De onde veio, como cresceu e quantos perigos venceu para salvar milhares de pessoas em plena Segunda Guerra Mundial?
No final do século XIX, mais precisamente em julho de 1885, o pequeno Aristides nasce e a alegria dos pais é dupla. O nosso protagonista é gémeo de César e os irmãos não podiam - como cedo se percebeu - ser mais diferentes. Na verdade, são o oposto um do outro: Aristides é um rapaz extravagante, fora do vulgar, e o seu irmão é discreto e cumpridor.
Filho de uma família católica, Aristides revela-se um entusiasta dos novos tempos, um amante das coisas belas, dos prazeres, mas, acima de tudo, mostra um grande sentido humano. Aventureiro, segue a carreira diplomática, marcada pelas constantes viagens, e torna-se pai. Mas eis que chega a época de Bordéus, em que a barbárie organizada começa já lançar a sua sombra pela Europa e o mundo. É aí, nesse tempo e nesse lugar, que Aristides se torna verdadeiramente extraordinário para milhares de pessoas, protagonista de uma história real que rivaliza com as mais incríveis páginas de ficção.
Junto ao consulado, multidões quase a perder de vista esperam por uma oportunidade para escapar ao Holocausto, enquanto do governo português chegam ordens para limitar a atribuição de vistos. Mas as tropas alemãs aproximam-se e Aristides assina os documentos, dia e noite, em sentido contrário, correndo contra o tempo, obedecendo aos valores mais altos que se levantam - a vida humana, o altruísmo, a esperança.
Coragem, generosidade, surpresa e heroísmo marcam os episódios de Aristides de Sousa Mendes - Um Herói Português. Como pode um só homem fazer tanto?
Numa obra direccionada para o público francófono, José-Alain Fralon elaborou, de início, uma ligeira contextualização da História portuguesa, sucedida pela acção de Aristides de Sousa Mendes no período pré, durante e pós Segunda Guerra Mundial.
Através de um discurso simples e acessível, inteiramo-nos do seu percurso de vida: de jovem aristocrata que se torna cônsul, a pai de uma numerosa família de catorze filhos, esteve colocado em diversos países, nos quais nem sempre o cumprimento escrupuloso pelas regras se verificou.
Todavia, aquando da sua colocação em Bordéus, enquanto cônsul-geral, surgiu o momento crucial da sua existência. Influenciado pela sua índole cristã, e mesmo consciente das provações a que sujeitaria a família, não pôde ignorar a sua consciência: decidiu salvar todos os refugiados que conseguisse através da autorização e até falsificação de vistos, não contemplando credos, estatutos sociais ou quaisquer outras características dos desesperados fugitivos e ignorando as ordens superiores até à última hipótese.
Porém, julgo que Aristides não imaginaria a proporção, e a tamanha profundidade, que alcançaria o rancor e a desconsideração de Salazar que, não obstante pregar o seu catolicismo, maior devoção tinha à manutenção da ordem e ao cumprimento das suas obrigações e ao zelo pela sua figura de autoridade.
"Depois de uma grande luta interior, tão bem exposta no seu livro, prevaleceu a compaixão e a solidariedade: Aristides obedeceu antes a Deus que aos homens, ou seja, ao imperativo de salvaguarda das exigências de ordem moral e dos direitos fundamentais das pessoas.
Não foi letra morta a confissão cristã proclamada anos antes na pedra dos monumentos, pois que ficou patenteada nas pedras vivas dos milhares que salvou.
Admiro-o muito pela decisão que tomou.
Mas admiro-o ainda mais pela coragem e fortaleza com que enfrentou durante quase catorze anos as injusti[ç]as e dolorossíssimas consequências que sobre ele desabaram. Sem guardar rancor. Sem perder o sorriso."
São estas as palavras de José de Sousa Mendes, sobrinho de Aristides, filho do seu irmão gémeo, César de Sousa Mendes, que melhor ilustram a abnegação deste homem, que findou os seus dias num sofrimento ignoto. Foi notável como as suas origens aristocráticas não impediram a formação de uma integridade devidamente estruturada e de sólidos princípios morais.
Abstraindo-nos do número de socorridos, questão esta polémica, a vida de Aristides de Sousa Mendes é a prova de que nem sempre os justos vencem no imediato, independentemente de se apelar a valores como a justiça, a solidariedade e a compaixão para com o próximo, mas que os frutos medram e que, mais tarde, puderam mesmo ser colhidos através dos que sobreviveram, criaram, amaram e, sobretudo, o estimaram e ainda hoje agradecem pela sua firmeza de carácter.
- Livro que parece mais ter sido escrito por um fã do que por um biografo. - Com uma pesquisa de fraca qualidade, em muito apoiado na pesquisa feita por outros. - Dirigido mais a um público luso-francês do que ao português propriamente dito. - Em grande parte é fastidioso.
"A Good Man in Evil Times" authored by Jose Fralon (1998, 164 pages). This short read documents the life and times of Aristides de Sousa Mendes, a Catholic Portuguese diplomat who served his government as counsel general in Bordeaux, France during WWII. Mendes, (b:1885; d:1954) defied the Nazi sympathizing Salazar regime, issuing visas and passports to thousands of refugees, mostly Jews, fleeing the Nazi’s in May of 1940.
This reviewer found few options when researching Mendes and unfortunately “A Good Man…”, although covering an important topic, is fairly uninspiring. Still, it is an important work as it serves to document the heroism and sacrifice of a person guided by a moral compass that resulted in saving an estimated 10,000 refugees; a compass that led him to a predictable ruin.
A good account of the life of Aristides de Sousa Mendes, a Portuguese man who was the consul general in Bordeaux, France, in June 1940. At that time, a tsunami of refugees were fleeing south through France, many of them trying to reach Lisbon, where they could get ships out of Europe. Sousa Mendes defied his government's direct orders to issue thousands of Portuguese transit visas to these desperate people.
Livro de escrita simples, directa e de fácil leitura.
Têm uma boa abordagem de todos os intervenientes nesta história verífica, e procura sempre indicar as citações e origem das mesmas.
Acaba por contextualizar as pessoas nos tempos ocorridos, desde Fernando Pessoa até ao Mário Soares, das suas visões sobre o Estado Novo e toda a situação ocorrida do Holocausto.
The human and spiritual stature of this now almost forgotten hero, touches one deeply.
The fight he went through, first, within himself, then, against Hithler's injustices and also against the orders of his own government, bring him to a height of sacrifice and rightfulness that contributed to him becoming "righteous among men".
This is the biography of a Portuguese Consul during the beginning of the WWII and its efforts to provide passports/visas to the many people trying to escape the Nazis. Unfortunately for him at the time his actions were considered an act of disobedience to the Portuguese Government (a fascist dictatorship, boasting neutrality but with friendly ties to Nazi Germany), and only in the late 80's was is work finally recognized and praised. Interesting work on an unknown character to the most until very recently. Still, the book is doesn't get many stars from mainly due to the fact that I didn't feel like I got to know who he was. This appeared to me as just a recollection of (significant) historical facts and not much more. Still a pleasant reading. Deserves a few hours of your time.
Finally recognised and honoured long after his death, (but not before he was allowed to die a destroyed and impoverished man) this account of a hero's life is very inspirational. As he said, "I would rather stand with God against man, than with man against God." He and his family paid dearly for his brave stand in Salazar's dictatorship, but thanks to his children and grandchildren, is finally honoured throughout the world.
De Sousa Mendes was responsible for saving the lives of family members of our daughter-in-law. His is an amazing story of writing visas for thousands upon thousands of folks in open defiance of direct orders from Portugal. De Sousa Mendes followed his heart.