Jump to ratings and reviews
Rate this book

O Desconcerto do Mundo

Rate this book
O título sugere uma obra de combate, mas este livro é antes uma meditação conduzida na companhia dos artistas que gemem sob o peso da vocação e queixam-se do mundo. Compõe-se de três no primeiro, que dá à obra o título colhido na Lírica de Camões, Corção procura desvendar em que consiste o “desconcerto” de que tanto se queixa o poeta, e tenta fazer um paralelo entre a experiência poética e a mística, valendo-se principalmente da poesia de Camões. No segundo ensaio vêm diversos estudos de alguns aspectos das obras de Machado de Assis e Eça de Queirós, merecendo especial atenção a interpretação dada para o pessimismo e ceticismo de Machado. Na terceira, são os pintores que comparecem com seus problemas; o autor apresenta a sucessão de escolas, correntes, buscas, tentativas, como uma sucessão de manifestações que se completam e como uma Exposição Universal que se prepara para o dia do Juízo Final. Debaixo da diversidade de assuntos o leitor encontrará a unidade do problema central, que é a pungente interrogação que todos os artistas de todos os tempos põem em suas obras, cada um com seus recursos, e que Gauguin “De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?”.

220 pages, Paperback

First published January 1, 1965

51 people want to read

About the author

Gustavo Corção

34 books43 followers
Gustavo Corção foi um escritor e pensador católico brasileiro, autor de diversos livros sobre política e conduta, além de um romance. Foi membro da antiga União Democrática Nacional (UDN) e um expoente do pensamento conservador no Brasil.
Sua obra é influenciada pelo Distributismo, a apologia católica do escritor inglês G.K. Chesterton, influência extensamente explicada no seu ensaio Três Alqueires e uma Vaca. Entretanto, uma outra influência sobre o seu pensamento veio do filósofo Jacques Maritain.
Formado engenheiro, Corção só obteve notoriedade no campo das idéias aos 48 anos, ao publicar o livro A Descoberta do Outro, narrativa autobiográfica de sua conversão ao catolicismo (influenciado por Alceu Amoroso Lima). Como engenheiro, era um apaixonado pela eletrônica. Foi durante anos professor dessa disciplina na Escola técnica do Exército, atual Instituto Militar de Engenharia. O amor à eletrônica e à música sacra levou-o a ser um estudioso e intérprete de órgão Hammond. Este instrumento musical tornou-se uma de suas paixões, tanto pela engenhosidade de sua construção como por sua sonoridade.
Sua produção literária e seu estilo foram considerados por muitos na mesma altura da de Machado de Assis, autor que o inspirou a produzir e publicar uma antologia (de Assis).
Sobre Gustavo Corção, Raquel de Queiroz afirmou em 1971: “A maioria dos brasileiros conhecem duas faces de Gustavo Corção. Uma, a do escritor exímio, a usar como ninguém a língua portuguesa, o autor que, vivo ainda, graças a Deus, é um indiscutível clássico da literatura nacional. [...] A segunda face é a do anjo combatente, de gládio na mão, a castigar os impostores que vivem a gritar o nome de Deus e da Sua Igreja, não para os louvar, antes para apregoar na feira inocente-útil do ‘progressismo’.
O pensamento de Gustavo Corção caracteriza-se por uma postura política conservadora, inimiga do catolicismo liberal e favorável ao diálogo com a esquerda, representado por Alceu Amoroso Lima, Sobral Pinto, e Dom Hélder Câmara, e pela defesa do tradicionalismo litúrgico e doutrinário, o que o colocou em posição de antagonismo em relação à Igreja que emergiu do Concílio Vaticano II; concílio convocado pelo Papa João XXIII e encerrado pelo Papa Paulo VI.
Corção apoiou a derrubada do governo de João Goulart pelo movimento encabeçado pelos militares, em 1964, pois entendia que esse governo abria as portas para o comunismo e, consequentemente, para a influência soviética no Brasil, implicando no fim da democracia e das liberdades individuais, incluindo a liberdade de possuir uma fé religiosa.
Suas polêmicas com católicos menos conservadores e com as esquerdas, ocorriam em grandes jornais como O Globo, Rio de Janeiro e O Estado de São Paulo.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
12 (54%)
4 stars
7 (31%)
3 stars
3 (13%)
2 stars
0 (0%)
1 star
0 (0%)
Displaying 1 of 1 review
Profile Image for Fabrício.
14 reviews
November 25, 2019
Este conjunto de três ensaios de Gustavo Corção foi finalmente reeditado e é uma excelente oportunidade para conhecer a obra do autor.
Evidentemente um homem culto, dotado de um conjunto de referências muito vasto, Gustavo Corção apresenta em "O Desconcerto do Mundo" três ensaios cuja linha que os permeia é o drama humano. Os três são excelentes, mas é preciso dar destaque especial ao segundo ensaio, sobre Machado de Assis, que apresenta uma luz singular à obra e ao homem que a concebeu. Para exemplificar, coloco aqui um pequeno trecho que revela a profundidade e o alcance de vista que Machado possui em relação ao que é eterno em meio ao que é efêmero:
"Os fatos são sérios, mas não podem ser levados a sério com aquele estilo solene e grave que falta, felizmente, ao escriba de coisas miúdas [Machado]. A atualidade merece atenção curiosa, mas não merece todo o empenho da alma míope que vê coisas maiores nas coisas menores. E é por isso, justamente por isso, que até hoje têm atualidade as crônicas de Machado, e é por isso que envelhecem depressa as crônicas que se submetem aos prestígios da atualidade".
Por fim, Gustavo Corção é um ótimo escritor brasileiro, autor de ensaios valiosos e que, infelizmente, é muito menos lido do que merecia.
Displaying 1 of 1 review

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.