Da infância na Azinhaga à consagração em Estocolmo, As 7 vidas de José Saramago ensaia o retrato da vida de um homem profundamente comprometido com o ofício da escrita, dedicado a uma missão transcendente Ancorados na Josephville que o escritor descreveu em 1968 Miguel Real e Filomena Oliveira contam, simultaneamente, a história de José Saramago e de um outro século XX português.
Menino pobre numa Lisboa hostil de que se sentia excluído em todos os aspetos, decide conquistar a cidade, derrubar as suas muralhas, fazê-la sua.
Torna-se serralheiro e autodidata, será escritor, encontrará formas de ocupar o espaço social, cultural e político que lhe permitirá operar a revolução que idealizou e em que crê obstinadamente, o que o levará a criar obras-monumento como Memorial do convento, O Evangelho segundo Jesus Cristo e Ensaio sobre a cegueira.
De 1922 para 1998, ano em que é distinguido com o Prémio Nobel da Literatura, Saramago vê a sua almejada Josephville transformar-se num mundo que o celebra e ao seu trabalho.
Ao longo dos sete capítulos que descrevem os diferentes momentos da vida do escritor, descobrimos um Saramago que se reinventa a cada revés, que desafia a imagem que o país tem de si mesmo e que enfrentou, sem medos, os seus piores fantasmas.
Escrita com total acesso aos arquivos da Fundação Saramago e contendo testemunhos inéditos, esta é a biografia íntima de um homem universal, que se forjou no idealismo de um mundo mais justo e se comprometeu a mudá-lo através da Literatura.
MIGUEL REAL nasceu em Lisboa em 1953. Fez a licenciatura em Filosofia na Universidade de Lisboa e, mais tarde, um mestrado em Estudos Portugueses, na Universidade Aberta, com uma tese sobre Eduardo Lourenço. Estreou-se no romance, em 1979, com O Outro e o Mesmo, com o qual viria a ganhar o Prémio Revelação de Ficção da APE/IPLB. Em 1995, voltou a ser distinguido com um Prémio Revelação APE/IPLB, desta vez na área de Ensaio Literário, graças à obra Portugal - Ser e Representação. Outra distinção importante surgiu em 2000, o Prémio LER/Círculo de Leitores, com o ensaio A Visão de Túndalo por Eça de Queirós. Em 2001, recebeu uma bolsa do programa Criar Lusofonia, do Centro Nacional de Cultura, que lhe permitiu percorrer o itinerário do Padre António Vieira pelo Brasil. A esse propósito escreveu um diário, editado em 2004, intitulado Atlântico, a Viagem e os Escravos. A partir de 2003, com a novela Memórias de Branca Dias, passou a escrever simultaneamente um ensaio e um romance para evitar incluir teoria (filosófica, principalmente) na ficção. Em 2005, Miguel Real lançou o romance histórico A Voz da Terra, cuja a ação decorre na época do terramoto de 1755, que viria a ter grande reconhecimento por parte da crítica e do público. A Voz da Terra proporcionou ao autor a conquista da edição de 2006 do Prémio Literário Fernando Namora, um dos mais prestigiantes galardões literários a nível nacional. Simultaneamente ao romance A Voz da Terra foi publicado o ensaio O Marquês de Pombal e a Cultura Portuguesa, situado na mesma época. Já em finais de 2006 foi lançado o romance O Último Negreiro, sobre o traficante de escravos Francisco de Félix de Sousa, que viveu em São Salvador da Baía e Ajudá, no Benim. Paralelamente ao romance e ao ensaio, Miguel Real dedicou-se, regularmente, à escrita de manuais escolares e de adaptações de teatro, estas em colaboração com Filomena Oliveira. Começou a colaborar regularmente no jornal literário Jornal de Letras a partir de 2000.
Este livro é um misto de biografia e análise literária, onde o homem e a obra são inseparáveis. Fiquei com vontade de ler todas obras de Saramago que me faltam e reler as que já conheço.
Não há forma de não gostar de Saramago. As suas obras são sempre repletas de verdade. Entre esta biografia e análise e crítica literária, é nos mostrado as sete (longas) vidas de Saramago. A literatura, a justiça, os valores , a vida pobre que se repercutiu em sucesso, num dos maiores autores da lingua portuguesa.
Livro formidável que conta a vida de uma das pessoas mais inspiradoras do século XX. O livro está bem escrito, é fácil seguir, e é interessante. Por vezes repete-se e alonga-se em detalhes, mas em nada lhe tiro o mérito de um livro excelente.
Mais do que uma biografia certinha que narra a história de um indivíduo, esta é uma biografia literária segundo os dois motes da vida de José Saramago, para os autores: a Literatura e a Injustiça. Está dividida em sete partes, tantas quantos as várias fases da vida de Saramago. E agora, que acabei, tenho vontade de ler o que ainda me falta (ainda bem que ainda não li todos, tenho o prazer de lê-los pela primeira vez) e de reler, por vezes com outros olhos, o que já li.