A linguagem como elemento fundamental da complexa anatomia de uma amizade é o pano de fundo deste romance, vencedor do VI Prêmio Cepe Nacional de Literatura em 2021 (melhor romance) e do Prêmio Jabuti em 2023 (escritor estreante). Ao desaparecer seu amigo de infância, o narrador mergulha nos rastros da amizade, na tentativa de desvendar a história por trás do mistério.
Não terminei de ler, confesso, não sem antes (porém) confessar algo mais: leio com um sorriso no canto da boca. Explico: É impressionante como ele, Paulo, escreve com uma estilistica única; confesso (uma terceira vez) que eu escrevo exatamente assim, como Paulo, numa conversar de bar passando de um assunto a outro sem atalhos, apenas no fio da meada; naquilo que eu chamo, no meu íntimo, uma escrita "fractal". acho q deu para perceber o meu gosto pessoal achando, ingenuamente, que ninguem mais escreveria dessa maneira, quando eu encontro, uma vez mais, ele, paulo no extremo oposto ao meu. Ele no Oeste eu no Leste. Gostei muito do estilo, mesmo sem terminar, deixando a minha analise mesmo q breve, pessoal e profissional daquilo que encaro a partir de agora o meu nemesis. Finalmente, encontrei o meu doppelganger literário! Obrigatório. 5 estrelas!
Ótimo romance da literatura contemporânea brasileira — uma obra que merece mais atenção. O relato, ou quase diálogo, entre dois amigos, é permeado por ausências e atravessa tópicos como memória, linguagem, a história do oeste paranaense e o inexorável progresso.
A voz narrativa, por vezes, lembra os excelentes narradores bernhardianos, enquanto as ramificações das digressões e das teias de temas tecidas — e entremeadas de fotografias — remetem ao estilo característico do viajante peregrino e melancólico de Sebald (com explícitas referências benjaminianas).
Lembrou-me outro ótimo contemporâneo: Austral, do costa-riquenho Carlos Fonseca, um romance sobre memória, linguagem e violência latino-americana, de verve também claramente sebaldiana.