Mercedes vaga por São Paulo em busca de um rumo para a sua vida que, após um período vivendo o estereótipo da mulher casada e bem-sucedida, parece ter perdido o norte. Esquivando-se de boletos e lidando com a geladeira vazia, ela tenta se reerguer e – por que não? – encontrar o amor nos botecos de esquina da metrópole. Narrado em forma de diário, este livro oferece, em tom cômico e espirituoso, a perspectiva agridoce de uma geração à qual foi prometida um futuro brilhante, e que foi forçada a reajustar suas expectativas. "Um encontro íntimo com uma vida comum, de comovente humanidade, num texto que cumpre sua mais nobre funçã manter o leitor lendo. Em tempos de mentiras e pós-verdades, 'Uma mulher sem ambição' nos lembra que nada é mais real que um romance." JORGE FURTADO
Sabina Anzuategui was born in Curitiba, Brazil, in 1974. She holds a doctorate in cinema from the University of São Paulo. She is the author of the novels Calcinha no varal (2005), O afeto ou Caderno sobre a mesa (2011), Luciana e as mulheres (2019), Uma mulher sem ambição (2021), and Escrevi pra você hoje (2023). She also writes screenplays and teaches screenwriting classes.
Gostei muito de ler esse slice of life situado em São Paulo, uma cidade que conheço tão bem. As ruas, as linhas de onibus, os pontos turisticos... consegui "ver" tudo enquanto o leia.
Mais que isso, reconheci tantas mulheres paulistanas nesse mesmo vibe da protagonista. A autora captura muito bem a sensação de decepção com a vida que vem aos poucos para mulheres: que a vida, marido, carriera acabarem não sendo o que foram prometidos. Tantos sonhos e projetos que brotaram mas não floresceram. Então, a gente tenta cavar outras maneiras de estar contente, na face do caminho "certo" que só proporcionou um vão dentro da alma. Me lembra do filme norueguês The Worst Person in the World.
Incrível como um livro da nossa época captura nossa atenção e nos faz mergulhar na história como nenhum outro, separado da nossa realidade no tempo, no espaço (ou ambos) consegue fazer. Adorei acompanhar o dia-a-dia desta roteirista divorciada e sem filhos de quase 40 anos que ganha mal, dá aulas numa escola de formação de atores, paga um valor simbólico para morar na quitinete do pai e se distrai com joguinhos de computador e filmes gratuitos no centro cultural do Paraíso. É viciada em manchetes, mas não lê as matérias na íntegra. Quer ganhar mais sem trabalhar demais nem fazer coisas que não quer fazer. Reaproveita as aulas preparadas no ano anterior. Sente saudades da vida financeiramente tranquila que vivia quando casada; ao mesmo tempo, sente que aquela vida não tinha a ver com seus sonhos.
Adoro quando o desajuste de um personagem é muito mais sintomático de uma época e de uma sociedade do que de um problema pessoal. Num mundo disfuncional quem é mais saudável, quem se ajustou ou quem segue desadaptado? A apatia, a honestidade, a linguagem e até o que eu chamaria de um certo cinismo da protagonista desse livro me lembram a proagonista de outro que também gostei muito “Meu ano de descanso e relaxamento” – com a diferença de que lá acompanhamos um ano na vida de uma mulher nos EUA nos anos 2000, e, aqui, um mês do ano de 2010 na vida de uma moradora de São Paulo, o que torna tudo ainda mais próximo.
“Me oprime a sensação de que há milhões de pessoas fazendo milhares de coisas. Não ter um caminho, quando aparentemente existem tantos, me faz sentir incapaz e fracassada.”
“Deve ser possível – de alguma maneira misteriosa – viver em harmonia com os ritmos naturais do corpo. Trabalhar em turnos confortáveis, sem gastar as horas livres cultivando relações estratégicas. Mas esse mistério ainda não resolvi.”
“Se eu fosse uma personagem, escrita por um roteirista preguiçoso, seria difícil fazer minha história engrenar. Não tenho um objetivo claro, recomendado para tramas de sucesso. (…) Não dá pra fazer nada com uma personagem assim.”
"Deve ser possível - de alguma maneira misteriosa - viver em harmonia com os ritmos naturais do corpo. Trabalhar em turnos confortáveis, sem gastar as horas livres cultivando relações estratégicas. Mas esse mistério ainda não resolvi".
⭐️ 3,5 | não sei bem o que achei, mas gostei. nesse mundo de redes sociais, em que tudo é extraordinário o tempo todo é muito diferente se deparar com uma leitura que retrata a mesmisse de uma vida medíocre
faz sentido uma vida em que não temos tempo pra nada além de pensar no trabalho? que nossas relações são tão perpassadas por isso? que nossa identidade é essa ocupação?
Só a vida acontecendo…leitura bem fluida e interessante sobre uma mulher que vai meio na contramão da expectativa social generalizada por constante ambição e performance.
Que livro maravilhoso. Comecei sem pretensão alguma e não consegui largar até acabar.
"O refrão tem dois versos, uma associação inseparável de causa e consequência que resume o sentimento básico do trabalhador: “I was looking for a job, and then I found a job/And heaven knows I'm miserable now”. Eu precisava de um emprego e achei um emprego. Que desgraça." (from "Uma mulher sem ambição" by Sabina Anzuategui)
"Desligo e me desmonto teatralmente sobre a cadeira, esmagada pelo esforço de cordialidade. Eu só queria um pouquinho mais de dinheiro. Só um trabalho simples e inofensivo. Uma tarefa curta, um bico, um quebra-galho. Não uma série que vai exigir dedicação de segunda a segunda, das oito da manhã à meia-noite, que vai invadir meus pensamentos no sono, no banho, no vaso sanitário. Que vai me estressar e me induzir a gastar meu pagamento em restaurantes e bebida ou qualquer outra satisfação rápida. Conheço esse círculo vicioso. Quando ganhava bem eu vivia agitada. Falava muito com todo mundo, me sentia talentosíssima e indispensável. Mas o trabalho terminava e eu me achava uma fraude. Tinha certeza de que nunca me contratariam novamente, ficava semanas tentando recuperar a calma e a humildade. Então aparecia outro convite. E o ritmo louco me dominava como a dependência química por Fanta Uva Light. Deve" (from "Uma mulher sem ambição" by Sabina Anzuategui)
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Se eu pudesse dar zero estrelas, daria. Mas é minha culpa ter passado tantos momentos ruins com esse livro, porque particularmente não gosto de pessoas sem ambição, e "Uma mulher sem ambição" pasmem, tem como protagonista uma mulher com nem um pingo de ambição.
Uma personagem desinteressante, uma coitada. Uma coisa que me incomodou muito é como ela frequentemente molda sua opinião com a intenção de agradar o homem que ela quer, por exemplo numa cena em que disse "se eu tivesse assistido esse filme teria algo com que impressionar fulano".
Infelizmente não simpatizo com pessoas que estão cansadas de comer bisnaguinhas e vão jogar joguinhos no computador, acho que foi um fator determinante pra eu não gostar desse livro.
Não sei se deveria marcar isso como spoiler, não acontece nada nesse livro, é realmente só uma mulher sem ambição, e de gente assim o mundo tá cheio.
Uma mulher sem ambição acompanha Mercedes, uma mulher comum que narra seus dias e sua questões em relação a algumas decisões que teve em sua vida.
O livro é leve e fluido e, como descrito acima, sobre uma mulher nada extraordinária. Mercedes leva uma vida sem ambição, como diz o título e a partir da sua narrativa vemos que a personagem questiona suas escolhas e como ela resolveu sair de uma vida confortável para viver de forma mais simples. Ler este livro me deixou reflexiva e achei um pouco melancólico a vida como ela leva. Mercedes leva uma vida tão sem perspectiva que senti isso até nos finais dos capítulos que não terminavam nem impactantes e nem reflexivos, apenas terminavam (talvez seja o intuito).
Uma leitura fácil, porém não tem grandes impactos ao final dele.
Um vislumbre da vida alheia Lendo esse livro eu senti como se tivesse pegado pra acompanhar uma pessoa aleatória na rua pra acompanhar a vida dela durante um tempo (se não me engano foi 2 semanas ou 1). O livro começa num dia comum e termina em um também, sem grandes eventos e reviravoltas e eu adorei isso!!!! amo livros assim. realmente não tive uma grande iluminação ou um grande aprendizado sobre a vida ler esse livro porem esse não é o proposito dele, no final ate acho ele meio esquecível (mas de um jeito bom).
Mercedes, a protagonista, abandona uma posição confortável e (sobre)vive os perrengues que decorrem desta escolha.
O enredo se divide entre a sobreviência e a busca pelo amor (em SP), trazendo cinemas cult de são paulo e vários filmes cult esquecidos, além de lembrar interações do começo da internet. Nostalgia pura.
Esse é daqueles que em um ou dois dias você finaliza. O livro conta a história de Mercedes, mulher nascida em família que ascendeu socialmente, e que se vê aos 37 morando na quitinete que seu pai comprou quando jovem. Uma mulher que se divorciou, parou de trabalhar como roteirista e acaba optando por uma vida mais simples, de pouca ambição. Não seria o ideal talvez para que se consiga viver em paz?
Comecei a me considerar uma mulher sem ambição após me prestar o papel de perder tempo lendo esse livro. A impressão que tive é de que estou lendo o diário de uma adolescente classe média. A única coisa minimamente legal é a identificação regional com o centro de São Paulo.
Sabina, apenas obrigada. Eu estou completamente apaixonada pela sua leitura sobre o nada e sobre tanto. Como uma millennial cansada em spaulo, nunca me senti tão vista.
Um diploma em cinema é parecido com um em história da arte, então infelizmente me identifiquei bastante com a protagonista. Apesar disso não ser algo bom, é sempre legal sentir reconhecimento.