Um poderoso romance que joga luz sobre o sentido de pertencimento, a descoberta da sexualidade, as complexas relações familiares e o desejo de transformação da própria identidade.
Copacabana, década de 1990. À medida que chega à adolescência, Manu, caçula de uma família de classe média, percebe que a imagem que tem de si não coincide com aquela que os outros à sua volta enxergam — ou esperam enxergar. Como aponta Chico Felitti na orelha do livro, Vinco não trata simplesmente de uma única transição, e sim de "um tapete tecido com todas as transições que formam a vida de de criança a adolescente. De adolescente a adulto. De neto a amigo. De brasileiro a estrangeiro ilegal na França. De homem para mulher. De mulher para homem. De homem ou mulher para algo ainda sem nome".
"Como trans, sempre me interessam histórias de pessoas em passagens semelhantes, mas este livro é muito mais do que um caso narrado. É uma cena enorme, com países, continentes, universos e tempos. É um épico das nossas almas. Estou deslumbrada." — Laerte
"Neste momento delicado e urgente de disputa de narrativas identitárias, Manu Sawitzki se entrega a uma tarefa corajosa. Usando as estratégias do que Suely Messeder chama de pesquisador encarnado — ou seja, a imersão profunda no objeto de sua pesquisa, num difícil exercício de empatia radical (incluindo-se aqui a superposição não só da identidade, mas ainda dos nomes da autora e da personagem) —, Manoela descreve os traumas, as dores e as vitórias dos processos de transição de gênero. E o faz não apenas com sua competência de pesquisadora e escritora, mas, sobretudo, com uma delicadeza e afetividade brilhantes." — Heloisa Buarque de Hollanda
"Vinco é uma leitura comovente, inquietante e que parece dar seu primeiro choro após o parto, de tão contemporânea. Um livro com o potencial de empurrar quem o lê para além de fronteiras, visíveis e invisíveis." — Chico Felitti
Manoela Sawitzki nasceu em Santo Ângelo, Rio Grande do Sul, Brasil, em 1978. É escritora, dramaturga e jornalista. Publicou o romance Nuvens de Magalhães (Mercado Aberto, 2002), a peça Calamidade (Funarte, 2004), cuja primeira montagem lhe rendeu o Prêmio Açorianos de Melhor Dramaturgia de 2006. Seu segundo romance, Suíte Dama da Noite, foi publicado no Brasil em 2009 pela Record e em Portugal, pela Editora Cotovia. Já trabalhou em roteiros para cinema e televisão, e é colaboradora da revista brasileira Bravo!, escrevendo críticas de teatro.
Se "cada mulher deve saber a medida do peso e do vazio que carrega", essa obra escancara todos eles sob a visão de quem está entre o limiar do feminino e do masculino.
Manu como protagonista da tragédia da própria vida discorre de sua infância, juventude e vida adulta nas ruas de Copacabana, sob o véu das violências diárias praticadas pelo meio familiar e pelo social, em uma construção e reconstrução de sua identidade sob os olhos vigilantes e empáticos da avó.
No entanto, embora seja perceptível o que a escritora quer nos contar, mesmo sem utilizar os termos referentes a transexualidade, há muitos pontos vagos, primordialmente quando Manu parte do Rio à Paris, deixando inconcluso seu passado na cidade, seus conflitos com a mãe e irmã, até o seu regresso ao interior do Recife e a ausência do pai terrivelmente inexplicável; ao que me imprime a sensação de pontos ausentes na história, de modo que poderia ser uma boa leitura, todavia foi apenas frustrante.
Nas primeiras páginas eu já tinha me dado conta que seria uma daquelas histórias que você não esquece e ainda indica para todos. Quando você chega ao fim, fica claro porque a Laerte ficou deslumbrada com a escrita de Manoela.
Sempre bom ler uma narrativa LGBTQIA que vai além da autodescoberta. Gostei muito do texto, da história e dessa avó tão carismática. Só não dei cinco estrelas, porque senti que o livro foi perdendo um pouco do fôlego no final.
Eu amo livros que abordam nostalgia, como "Foi um péssimo dia" da Natalia Polesso. Porém, esse livro não conseguiu me fazer se apegar ao personagem.
Manu é um menino que sempre amou coisas que representassem feminilidade. As maquiagens e roupas da irmã e da mãe.
Durante a história, a gente conhece os laços que Manu tinha com seus familiares, mãe, pai, avó, avô... Porém, é tudo contado de uma forma confusa, apesar de ter capítulos que separam os locais que aconteciam (Paris/Rio de Janeiro).
Acredito que se tivesse em formato de diário, seria mais fluída a leitura, pois eram diversos acontecimentos que deixavam pontas soltas, como por exemplo, o pai.
Não me recordo se na leitura teve algum momento que falasse sobre a transição. Acho que é mais um livro de descobertas e dificuldades de adolescente nos anos 90.
Gostei da forma que a autora aborda a transexualidade, é interessante de ler como a Manu vai experimentando na infância e na vida adulta, até o momento de libertação no final. Mas, foi só isso mesmo que gostei no livro. Não me apeguei nem um pouco à história, o livro vai desde a infância até a vida adulta da Manu e eu achei todos esses períodos chatos; a única coisa que salvou foi o na infância durante os encontros com a avó, pois ela é a única personagem minimamente interessante, todas as outras relações familiares, amizades e trabalhos da protagonista foram indiferentes pra mim. Também não gostei nem um pouco do final, nem parecia que era um último capítulo e, no fim, eu não entendi onde a autora queria chegar com a história.
Expectativas de que fosse muito além. É cheio de pontos vagos, quando a história começa a ter interesse é cortado para uma parte futura, deixando lacunas. Me incomoda grandemente o final, não faz sentido. Também esperava que por ser uma temática trans isso seria mais explorado mas não senti isso.
Uma narrativa densa, com toques de violência familiar e/ou social, que nos mostra uma busca por uma identidade que se mostra fluida, inconclusiva, não pertencente a um padrão. Aliás, a questão de pertencimento é crucial neste livro, cuja leitura eu realmente recomendo.
Uma escrita sensível e comovente sobre a aceitação de si e do outro. Sobre encontrar-se em si e no outro. Sobre a busca em si e no outro. Sobre estender as mãos, para dentro e para fora, e poder tocar a si e ao outro. E sobre o quão difícil tudo isso é. Mas que seja, talvez, o que nos salve.