Esta publicação busca respostas para uma inusitada questã a invenção do Nordeste, o surgimento de um recorte espacial, de um lugar imaginário e real no mapa do Brasil, que todos nós conhecemos profundamente, não importa de que maneira, mas que nunca pudemos imaginar com uma existência tão recente.
Gostei muito do livro e dos conceitos propostos - e até como o que o autor propõe pode ser extrapolado do NE à própria noção de produção cultural do Brasil em relação ao exterior. É um livro que vai ser maturado aos poucos aqui dentro, que vai me fazer pensar e questionar ainda mais daqui em diante.
O que me atrapalhou a leitura foi que achei tudo muito repetitivo e o estilo de escrita do autor - ele constantemente enumera exemplos e adjetivos - entendo a necessidade de deixar o conceito claro mas, quando isso se dá constantemente, fica bem cansativo.
Um exemplo aleatório "Diante da crescente pressão para se conhecer a nação, formá-la, integrá-la (...) na tentativa de fazer com que os costumes, as crenças, as relações sociais, as práticas sociais de cada região (...)"
Isso atrasou minha leitura e evitaria que eu relesse o livro... porém, como anotei muita coisa na leitura, eu talvez fique com meu (extenso) resumo quando for revisitar a obra.
"A invenção do Nordeste" é impecável ao mostrar como a região também foi criada por meio do discurso de várias artes, e o reflexo desse invento na persistência dos problemas da região. Mas como crítica artística me parece seletivo; aparentemente não vê o que há de universal na obra dos autores que cita. Para um leitor comum, não especializado, como eu, é uma leitura densa e às vezes difícil, mas nunca desinteressante.
É um bom livro, mas para ser apreciado deve-se considerar que este livro foi um trabalho científico que transformou-se em livro. O autor consegue descrever de uma maneira muito boa com foi a criação da região Nordeste através dos discursos e das artes, tanto por parte dos regionalistas e tradicionalistas, quanto pelos modernistas e nacionalistas. O autor demonstra o conflito entre a tradição de uma economia feudal decadente e a modernidade trazida pelos meios de produção capitalistas.