O best-seller de Rubem Alves, em nova edição.A ostra, para fazer uma pérola, precisa ter dentro de si um grão de areia que a faça sofrer. Sofrendo, a ostra diz para si "Preciso envolver esta areia pontuda que me machuca com uma esfera lisa que lhe tire as pontas...". Ostras felizes não fazem pérolas. Pessoas felizes não sentem a necessidade de criar. O ato criador, seja na ciência ou na arte, surge sempre de uma dor. Não é preciso que seja uma dor doída. Por vezes, a dor aparece como aquela coceira que tem o nome de curiosidade. Este livro é repleto de areias pontudas que machucam, mas que fazem da dor uma razão para sempre continuar. Qualquer página deste livro é um começo e um fim."Rubem fazia a filosofia descer do salto, fazia a psicanálise falar fácil, fazia a educação aprender com quem supostamente estava na ignorância, e fazia a poesia emoldurar tudo com o seu manto mais libertário."– ALEXANDRE COIMBRA AMARAL, PSICÓLOGO E ESCRITOR"É um libertário amável, um educador atento, um pensador inquieto e um revolucionário doce."– PEDRO SALOMÃO, POETA E ESCRITOR"Rubem Alves sabe contar histórias como poucos. As frutas que ele generosamente nos oferece têm um efeito poderoso e elas alimentam ainda mais a nossa fome."– CLÁUDIO THEBAS, EDUCADOR, PALHAÇO E ESCRITOR
Rubem Alves é um psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro, é autor de livros e artigos abordando temas religiosos, educacionais e existenciais, além de uma série de livros infantis. Durante sua infância, enfrentou os problemas comuns ocasionados pelas freqüentes mudanças de estados e de escolas. Tais mudanças influenciaram sua atitude de introspecção que o levou à companhia dos livros e ao apoio da religião, base de sua educação. Presbiteriano, tornou-se pastor. Teve três filhos, e entrou numa crise de fé decorrente de um problema de saúde na família, tendo assim de abandonar o pastorado. Apóstata do cristianismo, tornou-se crítico da religião organizada. É considerado persona non grata na Igreja Presbiteriana, pelas suas posições liberais e anticlericais. De volta ao mundo secular, tornou-se escritor e acadêmico.
Há muito tempo que andava a pensar "tenho de ler Rubem Alves"... Não sei explicar a razão de isso não ter acontecido antes... Talvez nunca me tenha cruzado com um livro seu que me tivesse despertado a atenção. Quem sabe? A verdade é no dia 29 de janeiro ao regressar de Portugal e ainda no aeroporto do Porto, este título "Ostra feliz não faz pérolas" me cativou e sem ler sequer a badana do livro comprei-o. E devo dizer que valeu a pena conhecer a obra de Rubem Alves, ainda que começando por um livro que não será, claramente, o seu melhor.
Mais do que pelo que li - e não querendo de qualquer modo desvalorizar - as quatro estrelas são porque este livro me levou a "acordar" de novo para dezenas de nomes que estavam adormecidos na minha memória. Autores que li quase compulsivamente ainda enquanto aluna na universidade, nos velhos tempos em que alguns professores nos "colavam" o bichinho de querer ler autores que nos abanavam as ideias e nos punham a questionar tudo e todos.
Se lermos esta obra com o mesmo espírito literário com o qual de certo o autor a escreveu, seguindo as pistas que nos vai dando acerca desses outros autores, filósofos, teólogos, escritores, pintores, poetas, ... tenho a certeza que levamos um banho de cultura fenomenal. Vi-me em diferentes alturas a por de lado o livro por alguns minutos para ir ver à Internet algumas coisas referenciadas nos seus textos como por exemplo o quadro de Vermeer "Woman in blue reading a letter".
"Ostra feliz não faz Pérolas" está dividido por temas e devo confessar que o tema "religião" me maçou um bocadinho... Há alguns textos muito agradáveis mas outros que a mim nada me dizem, mas isso é sempre muito relativo e tenho a certeza que outras pessoas mais ligadas ao tema gostarão de ler.
É um livro repleto de referências maravilhosas a autores maravilhosos e que me deixou ainda mais curiosa para conhecer outras obras de Rubem Alves.
Apenas gostaria de salientar que todo o livro está escrito com um sentido de humor fascinante. Vale a pena.
(O Goodreads diz que eu estive a reler este livro... mas a menos que tenha amnésia... foi a primeira vez que o li)
Um bom livro de mesa de cabeceira em que Rubem Alves partilha pensamentos e reflexões. Partindo dos mais variados temas / acontecimentos, o autor leva-nos pelos seus cadernos de apontamentos transformados num livro que, com uma edição um pouco mais trabalhada, poderia dar ao leitor muito mais. Esta foi a minha estreia "morna" com Rubem Alves e que precisa de mais um título para o meu coração poder decidir-se :)
Adorei esse livro. Foi uma grande surpresa e uma delícia ler o Rubem, com seu jeito humorado e ácido de fazer críticas sociais e construtivas. Excelente autor!
Mas herege eu não sou. Pelo contrário. Sou místico, vejo milagres nas mais absurdas insignificâncias do cotidiano. O canto de um pássaro não é um milagre? Uma teia de aranha não é um milagre? Uma concha de caramujo não é um milagre? O assombro mora no visível. Claro que há pessoas cegas, que não veem o assombroso que está diante dos seus narizes, e ficam em busca de acontecimentos sobrenaturais. Pois, para mim, é o natural que é sobrenatural. O sagrado é a tela sobre a qual a vida é tecida.
gostei muito de ter passado essas últimas semanas acompanhada dos pensamentos do Rubem Alves. algumas coisas ali no meio eram bem bobinhas, mas tem que saber garimpar. acho que consegui tirar algumas lições desses pequenos contos e no fim o que importa de uma leitura é justamente o que a gente leva pra si. teve coisa aqui que foi até parar no meu diário! como é bom ler um livro que faz a gente pensar na própria vida <3
“São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer.”
eles não se entregaram ao pessimismo porque foram capazes de transformar a tragédia em beleza. A beleza não elimina a tragédia, mas a torna suportável. A felicidade é um dom que deve ser simplesmente gozado. Ela se basta. Mas ela não cria. Não produz pérolas. São os que sofrem que produzem a beleza, para parar de sofrer.
O trabalho intenso faz mal à criatividade. Nietzsche, dirigindo-se àqueles para quem a vida é “trabalho furioso”, aqueles para quem “o trabalho furioso é coisa boa, e também tudo o que é rápido, novo e diferente”, conclui: “O fato é que vocês não se suportam. Seu trabalho é fuga, um desejo de se esquecerem de vocês mesmos. Mas vocês não têm conteúdo… nem mesmo para a preguiça”.
“nunca mostres teu poema a um não poeta”. O que eles desejam é ouvir a confirmação de suas velhas ideias. Eles amam as repetições e odeiam tudo o que perturba a sua paz.
Sobre o tamanho Se o maior fosse o melhor, o elefante seria o dono do circo.
As crianças têm uma sensibilidade especial. Sabem que toda ausência passageira é metáfora de uma ausência definitiva.
Amamos não a pessoa que fala bonito, mas a pessoa que escuta bonito… A arte de amar e a arte de ouvir estão intimamente ligadas. Não é possível amar uma pessoa que não sabe ouvir.
Muitos brilhos são chamas de um coração infeliz.
Quem acredita que o seu lugar é o pódio está sempre estressado, competindo, tentando passar na frente. Quem não tem pretensões ao pódio vive uma vida mais alegre.
Bernardo Soares escreveu que nosso problema está em nossa incapacidade de desembarcar de nós mesmos.
Os portugueses se horrorizaram ao saber que os índios matavam as pessoas e as comiam. Os índios se horrorizaram ao saber que os portugueses matavam as pessoas e não as comiam. Tudo depende do ponto de vista.
Sábios são aqueles que, da multiplicidade, escolhem o essencial. Simplicidade é isto: escolher o essencial.
Todo cozinheiro quer sentir-se devorado. Toda comida é antropofagia, toda comida é sacramento.
Um amigo é uma pessoa com quem se tem prazer em compartilhar ideias de forma tranquila e mansa. Não é preciso estar de acordo.
O sofrimento da pobreza, quando não é miséria, se encontra na comparação. A miséria é diferente da pobreza. A pobreza está muito próxima da simplicidade. Simplicidade tem a ver com as coisas que são essenciais. Simplicidade é caminhar com uma mochila leve.
médico é uma unidade biopsicológica móvel portadora de conhecimentos especializados e que executa atos sobre o corpo do paciente…
A inteligência é ferramenta da emoção. A inteligência, em si mesma, não sente necessidade alguma da emoção.
Cada gol que se faz é uma afirmação de potência, enquanto cada gol que se leva é uma afirmação de impotência. E o gol é, fundamentalmente, um ato sádico. Um estupro. Um gol é um time que enfia a sua bola no buraco do outro–dolorosamente–, embora o outro tenha feito tudo para impedir que isso acontecesse.
A guerra faz esse milagre: ela transforma as inimizades internas em amizade.
Com os progressos da ciência, poderá chegar um dia em que a Igreja exigirá um espermograma dos noivos, e os estéreis estarão proibidos de casar, bem como os velhos.
Amor é isto: a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação. E neste espaço o amor só sobrevive graças a algo que se chama fidelidade: a espera do regresso. Quem não pode suportar a dor da separação não está preparado para o amor. Porque amor é algo que não se possui, jamais. É evento de graça. Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E, quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro.
Amar é brincar. Não leva a nada. Não é para levar a nada. Quem brinca já chegou. Fazer amor com uma mulher ou um homem é brincar com o seu corpo. Cada amante é um brinquedo brincante.
“Ao pensar a possibilidade do casamento cada um deveria se fazer a seguinte pergunta: ‘Serei capaz de conversar com prazer com esta pessoa até a minha velhice?’” (Nietzsche)
Quando se lê literatura vive-se a vida de outras pessoas, em outros tempos, em outros lugares. Vidas que não existiram.
O ritmo binário do coração da mãe se inscreve no corpo da criancinha como uma memória tranquilizadora.
Em tempos de violência política, a delação é uma prova de amor e subserviência aos donos das armas.
Não são para ser entendidos. São para ser vistos. O prazer do que se vê está no ato de ver e não no ato de pensar sobre o visto. Os pensamentos prejudicam a visão.
As escolas existem para transformar as crianças que brincam em adultos que trabalham.
É o amor que busca o conhecimento.
As boas ideias fogem de alçapões teóricos e metodológicos.
iluminar uma mãe dando de mamar ao filhinho. As lâmpadas valem pelas cenas que iluminam. As inteligências valem pelas cenas que iluminam.
Aprendemos o que desejamos aprender. É o desejo que desperta em nós a inteligência.
O mundo de cada pessoa é muito pequeno. Os livros são a porta para um mundo grande. Pela leitura vivemos experiências que não foram nossas e então elas passam a ser nossas.
As palavras só têm sentido se nos ajudam a ver melhor o mundo. Aprendemos palavras para melhorar os olhos.
ensinar é muito mais importante que pesquisar. Porque é no ensino que se aprende a pensar. E é da capacidade de pensar que surgem os pesquisadores. Se a pesquisa é um fruto, o ensino são as sementes que foram plantadas. Sem sementes não há árvores, sem árvores não há frutos.
Jardinagem é a arte e a técnica que busca estabelecer harmonia entre o homem e a natureza.
Quando a ideologia é nobre qualquer meio é permissível.
A honestidade dos estúpidos … é mil vezes mais perigosa que a mentira dos inteligentes. É da honestidade dos estúpidos que surgem os fanáticos. Os fanáticos são pessoas honestas que acreditam nos seus pensamentos e nada os dissuade do seu caminho. E porque acreditam na verdade dos seus pensamentos tudo fazem para destruir aqueles que têm ideias diferentes.
No Brasil, rimos das piadas inventadas sobre os portugueses. Em Portugal, eles se riem da realidade dos políticos brasileiros.
Uma sociedade democrática entre os lobos é possível porque existe equilíbrio de poder entre os lobos. Uma sociedade democrática entre cordeiros é possível porque existe equilíbrio de poder entre os cordeiros. Mas não é possível uma sociedade democrática onde haja lobos e cordeiros. Os lobos sempre devorarão os cordeiros…
Não é possível jogar o jogo do poder com ética. Porque o poder não conhece limites. É insaciável. Quer crescer cada vez mais. Deseja ser absoluto.
Se os lobos são eleitos para estabelecer as regras do jogo, será inútil que as ovelhas que os elegeram berrem depois ao serem transformadas em churrasco. Pois os lobos, que elas elegeram como seus representantes para fazer as leis, escreveram como lei: “É direito dos lobos comer ovelhas”. Não existe caso em que os lobos tenham, democraticamente, aberto mão dos direitos que eles mesmos estabeleceram. As ovelhas são as culpadas de sua desgraça. Foram elas que, pelo voto, deram poder aos lobos.
um prisioneiro deixou escrito na cela de um campo de concentração nazista: “Daqui a cem anos tudo isso terá passado”. Com essas palavras na cabeça, voltei a dormir.
As pessoas ajustadas são indispensáveis para fazer as máquinas funcionar. Mas só as desajustadas pensam outros mundos. A criatividade vem do desajustamento.
Quando se tem um problema a ser resolvido tem-se um problema a ser resolvido. Quando ao problema a ser resolvido se acrescentam lamúrias e lamentações, tem-se dois…
Moramos na música das palavras. Somos amados não pelo que dizemos, mas pela música com que o dizemos. Preste atenção na sua música.
O interessante das patologias é que elas frequentemente não passam de traços comuns das pessoas ditas normais, aumentados por meio de uma lupa.
Deus não perdoa. Aquilo a que se dá o nome de perdão é, na realidade, o pagamento de uma dívida pendente. Deus não perdoa dívidas. As dívidas têm de ser quitadas.
(todas as convicções são tolas)
As ausências são a morada dos objetos amados que se perderam no tempo. Oração é a saudade transformada em poema. Oração é o suspiro da criatura oprimida.
A pobreza muito contribui para a santidade.
o remédio contra a morte é não falar. Pensamento positivo! Falemos sobre música e flores! Sobre futebol e política! O remédio contra o fantasma da morte é a “distração”! Nada mais tolo…
Os sonhos são as religiões individuais. As religiões são os sonhos coletivos. Elas nos revelam as profundezas da alma do povo.
as convicções são as principais armas do Diabo. As maiores atrocidades da história da humanidade, religiosas e políticas, foram cometidas por pessoas que não tinham dúvidas sobre a verdade dos seus pensamentos. As pessoas que duvidam, ao contrário, são tolerantes. Sabem que o que pensam não é a verdade. Seus pensamentos não passam de “palpites”. Por isso ouvem o que os outros têm a dizer, pois pode ser que a verdade esteja com eles…
O sagrado é a tela sobre a qual a vida é tecida.
as simpatias são uma prova do que a estupidez humana é capaz de inventar e acreditar.
diferença está em que a Igreja Católica afirma que o Espírito Santo anda dentro de um cano chamado “sucessão apostólica”. Os protestantes, ao contrário, acreditam que não há formas de encanar o Espírito Santo. Porque ele mais se parece com a chuva que cai onde quer, quando quer…
O amor tem este poder mágico de fazer o tempo correr ao contrário. O que envelhece não é o tempo. É a rotina, o enfado, a incapacidade de se comover ante o sorriso de uma mulher ou de um homem.
A metáfora mais bonita que conheço para a velhice é o crepúsculo, o pôr do sol. O crepúsculo é lindo. Faz pensar. No crepúsculo tomamos consciência da rapidez do tempo. As cores rapidamente passam do azul para o verde, para o amarelo, para o abóbora, para o vermelho, para o roxo, para o negro… No crepúsculo sentimos o tempo fluir rapidamente. Por isso muitas pessoas têm medo dele.
Os velhos são morada de crianças.
trabalho. A nossa sociedade define a nossa identidade por aquilo que fazemos, da mesma forma que os objetos são definidos por aquilo que podem fazer.
A Morte me informa sobre o que realmente importa.
Nos velórios, o morto não tem vontade. O que é uma pena. Muitas pessoas que aparecem e fazem cara de tristeza, pela vontade do morto não estariam lá. No jantar é diferente. É preciso ser convidado… Se você fosse deixar um jantar pago para reunir seus amigos queridos, quais seriam eles?
a vida humana não se mede por batidas cardíacas ou ondas cerebrais. A vida humana só é humana enquanto existe a possibilidade de beleza e riso. Sem beleza e sem risos a vida humana acabou. O que resta é apenas um corpo que deseja morrer.
A ideia de que a medicina é uma luta contra a morte está errada. A medicina é uma luta pela vida boa, da qual a morte faz parte.
O silêncio é como uma taça vazia que, por ser vazia, permite que a pessoa que está sofrendo recolha nela todas as suas lágrimas, que nós não conhecemos.
Os que bebem juntos da mesma fonte de tristeza descobrem, surpresos, que a tristeza partilhada se transmuta em comunhão.
Se Deus existe, então não há por que me preocupar com o outro mundo, porque Deus é amor. Se Deus não existe então não há razão para me preocupar com o outro mundo, porque ele não existe e nada me faltará se eu mesmo faltar.
Em algum momento deste livro, Rubem Alves escreve: a vida é devagar. Eu concordo. É assim que tenho revisto a minha própria vida para estar desprendido de progressos e competições, mesmo que comigo mesmo. A leitura demorou, por isso, mais do que normalmente toma comigo. Cada seção e, dentro delas, cada crônica, referência, pensamento compartilhados fizeram do meu tempo, na companhia deste livro, mais amigo de mim. Eu, que vou marcando com pequenos adesivos tudo aquilo que me transforma, capaz que deveria ter marcado com um só a peça inteira. É bonito, é inteligente, é terno e, principalmente, é gentil.
Rubem Alves é um dos meus autores brasileiros favoritos. Ele toca a alma, escreve simples, mas com muito carinho. Há muito sabedoria nesse livro que é um compêndio de pequenas conchinhas que ele coletou com o tempo e foi tranformando-as em lições para a vida. Recomendo e quero ler novamente pois não é possível aprender tanto em apenas uma leitura. É inspirador pois ele aborda temas como crianças, política, religião e natureza, o meu capítulo favorito é o Caleidoscópio. Sonho um dia escrever como ele.
Excelente leitura! Para se ler bem devagar no dia-a-dia, o livro apresenta pequenos trechos sobre diversos assuntos e várias passagens interessantes que destacam um pouco sobre a personalidade de Rubem Alves.
Apaixonei-me por Rubem Alves lendo esse livro. Depois desse li mais quatro dele, seguidos. Ele é maravilhoso. Toca minha alma de forma única. Apenas amo.
Se você não pretende causar um reboliço nas suas crenças sobre amor, beleza, crianças, educação, natureza, política, saúde mental, religião, velhice e morte, então não leia esta obra. Comecei a ler em fevereiro do ano passado e conclui hoje. Parafraseando o autor, "fiz amor com esta obra."
É impossível não se emocionar com cada capítulo. As risadas também são inevitáveis. Dizem que com a velhice vem a prudência e como consequência a sabedoria. Mas isso não se aplica ao autor. Ele é sábio mas da prudência passou longe. Não mede palavras para alfinetar do Papa a políticos.
Para degustar: "Deus é o nome que foi a um vazio imenso que mora na minha alma, vazio onde voam os meus desejos na esperança de encontrar, no futuro, as coisas amadas que o tempo me roubou."
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Livro EXCEPCIONAL! Havia tempo que não lia algo que me tocava tão profundamente. Rubem Alves conhece seu jeito com as palavras, sua forma de falar sobre a vida e cada um de seus aspectos e facetas é única. Para citar o autor "eu leio antropofagicamente: quero devorar aquele que escreveu", costumo ler muito rápido mas fiz questão de tomar o meu tempo com esse livro, me deliciar com cada uma das suas palavras e sentimentos. Bom demais.
Disclaimer: para aqueles que ainda não leram o livro, fica a indicação que é composto por uma série de excertos sobre assuntos variados, podem ser lidos na ordem ou não, como com livros de poemas. Por favor, não estranhem, entrem na vibe, aproveitem cada momento
Não tem um meio, nem um fim, nem uma sequência lógica tradicional. É como se fosse um mosaico de pensamentos, onde cada crônica funciona de forma independente e ao mesmo tempo conectada por um fio invisível: a alma do autor.
Rubem Alves não escreve para ensinar verdades absolutas. Ele compartilha vivências, inquietações, lembranças, esperanças, como quem conversa com o leitor tomando um café. E mesmo quando ele toca em temas difíceis, como a tristeza ou a solidão, há sempre um toque de esperança, ou de aceitação serena.
Este é um livro bom para se ler aos poucos, sem esperar muito de seu conteúdo. É como se estivéssemos conversando informalmente com o Rubem Alves, em um dos simpáticos saraus literários que ele organizava semanalmente em sua casa de Campinas (SP). O título é genial e acho que foi isso que me deu vontade de ler este livro. Penso que o trabalho da edição poderia ter sido mais caprichado, evitando-se algumas repetições de texto.
Em cada página, uma pérola. Em cada canto, uma história. Em cada linha, um poema escrito em forma de prosa. E, em cada poema, um jardim secreto por onde passeamos guiados por Rubem Alves - um amante da arte, da poesia, da música e dos jardins floridos da alma humana.
Um livro muito descomprometido, leve e prazeroso de ler. No fundo o livro, são crónicas do quotidiano; desde a politica, passando pela religião até à educação; sem nunca descurando a base teológica e o humanismo de Rubem Alves.
A sensação que dá é que entramos no diário ou no caderno de anotações de Rubem Alves. A cada conto a gente se aproxima mais dos devaneios e pensamentos do autor sobre coisas diversas, cotidianas, inesperadas. Esse livro é uma pérola, eu amei!
Caleidoscópio. Amor. Beleza. Crianças. Educação. Natureza. Política. Saúde Mental. Religião. Velhice. Morte. Tudo que perpassa uma vida em fragmentos, reflexões, opiniões, emoções, cultura, filosofia e um pouco de humor e contemplação.
"A alma não quer ir para a frente. Quem quer ir para a frente é porque ainda não encontrou. Está ainda a procura. Quem quer repetir pe porque já encontrou o que procurava."
Fiquei espantada com a nota aqui no GR. Achei que não passaria de 3,5. Talvez quando eu era adolescente e curtia bastante crônicas eu tivesse gostado mais, mas hoje em dia da metade pro fim eu achei bem fraco, principalmente as crônicas sobre política...
"...Gosta-se do autor quando, ao lê-lo, tem-se a experiência da comunhão. Arte é isso: comunicar aos outros nossa identidade íntima com eles. Ao lê-lo eu me leio, melhor me entendo" - parte de Exílio, capítulo Saúde Mental.
Ao sentir a passagem do tempo, nós percebemos que é preciso viver o momento intensamente. "Tempus fugit" - o tempo foge - portanto, "carpe diem" - colha o dia.
A facilidade com que Rubem Alves nos toca com sua escrita é extraordinária. Você lê e lê e lê e não se cansa de aprender com o autor. Seu modo de experienciar o mundo é inspirador!