Um poeta revolucionário da poesia em língua portuguesa.Nos Penguin Clássicos, o Livro de Cesário Verde, aquele a quem Fernando Pessoa chamou «mestre».
Com prefácio de Paula Morão.
Plano Nacional de LeituraLiteratura - Poesia - Dos 15 aos 18 anos - Maiores de 18 anos
«Se eu não morresse, nunca! E eternamenteBuscasse e conseguisse a perfeição das cousas!»
É de 1887 a publicação de um dos mais belos e importantes livros de poesia em língua portuguesa. No ano anterior, 1886, morria, aos 31 anos, o seu autor, vítima de tuberculose e da maior incompreensão e desdém dos seus pares.
Cesário Verde, o homem que viu poesia na sujidade das ruas, no corpo doente da engomadeira, na azáfama dos trabalhadores, revolucionou o cânone e impôs uma nova forma de olhar o real, de o descrever e sentir. Entre a cidade e o campo, o caos e a liberdade, o idílio e a realidade, emerge em Cesário uma nova sensibilidade, transgressora, que privilegia os sentidos e as impressões do quotidiano em detrimento de um sentimentalismo exacerbado que sentia já distante, imposição de uma consciência social preconizadora de um final de século turbulento.
Chegaria tarde demais para Cesário o reconhecimento do seu génio e do seu papel determinante na história da poesia portuguesa. Mas não seria tarde demais para quem, graças ao trabalho e dedicação do seu amigo Sousa Pinto, pôde ler os inigualáveis poemas de um dos maiores poetas de língua portuguesa e compreender o alcance da modernidade e inventividade dos versos daquele a quem Fernando Pessoa chamaria «mestre».
Cesário Verde (February 25, 1855 – July 19, 1886) was a 19th-century Portuguese poet. His work, while mostly ignored during his lifetime and not well known outside of the country’s borders even today, is generally considered to be amongst the most important in Portuguese poetry and is widely taught in schools. This is partly due to his being championed by many other authors after his death, notably Fernando Pessoa.
Cesário Verde is frequently hailed as both one of Portugal’s finest urban poets and one of the country’s greatest describers of the countryside. Thus, Verde’s poems (always written in the alexandrine structure) are mostly split into “city poems” and “countryside poems” (the few that escape these two categories dealing with love, often scorned.)
Cesário Verde’s city poems are often described as bohemian, decadent and socially aware. He is hailed as Portugal’s first great realist poet, frequently dealing with scenes of poverty, disease and moral decay. His poems also frequently deal with spleen and ennui. In “O Sentimento Dum Ocidental” (“The Feelings Of A Westerner”), Verde captures the atmosphere of decadence then growing in Portuguese society, comparing the past discoveries and expeditions of Portugueses sailors, as well as the works of national poet Luís de Camões, to the present. He also expresses a longing to experience a larger world beyond the city, pining for “Madrid, Paris, Berlim, S. Petersburgo, o mundo!” (“Madrid, Paris, Berlin, St. Petersburg, the world!”)
While the city is corrupt and decaying, the countryside in Verde’s poetry is described as lively, fertile and full of beauty. Even the growing industrialization of agriculture isn’t seen as a worrying factor
[...]
The autobiographical poem “Nós” gives an idyllic description of Verde’s youth living on the farm – latter poems show the countryside as the peaceful setting for picnics, and as an opportunity for long walks with female companionship. Whilst in his “city” poems Verde describes spleen and disease, in his descriptions of the countryside the protagonists are often strong, happy and robust.
In his poetry, Cesário Verde references Balzac, Baudelaire and Herbert Spencer. His letters also contain quotes from Victor Hugo, Flaubert, Taine and Quinet. On a national level, the authors referenced are Luís de Camões and João de Deus.
Although he was never very celebrated during his lifetime, Verde did socialize with many of the country’s foremost literary figures (some of these meetings may be attributed to Verde’s republican sympathies, then highly in vogue amongst the country’s intellectuals.) Fialho de Almeida is said to have greatly admired him, and other acquaintances include Guerra Junqueiro, Ramalho Ortigão, Gomes Leal, João de Deus, Abel Botelho and the painter Rafael Bordalo Pinheiro.
After his death, Verde’s reputation has steadily grown. He was particularly embraced by Portuguese modernists such as Mário de Sá-Carneiro and Fernando Pessoa (whose heteronyms Álvaro de Campos and Alberto Caeiro praise Verde.) More modern admirers include Eugénio de Andrade and Adolfo Casais Monteiro
During his lifetime, Cesário Verde published around forty poems in various papers. After his death, his friend Silva Pinto published “The Book Of Cesário Verde”, collecting his poems. The first edition was published in April 1887 – two hundred copies were printed, to be dispensed as gifts only. The compilation was only made available commercially in 1901. More recent editions have respected the order in which the poems were first compiled, but added others that weren’t included in the first selection. The book now includes Verde’s entire poetic oeuvre.
If Fernando Pessoa is Portugal's great modernist poet, widely recognized and lauded internationally, Cesário Verde is his poetic grandfather. Pessoa himself, or at least some of his heteronyms, recognized this. Writing at the end of the 19th century Verde's voice is extremely modern and being a contemporary of America's Walt Whitman the comparisons are not completely out of place.
Verde is a poet of both the city, very specifically Lisbon, and the countryside. The two environments contrast as one being decadent and the other idyllic, as was to be expected, but in a Baudelarian way Verde is quite enamored by the decadence of the city.
In this edition there are also some of his letters and some romantic poems, which are good but he does feel at times to be emotionally immature when it comes to women, which is only natural as he died at the age of 31 and many of his poems were written earlier. That being said, there is still a strong power of description to those poems. But even more than being great at creating images, Verde manages to do it with surprising formal exactitude, his poems are perfectly structured without ever feeling forced into that structure. A truly great collection.
Isto não tem nada a ver com este livro em particular, mas estou tão feliz com o facto de termos Penguin Clássicos em Portugal! Adoro os Penguin Black Classics, e ver autores nacionais a ser publicados com estes designs... Um Bom Momento™ na minha vida.
Acerca de Cesário Verde em si, gostei bastante dos seus poemas! Como fã de Fernando Pessoa (mas quem é que não é?), foi bom ver com os meus próprios olhos a influência que Cesário teve em Pessoa.
Como em qualquer compilação de qualquer coisa, houve poemas que apreciei mais do que outros, mas em geral achei todos bons. Gosto das rimas e do seu vocabulário que, hoje em dia, é considerado mais "antiquado".
Acho que o meu poema favorito foi Cantos da Tristeza!
Amei ler a obra de Cesário Verde na íntegra. Adoro a forma como ele consegue ser tão descritivo, passar de forma tão clara e visual através das palavras e a rimar, que é sempre algo que me impressiona.
Alguns dos seus poemas são mais românticos, outros mais críticos da sociedade ao seu redor, outras vezes fui bastante surpreendida pela ironia que usava, em como parecia que o final dos poemas (os dispersos e não do livro propriamente) terminavam de forma inesperada, quase cómica, como por exemplo em: 'Proh Pudor!', 'Impossível!', 'Ele', 'Heróismos'.
Ler os seus textos, o mundo através dos seus olhos (ainda que às vezes me recordasse um Edward Cullen, stalker, atrás de mulheres na rua e a descrevê-las), deu-me um sentimento agridoce pelo seu trágico e precoce fim: tão jovem (31 anos) e tanto talento. Por isso, quando o chegamos ao último poema e ficam linhas por preencher fiquei triste, nunca saberemos como terminaria aquele poema. Triste porque nunca chegou a saber o sucesso que teria mais tarde, ao ver que nas suas cartas lamenta a falta de reconhecimento. Adicionalmente, e embora eu saiba que o sujeito poético não é necessariamente o AUTOR em si, vê-se nitidamente a sua realidade reflectida naquilo que escreve. Em várias instâncias fala de que não terá um futuro longo, que irá morrer de tuberculose. O poema 'Nós' (que é o maior de todos) foi o meu preferido, talvez, e notei a sua angústia pela perda da sua irmã, do seu irmão, e as boas memórias que o campo lhe deu em oposição à vida na cidade.
Outra coisa que me pareceu surpreendente é que Portugal e as suas mentalidades não parecem ter mudado assim tanto desde o século XIX para hoje. Em 'O Sentimento d'um Ocidental' ele faz o contraste entre a outrora glória do povo português, os épicos Lusíadas, e a pobreza que encontramos em Lisboa. Podia ter sido escrito ontem que estaria atual. Noutro poema que agora não recordo o título (aquele em que um homem cai de um andaime e morre), Cesário faz uma crítica a um político, corrupto e poderoso e realça que ao pé do "morto", que era um trabalhador anónimo, pouco importa.
Enfim, gostei muito. Tenho de ler mais poesia portuguesa.
Já tinha lido alguns poemas de Cesário Verde na escola, aqueles considerados canónicos (O Sentimento Dum Ocidental, Contrariedades). Mas agora li também os poemas que o seu amigo Silva Pinto não quis publicar, assim como os versos censurados de alguns poemas. Descobri vários que me agradaram especialmente, para além dos canónicos: -Humilhações (p.39): as diferenças de classe no amor e na vida quotidiana, em que o sujeito poético é objecto e actor simultaneamente; -Eu e Ela (p.132): um amante imagina o futuro com a sua amada, no qual ambos envelhecem a partilhar leituras; -Lúbrica (p.133-134): conhecia este poema cantado por Camané. Conta a história de uma mulher que num «bilhete ardente» e nos «olhos imorais» revela o seu desejo erótico, com algum espanto e até escândalo do sujeito poético; -Desastre (p.152-153): o sujeito poético narra o acidente de trabalho mortal de uma criança enjeitada e negra, sublinhando a crueldade do patrão e a leviandade de quem observava sem nada fazer.
São histórias contadas por um sujeito poético observador e movido por aquilo que narra, com ritmo, belas imagens e frontalidade.
Primeira review que escrevo em português pelo propósito singular de ter lido o livro em português e não o conseguir imaginar noutra língua nem querer de todo uma tradução disto.
Cesário Verde é dos meus poetas portugueses favoritos e eu nem sabia disso até ler o livro. Apesar de me ter sido introduzido pelas aulas de português, não acho que os pormas escolhidos foram os que mais me fizeram sentido. Amei tantos tantos poemas e vou me ver obrigada a comprar uma edição, sendo que esta que tenho foi me emprestada. Quero riscar, escrever e guardar o livro perto de mim.
Amo a maneira como Cesário Verde trata os temas do amor e do desgosto causado por ele. As suas descrições são lindas.
Não senti tanto as cartas escolhidas nesta edição, mas pode ter sido por as ter lido durante aulas. Apesar disso não tira o sentimento do livro e dos poemas dispersos escolhidos.
Cesario Verde te amo e os meus favoritos foram: “Ironias no Desgosto”, “Responso”, “Frígida”, “Ela e Eu”, “Impossível!”, “Proh Pudor!” e “Cantos da Tristeza”
Reconheço que é uma excelente poesia. O poema "Cristalizações" foi o que me marcou mais. Após breve reflexão reconheço que me faz lembrar o ritmo dos poemas de Álvaro de Campos e ficou tudo explicado.
Cesário Verde consegue colocar-nos facilmente nos seus olhos. Parece que estamos a caminhar dentro da cabeça dele. É visual, é palpável, enfim, é sensorial. Ele tem uma especial panca para falar de mulheres, mas não posso julgar.
No entanto, ainda gostando do estilo, foi-me difícil terminar de ler.
3.75⭐️ Para mim a poesia de Cesário foi muito 8 ou 80, mas os poemas que gostei gostei mesmo muito e fiquei impressionada por este homem não ter tido o reconhecimento que merecia na sua época. Anyway outro artista que morre a pensar que não teve o reconhecimento que merecia. Para mim a melhor parte foram as cartas, I wish there were more.
reconheço a arte que este livro expressa, mas não é de todo o meu género. os poemas que mais gostei foram: "flores velhas", "eu e ela", "lúbrica" e "cantos da tristeza" porque são bonitos e inspiradores. também gostei das cartas e da própria escrita do autor (por isto as 4estrelas).
Cesário foi o precursor do modernismo literário em Portugal, clara influência de Fernando Pessoa. Sugiro a declamação de Mario Viegas do conjunto de poemas que compõem o “Sentimento de um ocidental”.
"Pois que, minha adorada, eu peço que não creias / Que eu amo esta existência e não lhe queira um fim;/ Há tempos que não sinto o sangue pelas veias / E a campa talvez seja afável para mim.
wow, what a book. i chose to read this book mainly because fernando pessoa, who is one of my favorite writers of all time, absolutely adored his poetry and i was intrigued to see why. i can fully understand now. there is this deep melancholia that cesário verde manages to convey that is almost visceral to the reader. his verses were so visual that at times the stories that he was trying to tell became almost tangible. i particularly liked how he managed to portray the suffocating and oppressive nature of city life and critique the social hierarchy and the bourgeoisie. although some of the poems were a bit repetitive (especially the romantic ones), i truly enjoyed the imagery that the author managed to conjure. i particularly liked how prevalent nature was in his poetry and how it served as vehicle for him to express his emotions. it felt deeply personal and it was insanely beautiful. this edition also included a couple of his letters to friends and i must say that they broke me inside. the intimacy in those letters is palpable and it’s awfully depressing to read them, especially when you know his life story. the bond that he shared with his friends was perfectly transmitted through those letters and they help the reader further understand his poetry and writing. i found the collection overall to be riveting and filled with ardent passion, and the ever so lasting remnants of a restless soul, who found solace in his art, even though he never received any recognition for it during his lifetime.
Cesario Verde was the first poet I admired since my school days and over time I began to admire other poets (like Álvaro de Campos) who had him as inspiration 🖤