Trata-se de uma alegoria dramática: duas são as barcas em que os personagens podem subir - a do Inferno, munida do Diabo; e a da Glória, encabeçada pelo Anjo. Em cena, é realizado o auto do julgamento das almas, e a maior parte delas segue na primeira barca. Entre os "réus", um agiota, um sapateiro rico, um tolo, uma alcoviteira, um usurário, quatro cavaleiros e um frade corrupto, além de outros representantes da humanidade. Muito mais do que uma sátira da sociedade lisboeta em princípios do século 16, mais do que uma farsa ou um auto de moralidade (embora também o seja), "Auto da Barca do Inferno" é um bem-humorado arrazoado dos vícios que corroem o mundo e uma crítica – infelizmente ainda válida – à organização da sociedade dos homens.
Gil Vicente é considerado o primeiro dramaturgo da língua portuguesa.
Gil Vicente, called the Trobadour, was a Portuguese playwright and poet who acted in and directed his own plays. Considered the chief dramatist of Portugal he is sometimes called the "Portuguese Plautus" and often referred to as the "Father of Portuguese drama." Vicente worked in Portuguese as much as he worked in Spanish and is thus, with Juan del Encina, considered joint-father of Spanish drama.
Vicente was attached to the courts of the Portuguese kings Manuel I and John III. He rose to prominence as a playwright largely on account of the influence of Queen Dowager Leonor, who noticed him as he participated in court dramas and subsequently commissioned him to write his first theatrical work.
He may also have been identical to an accomplished goldsmith of the same name, creator of the famous monstrance of Belém, and master of rhetoric of King Manuel I.
His plays and poetry, written in both Portuguese and Spanish, were a reflection of the changing times during the transition from Middle Ages to Renaissance and created a balance between the former time of rigid mores and hierarchical social structure and the new society in which this order was undermined.
While many of Vicente's works were composed to celebrate religious and national festivals or to commemorate events in the life of the royal family, others draw upon popular culture to entertain, and often to critique, Portuguese society of his day.
Though some of his works were later suppressed by the Inquisition, causing his fame to wane, he is now recognised as one of the principal figures of the Portuguese Renaissance.
Auto da Barca do Inferno is part of the Vincentian theatre works written in 1517. The word auto (from the Latin actum, action) generally designates a religious subject. The story develops around two vessels placed on the side of a river - that leads to Hell and the one that leads to Heaven. A devil and his assistant command the boat of Hell, while an angel takes care of the ship of Glory. The dead goes to the barges, several characters enter the scene and talk to the devil and the angel, most of whom took to the barge of Hell. A nobleman who leaves someone praying for him, an olive tree was clinging to profits and money, Joane a fool, a shoemaker, a friar accompanied by a girl called Florence. The pimp Brízida Vaz, a Jew, a bailiff, a solicitor, a hanged man and four knights who died fighting the Moors in Africa; of these all, only the fool and the four horsemen enter the boat of Glória, the rest condemned to Hell. The arrival of the four horsemen who confidently join the ship of Gloria contrasts with the parade of the characters who go to Hell, because the horsemen selfless of material goods, dedicated their lives to fight for great conquests. The fool, in his ignorance, should also be forgiven of his sins. Each of the other characters presented a story of earthly life that did not allow them to go to Paradise. The most important aspect of this self is, therefore, the social problematic explained in the chosen human types. By the author, there is a severe criticism of the customs of the society of the time. There is also a strong criticism of the clergy's position, in the figurative priest who appears accompanied by a girlfriend. The play is a kind of final judgment.
Necessitei, muitas das vezes, de reler as cenas para compreender na íntegra tudo o que foi escrito. Um português bastante confuso e diferente do atual. Apesar do sentido humorístico aliado à crítica moral, esperava algo completamente diferente da história. Mais detalhes. Nem tudo tem de estar explícito num texto/peça, o leitor pensa por si, mas senti falta de algumas referências e de mais desenvolvimento das cenas. Pareceu-me tudo muito apressado, senti tudo com muito pouco sabor. Ainda assim, gostei, mas se não fosse a análise feita nas aulas de Português do 9.º Ano, a experiência teria sido totalmente diferente e, provavelmente, não tão agradável.
Mistura de comédia com crítica social que apesar de ser de 1500 e troca o passo continua em alguns aspetos atual. Não que eu tenha muito conhecimento de causa, mas para a época em que pouco deste género se tinha feito, pelo menos em formato escrito, Gil Vicente merece que se lhe tire o chapéu. Adorei.
It could have been a more enjoyable read for me but the antisemitism and the Crusades propaganda were hard to stomach. I did like the vulgar and salacious humor, and the writing style, despite the archaisms proper of the time.
Teve o condão de me fazer sentir saudoso e nostálgico. Saudoso pelos belíssimos tempos do secundário, nostálgico por me relembrar a obrigatoriedade da leitura de algumas obras. Não que a minha opinião seja desfavorável à existência de algumas (nem todas) destas obras no plano curricular. Já a forma de “convidar” os jovens para a leitura é que não me parece a mais correta e motivadora.
Entre o declínio da Idade Média e a ascensão da Idade Moderna, entre a sordidez cristã medieval e o racionalismo antropocêntrico renascentista, entre a Guerra dos Cem Anos e as Grandes Navegações, Gil Vicente é simplesmente genial em retratar toda as incongruências desse período que viveu.
"Na hora que chegar ao porto, qual barca te espera?"
O auto da barca do inferno faz parte da trilogia das barcas de Gil Vicente, é uma peça que faz duras críticas a sociedade e suas hipocrisias.
E com certeza esse é o ponto mais interessante as críticas feitas por Gil Vicente em meados de 1517 após mais de 500 anos ainda são muito atuais.
Talvez hoje em dia seja até mais escancarado devido a Internet essa dualidade na vida de muitos que se dizem corretos mas que andam também pelas mais profundas sombras com seus caracteres duvidosos.
Achei muito interessante a leitura devido a essas questões citadas anteriormente e como se desenrolam e os personagens apesar de em suma maioria serem bem rotativos, vamos dizer deixam sua marca.
Única questão e bem provável seja algo muito pessoal senti um pouco de dificuldade devido ao português de Portugal e ainda antigo, que me tirou a fluência da leitura, sempre tendo que ler as "ajudas" no rodapé da página mas claro isso não é um defeito da peça e sim uma falta de costume da minha parte.
3 estrelas, simplesmente porque não é uma obra que me lembraria de ler por lazer - o que não significa que não considere todo o seu contexto super interessante, principalmente a interpretação da morte e do que surge depois dela, a temática da morte e da moralidade. Gostei muito mais da experiência de ler este auto na sua forma original e no seu português antigo, sem censuras e cortes, em vez da versão adaptada que já conhecia. É muito interessante, também, associar esta visão dos pecados em vida com a ideia das danças da morte, que personificavam a morte como um igualador implacável de todas as classes sociais, pelo que o "Auto da Barca do Inferno" de Gil Vicente utiliza uma abordagem mais teatral e humorística para representar essa jornada após a morte.
O auto da barca do inferno é um livro onde as pessoas depois de falecerem iriam a um cais onde conversam com o anjo e com o diabo que os reencaminharão ou para a barca do inferno, ou para a barca da glória. Todos vão para a barca do inferno, exceto o parvo e os quatro cavaleiros. o parvo no entanto fica no cais a ajudar o anjo a decidir para onde cada pessoa iria. Os quatro cavaleiros são os últimos a entrar na barca e a obra acaba neste momento, deixando-nos sem saber para que barca o parvo iria.
This entire review has been hidden because of spoilers.
Vós irês mais espaçoso com fumosa senhoria, cuidando na tirania do pobre povo queixoso; e porque, de generoso, desprezastes os pequenos, achar-vos-ês tanto menos quanto mais fostes fumoso.
Genial. Bem legal. Creio que ao final, cos cavaleiros, Gil Vicente fai falar ao anjo sarcástica, cínicamente.
Sátira afiada, o 'Auto da Barca do Inferno' nos transporta para um Portugal medieval, expondo vícios e preconceitos da época. A obra, apesar de sua idade, tem uma linguagem acessível e diálogos divertidos. Uma leitura envolvente e repleta de ironia.
Extremamente interessante! Para além de retratar a sociedade tal e qual como ela é, existem argumentos prodigiosos e bem utilizados. Fascinei-me por esta peça de teatro e pelo seu respetivo livro!
Gostei muito deste Auto. Li a edição com notas e comentários de Mário Fiúza, o que tornou a sua compreensão mais fácil. É uma peça muito interessante e cómica.
Este auto é de literatura fácil para quem está enraizado na cultura do século XVI, para quem não está existem certos trechos que tornam a leitura difícil e desafiante. Não é, de todo, um dos melhores autos de Gil Vicente, infelizmente, é o mais conhecido. Existem partes engraçadas, com conteúdo barato e por vezes ofensivo, mas para além disso não há muito mais. É uma sátira, uma crítica à sociedade, não se podia exigir mais do que aquilo que foi dado. Apesar do baixo rating recomendo esta leitura a qualquer pessoa, é tão pequena que em mais ou menos meia hora se despacha.
As it was written in old Portuguese, I found I missed much of he humor and irony in the story. I read a version with notes, so that helped. The story is about different characters who've died and the hope to travel into eternity on the boat to paradise and not to hell. Their arguments are not so different from ours today, but this is where the language and cultural nuances left me wanting to better understand. I will re-read this book, as the commentary on Society interests me.
I'm gonna count this because I absolutely did not spend all those hours in portuguese class for nothing. I don't know who decided that 14/15 yo should read this, but they were wrong. Is it a bad story? No, it's not. Should school force teenagers to read this? Yeah, maybe not. This might be a good piece of literature, but I think there are more adequate ones who could get people into reading. Because, istg, school will find the most boring books and think "yes, yes, we should give moody, restless children this to read AND interpretate"