O leitor tem em mãos uma preciosa antologia sobre a poética de mulheres negras. Uma obra panorâmica que nos apresenta vozes contemporâneas e nos convida ao mergulho num pluriverso de possibilidades de apreensões da mulheridade negra e suas escritas. Poetas de diferentes faixas etárias, localizações, espiritualidades e compreensões de suas humanidades, traduzem em metáforas dissonantes, plasticidades e sonoridades, as experiências éticas e estéticas que atravessam o Viver. Ao mesmo tempo, apontam tanto para os dramas coletivos do existir, quanto para uma profunda camada da subjetividade. Os poemas trazem temas como identidade, linhagem, ancestralidade, sexualidade, cabelo e fenótipo, violência, racismo, equidade, maternidade, amor, paixão… Se tivesse, entretanto, que resumir esta antologia em apenas uma palavra seria força: não aquela romantizada que limita em lugares estanques a potência das mulheres negras, mas a força daquelas mulheres que fazem do verbo as suas armas de guerra e as suas fortalezas. Nomes reconhecidos como Cristiane Sobral, Esmeralda Ribeiro, Jarid Arraes e Mel Duarte nos brindam com suas poesias e, em nada ofuscam as outras vozes, menos conhecidas, mas de igual potência. Pelo contrário, são sons que dialogam e se empoderam, nos mostrando que Viver é um Ato Poético e as percepções humanas da Vida podem ter multiperspectivas.
Nascida em Juazeiro do Norte, na região do Cariri (CE), em 12 de Fevereiro de 1991, Jarid Arraes é escritora, cordelista, poeta e autora do premiado “Redemoinho em dia quente", vencedor do APCA de Literatura na Categoria Contos, e dos livros “Um buraco com meu nome", “As Lendas de Dandara” e “Heroínas Negras Brasileiras em 15 cordéis". Atualmente vive em São Paulo (SP), onde criou o Clube da Escrita Para Mulheres e tem mais de 70 títulos publicados em Literatura de Cordel.