegou a ter 8 das 10 empresas listadas na epoca.
O livro so perde, talvez, pelo excesso de detalhes. Isso so aumenta, na verdade, o merito do autor Jorge Caldeira - que pesquisa ele deve ter feito para realizar esse livro.
Detalhada biografia de Mauá, destacando sua infância, formação e envolvimento no mundo dos negócios no período do Brasil Império. Ajuda a entender algumas características do Brasil da época e mesmo da atualidade, como os obstáculos à livre iniciativa e ao empreendedorismo sempre criados pela política e pelo governo. Traz também certa esperança de um Brasil melhor, ao mostrar que o que hoje parece ser desafiador já foi bem mais complicado e com muito mais incertezas. Jorge Caldeira consegue ser envolvente e detalhista sem ser enfadonho ou cansativo em um livro com mais de 540 páginas. Excelente leitura, é certamente um dos melhores livros que já li. Agradeço ao amigo José Antônio Severo pela indicação.
Bir başyapıt! Jorge Caldeira, Mauá ve İmparatorluk Brezilya'sının tarihine balıklama dalıyor. Kitap, orta uzunluktaki bölümleriyle derinlemesine ve yorucu olmayan bir okuma sağlıyor. Kitap, ulusal devletlerle ticari ilişkilerin zengin bir panoramasını sunarken, bugün gördüğümüz işlevsiz ilişkilerin aslında bir ulus olarak Brezilya kültürüne ve kimliğine yerleşmiş tarihsel bir yapının sonucu olduğunu gösteriyor. Sayfalar boyunca, karşısına çıkan zorluklara boyun eğmeyen, zamanının ötesinde bir girişimcinin hikâyesini öğrendim. Ayrıca adını onurlu tutmak ve en zorlu fikirlerini hayata geçirmek için elinden gelen her şeyi yapan bir iş adamını tanıdım ve bonus olarak aynı kitapta İmparatorluk Brezilya'sı hakkında bir tarih dersi aldım. İnanılmaz! Yazarı tebrik ederim!
Livro fantástico, uma das figuras mais injustiçadas da história do país. Mauá foi um verdadeiro patriota, não do tipo tacanho, mas do tipo que queria o país livre, com um comércio e modelo de economia idêntico ao que existia na Inglaterra e EUA na época. Uma pena que a aristocracia que governava o país, já naquele tempo, era tacanha e atrasada, sempre com inveja e preconceito contra os homens empreendedores.
Maravilhoso! O autor impressiona com tamanha riqueza de detalhes e me arrisco a dizer que deve ser a obra mais completa sobre este que foi sem dúvidas um dos maiores brasileiros de todos os tempos. É evidente a riqueza das pesquisas feitas pelo autor, que mergulhou a fundo em documentos pessoais e oficiais não só do Brasil, mas dos outros países onde o barão atuou, além de extensa bibliografia para situar o leitor no contexto histórico, político e econômico da época.
"O melhor programa econômico de governo é não atrapalhar aqueles que produzem, investem, poupam, empregam, trabalham e consomem." Épico sobre a busca de grandeza de um homem e de seus conflitos com o Império Brasileiro (e o governo do Uruguai). Enquanto tinha uma visão de desenvolvimento do país e tomava riscos para apoiar seu país, sofreu muitas represálias nas indas e vindas de gabinetes no império. Apesar de não concordar com o "melhor programa econômico" defendido por Irineu Evangelista, ao conhecer sua história dá para entender sua concepção por um homem honrado que tentou contribuir para seu país e foi inúmeras vezes traído e sabotado por políticos mesquinhos.
‘Mauá, o Empresário do Império’, meu livro favorito, não apenas narra a trajetória fascinante de um dos maiores empresários do Brasil, mas também o faz com uma meticulosidade impressionante. Além disso, Jorge Caldeira traz à vida o cenário vibrante e a mentalidade das elites da época. Apesar de não ser o objetivo de Caldeira, é possível ver como essa mentalidade molda nossa realidade atual e a perspectiva socioeconômica brasileira.
Muito bom livro! Além de contar com clareza a história do Barão de Mauá, é um excelente livro sobre a história do Império do Brasil, principalmente dos aspectos econômicos (normalmente não muito abordados nas escolas)
Uma exelente biografia sobre esse grande brasileiro cujo nome é conhecido de todos e cuja vida de ninguem. Tambem uma licao de garra para os empresarios presentes e futuros
História de uma das figuras mais importantes do país contada de um jeito leve e humorístico com insights interessantes sobre a sociedade brasileira na época.