En La intuición de la isla. Los días de José Saramago en Lanzarote Pilar del Río construye un mosaico de momentos vividos, emociones compartidas y los libros escritos bajo la luz de la isla que el escritor portugués escogió para vivir. Una forma de compartir con los lectores momentos singulares vividos en A Casa y cómo era la vida para José Saramago mien tras escribía sus obras: los paseos por Lanzarote, las ideas de las que surgieron sus novelas, la convivencia con sus perros, los encuentros en la isla con amigos como Carlos Fuentes, Ernesto Sábato, Susan Sontag o Bertolucci, las experiencias que traía de los viajes y las amistades forjadas. Un libro irremplazable que busca continuar la respiración que se siente en A Casa y com partirla. Un libro para amigos y amigas.
Nascida em Sevilha, em 1950, e formada em jornalismo, Pilar del Río iniciou a sua carreira profissional na rádio pública, tendo trabalhado em meios como TVE, Canal Sur, Cadena Ser e El País. Em 1986 conheceu o escritor José Saramago, com quem se casou dois anos depois em Lisboa, onde fixou residência.
Em 2010, após a morte do marido, Pilar adotou a nacionalidade portuguesa e volta a morar em Lisboa para presidir a Fundação José Saramago. Recebeu a Medalha da Andalucía e o Prémio Luso-Espanhol de Arte e Cultura. É autora do livro “A Intuição da ilha. Os dias de José Saramago em Lanzarote”, publicado em 2022. Desde 2013 está pessoalmente envolvida na elaboração da Declaração Universal dos Deveres Humanos, proposta que parte de uma ideia de José Saramago e conta com a colaboração de diversas instituições.
Esta obra é um convite para entrar n'A Casa de José Saramago e Pilar, em Lanzarote. Quem nos abre a porta é Pilar del Rio que, de uma forma quase imparcial e sóbria, nos relata, em jeito de celebração, memórias, vivências e partilhas de convívios entre amigos. É, também, o desfiar de quotidianos que mecanicamente se íam cumprindo, espelhando o amor entre eles. A par disto, temos uma breve alusão a cada uma das suas obras e excertos das mesmas. Um ponto muito positivo, na minha opinião.
Estávamos em 1992, José Saramago, um escritor incompreendido num país governado por mentes tacanhas, sem nunca se ter divorciado totalmente da ditadura que conheceu durante anos; um Portugal em que as questões políticas e religiosas continuavam a vigorar e a ditar a vida do povo. E assim surgiu a ideia de viver em Lanzarote, para começar outra fase da sua vida literária e, essencialmente, para se libertar da censura do país que o viu nascer. O amor insular foi quase à primeira vista, refere-se a Lanzarote como uma "tentação em todas as horas" seduzido pelo fascínio visual que aquela terra inóspita e lunar lhe proporcionou. " ... em Lanzarote, cada novo dia me parece como um imenso espaço em branco e o tempo como um caminho que por ele vai discorrrendo lentamente..." Esse amor foi amadurecendo, criando raízes, cultivando memórias e aos setenta anos Saramago afirma "uma vida inteira para chegar aqui. Mas aqui estou (...), "a minha casa é Lanzarote". Entre caminhos outrora inundados de lava; entre o negrume das areias vulcânicas; entre crateras e piroclastos que decoram a paisagem num caos esculpido, Saramago encontrou o equilíbrio perfeito "num impensado modo de viver". Achou naquela ilha e em Pilar algo que o fez renascer.
Este livro não alterou em nada a forma como admiro Saramago. Apenas me aguçou a vontade de ler as suas obras e de voltar ao arquipélago das Canárias, desta vez não para Tenerife, mas para conhecer Lanzarote, descobrir e sentir aquela ilha que o encantou. Será um gosto voltar ao nosso Nobel, talvez o faça com A Viagem do Elefante ou As Intermitências da Morte.
"Há pessoas que dizem sentir nas bibliotecas organizadas com amor um certo murmúrio que bem poderia ser o pulsar dos escritores. Este livro serve para recordar momentos singulares vividos em Lanzarote, claro que sim, mas sobretudo tem como missão continuar a respiração que se sente na biblioteca de A Casa e partilhá-la. Este é um livro para amigas e amigos." 💙
Um livro de homenagem a Saramago, o homem que mudou para sempre a vida de Pilar. Durante quase 400 páginas, também nós entrámos na Casa, também nós viajámos até Lanzarote, sempre na companhia de José, Pilar, Pepe, Greta e Camões.
"A intuição da ilha" é obrigatório para qualquer fã de Saramago.
💭 "Na biblioteca, José Saramago era feliz. Ouvia música, cruzava as mãos, fechava os olhos, o universo aproximava-se e envolvia-o com a pulsação humana. Os livros de José Saramago cresciam nessas horas que passava na biblioteca, definitivamente acompanhado por páginas de papel que, sabia-o, continham espírito e que o dotavam da força necessária para voltar a começar."
Foi uma excelente experiência entrar na vida de Saramago e na ilha onde o mesmo viveu durante anos, pela porta da Pilar. "A Casa" é um bocadinho de todos nós quando lemos este livro.
José Saramago refugiou-se em Lanzarote depois de, em plena democracia, um Governo de Cavaco Silva vetar uma obra sua como representante da literatura portuguesa na Europa. A justificação: "ofende os portugueses, que são católicos e não toleram que se questione o dogma".
Se na política, dizem-nos, não há um lado certo e um errado, aqui houve. Que o diga a medalha que Saramago recebeu em Estocolmo no ano de 1998.
Pilar, narradora neutra mas cheia de ternura, dá-nos a conhecer um Saramago quotidiano, as suas inquietações, e a forma como, de jantares e festas, nasceram as ideias para alguns dos romances mais brilhantemente escritos em língua portuguesa.
As convicções políticas que nunca o abandonaram são, também, repetidamente abordadas. O comunismo que abraçou durante o fascismo ficou-lhe agarrado ao corpo e a todas as causas que defendeu enquanto foi vivo.
Pilar, com este livro, acrescenta camadas a todas as obras do autor, que me fazem querer a ir a correr ler todas, e reler as que já me passaram pelas mãos. Quem diria que o Cão das Lágrimas que conhecemos no Ensaio sobre a Cegueira existiu mesmo e partilhou casa com Saramago.
Memorial do Convento, uma das suas obras mais aclamadas, termina com a seguinte frase: 'Mas não subiu para as estrelas se à terra pertencia'. Pois o mesmo acontece com ele, que a este povo Levantou do Chão, vivo enquanto cada um de nós o ler. E, claro, com a certeza de que sempre que alguém naufragar num mar de amarguras, terá na sua escrita uma Jangada de Pedra.
Neste livro obrigatório para qualquer admirador de Saramago, Pilar del Rio descreve-nos os últimos anos deste grande escritor, desde a sua ida para Lanzarote até à sua morte. Alterna entre o contar de histórias e algumas transcrições de escritos de Saramago. Fala-nos dos seus livros, das suas ideias e opiniões, dos seus cães, dos seus amigos, da sua Casa. Gostei tanto desta leitura! Sou cada vez mais orgulhosamente admiradora de José Saramago!
Obrigado José Saramago, obrigada Pilar del Río 💛 "(...) Viver era começar o dia, e assim viveu, construindo muitos outros dias, com a indestrutível vontade de chegar ao último sem ter posto, em nada, a palavra fim." Pág. 302
✨“há pessoas que dizem sentir nas bibliotecas organizadas com amor um certo murmúrio que bem podia ser o pulsar dos escritores. Este livro serve para recordar momentos singulares vividos em Lanzarote, mas sobretudo tem como missão continuar a respiração que se sente na biblioteca de A Casa e partilhá-la. Este é um livro para amigas e amigos.”✨ 📚
Pilar del Río não foi apenas a companheira inseparável de Saramago. Foi o motivo pelo qual renasceu como homem, crescendo até ao escritor que chegou até nós. Foi também a que primeiro deu a conhecer a ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias, ao Saramago. E, após a polémica de Sousa Lara, a questão “ E se fôssemos viver para Lanzarote?” não podia fazer mais sentido para o casal.
Lanzarote era então uma ilha inóspita, rodeada de água que o Saramago só conhecia mais de perto pelo rio Tejo; povoada de vulcões; que respira a alma dos seus conejeros, por quem Saramago passava na ida ao pão. O Mestre conhecia as pedras, as palmeiras, viveu a arte de César Manrique em Lanzarote, e criou na ilha aquele que viria a ser outro pilar fundamental da sua vida, A Casa, nome em português, reencontrando-se até com a sua amada Azinhaga. ❤️ 🏝️
✨“(…) é essa ideia de aldeia a que José Saramago recuperou em Lanzarote, uma explicação do mundo sem intermediários, o céu, a terra, a vida humana e animal, a água com que se negoceia, a ansiedade quotidiana, a necessidade de enfrentar a noite sabendo-se parte do Universo. As estrelas que José Saramago via na sua infância, em Azinhaga, voltou a vê-las em Lanzarote, olhou-as com o mesmo assombro e desproteção, com a mesma necessidade de as cuidar e de entender o mundo.”✨
Pilar del Río tem uma visão tão intimista da Casa , de Lanzarote. Conhecemos Pepe, Camões e Greta, os eternos cães que fizeram ao Saramago perder o seu medo juvenil, a sua impassividade perante o bulício do Nobel; a complexidade que foi escrever o Ensaio Sobre a Cegueira, a epifania de Todos os Nomes, Ensaio sobre a Lucidez, Caverna ou Intermitências da Morte; as crianças que não podiam interromper Saramago no seu escritório, no seu ofício diário de duas páginas; a constante ida e vinda de políticos, escritores, amigos que se rejuvenesciam na paisagem lanzarotenha, que se reencontraram nos livros da biblioteca.📚
✨“ a vida permitiu-lhe sentir de outra maneira, gozar durante uns instantes da vivência do infinito, do infinito, átomos em movimento num espaço sem fim desde uma cratera de Lanzarote, sob estrelas assombradas. Esse sentimento acompanhou-o durante toda a sua vida.”✨
Pilar del Río apresenta-nos pormenores que não conhecíamos acerca da origem de alguns livros do Saramago, mas sobretudo dá-nos a conhecer Lanzarote, um lugar que sem dúvida lhe é também importante. A presidenta da Fundação, através deste livro, mostrou-nos que Saramago , por todos os cantos do mundo, deixou a sua marca. E , claro, a minha grande vontade de viajar até Lanzarote. ❤️
✨“Viver era começar o dia, e assim viveu, construindo muitos outros dias, com a indestrutível vontade de chegar ao último sem ter posto , em nada , a palavra fim.”✨
Não sei se é por ter sido escrito pela Pilar, mas eu esperava algo mais íntimo. O que eu queria mesmo era ouvir pequenos detalhes desconhecidos. O que aqui temos é na verdade, e tal como a sinopse indica, alguns momentos passados na ilha. Os amigos, os convites, os encontros.
A melhor parte foi ficar a conhecer a forma como surgiram as ideias para alguns dos meus livros favoritos ❤️
" Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites, manhås e madrugadas em que não precisamos de morrer Então sabemos tudo do que foi e será. O mundo aparece explicado definitivamente e entra em nós uma grande serenidade, e dizem-se as palavras que a significam. Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas mãos. Com doçura. Aí se contém toda a verdade suportável: O contorno, a verdade e os limites. Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos ossos dela." José Saramago
A Intuição da Ilha de Pilar del Rio Um livro que nos é apresentado de uma forma íntima sem nunca entrar na verdadeira intimidade de Saramago . Pilar del Río escreve de uma forma ternurenta e parece iluminar-se cada vez que menciona José Saramago, seu companheiro por mais de 20 anos. Ao longo do livro ela retrata a privacidade da sua A'casa na localidade de Tías, em Lanzarote, "uma ilha que nunca tinha pensado na minha vida, que descobri e que passou a ser um lugar de felicidade".
Este livro é como um diario um guia que nos apresenta toda a obra do Nobel da Literatura e a maneira como nasceu cada livro. As viagens, os passeios e as visitas prolongadas dos amigos... Ao longo das páginas vamos também conhecer melhor o homem por trás do escritor , para quem gosta de Saramago este livro é uma viagem deliciosa por toda a obra maravilhosa que ele nos deixou . " Na despedida o grande amigo, Eduardo Lourenço quis que se introduzisse um livro, (Memorial de um Convento) na dedicatória escreveu : <>". Um excelente livro. Leiam vale muito a pena
Wow, vaya forma de terminar el 2022 que con este increíble libro, definitivo de lo mejor que leí este año.
La periodista española, traductora y esposa del Nobel portugués nos comparte un hermoso repertorio de anécdotas que vivió el escritor en la isla de Lanzarote, tras su autoexilio tras la polémica desatada por "El Evangelio según Jesucristo", publicado en 1991.
Saramago se enamoró de la isla cuando la visitó por primera vez y decidió que ahí sería el lugar donde pasaría el resto de sus días. 'A Casa' como fue bautizado su hogar, fue testigo de grandes tertulias con amigos gigantes de la literatura como Ernesto Sábato, Carlos Fuentes, Ángeles Mastretta, hasta el primer ministro de Portugal, siempre acompañados de festines con su vino favorito, malvasía, y de bacalao.
Además de ser la incubadora y fuente de inspiración para que Saramago gestara obras como "Caín", "Las intermitencias de la muerte" y "Todos los nombres".
Este 'libro para amigos', como lo denominó Pilar del Río; es encantador, íntimo y entrañable; me permitió conocer más a profundidad al ser humano detrás del escritor, así que si te gusta la obra de Saramago, definitivo este libro tiene que ser parte de tu repertorio.
Os seus livros nascem sempre de perguntas e nascem sempre de observações casuais e aparentemente insignificantes. Génio. Pilar adopta uma postura de ausência do relato, zero protagonismo.
Gosto de livros, gosto de escritores e gosto de livros sobre escritores.
Esta é a história d'A Casa. A casa que José e Pilar mandaram levantar em Lanzarote depois da decisão de Saramago abandonar o país após o veto vergonhoso que este sofreu por parte do governo português da altura.
A casa foi crescendo, passando a ser também uma biblioteca para onde José levou todos os seus livros e que passou a ser como que um interface cultural não exclusivamente literário. Fica-se com a sensação de que toda a gente do mundo da cultura (e não só) por lá passou, é impressionante a quantidade de pessoas dos mais variados pontos do mundo amigas de José que o visitaram e muitas pernoitavam. Adorava ter assistido a um daqueles serões com um Sebastião Salgado ou uma Susan Sontag só para dar dois exemplos. Isto enquanto Saramago ia escrevendo e publicando a um ritmo constante. O Nobel foi uma autêntica revolução na vida de Saramago mas essa fase acaba por estar melhor exposta no documentário José e Pilar sobre o qual já tinha escrito aqui umas linhas. No entanto acho que há aqui mais intimidade, o que acaba por ser normal tendo sido escrito pela Pilar. Juntando os Cadernos de Lazarote, diários escritos pelo próprio fica como que fechado um círculo sobre esta ultima fase da vida de José Saramago.
Un libro para seguir recordando al gran Saramago y lo que vivió en Lanzarote. En esta ocasión de la mano de Pilar del Río, quién mejor para hacerlo. Mucha nostalgia, recuerdos, vivencias, emociones, libros.... Imprescindible para los amantes de la literatura de Saramago. En el año de su centenario. Como dice Pilar un libro para amigos y amigas Obrigado Saramago, Obrigado Pilar
Muito elucidativo. Os por ques de cada obra e um aceno na medida certa de cada resposta são muito bem apontados. Pilar soube por Saramago como o protagonista principal desta obra, mantendo-se sempre neutra.
Conmovedora mirada de la vida, ocupaciones y afanes del escritor en la voz clara y precisa de Pilar del Río. El relato permite conocer circunstancias creadoras, lugares y protagonistas que transitaron la obra de José Saramago. Hay que leerlo y, después, visitar Lanzarote.
Libro recomendado para los que amamos a Saramago. Crónicas de su vida en la isla y unas que me gustaron mucho de como nacieron las ideas de sus libros. Esas si recomiendo leerlas, tienen el título de cada uno.
Fui a Lanzarote por causa de Saramago e das suas estórias que passaram a ser minhas ao longo dos anos e dos livros. Vou voltar a Lanzarote, por causa da Pilar e deste livro extraordinário, que nas palavras de Gómes Aguilera é “…um agasalho verbal…”. E foi mesmo!!!
A Casa. Uma Ilha – Lanzarote. Um homem, escritor – José Saramago. Uma mulher, Pilar. Livros. Amigos. Três Cães. Estes são os ingredientes principais deste livro de memórias, de testemunhos, de celebração dos dias vividos na Ilha.
“Pilar del Río dá forma cintilante à épica quotidiana de Saramago em Lanzarote, enquanto compõe um hino à cultura da hospitalidade praticada em sua casa, onde o partilhar se cinzelou com os carateres de uma lei”, lê-se no prefácio de Fernando Gómez Aguilera. Esse espírito de partilha, de hospitalidade estende-se ao leitor. Ao longo do livro, este vive em comunhão com os habitantes da casa, participa nos momentos de intimidade, de emoção, de trabalho e de convívio com os amigos, visitantes, jornalistas, viaja com o escritor pelo mundo, pelos livros, pela arte.
É um privilégio conhecer o espaço mágico que acolheu Saramago. Trata-se de um lugar de beleza natural, de bem-estar, propício à escrita, à leitura, ao amor e à amizade; um lugar de inspiração, de acolhimento, de conversas, de cidadania; um lugar de encontros literários e artísticos, de afectos, de desabafos; um lugar de encontros familiares, festivos, de alegrias; um lugar de passeios, de descoberta a dois ou com amigos; um lugar de homenagem e de reconhecimento; um lugar de chegadas e partidas.
São dezoito anos fecundos que Pilar del Río nos descreve num registo simples, sensível, sem sentimentalismo piegas da vida em comum com José Saramago. Pilar cinge-se ao importante da vida do autor, cita pormenores dos livros escritos, divulga episódios deliciosos que enobrecem ainda mais Saramago e que revelam o seu carácter de bom anfitrião, de defensor de causas, de cidadão do mundo, de pensador crítico e lúcido.
Não vou divulgar muito mais, pois não pretendo retirar o prazer da descoberta inerente à leitura destes textos. Posso, contudo, garantir que quem gosta de Saramago passará a apreciá-lo ainda mais e, provavelmente, que quem ainda não o lê, poderá, quem sabe, por esta via, entusiasmar-se com algum dos livros citados.
O título, bem escolhido, sugere a empatia sentida, desde o primeiro momento, por Saramago ao visitar a ilha. Tal como o homem de 𝑶 𝑪𝒐𝒏𝒕𝒐 𝒅𝒂 𝑰𝒍𝒉𝒂 𝑫𝒆𝒔𝒄𝒐𝒏𝒉𝒆𝒄𝒊𝒅𝒂, que queria um barco para descobrir a “ilha por vezes habitada que somos, a ilha que se encontra a si mesma na busca”, também Saramago precisou de encontrar a ilha que lhe trouxesse sossego e inspiração para “chegar ao lugar aonde nos esperam”.
𝑨 𝑰𝒏𝒕𝒖𝒊çã𝒐 𝒅𝒂 𝑰𝒍����𝒂 apresenta também ilustrações de Juan José Cuadrado e inclui, em apêndice, fotografias do arquivo da Fundação José Saramago e a Carta Universal de Deveres e Obrigações dos Seres Humanos, redigida na Cidade do México em 2017.
Ia um dia José Saramago pela Avenida Guerra Junqueiro, pelo passeio da direita quando se desce para a Alameda, quando vê vir de frente uma mulher grávida. Cavalheiresco como era, faz um gesto de cortesia para que a senhora passasse pelo lado interior do passeio. Então, ela, uma mulher jovem e bonita, diz: «Não, senhor Saramago, passe o senhor, deixe-me poder dizer à minha filha», e pôs a mão sobre o ventre, «que um dia as duas demos passagem a José Saramago». Foi emocionante. José Saramago pegou-lhe nas mãos, talvez as tenha beijado, havia demasiadas lágrimas no ambiente para poder sabê-lo com certeza. Depois ambos seguiram o seu caminho. O de José Saramago levava-o ao dentista, o dela, da mulher grávida, talvez algum dia o conte, ou a sua filha.