Em 1859, catorze camelos desembarcaram em Fortaleza para serem usados como transporte de carga. Foram recebidos pelo engenheiro e mineralogista barão de Capanema, o botânico Freire Alemão e o poeta e etnólogo Gonçalves Dias, responsáveis pela primeira expedição científica brasileira, que partiu do Rio de Janeiro e foi até o Norte do país. O jornalista Delmo Moreira recria aqui a aventura dessa expedição, uma tragicomédia que misturou pioneirismo, vocação científica, burocracia e alguma cachaça. Em meio a desvios de rota, férias prolongadas e conflitos com os locais, a história da expedição é também a de um país que começava a se descobrir e um retrato do Brasil no auge do Império.
Como é BOM ler uma história do brasil. Mesmo que não seja uma história com H. Jornalista que escreve bem é um gosto que só. Talvez é justo o formato que essa história precisava pra ser bem contada. Sem muita nota de rodapé... pra amarrar num bom equilíbrio ciência, política, burocracia, literatura, biografia e um tiquinho de escândalo (mas sem parecer o laurentino que faz a história do brasil parecer a revista caras)
Catorze Camelos Para o Ceará é um livro importante para entendermos como nossa pouca tradição de documentação cria lacunas importantes na nossa história. A saga da Comissão Científica que, no segundo reinado, percorreu o Ceará registrando a fauna, flora, geografia, clima, costumes e cultura - entre muitas outras frentes - é cheia de grandes detalhes para se entender o Brasil que pouco conhecia sobre si fora do Sudeste e que ainda hoje ainda se conhece pouco. A partir dos poucos documentos que foram conservados, sobretudo os diários de viagem, os capítulos avançam com uma leitura muito agradável, com ar de um grande compêndio de fofocas da corte misturada a aulas de história. Porém, a grande frustração do livro é dedicar tão pouco espaço aos camelos do título, o elemento mais pitoresco de todo esse episódio e uma das principais vítimas da falta de documentação histórica. Por mais que a narrativa da Comissão seja interessante, é a originalidade do camelos que traz o leitor ao livro e é decepcionante que eles ocupem menos que 1/4 do livro. Continua sendo uma literatura interessante, mas alinhe suas expectativas sobre o protagonismo dos camelos.
Incrível relato da pouco conhecida expedição científica que tentou mapear o ceará e testar a viabilidade do uso de camelos como animais de trabalho.
Delmo Moreira é um excelente escritor e o livro consegue a proeza de ser conciso e ao mesmo tempo muito rico em detalhes, sinto que aprendi horrores sobre o Brasil em apenas 200 páginas e 5 dias.
Demorei muito pra terminar, acho que uma mistura de ressaca pós A Little Life mas também um vocabulário meio rebuscado em algumas partes que me levavam ao vórtex do celular pra ler. Não chega a ser uma leitura voraz como A Invenção da Natureza - mas faz uma ótima companhia a ele. As últimas ~70 páginas são excelentes e li o epílogo sobre o Carnaval em pleno Carnaval então tudo se alinha.
Claro que li o epílogo vendo o desfile de 1995 da imperatriz leopoldinense na internet. Em 14 camelos o Delmo nos apresenta um fascinante roteiro dessa expedição científica, relatos e proezas esquecidas da história brasileira. Pude conhecer mais sobre Frei Alemão, sobre as dificuldades da época e sobre as desventuras dos cientistas imperiais. Eu sendo biólogo recomendo muito a leitura! E, sim, faço coro com o autor na tentativa de lavar a alma dos camelos - maiores vítimas da epopéia, de novo atacada na narração do desfile da escola de samba.
What’s important to understand before reading the book, is that a *first* expedition isn’t necessarily a successful one (in terms of new and wild discoveries). It’s cool for grasping the context of the 1850-60-70s. And obviously really detailed for research purposes