Jump to ratings and reviews
Rate this book

O Tamanho do Mundo

Rate this book
Por entre os estalos dos móveis da sua casa em Lisboa, um idoso observa o outro lado do Tejo enquanto se perde nas memórias sobre uma cave e um pequeno jardim com um baloiço. Independentemente de ter acabado por se tornar presidente de uma grande empresa, o sucesso jamais debelou a perda daquele tempo, acorrendo repetidas vezes ao local e imaginando que as pequenas coisas e as personagens (mais significativas, como a filha, ou mais casuais, como uma senhora que passa com um carrinho das compras) se mantêm intactas, tal qual um tempo impoluto.

288 pages, Kindle Edition

First published October 1, 2022

29 people are currently reading
411 people want to read

About the author

António Lobo Antunes

87 books1,039 followers
At the age of seven, António Lobo Antunes decided to be a writer but when he was 16, his father sent him to medical school - he is a psychiatrist. During this time he never stopped writing.
By the end of his education he had to join the Army, to take part in the war in Angola, from 1970 to 1973. It was there, in a military hospital, that he gained interest for the subjects of death and the other. The Angolan war for independence later became subject to many of his novels. He worked many months in Germany and Belgium.

In 1979, Lobo Antunes published his first novel - Memória de Elefante (Elephant's Memory), where he told the story of his separation. Due to the success of his first novel, Lobo Antunes decided to devote his evenings to writing. He has been practicing psychiatry all the time, though, mainly at the outpatient's unit at the Hospital Miguel Bombarda of Lisbon.

His style is considered to be very dense, heavily influenced by William Faulkner, James Joyce and Louis-Ferdinand Céline.
He has an extensive work, translated into several languages. Among the many awards he has received so far, in 2007 he received the Camões Award, the most prestigious Portuguese literary award.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
80 (38%)
4 stars
76 (36%)
3 stars
31 (14%)
2 stars
15 (7%)
1 star
8 (3%)
Displaying 1 - 30 of 41 reviews
Profile Image for diario_de_um_leitor_pjv .
781 reviews138 followers
October 28, 2022
COMENTÁRIO
🌟🌟🌟🌟🌟
“O tamanho do mundo”
António Lobo Antunes


O tamanho do mundo ou o território da solidão. Neste novo romances António Lobo Antunes (ALA) partilha com os leitores um conjunto de vozes narrativas imbuídas de uma intensa vida solitária. Vozes que procuram ultrapassar as dificuldades das sua biografias, das vidas que levam, e que procuram esse sentido que vamos dando ao tempo que por cá andamos.

Num registo mais “simples” do que aquele que ALA nos vem habituando nas obras dos últimos anos, partilhamos esta leitura com personagens e momentos narrativos usuais na obra do autor.

Assim temos uma, típica, personagem masculina em crise que usando um contínuo fluxo de consciência se questiona nos momentos aparentes do final da vida. Um homem envelhecido, um homem rico, um homem doente, um homem que viveu múltiplas aventuras nos seus "tempos áureos". Um homem que tem um filha, fruto de uma relação proibida.
Filha essa que se constitui no outro vértice deste livro, uma filha que recorda a fome e a miséria dos primeiros anos. A violência que a pobreza que lhe impõe até ao momento em que é "resgatada" é um dos pontos fulcrais do livro.

Acho que estou a entrar em muitos detalhes. Mas deixem que vos diga que aos 80 anos ALA continua a escrever uma prosa maravilhosa que me encantou como leitor, e que o confirma como um mestre da narração.

E sim, faço parte do grupo de pessoas que espera todos os anos que António Lobo Antunes ganhe o Nobel da Literatura...

(li de 22 a 28 de Outubro de 2022)
Profile Image for Vítor Leal.
121 reviews25 followers
October 30, 2022
"parece que ele, de tempos a tempos mandava que o levassem à praceta da cave onde a minha mãe e eu morámos e ficava dentro do automóvel, durante horas, a espreitar sei lá o quê, com o chofer ao volante, sem coragem de perguntar fosse o que fosse, até que ao fim da tarde, quando a luz verde da farmácia começava a piscar, anunciava
- Não puderam vir hoje"
Profile Image for Ritinha.
712 reviews136 followers
November 5, 2022
Quando se é grande na escrita até uma lista de compras contém interesse bastante para um leitor dedicado. Um enredo menos rico, mais forçado, longe da densidade maior a que o autor nos vinha habituando, não deixa de proporcionar uma leitura compensadora q.b..
Os recortes de vida em angústia e em portugalidade continuam a ser magistrais, mas, face ao pouco e ao telenovelesco do enredo, não ajustam o balanço para os níveis dos últimos livros.
Profile Image for Chris.
267 reviews113 followers
March 19, 2025
Toen ik de kraakverse Nederlandse vertaling van deze roman door Harrie Lemmens bij de heerlijke Brugse boekhandel 'Raaklijn' zag liggen, kreeg ik meteen zin om me weer eens door de literaire roes van António Lobo Antunes te laten bedwelmen. Dat lukte deze keer moeizaam, voornamelijk omdat mijn leestijd de voorbije weken heel versnipperd en onregelmatig werd wegens drukke dagen.

Ik kwam dus slechts moeizaam vooruit, was ook zelf vaak te moe om me lang te concentreren en dat is nu net wat de stijl van Lobo Antunes eist. Nee, geen moeilijke woordenschat of lang uitgesponnen gedachtenkronkels hier, maar een caleidoscoop van scènes, beelden en herinneringen die door elkaar en door de tijd meanderen, aaneen gelast door dialoogflarden die als mantra's blijven terugkeren tot het einde.

Vier personages komen in alternerend terugkerende hoofdstukken aan het woord: een oude industrieel, zijn dochter uit een verborgen relatie, de jongere vrouw die bij de industrieel inwoont en een advocaat die samen met de laatstgenoemde vrouw het geld van de industrieel wil versluizen. Alle vier worstelen ze met het leven, het ouder worden en vooral de soms gewenste, soms ongewilde heimwee naar hun eenvoudige afkomst en jeugd.

Waardig ouder worden staat niet in het woordenboek van Lobo Antunes. Met milde meedogenloosheid legt hij de levens van zijn vier protagonisten op de rooster en fileert in zijn zoekende stijl, in doorlopende tekst zonder punten hun condition humaine. Als een zuiderse Jon Fosse bezweert hij alles met de kracht van zijn taal, waarin voorwerpen en figuranten (dona Virgínia!) terugkerende symbolen of bakens blijken die de personages met elkaar verbinden.

Hoe rauw soms ook, van tijd tot tijd duiken er hartverscheurend mooie en ontroerende passages op die de kwetsbaarheid van onze levens aanraken, als een vinger op de wonde. Samenvattend zou je dit een boek over de pijn van het ouder worden kunnen noemen, geschreven door een ervaren auteur op leeftijd. Eentje die zijn sporen blijft verdienen en zichzelf blijft uitdagen. Dat laatste leer je uit de boeiende biografie in een notendop die meestervertaler Harrie Lemmens in zijn nawoord als toetje serveert. 3,5*
Profile Image for Telma Castro.
132 reviews6 followers
January 18, 2023
4,5⭐
Qual será o tamanho do mundo habitado por solidão e memórias?
Inicialmente a narrativa pareceu-me confusa, mas à medida que fui mergulhando, fui encontrando as peças que faltavam ao puzzle. Com as repetições intencionalmente enfáticas, que podem prender ou afastar quem o lê, vamos tendo retumbantes memórias sombreadas pelo tempo que pautam o discurso dos vários narradores.
Revisitámos "as arvorezitas anónimas de um jardinzeco"; "o gonzo da janela, quase vivo, a bater não sei onde"; "o baloiço empenado"; "a santinha de talha a que falta um dos dedos; "um postiguinho para um baldio"; "as escadinhas de cimento para a cave". Todas estas memórias aparecem-nos quase ditas como uma espécie de ladainha repetitiva e necessária. Memórias comuns, umas pueris, outras maduras, saraivadas de melancolia em parcimónia com a solidão. A escrita é de uma mestria ímpar, bem ao jeito do autor.
Profile Image for Elsa.
64 reviews37 followers
May 7, 2023
Não sei o que dizer.
Amei. Escrita maravilhosa. Estória um pouco devastadora…
Profile Image for Paulo Rodrigues.
253 reviews18 followers
February 18, 2023
"Às vezes pergunto-me qual a razão de não ter feito nada pelo meu pai quando ele deixou de sair de casa e passava os dias numa cadeira
diante da janela, calado, a olhar o rio e a mover os dedos devagarinho,
um a um, repetindo a lengalenga que a tia Deodata, uma velhota
amiga da família, lhe ensinou quando era pequeno, dedo mindinho,
de todos, fura bolos mata pulgas e piolhos, parece
seu vizinho,
que ele, de tempos a tempos mandava que o levassem à praceta da
cave onde a minha mãe e eu morámos e ficava dentro do automóvel, durante horas,a espreitar sei lá o quê, com o chofer ao volante,
sem coragem de perguntar fosse o que fosse, até que ao fim da tarde,quando a luz verde da farmácia começava a piscar, anunciava não puderam vir hoje e o automóvel trazia-o de volta à sua cadeira e às luzes de Almada..."

O Tamanho do Mundo de
António Lobo Antunes

Através de  quatro narradores vamos entrando neste mundo da solidão.  O primeiro é um homem de 77 anos, empresário, doente e obcecado por  jogos da memória, sempre a pensar num lugar em que  descobre ter sido feliz, uma cave num bairro pobre de Lisboa, onde vivia a sua amante e a sua filha.
A segunda protagonista é a filha, que ocupa o lugar do pai com sussesso como administradora nas suas empresas, mas com muitas marcas da miséria em que viveu na infância.
As outras  duas
personagens,mais secundárias e que ameaçam a transferência de poder em curso, uma rapariga que satisfaz  sexualmente o homem idoso, animando-lhe  os anos finais, sempre com o pensamento no dinheiro dele, e  também o advogado, que é amante dela, e que tenta ajustar a herança à conveniência deste par.
Notável o modo como Lobo Antunes através destas personagens  nos transmite a  solidão extrema do velho empresário. O  primeiro parágrafo é um enorme exemplo disso,quando nos é dito que a solidão se mede “pelos estalos dos móveis à noite” e pelos objetos que “aumentam nos naperons”.
Uma escrita muito emocional, dramática, como ele nos habituou mas menos labirintica, dos livros que li dele deve ser o livro mais facil de compreender, pareceu-me muito pessoal e com alguns  sinais na minha opinião de que este será talvez o seu último livro, uma narrativa muito nostálgica,  sofrida e quase sempre há beira do abismo, que  se entranha na alma, para lá ficar durante muito tempo.
Ao ler este livro sofri com ele, e não raras vezes me senti  em queda ,ou no papel da filha onde imaginei  tudo o que podía  ter feito e não fiz porque nunca pensamos  que tudo isto um dia acaba e aí já será tarde para viver a vida que desejamos e ambicionamos, ao lado de quem amamos. Esta obra mexeu muito comigo, e Ficará para sempre na minha memória. Talvez seja um dos melhores livros deste enorme escritor de seu nome,
António Lobo Antunes.
Leiam vale muito  a pena ...
Profile Image for Maria.
56 reviews4 followers
June 16, 2023
A solidão neste livro. A solidão de uma casa vazia. O barulho do estalar dos móveis que nos afoga nesta solidão.
A solidão de António Lobo Antunes que nos chega por três outras vidas para além da do próprio.
Profile Image for João Pereira.
55 reviews21 followers
August 27, 2025
Eu juro que tento gostar do António Lobo Antunes, sobretudo porque à primeira vista a sua escrita parece ter semelhanças com a de um dos autores que mais admiro, William Faulkner.

O meu problema não está no estilo fragmentado ou na frase longa em si, isso até pode ser fascinante quando serve uma voz, uma memória ou uma perspetiva. O que me afasta é a sensação de estar apenas a ler um encadeado infinito de frases e imagens que não levam a lado nenhum, uma sucessão de divagações e ambiguidades que acabam por perder qualquer norte narrativo.

Compreendo quem o venere e reconheço o impacto da sua obra, mas infelizmente não é para mim.
Profile Image for António Esteves.
196 reviews10 followers
November 13, 2022
Mais uma obra prima de ALA.
Várias vidas se entrelaçam numa narrativa que de início nos faz parecer complexa mas com o fluir da história tudo vai fazer sentido.
A solidão e as memórias como pano de fundo num tricô linguístico de grande sensibilidade e onde os pormenores são de uma importância maior.
E porque a solidão mede-se pelos estalos dos móveis à noite...
Profile Image for Margarida Magalhães.
91 reviews1 follower
November 27, 2022
27 de novembro era (é) o dia do meu pai. Tão próximo do meu dia, mas já de signos diferentes e, no entanto, percebo mais agora, com boas coisas em comum

Hoje, dia 27 de novembro, terminei “O Tamanho do Mundo” que fala muito de um pai que não era, que não foi perfeito…

… mas que apesar dessa imperfeição merecem uma pequena homenagem… se um empurrava a filha no baloiço para que tocasse nas nuvens com os pés, o outro ensinou a filha a nadar e transmitiu-lhe o amor pela água… ambos foram ausentes de forma diferente, ambos marcaram de forma decisiva as filhas… “que pena não ter entendido o amor que apesar de você não saber dar-mo recebi de si”…

Lá está António Lobo Antunes a colocar tanto amor numa só frase.

(sim, a pequena homenagem já acabou, não é confortável mostrar essa parte de mim)

Este blog começou por causa de Lobo Antunes, pela enorme estupefação que senti quando o li, não imaginava que alguém escrevesse assim… sobre o amor. Sim, para mim, Lobo Antunes escreve sobre o amor e recupero a primeira frase que escrevi em 2004 “ Um livro repleto de personagens complexas que acima de tudo precisam de amor e tentam encontrá-lo, algumas não da melhor forma.”

Eu que não fiz nada para isso, sinto orgulho por António Lobo Antunes ser português, por escrever na nossa língua.

https://os-livros-que-li.blogspot.com
Profile Image for Tiago Pinho.
Author 3 books14 followers
November 20, 2022
‘que horror a idade, a boca que a boca foi engolindo com o tempo, entrando dentro de si mesmo porque as gengivas, enormes, vão devorando os lábios conforme devoram as bochechas tornando o queixo imenso, não queixo de resto uma saliência curva que se ergue ameaçando o nariz e depois as íris sem pupila cravadas no tecto à medida que se afundam bo interior das pálpebras, nenhum espaço para lágrimas porque as órbitas as puxam para o interior da cabeça de modo a que a cara se despovoa de tudo, até do medo que me come também’
Profile Image for Beni Amaral.
12 reviews
January 25, 2025
sobre uma vida inteira de ausência e o remorso em torno dela; mais uma história triste, como é costume em Lobo Antunes
Profile Image for Sini.
600 reviews162 followers
April 29, 2025
De Portugese gigant Antonio Lobo Antunes (1 september 1942) heeft wel vaker zijn afscheid aangekondigd, maar “De omvang van de wereld” schijnt toch echt zijn allerlaatste roman te zijn. Als dat inderdaad zo is, dan is het een waardige afsluiting van een Nobelprijswaardig oeuvre. Mede door de als altijd swingende vertaling van Harrie Lemmens, die bovendien voor een enthousiasmerend en informatief nawoord zorgde. Ook de inleiding van Arjan Peters mag er trouwens wezen.

In negentien hoofdstukken horen we vier gekwelde stemmen van vier getourmenteerde zielen. De stem van een oude industrieel die niet lang meer te leven heeft, en die zich opvreet van spijt over verkeerde keuzes in zijn verleden en over zijn schrijnende eenzaamheid. De stem van zijn buitenechtelijke dochter, die tot in haar poriën gefrustreerd is over haar vaderloze leven en haar gefnuikte geluksdromen. De stem van de jonge vrouw die de oude industrieel nu gezelschap houdt, uit geldzucht maar ook uit gefrustreerde liefde, en die bovendien worstelt met haar armoedige achtergrond. En tenslotte de stem van de door zijn armoedige achtergrond eveneens zeer gekwelde jonge advocaat, die uit is op het geld van de oude industrieel en de jonge vrouw.

Die stemmen klinken om de beurt: in elk hoofdstuk loopt een van de personages steeds helemaal leeg in een almaar voortrazende monoloog, die steeds bestaat uit één uiterst intense en pagina’s lange zin. Een zin vol grillige wendingen, bizarre beelden, hyperbolische hartenkreten en ongefilterde emoties, die pas aan het einde van het hoofdstuk eindigt met een punt. Alsof de personages niet van ophouden weten, en niet tot een conclusie kunnen of willen komen. Het koortsachtige heden, het hallucinatoire verleden, allerlei barokke verzinsels en diverse groteske herbelevingen lopen bovendien voortdurend in elkaar over. Zodat elke kern, elke kop en staart en elke hoofdlijn voortdurend wordt overwoekerd door bizarre associaties en chaotische emoties. En door regelrechte verbijstering over de zo prangende redeloosheid van de wereld binnen en buiten ons. Als lezer kun je alleen maar meebewegen met die meanderende en ondraaglijk intense monologen. Zonder analytisch eindoordeel, maar met veel empathie.

Sommige barokke beelden en kwellende associaties worden door de personages bovendien steeds weer op steeds sterkere toonsterkte herhaald. Binnen dezelfde ellenlange zin, maar ook in latere hoofdstukken en zinnen. Als motieven in een steeds luidere maar nooit eindigende klaagzang. Waardoor het toch al zo zinderend obsessieve proza nog zinderender en obsessiever gaat klinken. Voorts worden de manische monologen vaak doorspekt met al dan niet gefingeerde of gehallucineerde uitroepen van anderen. Bij elke aangehaalde uitroep springt de tekst even in (wat ik hieronder weergeef met "/....\"). Dat inspringen maakt die ellenlange zinnen nog kronkeliger dan zij al zijn. En de manische monologen worden er ook nog eens kakofonisch en meerstemmig van.

Om een beetje een idee te geven citeer nu ik een klein stukje van zo’n zinderende zin. Waarin we een geteisterde mijmering horen van de oude industrieel. Die gaat als volgt: “[…] rare gedachte toch dat mensen niet meer zijn dan een stem die van heel diep komt, ik denk vanuit het middelpunt van de aarde, met de stilte van heel Lissabon eromheen, zoals vandaag hier in dit enorme huis waar ze mij alleen hebben gelaten, de laan beneden door het raam en de gillende ziekenwagen met zwaailichten, het doet me denken aan mijn moeder in het verpleeghuis voordat ze stierf, met haar kin opgericht van het kussen op zoek naar mij, waarom weet ik niet maar boos op mij /’Ben je tenminste nog hier?’\ of op mijn vader achter mij in een hoekje, half teruggetrokken in zijn kleren als een schildpad in zijn schild, al zonder armen en benen, alleen maar een verschrikt hoofd […]”.

Dat beeld van een in zijn schild teruggetrokken schildpad - een verschrikt hoofd zonder armen en benen- vind ik wel heel indringend. Net als de gedachte dat mensen niets meer zijn dan stemmen vanuit door stilte omringde diepten. Die gillende ziekenwagen, en die herinnerde boze en vertwijfelde uitroep van zijn stervende moeder – een herinnering die door de gillende ziekenwagen ineens opnieuw weerklinkt- , voegen daar nog de nodige lading aan toe. Zo rijgen de indringende uitroepen en groteske beelden zich bij Lobo Antunes dus voortdurend aaneen. In elke ellenlange zin opnieuw.

Vooral sterfelijkheid, ouderdom, verval en dood worden in verbluffende beelden gevat. Bijvoorbeeld: “[…] haar enorme mond slikte zichzelf in, geen trekken meer en geen rimpels, een stille steen die haar probeerde na te doen […]”. Een zichzelf inslikkende mond.... wat een beeld. Of juist een zichzelf opvretende mond: “[…] ouderdom, de mond die mettertijd zichzelf verslindt, want het immense tandvlees verscheurt de lippen en de wangen, waardoor de kin reusachtig wordt, niet echt een kin meer trouwens, maar een kromme uitstulping die omhoogrijst en eerst de neus bedreigt en vervolgens de irisloze ogen die zich dieper in het plafond boren naarmate ze verder wegzinken tussen de oogleden, voor tranen is geen ruimte meer zodat het gezicht van alles wordt ontdaan, zelfs van de angst, waar ik zelf trouwens net zo goed last van heb […]”. In eerdere aangehaalde passages bleef er alleen nog een verschrikt hoofd over, zonder armen en benen: hier zelfs alleen nog een zichzelf opvretende of inslikkende mond, en een kin die geen kin meer is.

Intrigerend zijn ook andere passages, waarin van een zichzelf inslikkende stervende alleen nog een neus overblijft: “[…] aangezien de stervende door zijn keel in zichzelf is gegleden en alleen nog maar de grafsteen van de neus hem rest, voorgoed rechtop in het kussen gespietst […]”. Een grotesk beeld, dat bovendien doorklinkt in de volgende groteske passage over ziekenhuispatiënten: “[…] hele lichamen onder lakens maar alleen de neuzen zichtbaar, bleek, enorm, wijzend naar het plafond, soms tanden eronder, soms naar het schijnt woorden die opflitsen en doven zonder gehoord te worden […]”. En die passage klinkt weer door in de volgende: “[…] witte mondmaskers waarachter in een witte stilte gewikkelde zinnen spartelen, als je ziek bent ben je slechts een neus tussen tientallen, honderden, duizenden andere neuzen […]”.

Kortom: alles aan ons fragmenteert. Niets blijft er van ons over. Behalve onze neus en een onwerkelijke witte stilte. Precies dat verbijsterende besef herhalen Antunes’ personages keer op keer opnieuw, met obsessief toenemende wanhoop. En door dat besef overmand staart een van hen in gedachten naar “[…] de witte rivier in de verte met piepkleine witte meeuwen die al naar gelang de lichtval bestaan of niet bestaan, in stilte krijsend tegen de stilte van het water, een neus tot wie de andere neuzen zich vol ontzag richten […]”. Vooral dat stille krijsen naar het stille water, van die nauwelijks bestaande meeuwen, raakt mij midscheeps. Want zo onwerkelijk en niet- bestaand voelt ook het personage zich. Een personage dat weliswaar gezag geniet, maar toch niets meer is dan een onwerkelijke zieke neus te midden van ontelbare andere neuzen.

De wereld is volgens Lobo Antunes dus van elke vastheid verstoken. Zelfs een simpel strontje bij ons oog berooft ons van elk evenwicht en elke symmetrie: “[…] en een van de oogleden dat raar en monsterlijk het hele gezicht min of meer doormidden deelt, dat wil zeggen een deel ik ’s morgens, met trekken die nog in zichzelf verpakt zitten en hun plek in mij zoeken zoals je in de bioscoop met het entreekaartje in je hand je stoel zoekt, met je kin die denkt /’Ik geloof dat ik verder naar voren zit’\ en je oor dat wangen wegduwt /’Mag ik er even langs’\ in de richting van de bakkebaard, en de hele rest van mijn gezicht een gigantisch strontje dat me asymmetrisch maakte, vreemd, verschrikkelijk, ik keek me aan met een minuscuul oog dat probeerde te bestaan onder een uitdijend rood duin, omhuld door een immense traan die de wereld vertroebelde, zodat die, lichaam en ziel, niet meer was dan een aureool van pijn rond het strontje, dat zich ’s nachts in het geniep gevormd had om de dag voor me te verpesten, me te dwingen zijdelings te bestaan in een scheve wereld, voor de helft helder en voor de helft wazig […]”.

Lobo Antunes’ litanie over de deerniswekkende kanten van leven en dood is kortom net zo imponerend en overweldigend als in de andere romans die ik van hem ken. En ook net zo euforiserend, ondanks de zo zwartgallige inhoud, door de pure pracht en originaliteit van de stijl. Bovendien is dit boek naar mijn smaak nog ontroerender dan veel van zijn andere boeken, door zijn schrijnende passages over vervlogen geluk en over even vergeefs als intens verlangen naar geluk.

In hoofdstuk twee bijvoorbeeld lezen we over de eerste keer dat de dochter van de oude industrieel haar vader ontmoette. Althans, in haar herinnering. Zij zit dan als klein kind in een schommel, “te wachten tot iemand me duwde en ik met mijn tenen de wolken kon raken”. Vervolgens verschijnt dan haar vader, nauwelijks herkend, en zich vooral manifesterend als meteen weer vervliegend beeld: “[…] ik dacht even dat zijn mondhoeken omhoog zouden gaan voor een glimlach en dan wegfladderen boven de daken, maar hij lachte toch niet, dat zijn vingers wilden zwaaien maar zich beschaamd terugtrokken in zijn jaszak […]”. Ook in de latere hoofdstukken ontmoeten vader en dochter elkaar juist niet echt, vermijden zij elkaar zelfs, en vreten zij zich allebei op van jankende spijt over dat gemis. Maar toch, even is er dat beeld van tenen die de wolken kunnen raken……. En precies dat zo verlangende beeld keert op volle kracht terug in de van verlangen doordesemde herinnering van de vader:

“[…] mijn dochter, die in tegenstelling tot mij altijd /’Hoger, hoger’\ wilde, overtuigd dat ze met de punt van haar schoenen de hemel kon raken, en jij naast me tegelijkertijd bang en gelukkig, je glimlach een mengeling van angst en blijdschap, herinner je je haar haren, herinner je je haar lach, haar hoop dat de blinde en de tweelingzussen van tweehoog op nummer acht, een of twee jaar ouder dan zij, het zouden zien, en dus probeerde mijn dochter, probeerde jij, je angst verbergend /’Hoger’\ een takje van een struik te raken als je hier beneden langskwam, misschien kun je je herinneren dat ik de schommel stilhield en je aan je middel hoog boven mijn hoofd tilde, en jij tegen je moeder met gespreide armen en benen /’Ik kan vliegen kijk maar’\ jij tegen ons beiden /‘Ik ga een rondje om de kerk maken over een halfuur ben ik terug’\ hoog boven de toren glimlach je naar ons zonder weg te gaan boven mijn hoofd en bekijk je de wereld om je heen […]”.

Een passage vol weemoed en vergeefsheid, want de moeder is allang dood en vader en dochter hebben elkaar nooit echt gevonden. Ook hebben we al diverse passages gezien waarin de vader (of de dochter) vol treurnis beseft dat die schommel en die speeltuin inmiddels volkomen zijn verroest en vervallen. Het toneel van deze gelukkige herinnering is dus opgeslokt door de tijd, en bovendien is die herinnering vermoedelijk vol verzinsels. Maar in deze herinnering is die schommel er weer, is die dochter er ook weer, en kan zij echt vliegen. En aan alle treurigheid ontstijgen. Wat onmogelijk en onwerkelijk is, even onwerkelijk als al het herbeleefde vervlogen geluk. Maar niettemin is die herbeleving uiterst intens. In al zijn onwerkelijkheid, misschien zelfs juist door die onwerkelijkheid. En dat vind ik ongelofelijk ontroerend.

Hij is over de tachtig, Antonio Lobo Antunes, en dit was naar het schijnt écht zijn laatste roman. Dat vind ik jammer. Maar het is een waardig slotakkoord: net zo imponerend en overweldigend als zijn andere treurzangen, en misschien zelfs nog ontroerender. Bovendien is nog lang niet alles van hem vertaald, en wil ik al zijn boeken ooit nog herlezen. Ik hoop dus dat ik mij nog vele jaren kan blijven bedwelmen aan het unieke proza van deze formidabele Portugees.
Profile Image for Manuela.
172 reviews
January 10, 2023
Não sei se há resposta para a pergunta que se formula no primeiro capítulo, mas o mundo das personagens tem na solidão a sua unidade de medida. Vida e morte, às vezes confundem-se, também me questionei algumas vezes quem é quem (filho ou pai?) e então voltava a ler. Depois os lugares, como o jardinzeco e a janela com vista para o Tejo são pontos comuns para uma espécie de oração que é este livro. Uma oração sobre envelhecer, memória, sobre a solidão, o amor e o sexo, alternando a narração entre personagens. E no final quase que sabemos que a todos pertencem os estalos dos móveis à noite, a santinha de talha, os cinco dedos da mão - do mindinho ao fura bolos, a Dona Virgínia, o Senhor, sempre o Senhor e a menina que não pára de florir.
Profile Image for Bruno Barbosa Ribeiro.
12 reviews13 followers
December 28, 2022
“A solidão mede-se pelos estalos dos móveis à noite quando estamos sozinhos”

Aos 80 anos, António Lobo Antunes persegue a sua viagem literária, explorando as suas recordações pueris através de diversos personagens, com um leque quasi-autobiográfico que explora as suas fragilidades e arrependimentos.

Apesar de não ser a sua obra mais encadeada ou coerente, o seu arcaboiço literário continua a surpreender. Anseio pelo próximo.
421 reviews14 followers
February 23, 2023
Em 2010 (“Sôbolos…) tinha “cortado relações” com ALA, embora sem nunca deixar de lhe ler as Crónicas; reconciliei-me dez anos depois (“Dicionário da Linguagem das Flores”), consolidei a reconciliação com os imediatamente anteriores (“A Última Porta…” e “A Outra Margem…”) e, concluída a leitura de “O Tamanho do Mundo”, o meu júbilo não podia ser mais intenso: este é o Livro dos Livros (que li) de António Lobo Antunes. Um assombro. Ponto final e de exclamação!
Profile Image for Graciosa Reis.
536 reviews52 followers
September 16, 2023
“A solidão mede-se pelos estalos dos móveis à noite quando a poltrona em que me sento de súbito desconfortável, enorme, e os objectos aumentam nos naperons, inclinados para mim a escutarem (…)” é este o início do livro de ALA. Metáfora inquietante, porém objectiva, que acompanha de forma repetida (como um eco) o leitor ao longo da narrativa.

A história é narrada a quatro vozes, contudo é a voz da solidão que se impõe. O protagonista, homem doente de 77 anos vive os dias mergulhado nas suas memórias que começam a esvanecer-se. “porque a vida, já se sabe é madrasta, que coisa estranha a memória, ela de há tempos para cá ia jurar que a faltar-me, tantos espaços, de repente brancos, nada de modo que o passado se desequilibra” (p. 16).
A solidão é enorme e devastadora; a solidão é assombrada pela “dor escondida”, é medida pelos “estalos dos móveis” e pelo “pânico das ambulâncias na rua”; a solidão é “um cano que vibra no interior da parede”.
É notável a forma como nos apropriamos da narrativa e nos deixamos envolver pelos sons que medem tamanha solidão. O paradoxo só torna mais verosímil o silêncio, o vazio da casa, do quarto do hospital, do mundo.

ALA já nos habituou a uma prosa complexa escrita ao ritmo de ideias que se misturam e confundem, de um pensamento que surge, de uma pausa… Neste livro a complexidade revela-se no pendor repetitivo, exaustivo das frases, das ideias que nos enclausuram na vida, nas vidas das personagens. Não há fuga possível. E o tamanho do mundo torna-se cada vez mais pequeno, mais fechado, mais silencioso.
Recomendo a leitura.
Profile Image for Pedro Esteves.
46 reviews3 followers
June 3, 2023
"Às vezes pergunto-me qual a razão de não ter feito nada pelo meu quando ele deixou de sair de casa e passava os dias numa cadeira ante da janela, calado, a olhar o rio e a mover os dedos devagarinho, um a um, repetindo a lengalenga que a tia Deodata, uma velhota amiga da família, lhe ensinou quando era pequeno, dedo mindinho, seu vizinho, pai de todos, fura bolos, mata pulgas e piolhos, parece que ele, de tempos a tempos mandava que o levassem à praceta da cave onde a minha mãe e eu morámos e ficava dentro do automóvel, durante horas, a espreitar sei lá o quê, com o chofer ao volante, sem coragem de perguntar fosse o que fosse, até que ao fim da tarde, quando a luz verde da farmácia começava a piscar, anunciava - Não puderam vir hoje
e o automóvel trazia-o de volta à sua cadeira e às luzes de Almada que principiavam a acender-se no outro lado do rio, duplicadas na água a tremerem.."
27 reviews
January 1, 2023
Maravilhoso. Um livro sobre a solidão e desapontamentos interiores. A história do livro é a vida dos 4 narradores e dos fluxos de consciência de cada um: “um homem de 77 anos, grande empresário, doente e preso nos jogos da memória (essa “coisa estranha”), obcecado com um lugar onde retroativamente descobre ter sido feliz: uma cave num bairro pobre de Lisboa, onde vivia a sua amante e a sua filha, junto a um “jardinzeco” com um baloiço. A segunda é essa filha, que singra na empresa do pai e lhe sucede como administradora, embora ainda traga consigo, inscritas na pele, as marcas da miséria em que viveu na infância”. Um dos melhores livros do autor, talvez o meu preferido a seguir a “Ordem Natural das Coisas”
Profile Image for Peter Dierinck.
57 reviews2 followers
May 7, 2025
Een boek uit 2022 dat nu pas is vertaald.
Vier stemmen. vier gedachtenstromen. Indrukwekkend is de stem van de oude man wiens gedachtenstroom draait rond het beeld, lang geleden, van hem en zijn dochter bij de schommel, samen met de moeder van het kind. Ook dit boek lijkt geen plot te hebben en de variatie op de herhaling van het centrale beeld is deze keer wel heel sterk en ontroerend. Het ritme van de zinnen is muzikaal en ook nu weer heb ik de neiging het boek luidop te lezen om de bezwering tot zijn volste recht te laten komen. Hopelijk volgt de Nobelprijs nu heel snel. De schrijver is immers 88 jaar en het zou zijn laatste boek zijn.
1 review
February 18, 2023
Descrições e memórias de juventude absolutamente desinteressantes como esta: "[...] admirada que as nádegas ao léu do meu pai possuíssem a energia do martelo pneumático com que dois empregados da Câmara (um deles preto) procuravam a rotura de um cano de água no passeio do jardinzeco [...]" Lobo Antunes desilude com esta história bacoca.
Profile Image for Pedro Moura.
14 reviews1 follower
June 21, 2023
Always a feel-true trip through reality. To be read preferably in a consciousness-altered state (but not too much, sleepiness is enough). Most than all, this guy needs honest to god self-trust readers, those who'll always feel like they're taking an average out of reading this. Crying advisable also, no shame on it
Profile Image for Miguel MM Pimentel.
12 reviews
September 12, 2023
Primeira experiência com Lobo Antunes. Não sei se foi um bom ou mau livro para começar do autor?!
O que sei é que a a leitura é muito fluída mas às vezes algo “labiríntica” e com repetição desconcertante de certas passagens. Um livro marcante pelo o impacto com que consegue demonstrar o que é a solidão! É isto , este livro é isto mesmo, é a solidão! Tão bem representada.

Obrigado
MP
Profile Image for Jorge Melo Braga.
95 reviews
June 6, 2025
"A solidão se mede pela dor escondida"
"A solidão se mede pelos estalos dos móveis à noite"
"A solidão é um cano que vibra no interior da parede, o protesto daquela tábua no soalho que se indigna se a piso, uma mancha de humidade, só ilhazinha, por enquanto, a nascer na caliça..."

Palavras, para quê?
Displaying 1 - 30 of 41 reviews

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.