Inspirado em um crime real ocorrido na capital gaúcha, Diorama é um misto de coming of age e romance policial, marcado por deslocamentos, questões de sexualidade e feridas que nunca cicatrizam; um estudo único sobre as marcas deixadas em famílias desfeitas pelo crime e pelo preconceito.
Uma caçada em família no pampa gaúcho. Uma taxidermista restaurando animais em um museu de história natural. Um deputado morto com um tiro de espingarda na retomada da democracia brasileira. Um romance que precisa ser mantido em segredo devido ao preconceito. Essas cenas tão vívidas são apenas algumas das que se entrelaçam em um livro sensível e envolvente, o primeiro desde que Carol Bensimon venceu o prêmio Jabuti de melhor romance com O clube dos jardineiros de fumaça. Narrado por Cecília Matzenbacher, Diorama percorre os meandros de uma existência marcada por um crime brutal. Enquanto a protagonista adulta tenta manter de pé a vida refeita nos Estados Unidos, sua versão criança leva o leitor de volta à Porto Alegre dos anos 1980, revelando pouco a pouco os detalhes íntimos e políticos de um assassinato que marcou o Rio Grande do Sul. Somam-se a isso múltiplas vozes de testemunhas e envolvidos, que erguem um universo agridoce de relações estilhaçadas, segredos e violência sempre à espreita. Em uma prosa cinematográfica, embalada a rock e entremeada por reflexões sobre a natureza e sobre as fraturas que carregamos, Bensimon constrói em Diorama uma comovente história familiar.
Nasceu em Porto Alegre, em 1982. Seu primeiro livro, Pó de Parede (Não Editora), um tríptico de novelas, foi publicado em 2008, enquanto cursava o mestrado em Escrita Criativa na PUCRS. Depois, publicou três romances, todos pela Companhia das Letras: Sinuca Embaixo d'Água (2009), Todos Nós Adorávamos Caubóis (2013) e O Clube dos Jardineiros de Fumaça (2017). Em 2012, foi incluída na edição Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros da revista britânica Granta. Seus livros foram publicados na Argentina e na Espanha e, em 2018, Todos Nós Adorávamos Caubóis sairá nos Estados Unidos. Já traduziu histórias em quadrinhos francesas e escreveu contos e ensaios para o Estado de S. Paulo, O Globo, Folha de S. Paulo, Superinteressante, Piauí e para a editora norte-americana McSweeney's. Algumas crônicas que escreveu para o jornal Zero Hora e para o Blog da Companhia foram reunidas no livro Uma Estranha na Cidade (Dublinense, 2016).
há uma ideia clara de síntese do mundo, e esse mundo é um mundo encantado pré-extinção e pré-apocalipse, anterior à compreensão do mal que o ser humano causa.
A very strangely structured novel — equally enjoyable and frustrating. Queerness turns out to be a central theme, though that doesn’t become clear until well into the book. Instead, we’re treated to past and present narrative threads: one dealing with a family friend (who, as it turns out, was killed by the protagonist’s father), and the other with the protagonist’s present, which mostly revolves around taxidermy. While that part is rather yucky, the whole concept of the diorama casts a particular light on how the past reverberates into the present, and on the ways the past is envisioned from the present moment. With its glimpses into queer life in Brazil in the late 1980s and early 1990s, this novel lingers in the mind long after one closes the last page.
Ela fez de novo. "Diorama" é o melhor trabalho da Carol e acho que digo isso com folga. Sempre tenho a sensação de que ler um livro dela é como escutar um segredo de uma pessoa próxima. Desde o início as cartas estão dadas: existem ali informações as quais você não sabe, mas a narradora/o livro sim. A cada página, uma camada desse segredo é revelada. Seja o sentimento de um personagem, um novo detalhe da história, outros contextos, ou, nesse caso, mais um desdobramento da investigação do assassinato de Satti. A leitura flui de forma impressionante.
Gostei muito das descrições da infância traumatizada de Cecília e seus irmãos — assim como, de entender, no final, os vários sentidos que o título do livro pode ter.
Meu trecho favorito talvez do livro todo é quando Raul leva as crianças para a escola no dia seguinte, no Monza. "... era o mesmo carro que tínhamos ido buscar juntos na concessionária três anos antes, que Marco e Vini aprenderam a dirigir na estância, que parava quase todos os dias diante da escola com o pisca-alerta ligado. O mesmo Monza e o mesmo pai. Quando eu fosse muito mais velha, pensaria nas micropartículas de pólvora que provavelmente tinham grudado em nossas roupas naquela manhã de quarta-feira." Brilhante.
Nos dias de hoje, Cecília é uma taxidermista radicada nos EUA com o casamento em crise. Mas no passado ela era a irmã mais nova de Vinícius e Marco, filha da Carmen e do Raul, que foi acusado de assassinar o deputado Satti.
A estrutura de Diorama é interessante, indo e voltando no tempo enquanto guarda algumas revelações para momentos-chave da trama. Mas o ponto mais forte da obra é a própria escrita da autora, bem trabalhada e envolvente, que instiga o leitor a continuar lendo e saber mais. Cecília é uma personagem complexa, embora algumas de suas atitudes no presente sejam meio clichês. Mas a trajetória dela é coerente e seus dramas atuais e os do passado são bem desenvolvidos. Mas meu favorito é Vinícius, e fiquei curioso para saber mais dele.
Também é interessante saber que a história foi baseada em um caso real, embora aqui ficcionalizado e com uma possível solução que não necessariamente tem ligação com a realidade. Me incomoda um pouco que algumas das questões levantadas não sejam resolvidas, como a crise no casamento da protagonista. A história parece terminar antes do tempo. Também, de alguma forma, não me interessei muito pelo drama presente de Cecília. Apesar de achar ruim que ele não tenha conclusão, o único plot legal do presente é a taxidermia.
Diorama apresenta uma interessante metáfora para a Literatura, como esse diorama de uma história, e nesse caso uma real. Com escrita instigante e bem trabalhada, a obra de Carol Bensimon prende a atenção e faz um bom trabalho ao ir revelando os fatos aos poucos.
(Eu daria 4,5 estrelas, se fosse possível, mas está mais perto do 5 que do 4.)
eu gostei muito do equilíbrio do livro. é descritivo sem ser cansativo, trata de tensões sociais sem cair no didatismo e mistura passado e presente de uma forma muito fluida.
uma mistura de romance policial e road book que deu super certo.
Diorama é uma cena reconstituída com detalhes que a tornam muito realista, em um cenário com personagens tridimensionais. Costuma ser usada em museus, especialmente os de história natural, para representar como viviam os ancestrais do homem e quais eram as aparências da fauna e da flora que os rodeavam.
Carol Bensimon é uma jovem escritora gaúcha, nascida em 1982, e já tem na bagagem um Prêmio Jabuti por "O Clube dos Jardineiros de Fumaça" (2017). Apesar de ser uma obra de ficção, em "Diorama" a autora inspira-se num crime que ficou famoso no Rio Grande do Sul como o "caso Daudt": o parlamentar José Antônio Daudt, do PMDB, responsável por um polêmico projeto de Lei proibindo os aerossóis contendo clorofluorcarbono, foi assassinado a tiros pelo médico e também deputado estadual Antônio Dexheimer, supostamente motivado por um caso de traição conjugal. O crime prescreveu e o réu fora absolvido, por falta de provas.
O livro é assim centrado em Cecília Matzenbacher, filha de Raul, que é acusado dos disparos contra seu par parlamentar. Hoje taxidermista e morando nos Estados Unidos, Cecília teve sua infância destruída pelo crime do pai, e carrega esse trauma para sua vida adulta. A narrativa alterna-se entre a infância de Cecília e o tempo presente, mostrando que as feridas ainda não cicatrizaram, e que a fuga de Cecília para os EUA não a livrou de ter que encarar seu drama familiar. Um livro que capricha na construção dos personagens, mas que fica devendo no aprofundamento da narrativa.
Avaliação Final: 7,0/10 Leitura Concluída: 6º livro de 2025 Próxima Leitura: "O Maior Ser Humano Vivo" (Pedro Guerra)
Carol Bensimon demonstra domínio da arte narrativa e mistura realidade e ficção numa história muito bem construída, um romance de formação. A linguagem é o ponto alto, na minha opinião. Ela escreve com uma clareza e uma vitalidade. Adorei.
Baseado em uma história real, a Carol Bensimon conseguiu criar uma atmosfera de suspense, contando em paralelo o encontro entre Cecília com seu passado. Gostei muito da relação com dioramas, taxidermia, questões familiares.
Estava com receio de a autora não conseguir dar um encerramento bom para o livro, mas a frase final deu um fechamento ótimo, com uma boa elaboração.
3.5 ⭐️ gostei muito de como a escritora intercala cenas do presente com memórias de infância. queria que tivesse focado mais no relacionamento da Cecilia e do Vinicius e achei o ritmo um pouco devagar, mas de forma geral, gostei!
Talvez seja cedo para falar qualquer coisa - acabo de terminar o livro com aquele último encontro enigmático e levemente truculento de dois olhares - mas a maneira que o livro me carregou e foi se desenvolvendo com uma leitura fluida me dá uma certeza de que essa foi uma obra realmente magistral. Novamente, vemos cada página de pesquisa que Carol faz para arquitetar seu romance, agora bebendo do manancial de jornais, documentários e filmes de uma Porto Alegre nos anos oitenta de um crime (de ódio?) não resolvido paralelo a um trabalho de dissecação sobre a natureza do especismo norte-americano e gaúcho.
Novamente, Carol brilha ao leitor brasileiro nas cenas que se passam aqui e, da mesma forma que narrei na última resenha do clube de jardineiros - sentimentos de um filme gringo que não é exatamente envolvente me tomam com muitas das descrições daquele lado de lá da história. Talvez essa seja uma condição inerente a narrativa multiculturalista, quase esquizofrênica. A certeza, no entanto, que tantas epifanias regionalistas são capturadas na narrativa (a descrição da festa da uva, a santinha que percorre as casas do bairro) parecem corroborar que no final, tudo se trata de qual universo realmente pertence o leitor.
Destaque muito positivo para: a descrição da maturação de Ciça e suas observações pré-científicas das dinâmicas da casa (motivada por um tal almanaque zoológico sem perder o pueril da infância), a construção da identidade de Vinícius e seu desenvolvimento ao final do livro - um coming out of age que, como muitas coisas até pouco tempo na vida LGBT, tem desfecho em tragédia. Gosto também das pistas e insinuações (certa entrevista na tv globo em que pessoas na rua sorridentes dizem que “os gays deveriam morrer” pelo HIV em finais dos anos oitenta me vem à mente) que vão desvelando uma homofobia desaforada, insuspeita e cruel, que tirou a vida e dignidade das gerações de pessoas nessa capital - a mais habitada por LGBTs de acordo com o último censo nacional - e assim segue fazendo.
Mais pessoalmente, obrigado Carol por apontar que é possível conservar algo dos dois mundos em uma vida de expatriado e ainda ter sempre mais algo a dizer de pertinente sobre essa condição.
Cecilia Matzenbacher is a professional taxidermist. The takes dead animals, skillfully skins them, and dresses them on a form to create an illusion of life. Her dioramas are displayed in museums, art galleries, and competitions. The novel follows her professional activity with a forensic precision. I learned a lot about taxidermy, its techniques and its purpose.
On the side, we slowly understand that Cecilia's fascination with dead animals came about when her own father was undergoing a high-profile trial for murder. How can a little girl of 9 years maintain the illusion of a normal life when her dad is a politician, suspected of murder, and the trial is talked about in all the major press? The past and present echo each other all through the novel.
Cecilia revisits her memories and tries to understand why her father killed a man. In the meantime, she is trying to make sense of her own life, her own choices, her marriage, and the impact that being the daughter of a murderer had on her as a person. She is vulnerable, selfish and broken all at once. Just like her father, Cecilia makes choices that will deeply hurt the people she loves - but she is unable to understand why. That part was really subtle and well-written. It provides an incredible depth to the character. It only takes a few impulsive decisions to ruin one's life.
Diorama is a deeply intimate novel, skillfully executed. I liked the characters, even if some of them could have been developed a bit more (like Cecilia's husband). Cecilia Matzenbacher herself is far from perfect, and I liked how her own mistakes are represented without judgement. Intent counts, but it is the consequences that are the most important - not just on the people directly affected, but also on all the others who are close to them. The overlapping timelines of adult Cecilia and 9 year old Cecilia just "work". I did not find it confusing at all.
Like a slow burn, you will slowly understand what happened, and why Cecilia's father killed a man. What were his motives? What were the consequences? How did the political and social context of Brazil in 1987 influence not just his crime, but his trial? This is a novel that should not be spoiled. The end is great because it just *makes sense* but the journey to get there is what really counts.
Thank you NetGalley, Farrar, Straus and Giroux and of course Carol Bensimon for this ARC.
Carol Bensimon retoma, no seu último livro, publicado em 2022, alguns traços que já estavam presentes em O clube dos jardineiros de fumaça como a fugida do Brasil para os EUA e o retrato impiedoso da classe média portoalegrense, e, no estilo, a mistura da narrativa com textos de referência, de forma quase científica, e os frequentes saltos temporais.
Nesta ocasião, a protagonista é Cecília, mulher adulta em 2018 que evoca diversos momentos da sua infância e adolescência, especialmente o ano de 1988 quando, aos nove anos, presencia o desmoronar da sua família.
O romance está inspirado no chamado caso Daudt, que mobilizou Porto Alegre e o Rio Grande do Sul nos finais da década de 1980. Em junho de 1988, o deputado estadual e conhecido radialista José Antonio Daudt foi morto a tiros na frente da sua casa, num bairro da classe média-alta de Porto Alegre. O seu colega de bancada Antônio Carlos Dexheimer foi indiciado e julgado no primeiro processo televisado do país, em que foi inocentado.
A partir desses fatos, Bensimon especula o que poderia ter acontecido, e se distancia do caso original trocando os nomes dos envolvidos. A homossexualidade de Daudt (Satti no romance), desvelada após as sua morte, serve para esboçar a possibilidade de um crime de ódio e também para esmiuçar a homofobia rampante na capital do Rio Grande do Sul na década de 1980.
Cecília é a filha de Matzenbacher (o alterego de Dexheimer), e acredita na culpabilidade do pai e na tese da motivação homofóbica do crime. Com esse peso sobre as costas, e a decepção pelas posições da mãe, apoiadora do marido no passado e de Bolsonaro no tempo presente, Cecília constrói uma vida o mais longe possível da sua família, e mantém um vínculo afetivo apenas com o seu irmão Vinícius.
Brincando com a metáfora dos dioramas (recriação realista de um cenário com animais empalhados), que Cecília elabora artisticamente como forma de vida, o romance se converte também numa cena recriada e estática, realista e assustadora, de um período social e politicamente convulso em que os ares de liberdade trazidos pela democratização conviviam com os fantasmas de um passado cruel e autoritário que está ainda vivo na contemporaneidade.
Olha só: uma loucura esse livro. Representação é a palavra da vez. Diorama, como o próprio título perfeitamente diz. A partir de um esqueleto, uma maquete, Carol desenrola muitas camadas. Um romance policial com crime mas também sem crime ao mesmo tempo. Éisso esse romance: investigamos/desvendamos um crime e ao mesmo tempo os bastidores, os conflitos, os sentimentos de todos os envolvidos. Acho curioso como (quase)todos os personagens são complexos, exceto a protagonista: terminei pouco sabendo sobre Cecília. Sei que é taxidermista. Que investigou o caso do pai, eventualmente. E fugiu para os EUA. Só. Sua mãe, seu pai, seu irmão, satti, todos são mais minuciosos do que ela. Uma pena ter visto tão pouco de sua vida adulta porque essas partes eram minhas favoritas. Revirei os olhos e cansei todas as vezes em que o romance voltou ao caso policial. Até pouco a pouco me render a ele -mas não sem sentir o coração bater e ansiar um pouco mais sempre que voltava às cenas delas adulta. Admito que, mesmo com perfeição técnica que transborda toda a pesquisa que Carol fez, a narrativa perde um pouco o ritmo no meio. É ágil, é cinematográfico, mas a meiuca da coisa deixa a peteca cair. Parece haver um cabo de fuerra entre uma narrativa lenta, contemplativa, minuciosa, e uma coisa mais ágil, ritmada, cinetamatografica mesmo. Inda bem que o final recompensa e muuuuito. Pontos altos também para às camadas/temáticas lgbt como um todo (muito me lembrou caio f.). Mesmo tão perfeitamente técnico, eis um romance tão pouco caloroso.
(Acabei de acabar então ainda preciso pensar mais. Digerir mais.)
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Nesse livro, aos poucos e de forma fragmentada, Carol monta para o leitor dois dioramas da história de Cecília: o da sua infância, quando seu pai foi acusado de assassinar um deputado amigo, e o da sua vida adulta, exilada nos Estados Unidos e afastada de sua família após tudo o que aconteceu. O assassinato em questão acontece em 1988, pouco tempo após o fim da ditadura, quando o Brasil retomava, ainda de forma frágil, sua democracia, e os comentários que Cecília faz a respeito desse panorama político são tristemente atuais. Gostei muito da forma como a autora vai alternando passado e presente, revelando para o leitor pequenas informações aqui e ali, até montarmos a cena completa - e como lá pelos 80% ela dá algumas informações que nos fazem repensar tudo. Fiquei mais presa na infância de Cecília, mas mesmo assim gostaria de ter visto mais sobre sua vida adulta. Aliás, gostaria de ter visto mais sobre tudo - o livro é curto demais para a habilidade que a autora tem com as palavras. Ela também faz comentários maravilhosos sobre a natureza e como o ser humano se relaciona com ela (Cecília, inclusive, se torna taxidermista na vida adulta). "Não é louco?", eu disse. "Você desequilibra toda a porra do planeta, depois se dá a missão de reequilibrar segundo os seus critérios." E como se precisasse de ainda mais qualidades, Diorama é embalado pelo melhor do rock dos anos 80 ♡
Gostei muito do livro, me senti numa novela da Glória Perez em que você está em outro país mas todo mundo "fala em português" rsrs
Mas fora isso, eu gostei dos plots da história, mas tenho algumas ressalvas principalmente em relação a protagonista. Acho que faltou aprofundar mais a relação dela com o pai, tipo, entendo ter raiva, mas de todos, ela nem é a que mais tem motivos para isso (o Vini com certeza tem muito mais), parece que faltou construir o conflito entre os dois. Além disso, algumas partes, a traição por exemplo, meio que depois de um tempo foi meio esquecido no churrasco ou se resolveu de uma forma que meio que não serviu de muito pra história e nem pra moldar a personalidade da Cecília, perdeu o propósito no final.. Tipo, não achei que justificou a presença de certas partes ao final do livro, e outras partes que poderiam ser melhor exploradas ficou faltando, o final ficou com uma sensação de incompletude, mas não de uma forma positiva, tipo, a uma continuação etc.. mas de tipo: é isso só? Sério?
Mas quero destacar a escrita da autora, senti uma mistura meio Gillian Flynn com Taylor J. Reyd, mas de um jeito bom, original e não uma cópia. Acho que um dos melhores romances contemporâneos nacionais que li nos últimos tempos.
Escolhi esse livro porque já li outros 2 livros da mesma autora e por conta da sinopse envolvendo um assassinato famoso em Porto Alegre. O livro é estruturado de uma forma que passeia entre o passado na época do assassinato e o presente em que cada um está vivendo a sua vida e lidando com os traumas. O final pra mim foi um pouco mais difícil de ler porque achei que o desenvolvimento foi mais lento. Mas gostei de viver essa história.
Na minha opinião a escolha do título do livro de se relaciona muito com a forma com que a narradora se sentia (ou percebia a família dela). E ao mesmo tempo em que o livro aborda um “true crime” eu sinto que ela também toma o tempo para focar não só no que aconteceu ou no desfecho, mas nas vidas que foram afetadas por esse crime. Além disso, a autora também aborda sobre a descoberta da sexualidade de alguns personagens (um tema que parece ser recorrente nos livros). E por último, uma das coisas que eu mais gosto nos livros dela, é que ela tem um jeito de fazer Porto Alegre ser um pouco de personagem no livro e nos levar para passear pelos diversos lugares.
Eu, como uma porto-alegrense de 40 anos, encontrei nesse livro tanta identificação que a classificação do livro é impossível sem vieses. Eu tinha 6 anos quando Daudt foi assassinado, e 8 no ano do julgamento de Dexheimer. Apesar de pequena, lia bastante jornal, além de ouvir as conversas dos adultos sobre o caso (meu pai foi vizinho do Daudt na década de 70, e tinha bastante história para contar). Mas quando comprei o livro, não sabia o enredo; a motivação foi este ser o novo romance da Carol Bensimon, de quem já tinha lido "O clube dos Jardineiros de Fumaça" (leiam!), "Todos nós adorávamos caubóis" (leiam também) e "Uma estranha na cidade" (acabei me mudando de um condomínio-cidade depois desse livro). Tinha certeza que seria um livro ótimo. Mas apesar das expectativas já altas, Carol Bensimon conseguiu supera-las. Uma escrita fluida, clara, objetiva e profunda, com excelente construção dos personagens e passagens que se encaixam como quebra-cabeças. A narrativa é tão ágil que parece filme, um verdadeiro page turner. Cinco estrelas.
Li para um clube do livro. Lá falaram que a autora falou que é um livro melhor feito que o anterior, ganhador de prêmio Jabuti. Li maioria do livro em 1 dia, consegui ler 200 páginas num dia.
Algumas imagens foram bastante interessantes. O conceito do diorama, o mundo da taxidermia, dos animais selvagens ou "sinatropicos", meio do caminho entre selvagens e domesticos.
Eu não conhecia a história verdadeira que deu a base pro livro. Depois de lido vi três audios do Arquivo da radio Gaucha. Muitos trechos do livro eram decalques exatos do realmente acontecido. Imagino que é muito diferente ler esse livro sendo do Porto Alegre, conhecendo todas as ruas, talvez inclusive tendo passado pelo escandalo mediatico.
Não gostei tanto. O ritmo era lento, e apesar de gostar da personagem principal não era tão legal ver ela meio presa a um trauma passado.