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Um Defeito de Cor

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Fascinante história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão. Inserido em um contexto histórico importante na formação do povo brasileiro e narrado de uma maneira original e pungente, na qual os fatos históricos estão imersos no cotidiano e na vida dos personagens, UM DEFEITO DE COR, de Ana Maria Gonçalves, é um belo romance histórico, de leitura voraz, que prende a atenção do leitor da primeira à última página. Uma saga brasileira que poderia ser comparada ao clássico norte-americano sobre a escravidão, Raízes.

952 pages, Paperback

First published January 1, 2006

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About the author

Ana Maria Gonçalves

9 books147 followers
Ana Maria Gonçalves nasceu em 1970, na cidade Ibiá-MG. Publicitária por formação, residiu em São Paulo por treze anos até se cansar do ritmo intenso da cidade e da profissão. Em viagem à Bahia, encantou-se com a Ilha de Itaparica, onde fixou residência por cinco anos e descobriu sua veia de ficcionista, passando a se dedicar integralmente à literatura. Atualmente, reside em New Orleans, no estado americano da Louisiana.
Em 2002, estreou como escritora com a publicação de Ao lado e à margem do que sentes por mim – “livro terno, íntimo, vivido e escrito em Itaparica”, segundo o depoimento de Millor Fernandes. O livro teve circulação restrita, apesar da primorosa edição artesanal. Mas é em 2006 que a autora se torna conhecida no meio literário com o lançamento de Um defeito de cor, épico de 952 páginas. O romance narra a trajetória de Kehinde, uma escrava nascida no Benin (atual Daomé), desde o instante em que é capturada, aos 8 anos, até seu retorno à África como mulher livre, porém sem o filho, vendido como escravo pelo próprio pai a fim de saldar uma dívida de jogo. O texto dialoga com o modelo pós-moderno da metaficção historiográfica e traz para a narrativa parte da trajetória de vida do poeta Luís Gama, também ele vendido como escravo, embora nascido livre.
Um defeito de cor conquistou o importante o Prêmio Casa de Las Américas de 2007 como melhor romance de literatura brasileira.
Ana Maria Gonçalves vem participando de inúmeros eventos literários no Brasil e no exterior. Atualmente, prepara seu novo romance, que aborda o universo das Minas Gerais no tempo da colônia.

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Displaying 1 - 30 of 336 reviews
Profile Image for Pedro Pacifico Book.ster.
391 reviews5,461 followers
November 16, 2021
Sabe aquela leitura que você mal começa e já quer sair indicando? Então, com “Um defeito de cor” foi bem assim. Levei mais de 2 meses para ler as quase mil páginas e fiquei esse tempo todo ansioso para poder fazer essa resenha para vocês e recomendar a leitura!

O livro é uma verdadeira aula sobre a formação da sociedade brasileira e sua estreita relação com o triste processo de escravidão que marcou o nosso país. Acompanhamos a história de Kehinde, uma garota nascida no começo do século XIX em Savalu (atual Benin). Depois de vivenciar tragédias em sua família, acaba sendo capturada e transportada para o Brasil, uma terra totalmente desconhecida, com o objetivo de ser vendida para algum senhor de engenho. E a autora detalha todo esse traumático episódio, narrando as condições desumanas que os futuros escravizados sofriam nas embarcações e na chegada ao país.

No Brasil, Kehinde será batizada e receberá o nome de Luisa, já que os colonizadores simplesmente ignoravam a cultura e tradições dos povos capturados no continente africano. Kehinde, no entanto, se recusa - da forma que pode - a esquecer seu passado. São muitas as dificuldades vividas por uma criança sozinha em um país desconhecido. A narrativa faz um mergulho tão profundo na vida de Kehinde que fica impossível a tarefa de contar sobre a sua trajetória em uma resenha.

Por isso, o importante é compartilhar o que aprendi. Aprendi sobre a origem de diversos elementos que compõem a cultura brasileira. Entendi o lento processo que culminou na abolição da escravidão no país, ao mesmo tempo que me revoltei muito pelo sofrimento a que os escravizados eram submetidos. Há passagens que demandam uma pausa, tamanha a crueldade do colonizador.

Também é muito interessante a construção da personagem principal. Ana Maria não pretende criar uma heroína, mas sim uma mulher real, que luta para sobreviver e proteger quem ama, mas que não deixa de apresentar defeitos e tomar atitudes com base apenas na emoção.

Esse é um livro que merece ser lido por todos. Não sei como ainda não foi traduzido para outros idiomas, já que é um retrato riquíssimo da história do nosso país.

Nota 10/10

Leia mais resenhas em https://www.instagram.com/book.ster/
Profile Image for Luisa Geisler.
Author 49 books522 followers
June 8, 2021
Livro brilhante. Bem feito, bem construído, muitosmuitos momentos pageturner, personagens cativantes e verossímeis. É doloroso, mas tocante em sua beleza. Sim, tenho comentários pontuais sobre ritmo, distribuições de cena etc, tenho perguntas que são mais "a intenção era essa daqui?" do que de fato uma QUEIXA, e acho que o livro é o que é -- não o que ele poderia ser na minha cabeça. E no que ele é , é excelente. Cheio de trechos marcados. Uso do tempo excelente, quase como em pequenos redemoinhos.
Uma crítica de fato é o fato de que a Record não tem ebook desse livro. Não é fácil levar 900 páginas pra cima e pra baixo. Tenho um PDF pirata porque gostaria de levar pros EUA comigo (mas 1kg de livro kkk) e acho que rolam discussões interessantes de diáspora etc. Mas eu queria ter o ebook. Queria ler direito no Kindle. E isso me deixa furiosa.
Mas Kehinde e seus voduns, sentirei falta de vocês.
Profile Image for Julia Landgraf.
156 reviews82 followers
October 30, 2020
Considerando que esse livro ficou parado na minha estante mais ou menos um mês antes de eu ter coragem de começar a leitura, minha vontade agora é de gritar aos ventos que todas as pessoas precisam começar a lê-lo imediatamente. Meus receios de que fosse uma leitura cansativa e arrastada definitivamente não se cumpriram.
Primeiramente, preciso agradecer à Ana Maria Gonçalves por abraçar esse projeto que chegou em sua vida de forma "aleatória" - palavra que certamente não comunica o quanto essa estória precisava chegar na autora, e de que ela, especificamente ela, era a pessoa certa pra conduzir essa escrita. Definitivamente a escrita desse livro responde à um chamado maior (atribuindo isso às forças que desejar).
"Um defeito de cor" é um romance histórico baseado na vida de uma mulher que foi escravizada, seguindo-a desde o momento em que é raptada em África até o fim de sua vida. Kehinde nos conta sua história com muita fluidez, e muitas vezes me vi chorando pela conexão imediata que sentia com os acontecidos de sua vida (por mais que nossas identidades históricas não pudessem estar mais afastadas). Ao longo de 950 páginas, é fascinante acompanhar seus afetos, sua coragem e força, e todas as pessoas com quem convivia ali pela primeira metade do livro pareceram ser também pessoas do meu convívio, com quem eu regozijava suas vitórias, rezava em seus desafios e eu chorava nos seus (tantos) desfechos dolorosos.
Para além do aspecto afetivo que apenas uma escritora maravilhosa poderia nos apresentar com tanta proximidade, a questão histórica do livro é também perfeita. Esse livro é uma AULA (no melhor formato possível) sobre o processo e os impactos da escravização no Brasil e nas distintas etnias que foram sequestradas de África; a conformação de "um" negro brasileiro diminuído a uma categoria histórica racial quando, culturalmente, estes eram tantos e tão plurais; as diversas formas de se viver dentro de identidades históricas que nos parecem tão engessadas; os movimentos das religiões e da fé em solo brasileiro católico. Descrições de época, afastamentos e proximidades, pequenas intersecções com a história do Rio Grande do Sul (afinal, estamos falando de um momento de construção do Estado durante o período do Império), tudo agregou muito conhecimento ao afeto, bem como afeto ao conhecimento. Ponto muito alto da história, para mim, foi "viver" a Revolta dos Malês de dentro, a esperança e a fé.
As últimas 200 páginas do livro perderam um pouco o ritmo para mim, e atribuo isso à forte mudança de ambiente e de pessoas ao redor da Kehinde, me desconectando um pouco de sua vida. Além disso, um ponto muito negativo é a sinopse do livro como apresentada pela editora, que apresenta uma história que simplesmente não é a que o livro conta - se fosse para transformar cada capítulo em um conto, talvez essa pudesse ser a sinopse de um dos últimos, caso contrário é apenas um reducionismo que entrega um spoiler sem efetivamente apresentar a história.
Quase um mês depois de iniciar a leitura, encerro-a, mas com plena consciência de que a história de Kehinde, a história do Brasil, seguem reverberando dentro de mim, rumando em direção a um outro mundo possível.
Profile Image for Lucas Silva.
14 reviews11 followers
August 27, 2016
A intenção não era lê-lo tão breve assim, principalmente pelas suas 952 páginas. Tantas coisas na fila de leitura, um livro desse tamanho poderia ocupar todas as férias da faculdade. E foi o que aconteceu.... Mas sem arrependimentos, bem o contrário, as últimas páginas posterguei o que pude para não me separar da personagem.

Com o livro em mãos e, após ler o incrível prefácio, não consegui largar. Essa imensa história, que percorre mais de oitenta anos da vida de uma africana ex-escrava na Bahia, surpreendeu principalmente pela reconstrução histórica da formação social, cultural e religiosa do Brasil.

Senti como se estivesse revisitando fatos que já haviam sido contados por outros autores de ficção e não-ficção como Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freire e Darcy Ribeiro, porém com proposta bastante distinta, até porque, como diz a autora no prefácio, o texto original pode realmente ser de uma ex escrava que decidiu deixar o relato para um filho de quem foi separada ha décadas.

Leitura incrível e super importante para mim!
Profile Image for Rita.
904 reviews186 followers
March 27, 2023
Uma empreitada! Foram 952 páginas…novecentos e cinquenta e duas páginas, e 2 meses de leitura.
A curiosidade é aguçada logo no prólogo. A autora diz que a narrativa histórica foi construída através de manuscritos encontrados na Ilha de Itaparica, BA. Será verdade?

O defeito de cor era um conceito exigido de liberação racial comum no século XIX. Na época, se configurava a racialidade nas questões positivistas, como se pessoas racializadas, indígenas e negras, pudessem ter na sua constituição biológica algo que fosse um defeito, como pouca inteligência, por exemplo.

O romance é uma longa carta na qual Kehinde conta a sua vida quando, já idosa e cega, refaz a viagem da África para o Brasil, na esperança de reencontrar o filho de quem foi separada há muitos anos.
Mas a história começa lá bem atrás quando Kehinde, ainda criança, perde a mãe e o irmão e é capturada e levada para o Brasil como escrava, junto com a sua avó e a sua irmã gémea Taiwo, a bordo de um navio negreiro, o chamado tumbeiro.

A cerimónia de baptismo dos escravos lembrou-me aquela série, dos anos 80, Raízes, em que Kunta Kinte, tal como Kehinde, se recusa a aceitar o seu nome de escravo.

Ao longo da travessia de regresso ao Brasil, Kehinde conta-nos a sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão, mas também de muito trabalho, resiliência, solidariedade, luta e empreendedorismo. Kehinde é uma personagem forte e determinada, inteligente, generosa e que mesmo diante das dificuldades não desiste dos seus objectivos.

A obra é rica em detalhes históricos e culturais, oferece uma visão aprofundada sobre a escravidão no Brasil do século XIX, bem como sobre a cultura e as crenças religiosas dos africanos escravizados.

A leitura flui muito bem até mais ou menos metade do livro, depois pouco ou nada acontece. Ou melhor, há uma excessiva narração de pequenos eventos históricos, com personagens avulsas, descrições detalhadas e intermináveis sobre religiões afro que nada acrescentam à trama.

É um livro muito bem escrito, com riqueza de detalhes, em que a autora não deixa pontas soltas, e que se tivesse menos páginas – umas 400 - seria um bom candidato a clássico.

Profile Image for Anna Braga.
178 reviews16 followers
April 21, 2019
Nota: 3.5
É um livro muito rico em todos os tipos de detalhes, visuais, culturais, espaciais, de história, de personagens. Fiquei completamente presa à narrativa durante 2/3 do livro, que é uma verdadeira aula sobre a cultura africana, o que eles trouxeram pro Brasil, como foi essa travessia, como era a vida em África. No entanto, chega a um ponto que começou a ficar exaustivo, por causa de um deslumbramento da narradora senda excessiva em detalhes para expor narrativas paralelas desnecessárias.

A crítica que faço, não é em questão ao teor da história, mas sim a narrativa, que em vários momentos se perde. A mim, o livrou parece mais sendo a biografia de uma pessoa, do que a busca incessante de uma mãe por um filho, como li em vários lugares.
Profile Image for Diego Eleuterio.
7 reviews1 follower
January 3, 2019
Eu serei eternamente grato à Ana Maria Gonçalves por essa leitura de reencontro, de identidade, de resgate.
Profile Image for Cat .classics.
276 reviews121 followers
Read
August 27, 2024
Tenho dificuldade em dar uma pontuação a este livro, porque ele é tão gigante (numa diagramação menos densa ele deveria chegar a umas 1200 páginas) e tem tantos livros dentro, que tenho vontade de lhe dar 5 mil estrelas pela megalomania de querer tratar de tantos assuntos do domínio histórico e cultural do povo afro-brasileiro. 5 mil estrelas pelas pesquisas extensas, pela descrição irrepreensível de cenários (o navio negreiro, o engenho, as cidades, etc), pela construção criteriosa de personagens-tipo, que nos ajudam a compreender melhor o tecido social do Brasil africano do século XIX. Mas também tenho vontade de lhe descontar umas quantas centenas de estrelas por ser demasiado exaustivo, e, por vezes, mesmo inverosímil.

Não sei se a edição mais recente de Um Defeito de Cor foi revista e sofreu cortes, mas esta obra de 947 páginas merecia ter sido mais bem editada na sua génese. Toda a "gordura" passível de ser retirada teria deixado o livro menos cansativo, sobretudo em alguns pedações maiores da narrativa.

Não obstante sentir que a protagonista narradora é demasiado "super-mulher" na maioria do livro (sempre a mais corajosa, a mais inteligente, a mais criativa, a que tem muitos pretendentes, a que salva sempre -quase- toda a gente, a que se mete em todas as aventuras, a que ganha muito dinheiro), e, desculpem-me, isso parecer-me um pouco inverosímil, Um Defeito de Cor é uma das melhores oportunidades que temos, como leitores, de espreitar para dentro da construção do povo brasileiro.

E digo isto na medida em que o tráfico transatlântico de escravos africanos e a produção intensiva de açúcar tornou possível uma sociedade sul-americana com uma das maiores populações africanas do mundo. Logo, as reverberações desse deslocamento em massa de milhões de africanos para o Brasil construíram um povo com tradições, cultos e costumes mesclados, como as religiões de matriz africana cruzadas com o catolicismo, novos hábitos alimentares, de vestuário e de habitação, a capoeira, entre outras manifestações culturais, linguísticas e religiosas.

De sublinhar o papel preponderante do universo espiritual da protagonista, as crenças, os rituais, e toda uma explicação detalhada sobre as mitologias por trás de Voduns e Orixás, mas também da presença dos santos, do processo sincrético visível na celebração das festas do mar e do Senhor do Bonfim.

De realçar também uma das partes mais fascinantes do livro, o facto de ter havido milhares de "retornados" ex-escravos, que conseguiram regressar a África, assentando arraiais em territórios que já não eram os seus, uma vez que o seu "abrasileiramento" os tornou africanos mais sofisticados
e diferentes dos "selvagens", que eles também foram um dia. Pesquisei sobre isso e descobri, por exemplo, que existiu uma comunidade de "brasileiros" retornados em Lagos, na Nigéria, por sinal muito influente, rica e empreendedora, e que tentou replicar os modelos brasileiros até na arquitetura dessa cidade.

Não é um livro perfeito, mas é feito da matéria com que se escrevem os grandes clássicos.

Vá, 4.5 estrelas.
Profile Image for Emanuela Siqueira.
166 reviews59 followers
January 30, 2021
Um clássico, um trabalho fenomenal. Mexe não apenas com a noção da existência de corpos - para além da branquitude - mas também do que sabemos ser a história do país, a formação, as particularidades cotidianas diferentes dos "heróis" e das datas contadas pelo ponto de vista dos "vencedores" (ou daqueles que tem poder no discurso vigente). Um livro pra todos os dias pensar um pouco. Nada continua igual.
Profile Image for Aline.
59 reviews4 followers
January 28, 2023
Acredito que este livro, um romance histórico, deveria ser leitura obrigatória nas escolas. Para que desde jovem tenha-se consciência do que foi de fato o processo de colonização do Brasil. Para que se compreenda como se construiu a cultura brasileira. Construção essa que se perpetua, às vezes travestida, noutras escancarada de sangue, escravidão, racismo, invisibilidade dos povos originários e dos negros escravizados. Cultura essa que se apropria de símbolos da resistência negra para construir símbolos nacionais vendidos como brancos.
É terrível ler os relatos de Kehinde desse sua captura na África até sua velhice. Me enoja, me culpa, me envergonha, me nauseia o que foi feito - e ainda é - com os negros no Brasil.
Esse sentimento, o choro que sai em vários momentos do livro, ele é necessário. Porque me parece que só conseguimos compreender a gravidade das coisas através da dor, do sofrimento. Vide o que está aparecendo - porque vem acontecendo desde a colonização - sobre o genocídio Yanomami.
No Brasil o horror bate em nossa alma todos os dias. Para a maioria - que é negra- bate na carne.
O problema do Brasil é o branco. Nada além disso.
A história dos negros existiria independente do Brasil. A do Brasil nunca seria o que é sem a presença negra no país.
São mãos negras que sustentam este país. Nossa alma está impregnada de sangue, nossas vozes silenciam e normalizam o genocídio e a escravidão dos descendentes africanos que nunca, nunca acabou.
É uma leitura obrigatória.
Profile Image for Jessica Vieira.
62 reviews6 followers
October 31, 2023
O livro pinta um retrato detalhado da vida de Kehinde ao longo de décadas, destacando sua luta pela liberdade, identidade e dignidade em meio às adversidades da escravidão no Brasil. A narrativa é uma exploração rica da experiência do povo afro-brasileiro e da diáspora africana.

Ao longo de sua vida, Kehinde encontra diversas pessoas que desempenham papéis significativos em sua história, se envolve em movimentos de resistência e luta pela liberdade, participando de revoltas de escravizados e movimentos emancipacionistas.

Não sei se consigo sinalizar o que mais gostei do livro, mas diria que o fato da história ir evoluindo por diversas cidades do Brasil, o que agrega uma parte significativa da história e da diversidade cultural do povo brasileiro. A Cada cidade visitada o livro oferece um contexto histórico e cultural distinto, refletindo as diferentes experiências dos escravizados em várias partes do país.
Profile Image for Henrique Fendrich.
1,021 reviews26 followers
January 8, 2024
Há coisas muito boas, excelentes mesmo, nesse livro, mas também problemas graves.

Inicialmente, eu aprendi muito com essa história. Nosso conhecimento sobre o período da escravidão é cheio de generalidades e superficialidades, tratando a grande massa de pessoas escravizadas como se fosse um único bloco de mesma cultura, crenças e tradições, vindas todas de uma genérica "África", como se o continente não tivesse várias realidades.

Para a maioria das pessoas, entre as quais eu me incluía, ainda é uma surpresa quando se diz que vários escravizados eram muçulmanos (os malês ou os muçurumins) e que, além disso, sendo eles bastante cultos, estiveram por trás de revoltas importantes no país. Por não conhecer as distinções entre os africanos, também não costumamos saber nada a respeito das eventuais rivalidades entre eles ou como os diferentes grupos interagiam entre si. E isso o livro oferece, um painel bem interessante sobre a interação entre várias culturas africanas.

Principalmente em suas primeiras partes, também é possível que alguém que ainda não tem qualquer conhecimento específico sobre religiões de matriz africana fique um pouco mais informado sobre elas. Uma das que se sobressaem é a religião iorubá, com uma mitologia muito rica que, inclusive, iria inspirar o candomblé. Entre as crenças da cultura iorubá que mais gostei de conhecer pelo livro está a dos "abikus", crianças que "nascem pra morrer".

O livro também é muito útil para tomar conhecimento de eventos históricos que quase não são abordados em aulas de História fora da Bahia, como a Revolta dos Malês e a inusitada "Cemiterada", quando, literalmente, a população baiana declarou "morte ao cemitério".

Outra situação praticamente ignorada pelos brasileiros e que aparece com destaque no livro é a existência na África (Benim, Nigéria e outros países) de comunidades de "retornados" do Brasil, ou seja, ex-escravizados que, ou por serem expulsos ou por outra contingência, voltaram à terra de origem. A história mostra que então havia uma rivalidade entre esses que estiveram no Brasil e os que nunca haviam saído de lá. São informações bem interessantes.

Ler o livro, então, permitiu que eu aumentasse consideravelmente o meu conhecimento sobre a história da escravidão em geral, ou, ao menos, na Bahia (embora a trama também se desloque para vários lugares no Brasil, sem falar naqueles na África). Nessa perspectiva é que estão as coisas que chamei de "boas" e "excelentes" no livro.

Agora os problemas. A relação entre ficção e realidade me parece problemática.

A autora conta que a história do livro estava escrita em uns papéis velhos que uma criança, sem saber, usava para desenhar. Havia partes ilegíveis ou faltando e ela então completou com ficção. Ela diz na introdução que "algumas partes" do livro foram inventadas, sem precisar quais, e que "quase tudo" corresponde à história narrada pela mulher nos papéis.

Com isso, pensei em dar crédito histórico à maior parte do que lia. Entretanto, comecei a duvidar quando notei o que me pareceu uma tentativa de "forçar" a relação da personagem com figuras famosas, como a história do Tiradentes e depois com o Joaquim Manuel de Macedo, a ponto de dizer que "A moreninha" foi inspirada nela.

Alguns detalhes de eventos históricos também me pareceram bem duvidosos, e houve ao menos um momento com uma escorregada cronológica feia, quando, em 1848, um homem dizia que o pai do seu pai havia chegado à África em 1624 (uma distância impossível).

A desenvoltura e a minúcia com que a personagem narra em detalhes eventos do passado, citando sempre corretamente nomes que não diziam respeito ao seu cotidiano, sugerem não uma memória extraordinária, mas a intervenção da autora da história. É bem difícil imaginar que uma pessoa "real" entrasse em tantos detalhes como a narradora do livro, o que, por vezes, faz com que o livro se torne enfadonho, pelo excesso de descrições sem relação com a trama principal (e ao estilo da narração parece faltar o que uma amiga chamou de "alma").

Então eu não sei o que exatamente havia nos papéis que a autora encontrou (e que são passíveis de erros também) e o que veio da autora. É bem possível também que leitores citem certos detalhes do livro como verdade histórica, quando não o são. Isso é um mal de todo livro de ficção histórica, mas esse sugere que "quase tudo" é real. Eu preferiria que a autora dissesse que fez adaptações para que a história que encontrou se transformasse na de Luiza Mahin, figura cuja existência ainda não foi comprovada.

Isso me incomodou durante a leitura, que me parece bastante útil para se conhecer certos eventos históricos, mas então pesquisá-los e aprofundá-los em outra parte. Talvez se esses eventos e as abordagens que privilegiam a voz do negro como agente da história no Brasil fossem mais conhecidos e disseminados, o livro não faria o mesmo sucesso, porque aí se sobressairiam mais as questões de estrutura e estilo.
Profile Image for Fabio Augusto.
172 reviews6 followers
February 19, 2018
Um defeito de cor é um livro muito bom e vale a pena lê-lo, apesar das suas mil páginas. Tem tudo pra ser um clássico brasileiro. Tem muitos prós e apenas um contra.

O livro conta a história de uma africana que vem como escrava ao Brasil. A vida da protagonista Kehinde é riquíssima e a autora a aproveita pra contar passagens importantes da história do Brasil de um ponto de vista diferente, como se fosse uma História da Vida Privada dos escravos no Brasil. É muito legal ler sobre passagens que decoramos – pra esquecer logo após a prova – como a noite das garrafadas, a revolta dos malês e as etapas do processo que culminou na abolição da escravidão no contexto da vida das pessoas que ali estavam. Só por isso o livro já vale a pena.

O principal atributo do livro é mostrar a escravidão em detalhes e na visão do escravo. Pra mim, foi a leitura que faltava pra eu entender de uma vez por todas o que é o tal lugar de fala. Depois de ler esse livro, acho difícil alguém ainda achar que lugar de fala é mimimi. Por outro lado, a autora não endeusa ninguém. Mostra brancos e negros com suas qualidades e defeitos de seres humanos. De brinde, dá uma aula sobre regiões da África que formaram nossa população, as relações entre as pessoas por lá e a conexão entre os dois continentes.

O livro tem um ritmo bom. A história é muito interessante como romance, as personagens são críveis e a Kehinde é cativante. Porém, são mil páginas e é difícil manter a pegada num livro tão grande. Em geral, os livros de 500 ou mais páginas que li começam mornos, dão uma enrolada no meio e esquentam muito no final, deixando a impressão de que o autor queria me segurar por ali. Um defeito de cor vai na direção oposta. O livro começa quente, pega fogo bem antes da página 100 e em algum momento lá pela metade perde um pouco de vigor. Ainda é bom de ler, mas não tem como comparar com o começo de obra-prima sem se decepcionar um pouco.

Alguém escreveu que esse livro deveria virar aqueles clássicos que lemos na escola. É verdade. Muitas das discussões propostas são fundamentais e acrescentam muito mais que um monte de coisa que a gente lê durante a adolescência. Só não sei como vão colocar um livro tão grande na grade de estudos. Mas que esse livro tinha que rodar por aí pra ser discutido, não há dúvida. Tomara.

Última dica: a autora faz uma explicação primorosa das religiões de matriz africana, o que é muito legal pra desmistificá-las e mostrar que há mais semelhanças do que diferenças entre o que europeus e africanos têm como religião. Só que o meio do livro é recheado de descrições intermináveis dos cultos e a coisa toma ares de pregação misturada com a pretensão de que o livro seja um catálogo de práticas religiosas, fugindo muito da proposta inicial. Como eu li no Kindle, quando já tinha pego o espírito da coisa, fiz o seguinte: quando via que as descrições não tinham relação com a história, batia o olho na página e passava para a próxima até que a história fosse retomada.
Profile Image for Lucas Rocha.
Author 41 books264 followers
April 8, 2019
Existem livros que transcendem o conceito de jornada e se tornam companheiros pelo tempo que levamos para ler. Seja porque é um livro grande, seja porque a história te hipnotiza ou seja porque você não quer se despedir de todos os personagens que povoam sua imaginação enquanto você está lendo. Este livro é tudo isso: imenso, apaixonante, maciço, denso, tenso, cruel, amável e um tanto de outros adjetivos que agora me faltam.

A história de Kehinde - ou Luísa, como passa a se chamar quando chega ao Brasil, traficada da África - é um romance de formação que acompanha a vida de uma mulher preta desde sua infância, cheia de medos e de vontades de não ser uma pessoa invisível em uma sociedade que invisibiliza, até a velhice, em uma busca por um filho perdido. É uma história permeada de tragédias e crueldades contra escravos no Brasil do século XIX, mas é também uma história sobre uma mulher que é dona de si mesma, que foge completamente aos clichês que conhecemos de escrava-apaixonada-pelo-senhor, escrava-que-existe-apenas-para-sofrer ou a escrava-que-não-tem-perspectiva. Kehinde foge de todos esses esteriótipos: é empresária, é inteligente, letrada em mais de um idioma, temente aos seus orixás e aos santos que aprendeu a cultuar no Brasil. É uma mulher que, assim como tantas outras que devem ter existido, é quase palpável, quase como uma tararavó distante que a história apagou para nos dar a narrativa única do escravo oprimido e temente ao seu patrão.

A história de Kehinde também é a história do Brasil, das revoluções pretas, de tudo o que foi construído pelos africanos e a gente não sabe ou não se esforça para saber. A revolução dos malês - onde escravos negros muçulmanos tinham o plano de fazerem uma revolução na Bahia - tem papel importante na metade do livro, e no prefácio a autora declara com certo espanto o fato de nunca ter ouvido falar sobre essa revolução tão importante na escola.

A história de Kehninde também quebra a barreira de escravo-senhor ao apresentar uma das amizades mais bonitas e sinceras que já vi, entre a protagonista e a filha da mulher cruel para a qual vai trabalhar assim que chega ao Brasil. Uma amizade que dura toda uma vida, que a princípio encarei com desconfiança, com medo de que Kehinde fosse traída em algum momento, mas que foi completamente satisfatória.

Eu sinceramente não tenho como descrever em um comentário tudo o que esse livro significou para mim. Uma aula de história, de empatia e de paciência. Uma grande montanha literária, por assim dizer, tanto por suas 950 páginas quanto por sua forma narrativa, sem nenhum diálogo direto.

Então é isso: leiam esse livro.
Profile Image for Milena.
132 reviews2 followers
May 30, 2022
Um livro que deveria ser leitura obrigatória para todo brasileiro.
Profile Image for Luciana Betenson.
271 reviews2 followers
July 18, 2024
Melhor livro do ano. Ficção da escravidão e dos escravizados no Brasil, História que ficou à margem da sociedade brasileira e que precisa ser contada. A autora tem um quê de Ken Follett, descrevendo com detalhes uma época, um povo, uma cultura e seus rituais religiosos, comidas, vestimentas, comportamentos, etc.; deixando você sempre no limiar de pensar o que seria ficção e o que seria realidade. Baita livro. Imperdível.
Profile Image for Fernanda  Ciribelli.
5 reviews
February 16, 2025
Um defeito de Cor é uma história de epopeia. A protagonista é uma verdadeira heroína, no sentido mais literário da palavra, passando por seguidas provações dolorosas e se reinventando depois de cada uma delas. "Cavando a vida com as mãos", ela nos leva a repassar uma grande parte da história ocidental do século XIX. Avalio com quatro estrelas por um único motivo: no penúltimo capítulo há uma mudança no comportamento ético da protagonista que, para mim, fica difícil de se explicar, mesmo considerando as contingências da vida e as mudanças de consciência trazidas pela idade. De igual maneira, é um livro que, sem nenhuma dúvida, merece o comprometimento do leitor com suas quase 1000 páginas.
Profile Image for Gabriele.
175 reviews
January 30, 2021
Ler esse livro foi uma experiência diferente da experiência de ler qualquer outro livro. É enorme. E enorme em muitos sentidos. Imagino ser o maior livro que eu li, em relação a número de páginas, mas também é um livro enorme pela história que carrega. Acompanhamos a história de Kehinde desde sua captura e escravização na África até o fim de sua vida. A narrativa fez com que eu me sentisse muito próxima dos personagens, que eu sentisse muito e me envolvesse de forma muito intensa. É um livro que eu me surpreendi muito com a rapidez que foi lido, simplesmente porque eu estava mergulhada naquele contexto e não conseguia sair. É um livro dolorido, mas necessário. É uma aula de história completa e aprofundada. É entrar em contato com momentos da história difíceis e pesados, que são retratados com toda sua complexidade. E por mais que a narrativa faça com essa seja uma leitura fluída e fácil, as temáticas abordadas não são nada fáceis. Mas é necessário. Conhecer a história do país em que se vive é necessário. O que eu aprendi lendo esse livro nunca me foi ensinado em nenhuma aula de história. A autora colocou muito afeto nesse livro, é perceptível.

O final acabou se tornando um pouco mais cansativo para mim, se comparado com o resto da história. Sinto que algumas coisas que foram colocadas eu senti mais enroladas e eu acabei me desligando um pouco da relação afetiva que vinha trilhando com os personagens. Acho que pelas mudanças de ambiente e personagens que acontece no final, não sei. Sinto que sentia que de certa forma, Kehinde estava em processos de desligamento e isso aconteceu comigo também.

Eu recomendo demais essa leitura. Me transformou como leitora, sem dúvidas
Profile Image for Laura Peconick.
125 reviews6 followers
February 24, 2024
6/5!

Um dos melhores livros que eu já li na minha vida. Obrigada a Portela por me fazer pegar ele de novo, depois de ter deixado uns 3 meses na “geladeira”. Não vou falar muito sobre a história pq acho melhor você ir pra leitura sem saber muita coisa, mas acho que todo e qualquer brasileiro tem a obrigação de ler esse livro. Que livrão da porra (não falo do tamanho)!
Profile Image for Amazonina.
78 reviews1 follower
August 17, 2025
Neste romance somos apresentados à Kehinde, uma mulher negra do antigo Reino de Daomé (atual Benin), raptada e levada como escravizada para a Bahia no início do século XIX.

Ao longo de quase mil páginas ( acreditem, nalguns momentos foi complicado), acompanhamos a sua trajetória que foi marcada por dor, resiliência, grandes amigos, grandes negócios e uma esperança que nunca se esgotou mesmo sob todas as adversidades

Mais do que uma personagem, a Kehinde ( da minha confiança) foi a protagonista e a narradora da própria história — uma mulher que no seu tempo e à sua maneira, dentro do possível, recusou-se a ser silenciada e assumiu o controlo da sua voz e memória.

Apesar da narrativa ser densa e detalhista, o livro entrega uma experiência profunda e transformadora do que foi todo esse processo de luta até a sua abolição efetiva no Brasil .
Foi muito curioso para mim aprender inclusive um pouco da história de angolanos levados à força para esse país.

É um gesto literário e histórico de reparação, que resgata a vida e o protagonismo de mulheres negras que a história tentou apagar.

Apesar de ser ficção é importante frisar que foi baseado em fatos reais.
5 reviews8 followers
May 27, 2020
Li após ler uma sequência de livros da Chimamanda, e estava procurando livros de literatura afro-brasileira. Não sabia quase nada do livro, exceto o fato de se tratar de uma história sobre uma africana que acaba sendo levada para o Brasil como escrava. Quando o recebi e abri a caixa, ri pensando que não terminaria de lê-lo porque era bem longo.
A leitura é bem densa e rica, com muitos detalhes e informações que tive muito prazer em ter contato. Houve inúmeras descobertas felizes enquanto lia, e foi uma grande surpresa que, de alguma forma, me ligava de volta a Chimamanda.

Profile Image for Diana Passy.
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Read
February 4, 2025
"[...] os africanos não gostam de pôr histórias no papel, o branco é que gosta. Você pode dizer que estou fazendo isso agora, deixando tudo escrito para você, mas esta é uma história que eu teria te contado aos poucos, noite após noite, até que você dormisse. E só faço assim, por escrito, porque sei que já não tenho mais esse tempo. Já não tenho mais quase tempo algum, a não ser o que já passou e que eu gostaria de te deixar como herança."
Profile Image for Felipe Jamel.
113 reviews3 followers
December 8, 2020
Lindo e doloroso
Apesar do meu problema com o gênero "romance de formação" foi incrível acompanhar toda a história da Kehinde, que se mescla com a história do nosso país, escrita com maestria pela gênia Ana Maria Gonçalves.
Profile Image for Clarice Scotti.
37 reviews3 followers
April 5, 2016
se você só puder levar um livro pra uma ilha deserta, leve este! é um romance histórico, é uma biografia arrebatadora, é uma grande carta de uma mãe para um filho contando sua vida – e que vida! kehinde foi capturada aos sete anos na cidade de uidá, em daomé, áfrica, e despachada num navio negreiro para ser escrava na bahia. mais de 80 anos depois, faz a mesma viagem, e durante o trajeto revê tudo que viveu e registra essa história, com todas as suas tragédias e alegrias, sem meias palavras. segundo a autora, ana maria gonçalves, o relato é real, resgatado de manuscritos encontrados por ela na ilha de itaparica, com apenas algumas lacunas preenchidas por sua imaginação. a vida de kehinde é fascinante do início ao fim, mas a narrativa fica ainda mais envolvente quando ela nos apresenta seu testemunho sobre os momentos históricos de que participa, tanto no brasil quanto na áfrica, e sobre curiosidades das diversas culturas, africanas e brasileiras, que conhece e vivencia. tudo com o tempero extra de ser um retrato preciso de uma época por um olhar nada convencional, o da mulher, negra e escrava. um épico, uma obra prima!
4 reviews6 followers
August 4, 2019
O livro é, supostamente, uma mistura entre realidade e ficção. Apesar de não ter pesquisado a respeito da veracidade dos documentos que teriam dado origem ao livro, me pareceu bastante evidente diferença entre alguns pontos (os reais, presumo) e outros, que suponho que tenham sido as partes adicionadas pela autora. A pesquisa histórica para o livro é de fato impressionante, mas para mim toma muito mais espaço da estória do que deveria. Há uma abundância de historias e personagens absolutamente desnecessários ao desenrolar da trama e ao arco da protagonista e que pesam sobre o ritmo do enredo, arrastando a história principalmente a partir do segundo terço do livro. Sinto que o romance se prolonga demasiado em alguns pontos não tão relevantes (talvez porque tanta pesquisa tenha que ser inserida em algum lugar) e acelera demais em outros, preterindo a estória em prol da história. Interessantíssimo ler sobre religiões e história do Brasil - sinto até que a pesquisa da Autora podia ter dado origem a livros paralelos, ao invés de terem sido incorporados numa história já bastante intricada. Recomendo a leitura, sobretudo dos dois primeiros terços, e alguma paciencia para o restante.
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