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Os Vampiros

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Neste livro, Filipe Melo e Juan Cavia - a dupla multipremiada por Balada para Sophie ou Comer / Beber - entrega-se a um tema controverso: a guerra colonial portuguesa.

Em 1972, na Guiné-Bissau, um grupo de comandos portugueses avança no mato com a missão de localizar uma base secreta no Senegal. Pelo caminho, à medida que vão perdendo os alicerces da sua própria humanidade, estes soldados enfentam uma ameaça muito pior do que poderiam imaginar.

248 pages, Hardcover

First published May 1, 2016

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About the author

Filipe Melo

13 books635 followers

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1 star
4 (<1%)
Displaying 1 - 30 of 173 reviews
Profile Image for Ana.
Author 14 books217 followers
August 13, 2021
Que livro de excepcional qualidade!
Não existe um único aspecto que nele tenha sido descurado ou que eu considere que tenha "ficado atrás" de outro.

Trata-se de uma edição de excelência com arte magnífica, que engrandece uma já de si óptima história, proporcionando aos leitores uma belíssima experiência de leitura, distinta e multifacetada.

Pessoalmente, destaco como aspectos (ainda mais) positivos, a história ter como cenário a guerra colonial, algo pouco habitual nas minhas leituras, pelo que achei muito original e diferenciador. Adorei também a escolha das citações para introduzir as diferentes partes da história (em termos de estrutura e divisão, está tudo feito também de forma sublime!)

O aspecto menos positivo para mim foi o enredo a certa altura parecer encaminhar-se para algo já muito visto, dentro de dois géneros que pouco aprecio (terror e fantasia). Contudo, na minha opinião manteve-se enigmático e num perfeito limbo entre o mundo da realidade e o da fantasia, permitindo interpretações várias.

Proporcionou-me uma boa reflexão sobre a brutalidade da guerra, seus horrores, consequências e danos irreparáveis, sua ineficácia (e imbecilidade)... e como pode ser o casulo perfeito para outros horrores ainda mais assustadores eclodirem: os horrores da natureza humana.
Nada que outros livros não tivessem já feito reflectir, mas este fá-lo, na minha opinião, de uma forma incrivelmente criativa e original.
Profile Image for Bram De Vriese.
87 reviews66 followers
August 11, 2023
I am not used to reading comics so the process felt a bit awkward. I liked the artwork and story here. My question remains: at what speed do you go through these things? I mean if it's just about reading the dialogue you finish it in 15 minutes. Are you supposed to stare at the drawings too?
Profile Image for João Barradas.
275 reviews31 followers
November 27, 2020
Segundo promissoras investigações científicas, que animal representa 25% dos mamíferos na Terra? O Homem!? Não, o tempo do antropocentrismo já passou! Fala-se dos morcegos, os temíveis hematófagos, que pairam sob a figura fantástica do Drácula. No entanto, de todas as espécies, apenas três se alimentam efectivamente de sangue. Até porque este subversivo parasitismo, que pode culminar numa grave infecção, abarca outros seres, incluindo a espécie humana, infestada de uma sede de mal - insaciável.

No mesmo prisma, há quem erradamente associe as novelas gráficas a leituras mais leves e descontraídas. Mas elas podem ser usadas para apresentar - de forma mais massiifcada, porventura - temas fracturantes e marcos históricos dilacerantes. Tendo esta premissa como base, este duo de autores inspira-se numa das épocas mais negras da história de Portugal e, ao som das instigantes letras de Zeca Afonso, somos conduzidos a uma África em reboliço. Entre memórias saudosistas e um clima de guerra "quente e fria", desvenda-se um juízo torpe de supremacia, mantido durante demasiado tempo, que fazia lembrar um vampirismo irredutível. Afinal, um povo tentava subsistir dizimando outro, sem qualquer "mea culpa" ou acto de contrição possível.

Como o nome do género indica, aqui as letras são aprimoradas pelo grafismo. Se os diálogos - de tão reais e palpáveis - conseguem tocar na memória subconsciente das narrativas versadas pelos antepassados de cada um, o que dizer do traço? As linhas conjugadas, que delimitam um feitiço, aprisionam o olhar a cada página, suscitando interesse e curiosidade. O mistério é adensado pela dominância da cor lúgubre, como forma de expiar os pecados ou prestar homenagem à mortandade resultante das atrocidades cometidas. Em oposição, há uma frescura e leveza, em tons mais claros, nas memórias familiares - já parcas e frustres... Porque a fome é muita e eles "comem tudo e não deixam nada" - nem tão só a noção de se ser humano!

"Eles comem tudo, eles comem tudo,
Eles comem tudo e não deixam nada!"
Profile Image for Fátima Linhares.
934 reviews339 followers
January 25, 2022
Esta foi a primeira leitura de 2022 e não posso dizer que foi excecional. Na altura nem sabia muito bem que escrever aqui, mas agora o que me ocorre é que gostei muito da arte, da história nem por isso. Não me encantou tanto como o tão aclamado Balada para Sophie da mesma dupla. O tema abordado, a Guerra Colonial e o que fez aos soldados, é algo que, penso eu, não se vê muito na nossa literatura e em banda desenhada muito menos e só por isso já valeu a pena a leitura deste livro.
Profile Image for Urbon Adamsson.
1,946 reviews103 followers
September 22, 2025
PT Alguns livros ficam demasiado tempo nas minhas estantes até finalmente ter oportunidade de os ler. Ainda bem que decidi pegar neste.

Esta é uma daquelas histórias que toda a gente deveria conhecer.

Tudo aqui é excecional: a história, a arte, a escrita, a edição.

Enche-me de orgulho ver um autor português a criar uma obra com este nível de qualidade.

Embora seja ficção, o livro inspira-se profundamente na história de Portugal, retirando muito da realidade para construir a sua própria narrativa.

Tal como qualquer história num cenário de guerra, é, no fundo, uma reflexão sobre a natureza humana e o conflito de valores.

Uma leitura obrigatória. Ponto final.

--

EN Some books linger on my shelves for far too long before I finally get around to them. I’m so glad I decided to pick this one up at last.

This is one of those stories everyone should experience.

Everything here is outstanding: the story, the art, the writing, the edition.

It makes me proud to see a Portuguese author creating work of such high quality.

Though fictional, the book draws deeply from Portuguese history, taking inspiration from real events while building its own narrative.

Like any tale set against the backdrop of war, it is ultimately a reflection on human nature and the clash of values.

A must-read. Full stop.
Profile Image for Teresa.
1,492 reviews
February 18, 2021
Gostei bastante apesar de, para o meu gosto, não ser uma maravilha como Balada para Sophie.
O tema é a guerra colonial portuguesa, cujo horror e absurdo é bem transmitido pelos diálogos e desenhos, onde prevalece o vermelho e o negro.
Profile Image for Ritinha.
712 reviews136 followers
August 4, 2018
Há muito que colhia opiniões fascinadas com este título de arte sequencial. O hype era grande e a qualidade está lá (sobretudo na arte, que em muito ultrapassa o argumento).
Mas nada aqui é coisa inusitada para quem tenha passado os olhos por bons títulos da Image ou da Dark Horse. O que explica o hype é fraca extensão de leituras de arte sequencial entre muitos dos fascinados. Há diálogos entre os magalas sem uma única frase autêntica. A maior parte dos homens que o Estado Novo mandou para a Guiné não foi mandada à escola nem viveu em meio social adequado para enunciar frases bem articuladas e sem supressão de sílabas até ficar "chefês".
Profile Image for Artur Coelho.
2,601 reviews74 followers
February 26, 2017
Recordo dois textos que li sobre esta nova pedrada no charco que Filipe Melo faz no campo da banda desenhada portuguesa. Um, surgido numa daquelas revistas literárias que se dedicam ao monolitismo da intelectualidade, saudava o autor por ter amadurecido, largando as puerilidades da BD de terror e dedicando-se a um tema verdadeiramente sério. É o tipo de comentário que causa logo erupções alérgicas. A profunda homenagem que Dog Mendonça e Pizzaboy ao género fantástico não se esgota em poucas linhas, e esta descredibilização é sintoma daquele mal habitual da intelectualidade nacional que só se revê num estrito espartilho de temas que considera sérios e dignos. Tudo o resto é puerilidade, de vez em quando acolhida com um sorriso condescendente. Outro texto, dividido numa sequência de três crónicas de Pedro Moura no aCalopsia, disseca este livro na sua estrutura. Acho que não tenho muito a contribuir depois de uma análise destas, excepto talvez com as minhas percepções enquanto leitor.

O elogio à seriedade da obra prende-se com o tema que se atreve a defrontar, os traumas da Guerra Colonial (ou, dependendo da etnia de origem, Guerra de Libertação). É um dos grandes temas contemporâneos, visto mais recentemente por esse filme tecnicamente soberbo que é Cartas da Guerra, realizado por Ivo Ferreira. Filipe Melo, no entanto, não se limita a uma história de episódios de guerra. Há fortíssimos elementos de horror na estrutura desta obra, alguns directamente relacionados com o tema, como o terror da guerra ou a violência de que os homens são capazes quando libertos das regras da civilização, outros perfeitamente enquadrados no horror clássico. Há criaturas vampíricas, vislumbradas mas raramente totalmente reveladas, e toda a história culmina numa típica cena de filme de terror com personagens acossados por ameaças letais, cercados numa casa isolada.

Há muitos subtextos nesta obra que tanto se inspira no sobrenatural como na história ou no substrato cultural português. Este grupo de comandos, da unidade Vampiros, destacado para uma missão de reconhecimento que os levará a uma base rebelde no Senegal, silenciada em circunstâncias não explicadas, com o objectivo de marcar coordenadas para um ataque aéreo, vai mergulhando em terrores cada vez mais profundos à medida que penetra na selva. Apesar das alusões à situação política e social do Estado Novo e da guerra, exploradas por Filipe Melo nos diálogos, estes Vampiros são mais Joseph Conrad do que Zeca Afonso. Replica-se aqui a mesma sensação de mergulho progressivo na bestialidade que caracteriza Coração das Trevas. Podemos não ter um Coronel Kurtz, mas temos um Sargento Santos, pacato contabilista que quando se vê na guerra descobre o gosto pelo sangue, e sabe que jamais poderá regressar à tranquilidade de família e emprego. Num paralelo com o filme de Coppola inspirado na obra de Conrad, temos também um soldado como principal protagonista que mergulhou no desespero e alcoolismo, que após perder mulher e filha num ataque da guerrilha se mantém na guerra por sentir que nada mais o aguarda.

Os Vampiros faz desvios para o género filmes de guerra, acompanhando um grupo de soldados que recupera este tipo de iconografias. Nenhum é herói, mas a proximidade que nos é colocada leva-nos a sentir empatia por eles. O grupo mescla soldados endurecidos pelo combate e outros mais inexperientes, que sob a folhagem espessa da selva depressa perderão a sua inocência e descobrir-se-ão capazes de fazer o impensável. Todos estão condenados. Note-se, no entanto, que numa obra com este tema se foge à tentação de diabolizar os combatentes. Sente-se um profundo respeito por estes, como homens que foram arrastados para uma guerra sem sentido, tornando-se insensíveis e violentos por exposição contínua à angústia do combate.

O lado cinematográfico do livro é sublinhado por um excelente trabalho de enquadramentos, com muitas tiras ilustradas por Cavia a replicar a visão cinemascope dos espaços naturais da selva africana. Como sempre, o traço deste ilustrador acompanha na perfeição o argumento de Filipe Melo.

Profile Image for Álvaro Curia.
Author 2 books538 followers
January 3, 2021
Em que terra viverão os verdadeiros monstros? Seremos nós os vampiros que pouco sabem acerca dos verdadeiros motivos da sede de sangue?

Filipe Melo e Juan Canvia tiveram finalmente, em 2020, o reconhecimento nacional que muito merecem. São uma equipa imbatível de arte a transbordar pelos dedos das mãos: um para desenhar emoções, outro para as escrever sucintamente.

“Vampiros” não é o que parece e não achemos que vamos encontrar o conde escondido em caixões na Transilvânia ou sequer o ambiente homoerótico que rodeia as histórias dos eternos bebedores de sangue humano.

Esta novela gráfica aborda um tema profundamente esquecido na literatura portuguesa, que é a guerra colonial. A mais duradoura guerra, no século XX, envolvendo um país europeu. Foram 13 anos de morte na selva, de miséria escarafunchada como se de uma ferida podre se tratasse. Uma gangrena não história de Portugal que ainda cheira mal, 40 e tantos anos volvidos sobre o seu fim.

É importante ler sobre marcos históricos como este e perceber o perigo que corremos ao legitimar discursos de ódio, populistas, sobrepostos, mascarados de salvação.

“Vampiros” bem poderia ser abordado numa aula de História de uma escola. A perspetiva de que a guerra não poupa nem quem dela se sente protegido. Que o medo marca e que tantas vezes podemos pensar que o monstro está adormecido quando, na verdade, ele apenas nos espreita do telhado, pronto a atacar.
Profile Image for Catarina Mourato.
312 reviews89 followers
January 5, 2025
se tinha ficado completamente rendida a «Balada para Sophie», «Vampiros» veio confirmar que esta é a minha dupla favorita em novelas gráficas.
continuo a deixar claro que é um dos géneros que leio menos, sou uma “novata”, portanto não sou a pessoa mais indicada para recomendar este tipo de livros. 😌

ainda assim, escrevo-vos para que leiam esta maravilha, conheçam o trabalho que está nestas páginas, são obras de arte com ilustrações lindíssimas e intensas. é possível sentir tanto através de expressões das personagens, das cores, dos traços, incrível mesmo..

já não falando no argumento escolhido, no título. tudo ao detalhe, ao pormenor. o contexto histórico é tremendo, enquadra-se na guerra colonial e é de emoções fortes.

adorei, vibrei e não me consigo esquecer do que senti ao lê-lo. uma obra que deveria estar espalhada por todo o lado, um pequeno tesouro que faz refletir sobre a perda da humanidade, sobre guerras que dividem povos, quando haveria possibilidade de união. nunca esquecerei a ilustração da última página, marcou-me muito!
Profile Image for Susana Frazão.
249 reviews2 followers
December 7, 2021
4,5! Qualquer livro desta dupla é compra obrigatória.. gostei bastante deste livro e sendo um tema que me interessa particularmente, ainda mais vontade tive de o ler.. contudo, não consegue ser uma obra prima como o Balada para Sophie, que é um livro maravilhoso e irrepreensível… contudo, gostei bastante deste livro e acredito que não será uma leitura para todos os gostos, mas vale bem a pena ler e apreciar ☺️
Profile Image for Sónia Carvalho.
196 reviews18 followers
February 21, 2022
Não gosto de histórias sobre guerra, provavelmente porque não consigo perceber a própria guerra, mas reconheço que, dentro do género, esta é uma boa história porque se centra nos homens e não tanto nos soldados.
Quarenta e oito anos depois da Revolução de 25 de Abril de 1974 em Portugal, ainda há registos de traumas da guerra colonial em África, que mobilizou cerca de um milhão de homens e fez mais de dez mil vítimas, além de ter causado cerca de 120 mil feridos e deficientes físicos. Estima-se que, ainda hoje, 120 a 140 mil militares portugueses sofrem de stress pós-traumático.
A história escrita por Filipe Melo ajuda-nos a compreender estes números. Mostra-nos as mortes, as angústias, os demónios que para sempre ficaram na cabeça destes soldados. E a arte de Juan Cavia, é simplesmente magnífica!
Profile Image for Bárbara Rodrigues.
180 reviews52 followers
Read
May 12, 2022
Foi refrescante ler sobre um tema que ainda não comecei a explorar.
Profile Image for Margarida Galante.
464 reviews41 followers
May 8, 2022
Na Guiné-Bissau, em Dezembro de 1972, um grupo de comandos portugueses tem como missão localizar uma base secreta no Senegal.
Este é um grupo composto maioritariamente por soldados já com experiência, que carregam consigo traumas e o cansaço da guerra. No seu caminho vão enfrentar dificuldades, sofrer baixas e serão confrontados com os seus demónios e medos. Uma missão aparentemente simples que se vai transformar num pesadelo. Tratando-se de um cenário de guerra é, necessariamente, uma história de violência e morte.

A narrativa de Filipe Melo e a arte de Juan Cavia criam um clima sombrio e de constante suspense, imprimindo tensão e um ritmo rápido à leitura.
Numa segunda leitura, sem a urgência de chegar ao desfecho, apreciei ainda melhor a arte de Cavia, com a sensação de que estava a ver um filme.

Esta é também uma bonita homenagem a Zeca Afonso que através da sua música lutou contra a ditadura sendo "Os Vampiros" a sua primeira canção de protesto.

Que vampiros são estes? Os mitológicos ou outros escondidos?
"Os únicos vampiros aqui somos nós"
Profile Image for Nídia Macedo.
212 reviews13 followers
May 3, 2025
Obrigada, BiblioLED, mas quero muito ter esta obra de arte em papel! Arrepios...
Profile Image for Ana Marinho.
602 reviews31 followers
December 22, 2022
Adoro livros inteligentes e este é, sem sombra de dúvida, um deles. A forma como desenvolvem o conceito que dá origem ao título da obra é muito interessante. Apresentam-nos um contexto histórico que é pouco explorado nas escolas, sobre a guerra colonial, e considero que deveria ser uma leitura do plano nacional. Os conhecimentos estão muito bem trabalhados, a narrativa é simples, mas com uma forte identidade portuguesa e que provoca ao leitor uma certa ansiedade natural da guerra. As ilustrações são, como sempre, lindíssimas.
Profile Image for Inês Sousa.
211 reviews36 followers
January 28, 2023
"É um negócio. Esta p*ta desta guerra é um negócio. ✨

"Os Vampiros" de Filipe Melo e Juan Cavía é uma história ficcionada sobre um grupo de soldados portugueses que têm a missão de descobrir a base secreta do PAIGC junto à fronteira do Senegal, durante a época de Natal em 1972. No início, ficamos a conhecer uma memória de Machado, um soldado fechado e introvertido que será uma personagem relevante e importante nesta história. O mistério cresce ao longo das páginas e questionamos: conseguirão eles completar a missão?

Que livro espectacular! Uma história pequena, que se passa num sufoco e deixa o leitor a querer saber mais. Fiquei com mais questões depois de ler porque este livro é metafórico, cheio de significado subliminar (daí o título) fantasioso, uma crítica mordaz mas ao mesmo tempo uma realidade crua do que os nossos combatentes passaram na Guerra Colonial. Para além das ilustrações magníficas do Juan que chocam o leitor, a forma como o Filipe criou um argumento simples mas eficaz deste momento terrível, torna este livro uma peça essencial para se conhecer uma pequeníssima parte do que foi esta guerra.
Não passa na cabeça de ninguém os horrores e sacrifícios que um homem passa quando sai da sua zona de conforto para o puro inferno. Mas entenda-se: a guerra tem sempre as suas vítimas, seja de que lado for.

A vulnerabilidade do ser humano, os seus demónios, o seu carácter e a imprevisibilidade estão neste livro. E isso fez toda a diferença. 4,5 🌟

"É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e quanto mais come e consome, tanto menos se farta." - Padre António Vieira (Sermões)

Última nota: A capa da versão da Tinta da China está incrível. A cara de um homem sim, mas se observarem bem as linhas da sua cara estão lá os seus demónios.

Livro requisitado da @bibliotecasmunicipaisdeloures 🤗
Profile Image for Sofia Ferreira.
15 reviews
December 31, 2021
4.5
Um livro enigmático, com uma história bastante diferente das habituais. A arte é incrível como em todos os outros livros deste duo.
Sinto apenas que a história e as personagens poderiam ser mais exploradas.
Profile Image for Daniela Guimarães.
85 reviews30 followers
September 2, 2019
Debato-me com as palavras para a caracterização desta novela gráfica. Esta história é nacional e não apenas porque o seu argumentista é português. É nacional porque toca na dor do nosso país que, no silêncio, sofre os efeitos de uma guerra demasiado longa. ⠀⠀ ⠀⠀
A narrativa tem lugar na selva Guineense em dezembro de 1972. Um grupo de soldados portugueses atravessa o país, numa missão secreta, rumo ao Senegal. À medida que vão sendo consumidos pela paranóia e pelo cansaço, estes homens vão lutando com a morfologia do terreno e com algo simultaneamente sobrenatural e íntimo. ⠀⠀ ⠀⠀
Com clara inspiração na letra da conhecida música de Zeca Afonso, Os Vampiros revisita um dos eventos históricos mais marcantes do século XX - a guerra colonial. Utilizando fenómenos aparentemente sobrenaturais, esta novela explora a angústia, dor, culpa e impotência de um conjunto de homens que, sem pedir, foram lançados num terreno a mais de dez mil quilómetros de distância da sua casa com o objetivo claro de matar ascendendo à categoria de demónios que buscam a redenção. Os Vampiros é uma novela belíssima, do ponto de vista intelectual e gráfico. A arte de Juan Cavia responde, na perfeição, à complexidade do argumento de Filipe Melo sendo que cada capítulo se inicia com uma frase que tudo diz sobre a nossa identidade. “É a guerra aquele monstro que se sustenta das fazendas, do sangue, das vidas, e quanto mais come e consome tanto menos se farta”. Padre António Vieira, Sermões
Profile Image for Joana Gonzalez (Elphaba).
702 reviews36 followers
December 17, 2021
É difícil ler um livro da dupla Filipe Melo e Juan Cavia e não querer conhecer todo o seu trabalho, pelo que “Os Vampiros” eram uma leitura inevitável. Dito isto, confesso que não foi o meu livro favorito da dupla, talvez pela temática, mas a arte é um ponto extraordinário.

Como elucida a sinopse, a obra decorre durante a guerra colonial, em Dezembro de 1972, e somos levados a acompanhar um grupo de soldados portugueses pelo Senagal profundo numa missão secreta.
Entre histórias e realidade, vemos estes homens debaterem-se com o medo e o sentido de honra, com memórias e delírios que ameaçam derrota-los.

Do ponto de vista de uma leiga, eu gostei do lado extraordinário da ficção e da forma como as emoções foram representadas, de forma muito crua. É belo e assustador ver um homem forte, guerreiro, tornar-se tão frágil como uma criança perante o desconhecido, no mais austero dos cenários.

Quando ao enredo gostei, mas não me rendi. O cenário e o ambiente de guerra, a missão em si, não me atraiu. No entanto, a forma como o psicológico das personagens de altera com o decorrer da narrativa e a tensão evoluiu foram interessantes. Já a arte é fenomenal, maravilhosa mesmo! O Juan Cavia é extraordinário e se gostam de novelas gráficas esta é, sem dúvida, uma boa opção.
Profile Image for Marco Silva.
Author 1 book12 followers
April 21, 2018
BD muito interessante, que foca um tema muitas vezes esquecido na BD e Cinema feitos em Portugal: a guerra do ultramar. Consumimos mais filmes sobre o vietname do que narrativas sobre o nosso passado recente. Em termos narrativos, a estória precisava de uns toques, principalmente na ordem como alguns elementos são introduzidos. A inexistência de vampiros acaba por confundir o leitor e não explica a morte e alteração de personagens. Em relação à arte: está muito interessante; peca por permitir alguma confusão no que toca ao reconhecimento de alguns personagens em determinadas situações... O álbum é um objeto excelente, uma boa impressão, bom design... recomendo a sua leitura.
Profile Image for Rui Alves de Sousa.
315 reviews50 followers
June 28, 2016
Filipe Melo e Juan Cavia visitam os demónios da guerra com uma brilhante narrativa, cujo simbolismo e dimensão psicológica vai muito mais além do que as referências cinematográficas e literárias que inspiram a obra. Uma dupla que se deu a conhecer com as peripécias de Dog Mendonça e Pizzaboy e que, com "Os Vampiros", mostra ter ainda muito para nos dar e descobrir em próximos projectos. Um monumento da BD portuguesa.
Profile Image for Alexandra Maia E Silva.
427 reviews
October 16, 2022
O meu tio esteve na Guiné
Escrevia-lhe postais
Ia a Alcântara despedir-me dele
Ou ao aeroporto de figo maduro ver quando chegava,
Nunca nos contou o que viveu por lá.
Acho que nunca perdeu o bom humor.
Mas não sei mais nada
Até hoje nunca o ouvi falar da Guiné

Este livro faz pensar no que passaram todos aqueles que eram largados, longe de casa no desconhecido, a paranóia, o medo, desespero, desalento e desesperança.
Profile Image for Tania Cunha.
168 reviews14 followers
May 15, 2023
Extraordinário. Deixou-me sem grandes palavras, só com muita angústia.
Fez-me lembrar o apocalypse now em vários momentos.
Profile Image for Marisa.
158 reviews24 followers
December 25, 2022
Porque na guerra, não existe lado vencedor.
Displaying 1 - 30 of 173 reviews

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