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Gente Feita de Terra
Gente Feita de Terra conta a história de duas mulheres, mãe e filha, dos anos 60 até ao início do século XXI.
A mãe parte jovem de um Alentejo sem futuro, perseguindo um amor na Angola colonial portuguesa, que de princípio a recebe como lhe pertencesse, para depois a expulsar, como a todos, em desespero, mostrando-lhe que a pertença não passara de ilusão.
A filha é uma jovem viúva que habita na Lisboa suburbana do nosso século, rápida e desenraizada, e que na história da mãe tenta perceber a que lugar pertence.
Gente Feita de Terra transforma, num estilo clássico e bem elaborado, as histórias recentes de Portugal e Angola, com as suas violentas atribulações, em sentimentos, sensações, sentidos de uma grande riqueza.
Serão os lugares o que as pessoas deles fazem, ou serão as pessoas o resultado dos lugares?
A mãe parte jovem de um Alentejo sem futuro, perseguindo um amor na Angola colonial portuguesa, que de princípio a recebe como lhe pertencesse, para depois a expulsar, como a todos, em desespero, mostrando-lhe que a pertença não passara de ilusão.
A filha é uma jovem viúva que habita na Lisboa suburbana do nosso século, rápida e desenraizada, e que na história da mãe tenta perceber a que lugar pertence.
Gente Feita de Terra transforma, num estilo clássico e bem elaborado, as histórias recentes de Portugal e Angola, com as suas violentas atribulações, em sentimentos, sensações, sentidos de uma grande riqueza.
Serão os lugares o que as pessoas deles fazem, ou serão as pessoas o resultado dos lugares?
- GenresRomance
312 pages, Paperback
First published October 21, 2021
4 people are currently reading
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Community Reviews
Displaying 1 - 29 of 29 reviews
December 28, 2021
Este livro traz-nos a história de duas mulheres, mãe e filha, cada uma com histórias de vida diferentes, em diferentes momentos do tempo, dos anos 60 até praticamente aos dias de hoje.
A mãe casa cedo e parte do Alentejo para Angola, onde tem de lidar com a solidão de um país longínquo e com a vida de recém casada.
A filha, jovem viúva que vive numa Lisboa dos nossos dias, rápida, cheia e assoberbada.
Sobre catástrofe, sobre começar de novo, sobre decisões e consequências, sobre seguir em frente, sobre escolhas, sobre memórias, sobre traição e perda.
Sobre gente, sobre a vida.
A forma como as histórias das duas mulheres se intercalam e desenrolam ao longo do livro está construída pela autora de forma brilhante.
Já tinha ouvido falar muito sobre a Carla M. Soares e tenho vários livros da autora na minha lista de livros por ler. Esta leitura foi o confirmar de tudo de bom que tenho ouvido e lido sobre os seus livros.
October 26, 2021
9 de 10*
Opinião:
https://abibliotecadajoao.blogspot.co...
Opinião:
https://abibliotecadajoao.blogspot.co...
October 29, 2021
Sou uma grande fã da escrita da Carla e, por isso, assim que vi ia ser editado um novo livro fiquei logo muito entusiasmada.
Este livro alterna entre dois tempo: a partir dos anos 60 e 2015. Em 2015 conhecemos Filomena, viúva e com um filho pequeno, e é através dela que vamos conhecer a história dos seus pais, mais centrada na sua mãe Brígida.
A Carla escreve muitíssimo bem e consegue passar tão bem as emoções e sensações. E esta história não foi excepção.
Além disso, o tema central do livro é bastante interessante, a vida em Angola, mais concretamente Moçâmedes, uma vida mais livre e onde as próprias mulheres não eram tão conservadoras. Mas também a guerra e o regresso a Portugal. É um tema tão interessante da nossa história mais recente mas, infelizmente, pouco explorado na literatura.
Vejam a minha opinião mais detalhada em vídeo, AQUI.
Este livro alterna entre dois tempo: a partir dos anos 60 e 2015. Em 2015 conhecemos Filomena, viúva e com um filho pequeno, e é através dela que vamos conhecer a história dos seus pais, mais centrada na sua mãe Brígida.
A Carla escreve muitíssimo bem e consegue passar tão bem as emoções e sensações. E esta história não foi excepção.
Além disso, o tema central do livro é bastante interessante, a vida em Angola, mais concretamente Moçâmedes, uma vida mais livre e onde as próprias mulheres não eram tão conservadoras. Mas também a guerra e o regresso a Portugal. É um tema tão interessante da nossa história mais recente mas, infelizmente, pouco explorado na literatura.
Vejam a minha opinião mais detalhada em vídeo, AQUI.
November 8, 2021
Só podiam ser 5*
Este livro tem uma escrita consisa e muito poética que embala o leitor por uma viagem saltitante entre Angola e Portugal. Uma viagem que fazemos na companhia de duas mulheres, mãe e filha, que em dois continentes diferentes e em épocas diferentes lidam com violentas sensações e sentimentos de perda e abandono.
Este livro tem uma escrita consisa e muito poética que embala o leitor por uma viagem saltitante entre Angola e Portugal. Uma viagem que fazemos na companhia de duas mulheres, mãe e filha, que em dois continentes diferentes e em épocas diferentes lidam com violentas sensações e sentimentos de perda e abandono.
November 24, 2021
O livro Gente Feita de Terra, foi a minha estreia na escrita de Carla. M. Soares, e não podia ter sido melhor. Comecei a ler muito devagar, com muito cuidado, mas logo percebi ser uma escrita densa, muito cuidada e expressiva e, rapidamente, mergulhei na história. Este romance conta a vida de duas mulheres, mãe e filha, marcadas pelos acontecimentos no período da descolonização em África, nomeadamente em Angola.
Uma história, duas histórias, de amor, desamor e descontentamento, de vidas arrastadas pelas circunstâncias. Gostei muito da forma como nos levou para dentro delas, fazendo sentir as suas angústias e incertezas.
Mas não é só destas mulheres que nos fala, fala-nos de um país, de gente de lá e de cá, de gente feita de terra.
Fala do doloroso retorno à metrópole de milhares de famílias, muitas delas desmembradas, obrigadas a enfrentar a incompreensão e, em muitos casos, a rejeição. Gente que chegava a um país que não sentiam ser seu, mas a terra que deixaram também já não o era. Recordo bem dessa época, o retorno de famílias inteiras, que arrastavam com elas a tristeza, a saudade das cores, do calor, dos cheiros, e o medo.
A Carla. M. Soares trata deste assunto com extrema delicadeza, mas com muita energia.
Gostei muito de descobrir, pela mão da autora, o deserto do Namibe, o que me obrigou a pesquisar e espantar-me com a beleza daquele lugar que apenas se detém à beira do mar. Um deserto terrivelmente belo que se desdobra em cor e movimento e contém nele o símbolo da resistência, a Welwitschia, uma flor que se fez feia para resistir à dureza do deserto, um exemplo de resiliência que representa bem as protagonistas desta história.
Adorei esta leitura, a escrita da Carla é magnífica e esta é uma história que vale a pena ler. Recomendo a todos!
Já não é preciso dar os parabéns à Carla. M. Soares, mas eu dou!
Uma história, duas histórias, de amor, desamor e descontentamento, de vidas arrastadas pelas circunstâncias. Gostei muito da forma como nos levou para dentro delas, fazendo sentir as suas angústias e incertezas.
Mas não é só destas mulheres que nos fala, fala-nos de um país, de gente de lá e de cá, de gente feita de terra.
Fala do doloroso retorno à metrópole de milhares de famílias, muitas delas desmembradas, obrigadas a enfrentar a incompreensão e, em muitos casos, a rejeição. Gente que chegava a um país que não sentiam ser seu, mas a terra que deixaram também já não o era. Recordo bem dessa época, o retorno de famílias inteiras, que arrastavam com elas a tristeza, a saudade das cores, do calor, dos cheiros, e o medo.
A Carla. M. Soares trata deste assunto com extrema delicadeza, mas com muita energia.
Gostei muito de descobrir, pela mão da autora, o deserto do Namibe, o que me obrigou a pesquisar e espantar-me com a beleza daquele lugar que apenas se detém à beira do mar. Um deserto terrivelmente belo que se desdobra em cor e movimento e contém nele o símbolo da resistência, a Welwitschia, uma flor que se fez feia para resistir à dureza do deserto, um exemplo de resiliência que representa bem as protagonistas desta história.
Adorei esta leitura, a escrita da Carla é magnífica e esta é uma história que vale a pena ler. Recomendo a todos!
Já não é preciso dar os parabéns à Carla. M. Soares, mas eu dou!
December 21, 2023
NOTA - 08/10
November 21, 2021
Gostei muito das histórias destas mulheres.
Gostei de, apesar de ter uma componente histórica, ser principalmente uma história de emoções, de escolhas nem sempre certas, apesar dos berros do instinto. Gostei de acreditar. Não há heróis nem heroínas a fazer o impossível, não há gente plana, muito boazinha ou muito má. Esta é uma, não, não é apenas uma, são várias histórias onde facilmente podemos encontrar-nos, histórias nas quais podemos acreditar.
Já li outros livros da Carla (não todos) mas este destaca-se como o meu preferido.
Gostei de, apesar de ter uma componente histórica, ser principalmente uma história de emoções, de escolhas nem sempre certas, apesar dos berros do instinto. Gostei de acreditar. Não há heróis nem heroínas a fazer o impossível, não há gente plana, muito boazinha ou muito má. Esta é uma, não, não é apenas uma, são várias histórias onde facilmente podemos encontrar-nos, histórias nas quais podemos acreditar.
Já li outros livros da Carla (não todos) mas este destaca-se como o meu preferido.
October 31, 2022
Gostei imenso deste livro, das personagens, das histórias, dos sentimentos. Se acho que há partes que deveriam ter sido mais exploradas, também percebo que o ritmo seria diferente. Fala da história pessoal de Filomena, mas também da vida em África, em Angola, e da descolonização. Conta-nos várias histórias de amor, e sobretudo a história do amor pelas terras africanas, da liberdade que elas proporcionaram a quem lá vivia. A escrita envolve-nos e é difícil largar a leitura.
May 23, 2022
Maravilhoso! Ao ler este livrinho, veio à memória coisas das quais já nem me lembrava. nós saímos de Moçambique antes de realmente começar as piores guerrilhas. Fomos para a Rodésia/Zimbábue em 1972. Lembro-me de quando passavam as caravanas de refugiados de Moçambique, que eram acompanhados por militares para procurarem vidas melhores. Lembro-me de quando nos diziam que chegara uma família refugiada e que precisava de ajuda, e lá íamos nós ajudar. Lembro-me de termos os meus tios, primos todos lá em casa abrigados enquanto não tinham destino certo, ou vir para Portugal ou ficar lá. Dormíamos todos no chão da sala, era uma festa, apesar de terem perdido quase tudo, eu teria talvez uns 10 anos. Vim para Portugal com 13, fomos muitas vezes chamados de "sacos de café"(eu sou branquinha), retornados, só a minha mãe é que nascera cá, nós éramos todos nascidos em Moçambique... ainda houve algumas brigas por eu não aceitar que me chamassem retornada! Tudo isto para dizer que este livrinho trouxe muitas memórias. Gostei imenso do tempo que desfrutei a lê-lo.
November 24, 2021
Uma das melhores leituras do ano.
September 14, 2025
Gosto muito dos livros da Carla M. Soares. Até agora, só o "Limões na Madrugada" não me cativou da forma como eu esperava. Já há muito que não lia nada desta escritora, o ano passado comprei este livro como prenda de aniversário para me oferecer. Só este ano decidi-me a lê-lo e acaba de entrar para o meu top de leituras deste ano.
"Gente feita de terra" é um recordar das história de Angola surradas à lareira de quem por lá viveu a Guerra Colonial. É um aperto de coração por Brígida, cuja sua vida é um somatório de escolhas que se precipitam e que a conduzem por caminhos de pequenos e grandes desgostos, intercalados por alegrias silenciosas.
É uma história que conquista, também, pelos silêncios que se vão multiplicando na narrativa. Houve coisas que ficaram por dizer, silêncios que preenchemos com a imaginação, mas em nada estragou o prazer da leitura. Sinto que deixou o tal espaço que preenchemos com as histórias de famílias que quase todos os portugueses foram ouvindo.
A vida vivida nas colónias marcou quem lá passou. Marcou pelos cheiros, as cores e as possibilidades que oferecia e marcou pelo sofrimento de uma descolonização dura para quem teve de voltar a Portugal. O livro capta muito bem estas nuances e emoções. Eu senti as dores das mudanças e o prazer de um lugar que fica tatuado no coração.
Precisamos de mais livros que nos contem estas histórias. Que nos permitam aceder a diferentes ângulos. Para que a História não morra em histórias sussurradas de quem deixou parte da sua alma em África ou de quem se viu obrigado a entrar num guerra que não pediu.
Para quem gosta de livros históricos e queira conhecer mais sobre a História contemporânea portuguesa tem aqui uma boa oportunidade. Além de uma boa história, quero destacar que a escrita da Carla é verdadeira poesia. A leitura ganha logo outro encanto.
Espero que a Carla nos continue a dar boas histórias.
"Gente feita de terra" é um recordar das história de Angola surradas à lareira de quem por lá viveu a Guerra Colonial. É um aperto de coração por Brígida, cuja sua vida é um somatório de escolhas que se precipitam e que a conduzem por caminhos de pequenos e grandes desgostos, intercalados por alegrias silenciosas.
É uma história que conquista, também, pelos silêncios que se vão multiplicando na narrativa. Houve coisas que ficaram por dizer, silêncios que preenchemos com a imaginação, mas em nada estragou o prazer da leitura. Sinto que deixou o tal espaço que preenchemos com as histórias de famílias que quase todos os portugueses foram ouvindo.
A vida vivida nas colónias marcou quem lá passou. Marcou pelos cheiros, as cores e as possibilidades que oferecia e marcou pelo sofrimento de uma descolonização dura para quem teve de voltar a Portugal. O livro capta muito bem estas nuances e emoções. Eu senti as dores das mudanças e o prazer de um lugar que fica tatuado no coração.
Precisamos de mais livros que nos contem estas histórias. Que nos permitam aceder a diferentes ângulos. Para que a História não morra em histórias sussurradas de quem deixou parte da sua alma em África ou de quem se viu obrigado a entrar num guerra que não pediu.
Para quem gosta de livros históricos e queira conhecer mais sobre a História contemporânea portuguesa tem aqui uma boa oportunidade. Além de uma boa história, quero destacar que a escrita da Carla é verdadeira poesia. A leitura ganha logo outro encanto.
Espero que a Carla nos continue a dar boas histórias.
November 19, 2021
É a gente feita de terra ou é a terra feita de gente? A Carla M. Soares deixa esta questão por responder, mas conta uma história fantástica (verdadeira ou não, nem ela sabe) feita de gente que podiam ser muitas outras gentes, as que se mudaram para as ex-colónias aí deitando raízes e deixando as que os ligavam a Portugal para trás. Questões de colonização e legitimidade para isso à parte, porque não foi este o prisma escolhido pela autora, o que me saltou ao pensamento mal acabei de ler este livro foi: a vida leva-nos a tantas terras, apresenta-nos tantos desafios e mudanças que o verdadeiramente importante não é a terra a que pertencemos, mas as pessoas em que nos tornamos.
Fala-se aqui também de memória e da verdade que ela traz... ou não.
A escrita da autora neste livro é irrepreensível, clara, transporta-nos através do tempo entre o Alentejo, Lisboa, Angola e Londres, com personagens criadas de uma forma magistral, que, não sendo reais, podiam sê-lo, sem qualquer dúvida.
A Carla M. Soares afirma-se, com este livro, como a grande escritora que é, o que já foi visível no Ano da Dançarina e no Limões na Madrugada (os dois livros que li até agora, mas ainda há outros que vou ler).
Não li este livro de enfiada porque, na minha perspetiva e sensibilidade, cada frase que a Carla escreve é para ser saboreada e entendida em toda a sua plenitude.
Recomendo vivamente!
Fala-se aqui também de memória e da verdade que ela traz... ou não.
A escrita da autora neste livro é irrepreensível, clara, transporta-nos através do tempo entre o Alentejo, Lisboa, Angola e Londres, com personagens criadas de uma forma magistral, que, não sendo reais, podiam sê-lo, sem qualquer dúvida.
A Carla M. Soares afirma-se, com este livro, como a grande escritora que é, o que já foi visível no Ano da Dançarina e no Limões na Madrugada (os dois livros que li até agora, mas ainda há outros que vou ler).
Não li este livro de enfiada porque, na minha perspetiva e sensibilidade, cada frase que a Carla escreve é para ser saboreada e entendida em toda a sua plenitude.
Recomendo vivamente!
January 9, 2023
Gente Feita de Terra entrega ao leitor uma história familiar onde conhecemos Filomena, filha, mãe e viúva, em 2015, que ao mesmo tempo que fala da sua vida atual, recorrendo à memória pessoal para lembrar o seu passado, conta também a história de um amor nem sempre auspicioso entre os seus pais, dando destaque ao lado de Brígida, a sua mãe.
No presente a viver em Lisboa e com o passado da família em Moçamedes, Angola, Filomena recorda o momento em que se apaixonou pelo pai do seu filho e como se tornou mãe para ficar sozinha com uma criança nos braços. Com o tempo percebe que está na altura de deixar o seu refúgio para voltar a viver e rodear-se de pessoas na procura pela felicidade. Ao mesmo tempo, quase de forma paralela, é contada a história de Brígida que casou por amor, deixando o seu Alentejo e a boa vida da linha de Cascais para se deixar levar por amor para terras africanas onde percebeu que o prometido amor idílico não acontecia como lhe foi oferecido, estando destinado à solidão, traições e mentiras de casal que permaneceu junto mas de forma distante, tanto física como psicologicamente.
Com uma história muito bem delineada e explicada, Carla M. Soares tem uma escrita bem cuidada de forma a conduzir o leitor que é convidado a estar ao lado das duas personagens centrais femininas, torcendo para que ambas consigam dar a volta ao que estão a viver em momentos e locais distantes. Cativando e reforçando a dor da traição e da perda, a escrita de Gente Feita de Terra chega ao leitor de forma exímia, simples e normalizada, sem criar demais, mostrando que Carla M. Soares tem consigo a ideia exata de como tem de passar ao leitor a sua criação. Comigo esta narrativa resultou muito bem, tendo ficando convencido com esta viagem de família do início ao fim.
No presente a viver em Lisboa e com o passado da família em Moçamedes, Angola, Filomena recorda o momento em que se apaixonou pelo pai do seu filho e como se tornou mãe para ficar sozinha com uma criança nos braços. Com o tempo percebe que está na altura de deixar o seu refúgio para voltar a viver e rodear-se de pessoas na procura pela felicidade. Ao mesmo tempo, quase de forma paralela, é contada a história de Brígida que casou por amor, deixando o seu Alentejo e a boa vida da linha de Cascais para se deixar levar por amor para terras africanas onde percebeu que o prometido amor idílico não acontecia como lhe foi oferecido, estando destinado à solidão, traições e mentiras de casal que permaneceu junto mas de forma distante, tanto física como psicologicamente.
Com uma história muito bem delineada e explicada, Carla M. Soares tem uma escrita bem cuidada de forma a conduzir o leitor que é convidado a estar ao lado das duas personagens centrais femininas, torcendo para que ambas consigam dar a volta ao que estão a viver em momentos e locais distantes. Cativando e reforçando a dor da traição e da perda, a escrita de Gente Feita de Terra chega ao leitor de forma exímia, simples e normalizada, sem criar demais, mostrando que Carla M. Soares tem consigo a ideia exata de como tem de passar ao leitor a sua criação. Comigo esta narrativa resultou muito bem, tendo ficando convencido com esta viagem de família do início ao fim.
August 1, 2025
Estou um pouco dividida com este romance, devia ser 3,5 estrelas. A parte do presente é claramente aborrecida, servindo pouco mais do que como uma conduta para saltar para a história no passado. Já essa, sim, é muito interessante, permitindo mais um vislumbre da história que insistimos em querer esquecer enquanto coletivo. Curiosamente - ou talvez não - é exatamente esta história do passado que continua a repetir-se hoje em dia.
"O sentimento enraizara-se num povo que, à época, se debatia com as suas próprias mudanças, um novo regime que tardava em instaurar-se de forma satisfatória, a pobreza que não abrandava, uma ignorância feita de décadas e décadas de censura e analfabetismo. Mas que interessava isto a quem transladara a vida de um para outro continente, abandonando tudo, em muitos casos até a esperança?"
Read
June 27, 2024Foi um livro de que queria ter gostado mais. Senti-me sempre muito afastada da narrativa e da escrita, algo talvez motivado pelo início da história. No entanto, não posso dizer que não gostei do livro, só não consegui criar ligação com ele e sinto que não será daqueles livros em que vou pensar recorrentemente. Mas vale a pena para quem gostar de ficção histórica e tiver interesse em saber mais sobre um período histórico particularmente relevante para a história do nosso país.
March 22, 2022
Este não foi o primeiro livro que li da autora mas até agora foi o que mais gostei. O tema que aborda é-me familiar e senti alguma empatia e proximidade com alguns aspectos focados. A capa possui os tons quentes de África, os tons que a terra pode adoptar e fiquei logo encantada tanto com ela, como com o título e a frase que o completa. Não era preciso mais nada para o ler!
A história prende. Auto ficção?, perguntei-me. Não é importante saber mas fiquei a pensar que sim. Esta obra conta-nos a história de duas mulheres, mãe e filha, que têm ou tiveram Africa no seu coração ou, pelo menos, nas suas raízes. Porque se muitos factos são ficção, alguns constituem o passa-a-palavra, tão habitual em quem sofreu grandes perdas.
A filha Filomena, de 42 anos, luta com o sentimento de perda do seu companheiro num acidente. Após cinco anos ela própria acha que já devia ter assimilado essa perda e, contudo, os sonhos perseguem-na não lhe dando noites tranquilas. Estamos em 2015. Entre trabalho e cuidar do filho pequeno, os dias passam monótonos. Os pais são a sua bengala.
Ao mesmo tempo, o passado dos pais, Brígida e Alberto, desde 1961, é intercalado na narrativa. Filomena descreve o que sabe e o que não sabe, supõe. Filomena escreve.
Gostei muito desta história. Sem pontas soltas, com personagens credíveis e com aspectos muito jnteressantes da guerra em África que, se não verídicos, pelo menos plausíveis.
Aconselho!
A história prende. Auto ficção?, perguntei-me. Não é importante saber mas fiquei a pensar que sim. Esta obra conta-nos a história de duas mulheres, mãe e filha, que têm ou tiveram Africa no seu coração ou, pelo menos, nas suas raízes. Porque se muitos factos são ficção, alguns constituem o passa-a-palavra, tão habitual em quem sofreu grandes perdas.
A filha Filomena, de 42 anos, luta com o sentimento de perda do seu companheiro num acidente. Após cinco anos ela própria acha que já devia ter assimilado essa perda e, contudo, os sonhos perseguem-na não lhe dando noites tranquilas. Estamos em 2015. Entre trabalho e cuidar do filho pequeno, os dias passam monótonos. Os pais são a sua bengala.
Ao mesmo tempo, o passado dos pais, Brígida e Alberto, desde 1961, é intercalado na narrativa. Filomena descreve o que sabe e o que não sabe, supõe. Filomena escreve.
Gostei muito desta história. Sem pontas soltas, com personagens credíveis e com aspectos muito jnteressantes da guerra em África que, se não verídicos, pelo menos plausíveis.
Aconselho!
November 13, 2021
Gente Feita de Terra aborda o tema das pessoas que na sua maioria nasceram em Africa e um dia tiveram de abandonar tudo e recomeçar uma nova vida em Portugal. Este tema é-me familiar, o meu marido nasceu em Angola, assim como o meu sogro e a mãe dele. Ao longo dos anos ouvi muitas histórias como estas que lemos neste livro.
Estamos perante um livro que retrata sentimentos... de amor, de raiva, de traição, de amor incondicional, de apego, de recomeços, de família, de terra e de respeito.
Já conheço a escrita da Carla de livros anteriores e na minha opinião é uma escrita intensa na escolha das palavras.
Tenho a certeza de um dia destes alguém (o meu marido) vai querer lê-lo.
Obrigada Carla pela partilha de mais uma belíssima história.
Estamos perante um livro que retrata sentimentos... de amor, de raiva, de traição, de amor incondicional, de apego, de recomeços, de família, de terra e de respeito.
Já conheço a escrita da Carla de livros anteriores e na minha opinião é uma escrita intensa na escolha das palavras.
Tenho a certeza de um dia destes alguém (o meu marido) vai querer lê-lo.
Obrigada Carla pela partilha de mais uma belíssima história.
May 12, 2023
É na verdade um 3.5 ⭐️
Este livro tem um registo muito diferente daquele a que a autora habituou os leitores, talvez por ser um tanto ou quanto biográfico. É sempre mais difícil para mim identificar-me com episódios próximos da realidade, porém gostei muito do tom reflexivo do livro e da dupla perspectiva de mãe e filha, algo que considero difícil de escrever.
Este livro tem um registo muito diferente daquele a que a autora habituou os leitores, talvez por ser um tanto ou quanto biográfico. É sempre mais difícil para mim identificar-me com episódios próximos da realidade, porém gostei muito do tom reflexivo do livro e da dupla perspectiva de mãe e filha, algo que considero difícil de escrever.
December 28, 2022
Comecei a leitura sem grandes expectativas. Bom, se tinha comprado o livro seria por ter visto nele potencial, mas não conhecia a autora nem me tinha sido recomendado por ninguém. Seria um tiro no escuro.
A prosa cativou-me de imediato. Gosto da escrita da Carla. Da formação de frases, da escolha de palavras, das descrições. Recomendei à minha irmã, que viveu em Angola até ao fim (da nossa Angola).
Depois prossegui e o entusiasmo inicial foi-se dissipando. Senti que o potencial da autora se perdeu numa linha narrativa com espaço para melhorias. Como se um carro em andamento entrasse numa auto-estrada em terceira e nunca passara para quarta, para quinta, para sexta.
As personagens mantêm-se hirtas. Presas nos seus dramas, nas suas características. O futuro da história adivinha-se. E pronto, terminei. O livro e esta expressão das minhas impressões.
A prosa cativou-me de imediato. Gosto da escrita da Carla. Da formação de frases, da escolha de palavras, das descrições. Recomendei à minha irmã, que viveu em Angola até ao fim (da nossa Angola).
Depois prossegui e o entusiasmo inicial foi-se dissipando. Senti que o potencial da autora se perdeu numa linha narrativa com espaço para melhorias. Como se um carro em andamento entrasse numa auto-estrada em terceira e nunca passara para quarta, para quinta, para sexta.
As personagens mantêm-se hirtas. Presas nos seus dramas, nas suas características. O futuro da história adivinha-se. E pronto, terminei. O livro e esta expressão das minhas impressões.
August 16, 2023
#61#2023#books#august
August 17, 2024
3.5* Gosto muito da escrita da autora mas não me consegui envolver com as personagens deste livro. Fui lendo mas em nenhum momento a história se tornou "viciante" para mim.
February 8, 2025
3,5 Estrelas
November 2, 2023
E graças ao meu novo Kobo enveredei na última obra da Carla mais cedo do que o esperava. Como fã incondicional da autora que sou, tenho sempre as expectativas lá em cima.
Gente Feita de Terra assemelha-se um pouco a Limões na Madrugada, uma obra de certa forma mais intimista, repleta essencialmente de sentimentos. No entanto, confesso que tive alguma dificuldade em empatizar com as personagens da obra desta vez.
A narrativa desenrola-se essencialmente em torno de Brígida, que no auge da paixão por Alberto, vai onde o coração a leva – à Angola colonial portuguesa. Em paralelo, acompanhamos também a sua filha – Mena - que tenta perceber a história de vida dos pais, contando-nos aquilo em que acredita na primeira pessoa. E foi por isto que talvez não tenha conseguido empatizar completamente com esta história.
Se, por um lado, quando lemos um livro sabemos que se trata de ficção, a verdade é que durante a leitura, apesar da ficção, encaramos a história e o mundo que nos é revelado como real e embarcamos nele. Quando me apercebi que o que me estava a ser contado se tratava daquilo que Mena pensava que tinha acontecido, nomeadamente no que diz respeito a sentimentos, não consegui compactuar com as acusações.
No entanto, apesar deste percalço na empatia, foi o primeiro livro que li com a Angola colonial portuguesa como pano de fundo, o que foi extremamente enriquecedor. E se Brígida viveu aquilo que Mena acha que viveu, então não há palavras. Desde a ingenuidade do amor à primeira vista, à coragem na mudança de vida e para um local totalmente desconhecido, torna-se uma personagem de louvar.
No que diz respeito à escrita da autora, nada a apontar como sempre. São sempre obras que valem a pena ler, música para os meus ouvidos 😊. Independentemente de para mim esta obra não ter sido aquilo que estava à espera, vou sempre querer ler mais livros da autora e penso que também não vou esquecer esta história tão cedo.
https://bloguinhasparadise.blogspot.c...
Gente Feita de Terra assemelha-se um pouco a Limões na Madrugada, uma obra de certa forma mais intimista, repleta essencialmente de sentimentos. No entanto, confesso que tive alguma dificuldade em empatizar com as personagens da obra desta vez.
A narrativa desenrola-se essencialmente em torno de Brígida, que no auge da paixão por Alberto, vai onde o coração a leva – à Angola colonial portuguesa. Em paralelo, acompanhamos também a sua filha – Mena - que tenta perceber a história de vida dos pais, contando-nos aquilo em que acredita na primeira pessoa. E foi por isto que talvez não tenha conseguido empatizar completamente com esta história.
Se, por um lado, quando lemos um livro sabemos que se trata de ficção, a verdade é que durante a leitura, apesar da ficção, encaramos a história e o mundo que nos é revelado como real e embarcamos nele. Quando me apercebi que o que me estava a ser contado se tratava daquilo que Mena pensava que tinha acontecido, nomeadamente no que diz respeito a sentimentos, não consegui compactuar com as acusações.
No entanto, apesar deste percalço na empatia, foi o primeiro livro que li com a Angola colonial portuguesa como pano de fundo, o que foi extremamente enriquecedor. E se Brígida viveu aquilo que Mena acha que viveu, então não há palavras. Desde a ingenuidade do amor à primeira vista, à coragem na mudança de vida e para um local totalmente desconhecido, torna-se uma personagem de louvar.
No que diz respeito à escrita da autora, nada a apontar como sempre. São sempre obras que valem a pena ler, música para os meus ouvidos 😊. Independentemente de para mim esta obra não ter sido aquilo que estava à espera, vou sempre querer ler mais livros da autora e penso que também não vou esquecer esta história tão cedo.
https://bloguinhasparadise.blogspot.c...
November 16, 2023
Foi o 2º livro que li de Carla M. Soares e mais uma vez gostei muito.
Gente feita de Terra retrata a vida de Brígida (mãe) e Filomena (filha), que em capítulos alternados, vai contando a história das 2, as suas dúvidas, as escolhas que são obrigadas a fazer, os erros que cometem e as vitórias.
Brígida nasceu no Alentejo, estudou em Lisboa, casou por amor e deixou para trás a boa vida que tinha para ir viver com o marido para Angola.
A Filomena nasceu em Angola, veio para Portugal com 3 anos e por isso não tem memórias do que lá viveu. Em 2015 é viuva e tem um filho de 6 anos.
De forma a tentar perceber as questões que a rodeiam, ela decide contar a historia dos pais atraves de conversas com eles e com os 2 irmãos mais velhos e quando faltam factos recorre algumas vezes à imaginação .
Quando começa a guerra em Angola, Brígida decide regressar a Portugal para que os seus 3 filhos cresçam em segurança.
Livro que aborda o doloroso regresso à metrópole de milhares de famílias, muitas delas desmembradas, obrigadas a enfrentar a incompreensão e em muitos casos a rejeição.
Gente que chegava a um país que não sentiam ser seu, mas a terra que deixaram também já não o era.
Livro muito bom que aborda temas como a catástrofe, começar de novo, decisões e consequências, seguir em frente, escolhas, memórias, traição e perda.
Gente feita de Terra retrata a vida de Brígida (mãe) e Filomena (filha), que em capítulos alternados, vai contando a história das 2, as suas dúvidas, as escolhas que são obrigadas a fazer, os erros que cometem e as vitórias.
Brígida nasceu no Alentejo, estudou em Lisboa, casou por amor e deixou para trás a boa vida que tinha para ir viver com o marido para Angola.
A Filomena nasceu em Angola, veio para Portugal com 3 anos e por isso não tem memórias do que lá viveu. Em 2015 é viuva e tem um filho de 6 anos.
De forma a tentar perceber as questões que a rodeiam, ela decide contar a historia dos pais atraves de conversas com eles e com os 2 irmãos mais velhos e quando faltam factos recorre algumas vezes à imaginação .
Quando começa a guerra em Angola, Brígida decide regressar a Portugal para que os seus 3 filhos cresçam em segurança.
Livro que aborda o doloroso regresso à metrópole de milhares de famílias, muitas delas desmembradas, obrigadas a enfrentar a incompreensão e em muitos casos a rejeição.
Gente que chegava a um país que não sentiam ser seu, mas a terra que deixaram também já não o era.
Livro muito bom que aborda temas como a catástrofe, começar de novo, decisões e consequências, seguir em frente, escolhas, memórias, traição e perda.
December 12, 2021
Gente feita de terra é um romance arrebatador de uma autora que acompanho desde as primeiras publicações. A sua escrita é sempre motivante, viajando por locais e épocas diferentes e criando personagens que adoramos ou outras que detestamos.
Cada vez mais madura, cada vez com maior qualidade.
Neste último romance, Carla Soares arriscou um tema difícil, mas importante para nós. Fez-me questionar as vivências das pessoas nesses anos de guerra e as dificuldades do retorno a Portugal. Mas, principalmente, fez-me ler cada capítulo com alguma ansiedade de perceber o que se passava a seguir; as suas viagens no tempo fizeram-me passar por diferentes cenários, temer pelo presente e pelo futuro; criei ligação com os personagens e senti algumas das emoções como se eu própria vivesse os momentos. Neste romance, a autora descreve de forma exímia sentimentos, contradições, vivências.
Aconselho vivamente a leitura. Parabéns Carla M. Soares.
Cada vez mais madura, cada vez com maior qualidade.
Neste último romance, Carla Soares arriscou um tema difícil, mas importante para nós. Fez-me questionar as vivências das pessoas nesses anos de guerra e as dificuldades do retorno a Portugal. Mas, principalmente, fez-me ler cada capítulo com alguma ansiedade de perceber o que se passava a seguir; as suas viagens no tempo fizeram-me passar por diferentes cenários, temer pelo presente e pelo futuro; criei ligação com os personagens e senti algumas das emoções como se eu própria vivesse os momentos. Neste romance, a autora descreve de forma exímia sentimentos, contradições, vivências.
Aconselho vivamente a leitura. Parabéns Carla M. Soares.
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