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O Desejo dos Outros: Uma Etnografia dos Sonhos Yanomami

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Em O desejo dos outros, Hanna Limulja oferece uma porta de entrada ao mundo yanomami através dos seus sonhos. Com o que sonham? O que significa sonhar e por que é importante? Entre os Yanomami, os sonhos não são desejos inconscientes do sujeito, como descreve a psicanálise: sonhar é habitar outros mundos, deparar com outros seres e, nesses encontros, mobilizar-se pelo desejo dos outros. Além disso, o sonho, especialmente ao ser socializado, adquire funções práticas, desempenhando um papel político no dia a dia da comunidade: sonhar com inimigo é motivo para atentar-se bem aos entornos da maloca no dia seguinte; se no sonho a pessoa aparece ricamente adornada, como se estivesse já no mundo dos mortos, é preciso zelar por sua segurança, para mantê-la neste mundo. Aqui o que importa para Limulja (e para os Yanomami) não é tanto a interpretação do sonho quanto o que se pode e deve ser feito com ele. Todos sonham, mas os xamãs são aqueles que dominam o sonhar, pois é através deste que viajam e se abrem para a alteridade, o desconhecido, o distante, e podem conhecer mundos onde nunca estiveram. Xamã yanomami, Davi Kopenawa diz que os napë pë (os brancos) não sabem sonhar. Sonham apenas consigo mesmos, com seu mundo familiar e suas preocupações particulares. Ao passo que o yanomami que sabe sonhar, que envolve saber o que fazer do próprio sonho, desbrava o mundo e aprende com os outros. No momento em que se comemoram 30 anos da homologação da Terra Indígena Yanomami, este livro da antropóloga Hanna Limulja alerta para a importância do sonhar para a resistência indígena. “Apresento os sonhos yanomami às pessoas que nunca sonharam a floresta e que talvez nunca tenham ouvido falar dos Yanomami. Para que conheçam um pouco de sua história, de suas vidas, de seus pensamentos, e para que possam, por sua vez, sonhar com outro modo de ser que, diferente do nosso, e por isso mesmo, tem muito a nos ensinar.”

192 pages, Paperback

Published April 25, 2022

79 people are currently reading
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About the author

Hanna Limulja

3 books4 followers
Hanna Cibele Lins Rocha Limulja nasceu em 2 de abril de 1982, em São Paulo. É graduada (2005) em ciências sociais pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e mestre (2007) e doutora (2019) em antropologia social pela mesma instituição. Trabalha com os Yanomami desde 2008, tendo atuado em ONGs no Brasil e no exterior, como Comissão Pró-Yanomami (CCPY), Instituto Socioambiental (ISA), Wataniba e Survival International. Atualmente trabalha em um projeto de promoção e atendimento à saúde yanomami e dos povos indígenas do DSEI Leste de Roraima. Integra a Rede Pró-Yanomami e Ye’kwana, criada em 2020 por um coletivo de pesquisadores e aliados na luta pela garantia dos direitos territoriais, culturais e políticos desses povos.

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2 (<1%)
Displaying 1 - 30 of 64 reviews
Profile Image for Tainá Piccolo.
153 reviews8 followers
May 15, 2023
quem sonha apenas consigo nunca sai de si; e, nesse caso, o mundo se torna pequeno demais.
Profile Image for thaís bambozzi.
272 reviews46 followers
August 4, 2022
esse livro mexeu bastante comigo e com meus sonhos. nesse período de leitura tive a oportunidade de ouvir davi kopenawa ao vivo no instituto moreira salles, junto com carlos zacquini, mariana lacerda, joseca yanomami e peter pál pelbart. foi um momento lindo de encher o coração. na ocasião, assistimos juntos gyuri (infelizmente a claudia andujar não conseguiu chegar). não sei muito o que escrever, há trechos que percorrem e voltam para mim a todo instante. leiam, só leiam.
Profile Image for Felipe Beirigo.
210 reviews19 followers
July 24, 2022
É lokinho! Essa parada de sonho é sempre fascinante e impressiona como os yanomami abordam isso! O onírico é uma "continuação" do estado de vigília. MAAAAAS senti umas enchida de linguiça por parte da autora. Lá pelo 3º capítulo da pra sacar isso pq começa a dar uma cansada na leitura. Enfim. Sonhar é Loko, fi.
Profile Image for yagho szulik.
74 reviews3 followers
February 5, 2023
ai cara sabe... não sei nem o que falar direito, mas esse livro é uma lição de vida em muitos aspectos, além de ser instigante, curioso e fácil de ler. incrível.
Profile Image for Mariana Almeida.
49 reviews6 followers
May 5, 2023
"O desejo dos outros: uma etnografia dos sonhos yanomami", da antropóloga paulista Hanna Limulja, é um convite a deixarmos de lado a nossa prepotência, calcada num etnocentrismo enraizado, para conhecermos uma nova forma de entender o sonho, o ato de sonhar e o sonhador.

Para os Yanomami, aquilo que é experimentado durante o sono - a realidade onírica - é tão importante quanto o que é vivenciado em vigília. Nesse instigante trabalho etnográfico, entramos em contato com uma cultura que concebe o sonho como um poderoso edificador da realidade. Todas as decisões tomadas pelas tribos perpassam o sonho, bem como as suas normas sociais, costumes e mitologias.

Testemunhamos hoje um dos períodos mais críticos da história do povo Yanomami - a área total devastada pela atividade garimpeira ultrapassou, nos últimos anos, mais de 3 mil hectares. Nesse contexto, a defesa dessa população e de sua cultura se mostra imprescindível, mas como proteger algo desconhecido por nós? Qual a forma mais eficaz de fazê-lo?

A resposta da última pergunta não é simples, tampouco objetiva, porém penso que a humanização e a construção de um vínculo afetivo com os Yanomami é um dos passos mais importantes - e Hanna Limulja, nesse sentido, faz um belíssimo trabalho.

Gostei muito e recomendo, sobretudo àqueles que se interessam por antropologia, e pela imersão em diferentes culturas.
Profile Image for paulinha .
71 reviews2 followers
September 24, 2024
Às vezes eu tenho muito pé atrás com antropólogos, mas outras vezes eu deixo de lado a implicância quando vem esses trabalhos bastante cuidadosos e bonitos. O livro de Hanna Limulja foi uma grata surpresa e com certeza um grande transformador quando eu penso na psicologia. Para repensar o corpo, para repensar o sonho, para repensar as relações com a alteridade, para repensar essa crise climática anunciada. Não acho que se trata de uma romantização, pelo contrário, acho que ele vem pra mim como uma possibilidade de pensar a complexidade de mais perto. Para além dos relatos históricos e antropológicos super distantes, para além da psicologia que se mantém no básico da decolonialidade ou seja lá o que se propõem, gosto como ele conversa, tão imagético e potente, e inspira a querer ver mais além. No sonho, na imagem, no dimensão em que se pode ver o que não se vê de dia.
Profile Image for Leticia.
77 reviews
October 15, 2024
a potência do sonho é tão diminuída no Ocidente que ler esse livro é deleitar-se nas outras possibilidades de vida. e se o sonho, para mim também, fosse mais do que a manifestação do inconsciente? e se fosse o desejo dos outros? e se eu me deixasse transformar pelo sonho e, a partir disso, mudasse o mundo?

é por isso que a antropologia é tão incrível. essas pontes que podem ser construídas de conhecimentos de mundos são a melhor coisa. e, após essa leitura, compreendendo mais sobre os Yanomami, me sinto preparada para ler a queda do céu (que venho adiando por conta do tamanho).

para lembrar:

🐶 os cachorros também sonham!

💭 "a pessoa que sonha é objeto de desejo da pessoa com quem sonha e, portanto, encontra-se em uma situação vulnerável em relação a esse outro"

✨️ o sonho é uma forma de conhecimento, quem sonha muito é sábio.
Profile Image for Alana Piccoli.
12 reviews
September 25, 2024
É sempre muito bem vindo procurar saber de novas culturas, principalmente as do nosso país, esse livro me abriu o pensamentos para novas perspectivas e até conversei com a minha prof de geografia sobre: de como os Yanomami vivem em comunidades enormes e eles tem o próprio “sistema” deles, inclusive de crenças e como isso é pouquíssimo falado, ou taxado de loucura. Fico contente de ter lido ele, leiam mais sobre culturas indígenas! O cristianismo e o catolicismo nos deixam mt cegos para novos horizontes.

Em relação ao livro, talvez eu tenha sentido que tenha ficado um pouco repetitivo, não sei se é porque um tema em específico, talvez ele pudesse ter sido mais curto.
Profile Image for Natalia Rodrigues.
195 reviews1 follower
December 30, 2022
Depois de ouvir a Hanna falar sobre a pesquisa e o trabalho dela durante a Flip 2022, fiquei muito interessada em saber mais e fui atrás do livro. Sua linguagem é bem acessível, mostra a cultura Yanomami e sua relação com o sonhar de uma forma clara, gostei muito. Já estou pronta pra começar a ler A queda do céu, de Davi Kopenawa, depois dessa ótima introdução.
Profile Image for Mateus Odilon.
68 reviews1 follower
March 12, 2024
Ganhei de presente e confesso que tive um pouco de pé atrás: da palavra etnografia, de uma possível linguagem acadêmica que tenho preguiça, etc. Mas é bom demais estar errado!

O livro é acessível sem deixar de ser profundo. É sensível sem deixar de ser acadêmico. Ficou ao fim uma vontade de continuar dentro do universo Yanomami e de conversar com a Hanna sobre as partes da experiência dela lá que não couberam nessas quase 200 páginas.
Profile Image for Luiz Fujita Junior.
102 reviews1 follower
August 17, 2023
Ótimo para entender como os Yanomami encaram os sonhos. É uma forma muito diferente dos brancos e muito mais complexa que considerar meras premonições. E é incrível como essa forma de significação possa fazer diferença na forma de estar no mundo, no respeito à natureza, enfim, nos princípios a que se presta comprometimento.

Achei somente um tanto repetitivo. Talvez por ser originário de uma produção acadêmica, muitos conceitos e explicações são retomados e explanados novamente ao longo do livro.
Profile Image for Ariel Ak.
7 reviews2 followers
September 4, 2023
Livro fraco. Há passagens muito intrigantes, mas faltam clareza e organização, com severos danos para o entendimento do trabalho. Relatos são agrupados mas não aproximados, fios são iniciados mas não completados, ideias são sugeridas mas não desenvolvidas. Uma pena.
Profile Image for Fernando.
8 reviews1 follower
February 21, 2023
A pesquisa de doutorado da Hanna Limulja é extremamente necessária. Leitura fundamental para entender um pouco mais a respeito dos povos originários, principalmente depois de um (des)governo genocida. A grandiosidade do livro, pra mim, está na ruptura com a psicanálise freudiana. O sonho, aqui, é sonho, mito, fala e generosidade.
Profile Image for Maria Raquel Albuquerque.
4 reviews7 followers
November 24, 2025
“Ao fazer do sonhos parte constituinte de seu pensamento, os Yanomami ampliaram e moldaram sua forma de conhecer o mundo. Em um mundo onde tudo pode ser sonhado, nada é novo, ou melhor, o novo é sempre percebido como parte de algo que já foi visto em sonho e que, portanto, já é conhecimento de antemão”
Profile Image for fábio kelbert.
30 reviews
January 8, 2024
"[...] Portanto, ser xi ihete (generoso) significa estabelecer relações, construir alianças por meio da troca. Siginifica relacionar-se com os de fora, sair dos seus e se abrir para o perigoso mundo da alteridade. É por isso que, para ser generoso, é preciso ter coragem. Ser um yanomami yai é ser, antes de tudo, waitheri." :)
Profile Image for Rhiana Ghissardi.
19 reviews
October 10, 2023
O tema é interessante mas a escrita é bastante repetitiva, poderia ter metade do número de páginas
Profile Image for Lia.
6 reviews
February 20, 2024
muito interessante e educativo mas muitas informações repetidas sem nexo, às vezes parecia que os parágrafos eram meio soltos
1 review
February 17, 2023
De maneira geral, o livro é fruto de extenso material etnográfico com os Yanomami do Pya Ú, mais especificamente em Toototopi - TI (cortada pelo rio de mesmo nome). Metodologicamente, a autora se propôs a recolher mais de 100 sonhos em língua Yanomae, ultrapassando mais de 30 horas de gravação em períodos de trabalho de campo como parte de sua pesquisa.
Ao passear por esses aspectos "técnicos" é importante ressaltar sobre os percalços de uma pesquisa científica executada em TI, sobre a imprescindibilidade de uma metodologia serena, sobre a precisão analítica encontrada em vigor na antropologia brasileira, sobre o encontro etnográfico e de sua mágica (ver STOCKING, 1992). São também questões que surgem a partir de uma leitura que admirou-se pela forma como a autora escreveu aquele que vem a ser mais um trabalho disponibilizado em língua portuguesa sobre os Yanomamis. O livro com prefácio de Rrenato Stutzman, dividido em 5 capítulos e conclusão arrebatadora, busca contribuir com uma nova percepção seguindo o caminho dos sonhos, não podendo ser confundindo com uma empreitada psicanalítica, mas com fôlego e resultado de uma etapa primorosa do trabalho antropológico, enriquecido de suas nuances.

Mitos, cosmologias, rituais, são apenas alguns dos interstícios da vida dessas pessoas que a antropóloga-autora busca acessar, uma vez que os sonhos são levados a acionar protagonismo narrativo intermitente dentro da obra, percebemos mundos e céus xamânicos, que contados em primeira pessoa, servem de porta inicial para a alteridade Indígena. No mais, gostaria de ressaltar que para além que uma interpretação mitológica utilizando recurso levis-straussiano, vemos a incidência de sonhos que carregam agências, poder e uma outra cosmopolítica (ver Stengers, 2018). Pensar através da resistência Indígena e executar esforços a partir dela e com ela, é também sobre redimensionar lugares, repensar categorias e suspender a insistente dualidade de si na escrita do outro. Além do mais, se torna evidente o artifício em que a escrita sobre os Yanomami nesse caso é desdobrada, em um plano onírico que não se separa da política de morte em que os Povos Indígenas são submetidos nesse país, mas também de suas vidas, dia e noite. Vale muito a leitura (:
Profile Image for Daniel Duarte.
76 reviews2 followers
June 5, 2023

Como bom trabalho de antropologia, oferece aos leitores uma perspectiva do mundo a partir de outra cultura, onde alguns pontos coincidem, outros estão invertidos e as relações se modificam oferecendo uma imagem outra do mundo (e de tabela, de nós mesmos).


Os sonhos são a matéria-prima da análise no livro, mas dado que sua função na sociedade Yanomami é bastante diferente daquela que restou às culturas ocidentais, somos forçados a encarar uma realidade na qual o sonho não é apenas a manifestação privada das instâncias mais íntimas do próprio sonhador. Para os Yanomamis, o sonho é parte da vida coletiva, é socializado e frequentemente invadido pelo outro. As narrativas de sonho podem determinar o rumo dos acontecimentos na aldeia e constituem a base do conhecimento, quem sonha com um lugar distante passa a ter conhecimento sobre esse lugar. Ainda mais impressionante é a operação de inversão que operam (inversão em relação ao ocidente e às ideias freudianas, claro) ao entender que é o desejo do outro que se manifesta no sonho: quando os Yanomami sonham com alguém distante é esse ausente que sente saudades, ou seja, o objeto do sonho (com quem se sonha) é o sujeito do sentimento (saudade). É o desejo dessa pessoa distante que invade o sonho.


Há ainda muitas questões formuladas no livro a respeito dos diferentes registros sonho/vigília; da noite e dia, na verdade, a noite é o dia dos espíritos; do delírio sob efeito da yakoãna e do sonho, não são a mesma coisa, mas não há diferença clara entre ambos; entre a imagem (utupë) e o corpo... Mas a simples oposição não define a relação entre essas instâncias. Podem se opor sob alguns aspectos, mas por outros encontram-se em um mesmo continuum tal qual os lados de uma fita de Moebius.

Profile Image for Effe.
2 reviews
January 26, 2023
Leitura fascinante! Uma etnografia muito interessante da parte de Hanna, que incrível foi adentrar esse mundo onírico yanomami! Volto aqui depois de alguns meses após a leitura. A obra me serviu como uma bagagem para assuntos que ultimamente tem me interessado, qual posso nomear agora como uma desnaturalização civilizatório (Frédéric Gros, em Caminhar: uma filosofia; Walden ou a Vida nos Bosques de Thoreau foram as leituras que me acompanharam até então, além de Tim Ingold).

Tive o prazer de no momento da leitura ter presenciado o Davi em três momentos: o primeiro, em um evento de comemoração a 30 anos da demarcação do território yanomami (UFRR); o segundo, no lançamento da presente obra na UFRR, junto com a autora, claro; e o terceiro, em sua cerimônia de recebimento do título doutor Honoris Causa da UFRR. Não me recordo se esta foi a real ordem.

É uma leitura que mexe com a gente, que nos leva a questionar que até nossos sonhos são comprometidos por estruturas colonizadoras (modernas), somos escravizados até através dos sonhos. Não sabemos sonhar mais com o essencial e com o que é profundo na definição das coisas. É um alerta decolonial.
Profile Image for Mariana.
1 review
April 28, 2023
Terminei agora e estou maravilhada, com o livro todo sublinhado e cheio de anotações, o que posso dizer é: Leiam!
Enquanto lia, foi me trazendo reflexões profundas sobre a forma que estamos habitando e interagindo com a vida e, digo vida no sentido mais amplo possível! Aos poucos foi descolando essa mentalidade antropocêntrica, que até então me parecia ser a única forma de ver o mundo, não sei nem dizer se já havia me questionado em relação a isso antes...
A forma como o saber dos Yanomami se constrói a partir dos sonhos e a quebra das barreiras do mito/sonho, coletivo/individual é um convite para transformar a nossa visão sobre a vida.
A Hanna teve o cuidado de costurar todo o livro a partir da língua yanomae, trazendo constantemente sobre construção das palavras, os radicais usados, os verbos, etc., deixando esse livro ainda mais fascinante.
Mergulhe nesse livro, permita-se sair de si.
9 reviews
December 16, 2025
O desejo dos outros é um livro delicado e profundo sobre os sonhos entre os Yanomamis, não como devaneios individuais, mas como matéria viva da coletividade. Hanna Limulja nos conduz por um universo em que sonhar é uma forma de conhecimento, de comunicação e de relação com o mundo. Os sonhos carregam peso, responsabilidade e sentido: anunciam futuros, remontam mitos originários, elaboram perdas e organizam a relação entre morte, saudade e o desejo que vem do outro.

A leitura se torna ainda mais potente quando feita após A queda do céu, de Davi Kopenawa e Bruce Albert. Se ali somos apresentados à vastidão da cosmologia Yanomami, aqui Limulja realiza um recorte preciso e sensível: o lugar dos sonhos dentro dessa arquitetura do mundo. O sonho aparece como espaço de passagem — entre tempos, entre vivos e mortos, entre humanos e espíritos — e como ferramenta para interpretar acontecimentos, orientar decisões e sustentar a memória coletiva.
Profile Image for Renan Araujo.
5 reviews2 followers
May 14, 2022
Em alguns momentos senti que houve uma certa repetição, depois me dei conta que essa repetição foi proveitosa não só para entender o assunto (sonho yanomami), mas também na hora de relatar certos sonhos e mitos, pois pega mais fielmente a forma como aquilo foi contado.
A escrita de Limulja é muito boa e torna fácil a compreensão do livro, apesar de, para mim, a antropologia se mostrar como uma área de difícil compreensão (enquanto economista, textos de economia, sociologia e ciência política se mostram muito mais fáceis do que os de antropologia). O livro com certeza alimentou meu desejo pela leitura de outras obras da área.

Sendo meu primeiro livro do Circuito Ubu, fico feliz por ter assinado e recomendo a todos àqueles que têm curiosidade em uma leitura de não-ficção diversa.
Profile Image for Marta D'Agord.
226 reviews16 followers
December 31, 2022
O livro apresenta referências em Antropologia não apenas como livros (Lévi-Strauss, Viveiros de Castro) mas o contato pessoal que a autora teve com Viveiros de Castro, Davi Kopenawa e Bruce Albert para a realização da pesquisa.

Em seus primeiros contatos com os Yanomami, a antropóloga descobriu, por acaso, a valorização do sonhar no contexto coletivo: a narrativa do sonho está incluída nas formas de convívio no grupo. A autora ainda analisa a continuidade entre espaço-tempo, vigília e sonho, dia e noite, utilizando o modelo topológica da fita de Moebius. Os Yanomami consideram o sonho como uma mensagem que provém de um outro, alguém que está distante ou morto. Essa mensagem será considerada tanto pelo sonhador como pelo grupo.

Profile Image for Nalu Rosa.
6 reviews2 followers
May 31, 2025
Que bom que existem publicações sobre o tema, porém esse livro, infelizmente, não foi bem feito. A escrita é muito repetitiva, as únicas partes que realmente valeram a pena - que agregou, de fato -, na minha opinião, foram o prefácio e alguns relatos mitológicos. Mas Hanna se repete, o que me deixou com vontade de falar, em vários momentos: "você já disse isso, eu já entendi!", ou "eu entendi o que tal pessoa disse no relato transcrito, você não precisa dizer novamente!".
O primeiro capítulo é basicamente um resumo de parte do livro escrito por Kopenawa e Bruce Albert. O assunto é interessantíssimo, então talvez o mais sensato seja ler A queda do céu, que foi tão citado em O desejo dos outros.
Profile Image for Tiago Kietzmann.
248 reviews2 followers
June 4, 2024
Conheci o livro por recomendação de uma amiga, nunca tinha lido um etnografia, não trabalho com ciências sociais e tenho pouquíssimo conhecimento a respeito da história e cultura Yanomami. Com isso, fiquei apreensivo de ter dificuldade para ler e apreender algo, mas foi uma grata surpresa como o texto flui, as ideias são claras, bem organizadas e os conceitos são abordados de forma profunda e acessível.

Não tenho dúvidas de que especialistas têm outra leitura do texto com muito mais apropriação, mas for excelente ter esse contato, de forma ingênua tenho refletido muito sobre a leitura e uma provocação surge para ler ainda outros textos.
Profile Image for mariakpa.
47 reviews
January 17, 2025
“Ao fazer dos sonhos parte constituinte de seu pensamento, os Yanomami ampliaram e moldaram sua forma de conhecer o mundo. Assim, em um mundo onde tudo pode ser sonhado, nada é novo, ou melhor, o novo é sempre percebido como parte de algo que já foi visto em sonho e que, portanto, já é conhecido de antemão. Lembro mais uma vez dos sonhos em que os Yanomami viajam a lugares onde nunca estiveram, mas que afirmam conhecer por terem estado lá em sonho.

O sonho é uma das portas de entrada de tudo que é desconhecido, que então passa a ser próximo e fazer sentido. Todos têm acesso a essa dimensão, guardadas as devidas diferenças, que variam de acordo com as experiências da vigília.”
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