Em sua primeira incursão pelo ensaio autobiográfico, a romancista e poeta Adriana Lisboa parte do acontecimento da morte de seus pais (ela em 2014, ele em 2021) e trilha um caminho de reflexões em torno da finitude e do luto, o que também quer dizer em torno da vida e do mistério, da memória e do amor. Nesta travessia em primeira pessoa, passeamos com ela por diversas paisagens: as árvores do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, as letras de outros autores, as lembranças familiares – o dentro e o fora em fricção e sem intermediários. Em suas próprias palavras: “A porta giratória do mundo. Carnaval, Día de muertos, procissão, templo, floresta, arranha-céu. Uma banana e um bem-te-vi”
A escritora brasileira Adriana Lisboa nasceu no Rio de Janeiro. Publicou doze livros, entre os quais seis romances, uma coletânea de poesia, uma coleânea de narrativas breves e livros para crianças e jovens. Seus livros foram traduzidos para nove idiomas, entre os quais inglês, alemão, espanhol, francês e árabe, e publicados em treze países.
Ganhou o Prêmio José Saramago pelo romance Sinfonia em branco, uma bolsa da Fundação Japão para o romance Rakushisha, uma bolsa da Fundação Biblioteca Nacional, no Brasil, e o prêmio de autor revelação da FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil) por seu livro de poesia para crianças, Língua de trapos. Em 2007, o Hay Festival/Bogotá Capital Mundial do Livro incluiu-a na lista dos 39 mais importantes autores latino-americanos até 39 anos de idade.
Graduada em música pela UniRio, com mestrado em literatura brasileira e doutorado em literatura comparada pela Uerj, Adriana Lisboa viveu na França – onde atuou como cantora de música popular brasileira – e atualmente mora nos Estados Unidos, no Colorado.
Li esse livro em um só dia. Apesar da leitura rápida, precisei de algumas pausas para reler, processar e me recuperar de certas passagens.
No últimos tempos tenho tentado ler mais livros que abordam os temas do luto e da morte - começando com ‘A Ridícula Ideia de Nunca Mais te Ver’, da Rosa Monteiro, que é mencionado algumas vezes ao longo desse livro - e passando pela obra da Ana Claudia Quintana Arantes, médica e escritora brasileira que tem ajudado a popularizar o tema no Brasil. Mas não tem como comparar essa obra da Adriana Lisboa com nenhuma das outras.
Esse livro é poesia em forma de obra auto biográfica. Leveza e sutileza, e de uma beleza tão profunda que ainda não consigo achar as palavras certas para descrever. Ela associa a vida ao esquecimento, a morte à vida e o luto à beleza (os flamboyants, os vaga lumes, os ipês). Aliás, a natureza tá muito presente, porque se entrelaça também como parte de nós. Um dos livros mais tocantes que já li.
‘O fato de saber que eles existiam era uma casa. Eles eram o meu país natal.’
‘A porta giratória do mundo. Carnaval, Dia de Muertos, procissão, templo, floresta e arranha-céu. Uma banana e um bem-te-vi.’
‘E no entanto, há os tais corações brilhando no peito do mundo, vaga lumes que recusam a extinção. Brilhamos com eles. Dançamos com eles, de improviso, nesse hoje que é todo o tempo que existe.’
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narrativa leve e repleta de referências à outras literaturas de mesma temática que complementam a escrita de Lisboa. a autora tece uma trilha de reflexões imagéticas diante da vida e morte. foi meu primeiro livro de Lisboa, e mal posso esperar para me aprofundar em seu trabalho.
maravilhoso. perdi meu pai há 1 mês; 13 anos após ter pedido minha mãe e me identifiquei com muitos dos sentimentos e reflexões descritos pela Adriana neste livro. relato sensível e profundo.