O homem negro tem espaço para ser vulnerável? Esse homem pode chorar e existir ao mesmo tempo?
Com três contos inéditos, nesta nova edição de Homens pretos (não) choram, Stefano Volp joga luz sobre as feridas, os medos e a solidão do homem, sobretudo o negro, para buscar respostas sobre uma sociedade incapaz de compreender as vulnerabilidades e sutilezas que existem para além da imagem que se constrói das pessoas.
"Stefano Volp é uma dessas descobertas felizes que o ambiente tão desolador que pode ser a rede social me trouxe nos tempos de pandemia, quando eu colocava em dia minhas leituras. Sua busca pelo novo (e por traçar um caminho que permaneça aberto para os que hão de vir) faz dele um daqueles que tem no seu fazer a essência da frase de Albert Szent-Gyorgyi – ver o que todo mundo viu e pensar o que ninguém pensou. As palavras do Volp a respeito do mundo contidas neste livro falam melhor do que as minhas a respeito dele. Desfrute." – Emicida
"O sucesso de Volp não é uma coincidência. Ele escancara fragilidades e faz os leitores se identificarem." – Revista Rolling Stone
"Stefano Volp sabe como expor o desalinho individual propositalmente por meio da literatura a fim de uma conexão coletiva" – Revista Cláudia
Autor de Homens Pretos (Não) Choram, O Segredo das Larvas e Nunca Vi a Chuva. Idealizador do Clube da Caixa Preta, organizador da antologia Mundo Invertido e roteirista formado pela Academia Internacional de Cinema.
Que escrita maravilhosa. Da introdução aos agradecimentos, "Homens pretos (não) choram" surpreende a cada página. Apesar de não ser fã de histórias curtas, sei que vou me pegar pensando em muitas delas daqui a semanas e meses.
Todas as crônicas presentes na obra são ligadas pelo elemento do inesperado. O que acontece quando você percebe que viveu toda sua vida sob determinadas regras, e então vê que pode fazer diferente? Quanto da educação que recebemos na infância influencia na nossa vida hoje? O que nossos traumas e medos do passado têm a dizer sobre quem somos?
Aqui, todas as histórias são protagonizadas por homens pretos. Algumas me impactaram mais do que outras, como é natural de coletâneas, mas todas deixam sua marca. São narrativas sobre quebrar estereótipos e não corresponder ao padrão esperado pela sociedade. Sobre masculinidade e o significado de ser homem.
Minhas histórias favoritas foram "Pio", "Seco" e "Sabonete".
Homens pretos (não) choram se tornou um dos meus livros favoritos do ano. Não apenas pelo que se propõe, mas pela maneira sensível como a narrativa me abraçou. Volp é uma voz intensa, presente e extremamente necessária na nossa literatura. Que experiência incrível!
Da potente introdução escrita pelo autor Sérgio Motta até o Agradecimento que o encerra como uma crônica, a vontade foi ler "Homens pretos (não) choram" num embalo só. Escrito durante a quarentena e publicado por financiamento coletivo, esse baita livro tira da vulnerabilidade dos seus personagens a força literária que dá vida aos contos, ou como o autor chamou "crônicas quarentênicas sobre masculinidade e negritude".
Volp escreve com uma sensibilidade inexorável difícil de ignorar. São sete crónicas escritas sob o desígnio da vulnerabilidade, da (re)descoberta, da reflexão e da coragem. É maravilhoso!
"quão frustrante tudo parecia! atravessar o portal da morte deixando um corpo gasto e desprovido de um sentimento que valesse a pena. queria lágrimas silenciosas. um riscado molhado no rosto. uma emoção. um pingo, ao menos. [...] aconteceu. aconteceu que eu não sinto nada."
essa leitura foi um grande soco no meu estômago. incrível demais!
WOW! Que livro incrível! Cada crônica é tão diferente e especial. Te faz refletir sobre diferentes assuntos e a escrita do autor é simplesmente impecável. Minha favorita foi 'Sabonete', me trouxe tantas lembranças (boas e ruins) da minha época de pré-adolescente. LEIAM ESSE LIVRO!
chorei e me senti tão aberta, eu vi muitas relações nessas palavras e isso fez eu me emocionar muito, eu chorei com a introdução e com os agradecimentos, foi muito especial pra mim ler esse conto!
"Homens pretos não choram" reúne sete crônicas de Stefano Volp que discutem masculinidades e negritude. Apoiei o financiamento coletivo do livro atraída pelos temas, e desde quando comecei a ler, estou impactada com ele. Aqui, Volp nos guia em textos viscerais, questionando vários estereótipos criados para encaixar homens negros. Cada crônica acompanha um personagem vivendo um recorte de sua vida. Os textos se assemelham bastante a contos, contendo não apenas reflexões, mas também acontecimentos, cenas, diálogos e presença de outros personagens. Os protagonistas dessas histórias são homens nas mais diferentes idades, vivendo momentos de dor, prazer, alívio ou alegria e confrontando aquilo que lhes foi ensinado. Não chorar. Não demonstrar afeto. Ser sempre forte. Sentir-se atraído por mulheres e se relacionar com mulheres. Ter autoridade. Os homens retratados nesse livro foram ensinados a cumprir todas essas coisas, e encaram seus momentos mais difíceis quando são colocados em situações em que desejam algo diferente ou não podem agir como acreditam ser o "certo". Assuntos como paternidade, relações familiares, saúde mental, abusos físicos e psicológicos, relacionamentos abusivos, homossexualidade, autoestima, sexualidade e a importância de não deixarmos que outras pessoas se apropriem de nossa voz são muito bem abordados de forma sensível e surpreendente, quebrando nossas expectativas. Minhas crônicas favoritas foram "Seco", "Bilola", "Barba" e "Pio". Todas, porém, me tocaram fundo, despertando emoções fortes. Recomendo muito essa leitura para todos os públicos.
Caras... Que livro!!!! Desde a introdução até os agradecimentos são de uma força absurda. Segurei as lágrimas em algumas partes que foram sensíveis pra mim. Afinal "O que é ser homem?"
Excelente livro, com reflexões importantes. É um livro para ser lido com calma, conto a conto, para poder aproveitar ao máximo cada história. Este foi meu segundo contato com o Volp e continua me surpreendendo e com vontade de ler mais de seu trabalho. Recomendo a leitura para todos.
A escrita do Volp me pegou de tal forma que não havia alternativa a não ser ler esse livro de um dia pro outro. Tive o coração partido sete vezes, uma para cada crônica, mas também me senti abraçado e acolhido por histórias que discutem masculinidade e negritude e como muitos homens estão presos a comportamentos determinados há tanto tempo, que é difícil se livrar deles mesmo quando você sabe que está agindo não de acordo com as próprias crenças, mas com crenças que foram impostas a você. Com este livro, no entanto, Volp propõe que a gente mude, melhore, aprenda, e isso é tão precioso que arrisco dizer que "Homens pretos (não) choram" é uma das minhas leituras favoritas de 2021, mesmo que o ano recém tenha começado. O autor tem um domínio admirável do formato de narrativa curta, fazendo com que o leitor se conecte com o protagonista de cada crônica muito rapidamente, entregando uma experiência emocional potente em cada uma delas. Dei 5 estrelas porque não posso dar 6 e certamente vou continuar acompanhando o trabalho do autor.
A cada livro do Volp que leio mais o sentimento de "como é bom ler um autor talentoso" aumenta. Sem dúvidas foi uma das obras que li em 2020 que mais mexeu comigo.
Ler esse livro é como reler histórias dos homens pretos que eu conheço e conheci ao longo da minha vida. São narrativas que tocam profundamente àqueles que viveram na pele histórias parecidas. Quando li o título, lembrei do meu pai. Homem preto que só chorou na vida quando já tinha quase 40 anos. Chorou de soluçar quando se viu livre do peso do passado duro, que lhe privou de vivência emocional. Chorou quando recebeu o abraço de amor que lhe foi negligenciado desde sempre. Volp fez um trabalho lindo com esses textos e acredito que quem for preto e ler, vai se identificar. Quem for branco e ler, vai ser guiado pelo caminho da empatia. Parabéns e já quero ler mais coisas do autor.
Sendo eu um homem branco, há um recorte neste livro sobre o qual, por mais que eu possa imaginar as dores e sofrimentos, jamais serei capaz de acessar porque não é uma realidade para mim. No entanto, há nele outras questões que me atingem profundamente. O autor, nos agradecimentos ao final, compartilha uma pergunta feita por um amigo dele que também teve impacto em mim: o que é ser um homem? E se vamos ao grão da questão, no caminho encontramos outras tantas de similar repercussão: o que é um pai? O que é um marido? O que é um homem que gosta de outros homens? O que é um homem gordo? E assim vamos. Ao investigar sobre homens pretos e as cargas sociais e históricas que carregam, o recalque emocional diante da construção da virilidade e da representatividade da força, Volp não apenas escreve contos potentes, assertivos, emocionantes e relevantes, mas acende uma fogueira na qual vamos queimando todas as repostas pré-determinadas que eventualmente tenhamos para os temas que ali estão. No processo, algumas centelhas se desprendem desse fogo e acabam iluminando outras paragens, expandindo a consciência e nos provocando a outras investigações. Termino o livro com um grande farol aceso para dentro de mim e para minha relação com o outro, além de achar que, de alguma forma, sou capaz também de superar a imagem que tenho de mim mesmo enquanto homem, homem que gosta de homem, homem gordo, homem com problemas paternos, homem casado com homem preto, homem branco em constante revisão estrutural. Este livro deveria ser literatura básica nas escolas, nas salas de jantar, no abraço familiar ou na solidão, qualquer situação de formação humana.
"Até um manequim é feito de alguma coisa por dentro, pensou. Eco. Vácuo. E eu? De que sou feito?"
Desde que adquiri um kindle, venho tentando ler mais autores brasileiros e principalmente, autores independentes. Buscando diversificar minha experiência como devoradora de livros, paixão adquirida desde a infância, me deparei com Homens pretos (não) choram do Stefano Volp, disponível no Kindle Unlimited.
Expondo o poder da vulnerabilidade através da literatura, o escritor, roteirista e músico carioca criou, durante o período de isolamento social, uma série de crônicas sensíveis sobre masculinidade e negritude.
Tirando inspiração após sua primeira sessão de terapia, Volp decidi abraçar suas vulnerabilidades e de tantos outros homens pretos, estes que nunca tiveram a permissão de acessar emoções, afetos e até mesmo o singelo ato de chorar, sem medo de julgamentos e questionamentos.
Cada uma das crônicas explora personagens únicas e distintas, seja pela faixa etária, fases e dilemas da vida de cada um delas.
Personagens como Heleno, um pai que durante conversas corriqueiras com seus filhos, refleti que não se recorda de um só momento que deixou as lágrimas escorrerem do seu rosto.
Wagner é um garoto que com apenas 15 anos já é objetificado pelos esteriótipos da viralidade masculina e principalmente, a viralidade do homem preto. Descobre então, após uma insesperada conversa, que pode simplesmente ser um garoto, um garoto que não precisa ser definido por aquilo que tem no meio das pernas.
Dentre relacionamentos e memórias afetivas do passado, de pais presentes e ausentes, cada um destes meninos, jovens e homens, carregam no peito a angústia de serem o que a estrutura patriarcal e naturalmente a sociedade, espera que eles sejam.
Intenso, honesto e extremamente reflexivo, Homens Pretos (não) Choram é uma análise da pluralidade do homem preto e como sua criação afeta suas relações futuras, sejam elas romantânicas ou meramente cotidianas.
Um livro repleto de gatilhos para quem se enxerga como um homem negro. A leitura me direcionou para diferentes momentos da vida onde cada história apresentada me puxava para memórias ora doces, ora amargas. Foi dentro dessa mistura entre a ficção, os pensamentos e a realidade que me vi chorando, sorrindo, falando sozinho, me imaginando e me entendendo. A partir de um conjunto de contos, o Stefano puxa quem o lê para reflexões a partir da perspectiva de um homem negro sobre as definições distorcidas sobre a masculinidade, os estereótipos da hipersexualização do corpo negro, os desafios em ser um homem negro e gay, a dificuldade de emergir nas camadas mais profundas do ser que desconectam o homem negro do sentir, os julgamentos por trás da vulnerabilidade, os desafios em ser um pai negro e solo, as pressões sociais que levam homens negros a se embranquecerem, os preconceitos que pairam sobre a cor, a solidão que leva os homens negros a se isolarem dos seus sentidos, enfim, o livro é um chamado para nos sensibilizarmos a partir de um sujeito que sistematicamente é calado, negligenciado e envelopado em uma forma que não sente, que não vive e que é convidado a se distanciar da humanização.
Em uma vulnerabilidade de acontecimentos, todos os contos deste livro transbordam reflexões e dores — mas de certa forma, há cura também.
A escrita de Volp traz histórias necessárias com toques surpreendentes na ambientação, nos personagens e em todos os detalhes. Cada crônica destaca-se em um aspecto e desperta sentimentos bagunçados entre si, sejam eles bons ou ruins. Cada linha é parágrafo é tão bem escrito de forma poética e sutil, tornando a leitura uma ação extremamente satisfatória.
"Seco" foi a escolha perfeita para começar essa coletânea, ainda mais após uma introdução impecável. Devo dizer, até os agradecimentos são parte vital nessa leitura.
Junto a "Seco", o último conto "Florescer", foram os meus favoritos, mas todos tem um lugar no meu coração — e nas sombras embaixo da cama.
Os contos de Volp nos convidam a pensar sobre a secura que mora dentro daqueles que foram ensinados a não chorar e convidam à sensibilidade, ao choro, ao carinho, ao amor.
Com descrições femininas muito respeitosas e tramas muito boas, gosto muito da expressão da escrita de Volp em contos. Alguns, inclusive, deveriam ser levados para escolas. Provocariam boas reflexões.
Dei 4 estrelas porque eu não amei todos os contos.
Depois de ler O segredo das larvas, que foi um dos melhores que já li, não esperava menos de Homens pretos (não) choram. Volp é perfeito em tudo que se propõe. Ainda tentando digerir esse livro, cada crônica me afetou de um jeito completamente diferente e positivo, ao mesmo tempo que não acreditava no que estava lendo pela tristeza que causava cada relato.
Sempre fico extremamente impressionada com a sensibilidade que o Volp tem ao falar sobre assuntos como esse e fiquei mais ainda ao ver a delicadeza e a fragilidade exposta nesse livro. Não me sinto no direito de dar nota ao livro, mas é certamente uma leitura que emociona.
"O que é ser homem?", é embasado nessa questão que Volp nos entregou crônicas extremamente potentes.
As histórias são arrebatadoras desde o começo e sempre têm um momento que nos faz ficar boquiaberto, atônito. A escrita de Volp é muito poderosa e isso é perceptível ao longo do livro todo.
As imagens ao longo do livro tornam essa jornada ainda mais maravilhosa.
(4,5 🌟) É tão importante a leitura desse livro, tudo escrito com tanta sensibilidade, me senti muito envolvida com as histórias. Dona Tagarela com certeza é a minha crônica favorita, mas em Meia-noite chorei de uma forma que eu não esperava, afinal como não se impactar com a frase: "Se possível, seja melhor que o seu pai."