Há quase dois mil anos uma carta impactou uma pequena comunidade e tornou-se sinônimo de coragem para cristãos de todas as épocas e lugares. Trata-se da epístola de Paulo aos Filipenses, cujos bastidores, mensagem e uso prático nos dias de hoje são revelados por cinco Rodrigo Bibo, Alexandre Miglioranza, Cacau Marques, Victor Fontana e Paulo Won.
Nova mentalidade é um projeto editorial baseado numa série de podcasts de grande repercussão. Devoção, teologia e bom humor, aliados a um ritmo ágil de escrita, proporcionam uma leitura prazerosa e educativa, oferecendo detalhes, curiosidades e os contornos históricos dessa carta singular do apóstolo Paulo.
Usando a tradução da Nova Versão Transformadora (NVT), os autores contextualizam a mensagem de coragem para a comunidade de Filipos e sua aplicação para o atual cenário brasileiro, ainda sob os efeitos da tragédia sanitária.
Nova mentalidade não é apenas um comentário. Lidamos com exegese e hermenêutica, mas esse não é o total de nosso objetivo. Apresentamos a você, leitor, uma conversa franca sobre esse texto tão rico que nos exorta a pensarmos nas coisas do alto, para encararmos as pedreiras daqui de baixo com alegria e boa disposição, amando o Senhor e sua obra, espancados, sem, porém, perder a fé.
Excelente livro. É realmente como se estivéssemos lendo os episódios do Bibotalk. E é muito gratificante ler uma conversa entre teólogos tão inteligentes e sábios. Tornei-me ainda mais fã do Victor Fontana, Paulo Won, Cacau Marques, Alexandre Miglioranza, Rodrigo Bibo etc. Recomendo muitíssimo esse livro.
Este livreto é uma grata surpresa! Ele é, na realidade, um formato em livro das conversas que foram, originalmente, conversas do videocast do Rodrigo Bibo no YouTube. A escolha da epístola aos Filipenses dentro do contexto da Pandemia de COVID-19 foi fenomenal e há aprendizagens muito interessantes ao longo do livro.
O que me chamou também a atenção foi o fato de eu estar lendo obras apologéticas contra o catolicismo romano e esse livro permitiu ver, ainda que não fosse a intenção, de forma clara, aspectos do pensamento reformado em contraste com os mantidos erros do catolicismo romano sobre origem da igreja, formação do cânon, etc., tudo de forma simples, ao analisar a própria epístola aos filipenses.
O começo é bem detalhado, mostrando como é o gênero textual de uma carta/epístola no período clássico, mostrando também como essas cartas apostólicas já eram lidas pelas comunidades cristãs primitivas, ou seja, com o tanto de manuscritos de cartas que temos e a prova dessa circulação já durante a era apostólica, fica fácil de compreender por que o protestantismo defende que as comunidades sabiam quais eram os escritos apostólicos e os utilizavam em seu meio com os apóstolos ainda vivos. Desse modo, cai por terra, de forma simples, a ideia romana de que foi a ICAR quem "criou a Bíblia" por meio do Concílio de Hipona. Além disso, vemos novamente o argumento do reconhecimento dos escritos de Paulo como sendo comparáveis com o AT da época (Escrituras) por Pedro, ou seja, Pedro deixa no texto um elemento de peso para entendermos que os apóstolos estavam cientes de que produziam Escritura como os profetas do passado haviam produzido.
Um dos pontos de curiosidade mais interessante que vi no texto foi a explicação sobre a saudação de Paulo: Graça e Paz. Vale a pena essa parte ao explorar o grego e o hebraico, o fato de ambos termos serem tanto de saudação nessas duas culturas, como o fato de ambos representarem termos-chave na teologia paulina.
Por fim, o texto vai falar magistralmente sobre alegria e tristeza, sobre ansiedade, sobre rusgas no seio das igrejas, sendo esse tópico muito bom, pois quebra a ideia que temos de que as comunidades cristãs primitivas eram mais puras do que hoje em dia, pois idealizamos as igrejas antigas como sendo mais unidas ou coisa assim, mas eles também tinham seus desafios e problemas e vemos nas cartas como os apóstolos os encorajavam a mudar de atitude.
A palavra "atitude" é bem trabalhada também. Há bons momentos em análise de termos gregos do NT e isso ajuda muito a melhor compreendermos a cultura e situação-contexto daquela época. Os participantes até elogiam a tradução da NVT para usar o termo "atitude", uma vez que um dos seus sentidos correntes faz bastante sentido com a ideia do original grego (eles usam a Bíblia de estudo NVT).
A parte final fala muito da unidade da igreja e há pérolas maravilhosas. O apêndice "Como resolver tretas na igreja" tem análises muito boas por parte do Carlos "Cacau" Marques.
Nova mentalidade: Conversas em torno da carta de Paulo aos Filipenses é uma obra séria, pastoralmente sensível e teologicamente responsável, que cumpre bem sua vocação: conduzir o leitor a uma leitura transformadora da epístola paulina.
Não é um livro para debates acadêmicos de alto nível, mas tampouco é devocional raso. Situa-se com dignidade no espaço da formação cristã madura, lembrando ao leitor que a verdadeira mudança de mentalidade não nasce da cultura, da técnica ou da emoção — mas da conformação contínua à mente de Cristo crucificado e exaltado.
Seu valor duradouro reside justamente nisso: apontar, com sobriedade reformada, que a alegria cristã é fruto de uma mente renovada pela cruz.