A história do Brasil sob um viés original, encantador e totalmente brasileiro. O historiador Luiz Antonio Simas frequenta terreiros de umbanda desde a mais tenra idade. Balizado pela história do Brasil e amparado pela própria trajetória, Simas elabora aqui um estudo inédito, original, que se propõe a contar a história do país à luz das umbandas ― de tão brasileira que é, a umbanda se torna plural. Por isso, já no título deste livro a palavra não vem no singular. A diversidade do país, segundo o autor, se manifesta nas várias umbandas existentes, que se multiplicaram em histórias como a de sua avó, alagoana criada em Pernambuco e que se mudou para o Rio de Janeiro carregando consigo suas crenças e ritos.Enquanto o catolicismo veio imposto pelos jesuítas e o culto aos orixás aportou no Brasil com a chegada dos africanos, a umbanda tornou-se uma religião brasileira, efetivamente nossa, da nossa gente ― ou de nossas gentes. Em uma abordagem ora política, ora poética, e o tempo todo documental, Luiz Antonio Simas elabora com rigor histórico e verve literária as disputas que se estabelecem no campo simbólico em que se constitui a umbanda como religião. Ao mapear esse caminho, ele nos conta a história do Brasil em belas crônicas, que não só resultam numa agradável leitura como também num documento extraordinário para os estudos sobre as religiosidades não brancas no país.Aprende-se muito nesta aula de História que o professor Simas nos oferece em Umbandas: Uma história do Brasil. Aprendemos sobre os primeiros registros fonográficos da palavra umbanda, conhecemos a origem dos nossos patuás e qual a diferença entre eles e os amuletos. Entendemos a origem de nossos rituais de encantamento da vida, seja o que fazemos no ano-novo ou no carnaval. E nos damos conta de que, quer pratiquemos ou não seus ritos, quer cultuemos ou não as suas entidades, somos, como brasileiros, parte da história multifacetada das umbandas.
Luiz Antônio Simas (Rio de Janeiro, 2 de novembro de 1967) é um escritor, professor e historiador, compositor brasileiro e babalaô no culto de Ifá.
Professor de História no ensino médio, é mestre em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Simas já trabalhou como consultor de acervo da área de Música de Carnaval do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, e como jurado do Estandarte de Ouro, maior premiação do Carnaval carioca. Foi também colunista do jornal O Dia[2], e desenvolveu o projeto "Ágoras Cariocas", de aulas ao ar livre sobre a história do Rio de Janeiro. Em seus livros, procura resgatar a memória oral da cidade, especialmente da população marginalizada
Há alguns meses atrás eu postei um vídeo na rede social vizinha onde eu falava sobre o mito do fundador da umbanda Zelio Fernandino de Moraes. Eis que me aparece um pessoa me questionando e dizendo que a criação da umbanda era um mito, que não tinha sido Zelio e que tudo isso não passava de um embranquecimento da umbanda.
Depois de um diálogo muito rico com essa pessoa fui me inteirar sobre o assunto, estudar a fundo esse mito embranquecido do criador e salvador da umbanda até chegar no Luiz Antônio Simas.
E que livro minha amigas, que livro! Talvez um dos melhores que li esse ano, um livro extremamente bem escrito, com riqueza de detalhes e falas poéticas que nos toca e nos faz questionar.
Precisamos urgentemente sair do raso e mergulhar na imensidão que é a riqueza dos povos Bantos. Precisamos reconhecer as diversas culturas africanas que não se resumem em apenas orixás, mas uma imensidão de cultos de antepassados.
Poderia ficar horas falando sobre esse livro, mas prefiro que vocês leiam e descubram por sí mesma!
Como sempre, Simas traz um livro rico em referências históricas e sensoriais. Um grande aprendizado sobre a história das religiões afroindígenas brasileiras.
Excelente e rápida leitura sobre as umbandas no Brasil. Eu não recomendaria pra quem não conhece nada de umbanda, porque ele é extremamente rico pra quem tem alguma proximidade com os mundos das umbandas, mas não sei se seria tão interessante pra quem ainda quer se iniciar no assunto. Impressionante como o Simas coloca tantas histórias e informações em um poucas páginas, com uma prosa agradável de se ler. Achei muito complementar ao dicionário dele sobre o samba. Recomendo ambas as leituras!
Dentre os diversos aspectos que fazem deste livro de Luiz Antonio Simas um primor, é importante destacar a clareza com a qual já se abre a gira para os rituais dos quais somos convidados a participar durante a leitura. Descarta-se a Umbanda como religião que consolida o mito da democracia racial e, em seu lugar, Simas traz à tona o complexo processo histórico que formou (e vem formando/informando) a umbanda no contemporâneo. O livro recorre aos encantamentos da vida próprios da umbanda para nos lembrar que, na história do Brasil, essa foi uma religião investida do debate racial que ora procurou embranquecer a sua teologia aos olhos do país, ora procurou desvelar e abraçar os aspectos afro-brasileiros tão fundamentais para os caminhos de sua espiritualidade. Simas é um autor de peso para, hoje, pensarmos o Brasil mobilizando as contradições e os paradoxos de nosso processo histórico de formação nacional.
Ainda com a mesma óptica da construção da História/conhecimento sob a ilumiatura exclusivamente branca, Luís Antônio Simas faz nesse livro o caminho inverso: nos mostra não que escreveram, mas que construíram e estruturaram a história, a cultura e a formação do Brasil os povos africanos, aqui chegados cativos. Mostrar que a miscigenação não foi um encontro amoroso e pacífico entre 3 raças também é mostrar que a umbanda é muito mais (e além) de uma religião sincrético, embora o seja. É averiguar e constatar sua inumerabilidade poliestrutural, sua versatilidade diversa, sua diversidade tradicional! Tradicional sim, mas não estática! Porque também é mostrar que embora diversa, há tradição, há cultura e há manutenção de saberes ancestrais! Com orgulho da umbanda e deste livro! Axé! DSIII
aprendi muita coisa e estou ansiosa pra descobrir mais sobre a umbanda! meus momentos favoritos - sem ordem específica - são águas de oxalá, banhos de ossain, abrindo a gira e orixás: do candomblé às umbandas. apesar de uma bela leitura, acho que na segunda parte - políticas do encantamento - se perde um pouco da força da obra. entendo que não existe nada mais político que religião, ainda mais as de terreiro, mas eu queria ler mais e mais sobre a pluralidade das umbandas, novos termos e histórias dos orixás, acho que mais páginas seriam bem vindas ou um livro mais específico ao invés de querer englobar toda a história de tais religiões aqui no brasil
Luiz Antonio Simas traz a história das umbandas no Brasil com uma sensibilidade e carinho admiráveis. Explorando desde cultos afro-indígenas e similares até a influência das religiões europeias que compõem os fundamentos das principais doutrinas de Umbanda. Traça também a evolução histórica dos cultos e organização da religião, bem como a influência da mesma na cultura brasileira. A leitura flue maravilhosamente bem do começo ao fim, e sua escrita entrelaça seu conhecimento acadêmico de pesquisador e o carinho pelo culto que conhece desde menino. Emocionante!
Todo mundo deveria ler esse livro para entender não dá religião mas de Brasil!
O livro trata da história da umbanda de maneira a passar por todas as dúvidas de quem não conhece ou conhece superficialmente a religião.
Trazendo o contexto histórico juntamente com o nascimento e o decorrer dos anos da religião a obra retrata como o racismo esteve presente até dentro da religião pelos ditos espíritas que tinham a missão de tornar a umbanda o mais eurocentico possível bem como o nascimento do Neopetencoalismo e a missão deles de demonizar as religiões de matrizes africanas
Um livro de estudo para quem quer se aprofundar na história da Umbanda. Não é recomendado para aqueles que não conhecem nada da religião, porque aborda temas bem mais aprofundados e propõe discussões que requerem conhecimento prévio. Perfeito, completo e sucinto, o livro argumenta como a origem da Umbanda é, sim, africana, mas não apenas. Só reforçou o que eu tenho compreendido da religião desde que ingressei!
Mesmo que sem esgotar o assunto, Simas se aprofunda, de forma didática, no debate de criação da Umbanda e dos discursos raciais por trás das negações africanas de sua origem. Na mesma linha, ainda traça as divisões existentes entre o Candomblé e a religiões de origem angolanas.
Sem perder o encantamento de seus livros, ainda nos trás, de forma leve, as lindas ritualidades da Umbanda, em seus diversos entes.
Mais uma obra brilhante de Simas!
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“quero crer que, num país como o brasil, a ampliação da democracia como tarefa de justiça social - indo muito além da frágil falácia da transformação social como simples ampliação do acesso a bens de consumo - pressupõe o falar de muitas vozes, o descortinar de miradas e a ousadia de experimentar rumos que nos libertem da nossa crônica doença do desencanto, nascida na negação daquilo que podemos ser.”
Livro com explicações dos rituais do umbanda e sua historia no Brasil. Dentro do livro se explica os rodas, giras entre outras denominações e rituais inclusive explicando as divergências entre as variações dentro do umbanda. Existe trechos opinativos sobre umbanda afro vs branca; conflitos com igrejas e governo.
"No matulão de encantamentos que nos preparam para a disputa, as armas são as flechas dos caboclos, os laços dos boiadeiros, as rosas das moças, os pandeiros e saias coloridas das ciganas, os doces das crianças, as capas dos exus e os chapéus dos malandros: audaciosas tecnologias de combate para curar a dor do mundo e fazer o mundo virar."
Aulas de Brasis!!! Livro extremamente necessário p/ cavar e trazer à tona as tantas complexidades desse país. Não é um livro ''''só'''' sobre Umbanda. É história do Brasil. É disputa todo o tempo, no campo material, simbólico e existencial. Necessário!
Muito bom saber que Simas é professor! precisamos desse tipo de linguagem disseminada contaminando mentes o quanto antes aaa
como alguém que não conhecia muito da umbanda ou da escrita do Simas, ter tido esse livro como introdutório dos dois foi muito interessante. é um livro que pra mim consegue realizar aquilo que se propõe. a história da umbanda através da história do brasil é muito bem retratada por ele e sua escrita mesclada com poesia me cativou.
Uma leitura que todo mundo, umbandista ou não, deveria fazer. É um retrato cru do Brasil. Para os umbandistas, está na hora de desembranquecer os nossos terreiros e para os que não são, está na hora de aceitar e respeitar a cultura negra no Brasil.
livro muito bom para entender as religiões de matriz africanas no Brasil, com toda a influência indígena. Acho muito importante, inclusive, a leitura desse livro para quem está começando a conhecer e frequentar terreiros para compreender com um olhar antropológico mesmo.
Eu adorei! É um livro que conta a história da umbanda no Brasil do mais puro jeito. Fala sobre a religião em uma visão política e histórica. Não é um livro sobre opiniões ou contos e sim sobre fatos.