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Luz/Negra

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352 pages, Paperback

Published May 1, 2022

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Luís Rainha

8 books2 followers

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Profile Image for Paulo Bugalho.
Author 2 books72 followers
August 24, 2023
O mundo caiu na Depressão, o aquecimento global fez arder países (rings a bell?) e um enorme colapso anímico põe a gente em ataques de loucura, agressões sem fito próprio, aleatórias, seguidas de suicídio. Em crise pós falência conjugal, um escritor-publicitário vê-se metido numa conspiração internacional, relacionada com um ensaio secreto destinado a experimentar sem grande ética um miraculoso antidepressivo que salve as pessoas de se esfaquearem umas às outras. Escrita em formato tête-bêche (tem duas narrativas diferentes constituindo metades invertidas do livro, duas capas e nenhuma contra capa - é pesquisarem), contem a mesma história geral contada duas vezes, com variações de enredo em género de universo alternativo, sendo que Luz (que foi por onde começámos) mostra uma sucessão de eventos mais generosa para o protagonista que Negra (como os títulos fariam prever). Ambas contêm ainda esboços das tentativas literárias do protagonista (em crise criativa), também com versões alternativas da biografia do mesmo mas escritas sob a forma de pastiche, uma em modo queirosiano e outra nitidamente inspirada nos magníficos delírios de Ballard. Há reenvios, sugestões dadas num lado, como a importância das cenas de sexo para instigar o leitor, que parecem ser aproveitadas no outro. Em todas as versões, a nítida suspeita do protagonista de que alguém lhe anda a escrever a história...
O livro destaca-se pela imaginação, pela noção de jogo, que é coisa que não abunda na literatura portuguesa, pouca dada a brincadeiras. Digo daquela imaginação capaz de gerar sistemas, mantê-los e cuidar com desvelo das suas voltas. Aguentar a ciência necessária sem que ela seja um adereço feito à pressa, apresentar o novo mundo sem parecer didáctico, dar espessura aos personagens para que eles não sejam apenas títeres do enredo que inventámos. Este romance goza o jogo que cria e mesmo assim tem mão para nos contar com tacto as voltas cerebrais dos personagens. Isto não é pouco. É claro que gostaríamos de ouvir uma voz mais pessoal no estilo claro e quase imaculado, e também é verdade que às vezes sentimos excessivo o uso dos pronomes pessoais (o que talvez aponte o hábito de ler muito em inglês). Ou escusáveis as referências culturais em chamadas de página. E também não podemos esconder que às vezes o livro acusa o esforço de manter o interesse de uma história que é contada duas vezes, mesmo que diferentemente detalhada (incluindo uma estranha fusão de realidades, que dá o toque fantástico pretendido sob a forma de um vídeo cuja verdade se altera (o leitor lerá).
Em suma, coisa diferente, esta, sem arrebiques, nem sentimentalismos. E dotada (damos graças) da tal da inventividade.
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