Jump to ratings and reviews
Rate this book

Le Manuscrit de Birkenau

Rate this book
Le dernier écho des manuscrits perdus de Birkenau.
Herbert Levin n'est plus que l'ombre du Grand Nivelli, brillant et célèbre magicien qu'il était avant la guerre. Séparé de sa femme et de son fils, il tente de garder un semblant d'espoir et de survivre dans l'enfer d'Auschwitz.
C'est dans ce même camp que Francisco Latino a réussi à se faire engager ; caché derrière son uniforme SS il fait tout pour protéger sa fiancée russe, prisonnière elle aussi.
Rien ne lie ces deux hommes, si ce n'est un instinct de survie inébranlable et le besoin de voir la lumière gagner. Ils vont se retrouver au cœur d'un événement historique : la révolte d'Auschwitz.

552 pages, Paperback

Published October 6, 2022

43 people are currently reading
935 people want to read

About the author

José Rodrigues dos Santos

61 books2,240 followers
José Rodrigues dos Santos is the bestselling novelist in Portugal. He is the author of five essays and eight novels, including Portuguese blockbusters Codex 632, which sold 192 000 copies, The Einstein Enigma, 178 000 copies, The Seventh Seal, 190 000 copies, and The Wrath of God, 176 000 copies. His overall sales are above one million books, astonishing figures considering Portugal’s tiny market.

José’s fiction is published or is about to be published in 17 languages. His novel The Wrath of God won the 2009 Porto Literary Club Award and his other novel Codex 632 was longlisted for the 2010 IMPAC Dublin Literary Award.

His first novel, The Island of Darkness, is in the process of being adapted for cinema by one of Portugal’s leading film directors, Leonel Vieira.

José is also a journalist and a university lecturer. He works for Portuguese public television, where he presents RTP’s Evening News. As a reporter he has covered wars around the globe, including Angola, East Timor, South Africa, the Israeli-Palestinian conflict, Iraq, Bosnia, Serbia, Lebanon and Georgia. He has been awarded three times by CNN for his reporting and twice by the Portuguese Press Club.

José teaches journalism at Lisbon’s New University and has a Ph. D. on war reporting.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
776 (52%)
4 stars
514 (34%)
3 stars
140 (9%)
2 stars
32 (2%)
1 star
9 (<1%)
Displaying 1 - 30 of 105 reviews
Profile Image for Dora Santos Marques.
927 reviews479 followers
September 15, 2025
https://www.youtube.com/watch?v=KaNmg...

É um murro no estômago e, ao mesmo tempo, um dos livros mais completos que já li sobre o Holocausto. Muito mais do que ficção, é também documento: uma narrativa que mistura a história do mágico prisioneiro de Auschwitz-Birkenau com o terrível testemunho dos Sonderkommando. O resultado é duro, pesado, mas necessário.

É impossível ficar indiferente às descrições do que acontecia nos crematórios, ao choque das escolhas impossíveis, à crueldade transformada em rotina. Não é um livro para qualquer leitor, mas quem se interessa por esta temática encontra aqui investigação séria, contextualização histórica e, sobretudo, uma memória que não pode ser esquecida.

Para mim, leitura obrigatória. Tal como o anterior (O Mágico de Auschwitz), este é um livro para ficar, daqueles que mexem, incomodam e nos lembram porque nunca devemos baixar a guarda perante discursos de ódio. Livro da vida, sem dúvida.
Profile Image for Luis Bernardino.
184 reviews14 followers
December 26, 2020
A continuação de "O Mágico de Auschwitz" consegue ser pior ainda que o primeiro livro.
Processo literário: zero!
As contradições da própria história são enormes.
Será possível acreditar que se os Russos estivessem a 100 Km de Auschwitz, os SS se preocupassem com um espetáculo de magia?
E que um simples SS (ainda por cima português) conseguisse tudo e mais alguma coisa?
Sei que é uma obra de ficção e deve ser lida como tal, mas não gosto de gato por lebre, e a preocupação em referir que os livros são baseados em factos reais e a preocupação do autor em demonstrar tal coisa, não faz qualquer sentido.
Gastar as últimas 23 páginas do livro para fundamentar tudo o que escreveu, parece uma necessidade de alguém que sabe que está a contar uma mentira.
JRS devia ter começado por visitar os campos referidos.
A primeira coisa que o ia esmagar, ao passar o portão, era a verificação da dimensão de tudo: do campo, das cinzas, das sombras, dos espíritos, do tema...
Talvez assim escrevesse um bom livro.
Profile Image for Linda Inês.
168 reviews4 followers
February 15, 2021
Há muito que não chorava com um livro e não é fácil um livro fazer-me chorar mas este apanhou-me. Este duo foi o meu primeiro contacto com a escrita do autor e estou rendida. Adorei e recomendo muito!
Profile Image for Najib.
373 reviews39 followers
March 28, 2022
Malgré que l’auteur a essayé d’adoucir la violence des camps d’extermination d’Auschwitz par une fiction historique, ce récit reste très dur à lire par moment.
Cœurs sensibles, préparez vous pour cet extrait terrifiant sur les prisonniers juifs employés dans les crématoriums d’extermination de leurs frères de race :

« les juifs du Sonderkommando sont brutalisés et déshumanisés. ils ont cessé de ressentir quoi que ce soit quand ils voient leurs camarades se faire gazer et traînent ensuite leurs cadavres vers les coiffeurs et dentistes pour les dépouiller de leurs dents en or et de leurs cheveux puis les tirent ensuite vers les fours où ils vont devenir fumée. Sachant que de toutes façons ils finiront de la même manière »
Profile Image for Rui.
184 reviews10 followers
November 28, 2020
Puro e duro. De uma terrível crueza, como só este autor podia fazê-lo, dói de ler. Não deixa de contar uma incrível aventura, sempre recriando e revivendo a história. Sentimo-nos esmagados pelo peso da História. Excelente trabalho de pesquisa.
Obrigado, José.
Profile Image for Miguel F. Carvalho.
32 reviews1 follower
November 26, 2020
A continuação do "O Mágico de Auschwitz" mostra-nos que, em vez deste 2 livros de 900 páginas, bastaria um com apenas 200 para se contar a mesma história (e que o primeiro seria praticamente desnecessário). Este, apesar de ser mais interessante que o primeiro, demonstra os mesmos defeitos do inicial nomeadamente no vazio que as personagens apresentam em termos de conteúdo, não se enquadrando no cenário onde se apresentam, quer em termos de narrativa como de conteúdo (poderiam ser personagens de uma noite numa tasca que o resultado seria provavelmente o mesmo). Mais do que o cenário em que o livro se apresenta, o que acaba por inquietar mais é a leveza de discurso que as personagens aparentam mostrar não as tornando verosímeis para a realidade que efectivamente estão a viver.
Profile Image for Mariana Leal.
218 reviews
January 14, 2021
Uma maneira excelente de começar este ano de leituras, mesmo com um tema pesado como é o Holocausto e, especificamente, Auschwitz. Gostava muito de escrever uma opinião mais pormenorizada destes dois livros de José Rodrigues dos Santos, acho que merecem. O autor desta vez surpreendeu pela positiva, não deixem de ler :)
Profile Image for João Correia.
Author 6 books31 followers
November 16, 2024
Cru e sem rodeios, este relato de JRS é um murro no estômago que toda a população devia levar, particularmente durante estes dias, em que personagens populistas têm palco fácil, com palavras desenhadas para agradar às massas. Os horrores experimentados pelos judeus - e não só -às mãos dos algozes nazis são descritos por JRS com pormenor perturbador e que não deixará ninguém indiferente. Uma obra dura, mas que devia ser obrigatória.
Profile Image for Zézinha Rosado.
425 reviews7 followers
March 5, 2021
Não sendo grande fã da escrita de José Rodrigues dos Santos, e tendo em conta que toda a gente me dizia que este volume era muito melhor que o anterior, devo dizer que achei o primeiro livro mais interessante, sendo que neste a personagem Tanusha merecia mais destaque.
De qualquer forma a obra é fantástica, retratando com bastante realismo as atrocidades vividas na época do Holocausto.
Tenho a confessar que no final do livro, durante a leitura do manuscrito, fiquei deveras emocionada...
Profile Image for Ramos Greatest.
38 reviews4 followers
Read
January 18, 2022
Como qualquer outro livro sobre o "inferno na terra", o livro é puro, duro e letal. Desmancha-nos o peito por um enredo que, embora tenha muita ficção, retrata o inferno dos campos de concentração.
Nunca, jamais, estaremos próximos de perceber a realidade de Birkenau, Belzec, Chelmno among many others.
Contudo, a leitura é ( a meu ver ) facilmente corrompida pelo aborrecimento.
Esperava um final ( apesar das circunstâncias) relativamente mais consistente e preciso.
Profile Image for Margarida.
79 reviews2 followers
January 3, 2021
Gostei mais deste volume do que tinha gostado do anterior.
Ao contrário do que se ouve/lê por aí, em lado nenhum desta obra José Rodrigues dos Santos defende ou desculpa o nazismo e os nazis.
18 reviews
May 12, 2024
Que dire… aussi dévasté que par la liste de Schindler ou les bienveillantes…
L’auteur termine son livre avec cette citation de Kafka:
« Je pense que nous ne devrions lire que des livres qui nous mordent et qui nous transpercent. Si le livre que nous lisons ne nous secoue pas, ne nous réveille pas d’un coup de poing sur le crâne, à quoi bon le lire ? […] Un livre doit être une hache qui brise la mer gelée qui est en nous. »
Pour ma part, la hache a fait son effet… je reste sans voix et tellement émerveillé de cette beauté d’écriture…
Profile Image for Jéssica.
33 reviews1 follower
March 1, 2022
Este livro foi um murro no estômago.
Acho que já todos conhecemos a história e sabemos o que se passou, mas ler tudo isto de uma forma tão crua é bastante duro. Tendo a gostar de livros que me magoam, que mexem comigo, este livro mexeu tanto comigo que ficará para sempre gravado na minha memória.
Profile Image for Maelya.
102 reviews
December 10, 2023
Okay je l’avoue ce livre m’a fait braillé à la fin. Cette histoire était déchirante et trop réelle a mes yeux. J’ai tout vécu en même temps que les personnages… j’ai ris en même temps qu’eux, j’ai pleuré quand ils pleuraient et je ne voulais que les serrer dans mes bras no joke. C’est horrible ce qui s’est passé a Burkineau ou à Auschwitz et ce livre me rappelle à quel point l’être humain est stupide frl. Bref j’ai adoré même si c’était poignant comme lecture.
Profile Image for Beatriz Duarte.
41 reviews
January 28, 2021
À semelhança do primeiro volume desta obra, este continua a ser um livro cru e vívido, chocante e cruel e muito bem escrito.
A parte fictícia da obra prende-nos, com uma história que pede para ser lida e a realidade da obra choca-nos e transtorna-nos, tal como um livro sobre o horror vivido em Auschwitz deve fazer.
Já escrevi uma crítica para a primeira parte do livro e portanto, os prontos francos e fortes mantêm-se mas não posso deixar de comentar o quão o fim da obra é importante, onde lemos um texto adaptado de vários textos de sobreviventes pertencentes ao Sonderkommando e onde lemos também um pequeno capítulo onde JRS explica o que é fictício e o que não é, incluindo os relatos e as personagens. JRS ganha 1000 pontos só por isto.

Podia dizer muita coisa sobre este livro, mas acho que basta dizer que já li muito sobre este tema, mas foi uma das poucas vezes em que um livro sobre a crueldade vivida nos campos de concentração “saltou” do livro e do passado e me provocou pesadelos.
Profile Image for Ana Vaz.
43 reviews
March 13, 2022
4,5☆
Um livro que retrata os acontecimentos da forma mais transparente possível. Uma leitura arrepiante.
A primeira parte foi 5☆, mas este livro tem vários pontos a desconfiar. É difícil para mim conseguir acreditar na existência de um espetáculo de mágica nos campos de concentração... mas tirando este pormenor, foi um livro excelente. O livro mais doloroso de ler. Tal como o escritor mencionou:
"-Se o livro que estamos a ler não nos abala e desperta como uma marretada no crânio, para quê lê-lo?"
Esperei um ano para ler a segunda parte, mas nada vai superar a primeira.
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for Antonio Coelho.
331 reviews6 followers
November 24, 2020
Como já tinha referido na crítica ao Mágico de Auschwitz, este não é o meu tema histórico preferido. Mas dentro da brutalidade do cenário a estória vai acontecendo com algum interesse.
Mas o melhor do livro, mas depois de o ler está na Nota final. Aqui JRS dá conta do que se passou no pós-guerra, particularmente com os “Sonderkommandos”. Interessantíssimo e por isso classifico este livro com um 4.
Profile Image for Alain Turcotte.
19 reviews
August 31, 2022
Aucun mot ne peut décrire la stupidité humaine qui s'est déroulée durant l'holocauste. Un livre à lire pour apprendre et réfléchir. Ce livre est constitué presque en totalité de personnes réels et de faits vécus. Un incontournable.
207 reviews
September 20, 2023
O Manuscrito de Birkenau é a sequela do "Mágico de Auschwitz". Nesta obra prosseguimos o paradeiro da família Levin: Herbert Levin, a sua Gerda e o seu Peter são personagens verdadeiras.
Levin era o elemento mais novo da Bolsa de Berlim, de onde foi despedido devido às leis raciais introduzidas por Adolf Hitler. Mudou-se então com a família para Praga, onde fazia espetáculos de magia com o nome artístico de Nivelli e onde abriu lojas de artigos de ilusionismo como o Hokus-
Pokus. A família Levin foi deportada para Theresienstadt e depois para Birkenau, onde Herbert ficou alojado no bloco doze do campo das famílias. E é no sinistro campo de Birkenau onde a acção decorre.

Paralelamente, seguimos Francisco Latino, o português que se alistou nas SS para salvar a namorada, Tanusha que se encontrava também no campo, completamente irreconhecível. No entanto, não conseguindo enfrentar semelhantes atrocidades cometidas nos campos, Francisco pode para ser transferido e acaba no Abteilung VI, ou seja, responsável pela parte cultural no campo para os SS. Os destinos de Francisco e Levin acabam por se cruzar, pois Francisco procura uma salvação para a namorada e vê em Levin a solução: um espectáculo de magia para os SS, onde Tanusha seria a assistente de Levin.
Entretanto, ambos descobriram mais laços que os uniam pois eram conterrâneos: a mãe de Levin era oriunda de Alfândega da Fé e Francisco de Bragança.

Com a iminência da derrota perante os aliados, os nazis começam a aplicar a "solução final" de forma acentuada.
Chegados a Birkenau, os prisioneiros não entendiam o significado de "sair pela chaminé". Infelizmente, aos poucos começavam a perceber as atrocidades cometidas pelos alemães. Por vezes, davam-se ao "trabalho" de enganar as pessoas e fazê-las acreditar que estariam a servir o Reich e por isso, faziam-nas crer que recebiam postais de familiares.
Isto foi detectado por Levin, pois, ao ver um postal que um companheiro recebeu, reconheceu a referência à morada do remetente, já tendo visto aqueles postais em Theresienstadt enviados pelos deportados de Setembro, mas achou bizarra a exigência de datarem os postais com um mês de avanço.
O campo das famílias, no entanto, era o menos horrível do complexo de Auschwitz, pois a Cruz Vermelha costumava inspeccionar o campo. Assim, à cautela, mandou-se os prisioneiros escreverem postais para Theresienstadt datados com um mês de avanço. Se a Cruz Vermelha lá fosse, os nazis poderiam mostrar-lhe os deportados do segundo transporte. Se perguntar pelos anteriores, teriam os postais datados com um mês de avanço para provar que nada de mal lhes tinha acontecido. Estava tudo pensado...

Por vezes, os judeus ouviam cânticos vindos dos barracões. Enquanto, no fundo do coração se mexesse uma alma judaica, os olhares se voltariam para Sião e a esperança não estaria perdida. Era o Hatikvah, a Esperança, o hino dos judeus.

A esperança também começa a surgir quando sabem que já não eram só os russos, mas também os americanos rondavam Auschwitz.

Entretanto, Levin foi transferido para o “Sonderkommando", um dos piores cargos que um homem poderia desempenhar: levar o seu próprio povo para a morte.

A data 7 de outubro de 1944 foi marcante, pois foi o dia em que os prisioneiros de Auschwitz iam finalmente dar troco aos seus carrascos. O dia da revolta do Sonderkommando. Levin espreitou uma última vez o título do seu manuscrito, "A Magia das Cinzas" - daí o título do livro -, antes de o proteger num embrulho e metê-lo num cilindro usado para materiais de carpintaria. Tal como Gradowski, inseriu o cilindro num buraco e tapou-o.
A revolta foi iniciada pelo prisioneiro Chaim, em que um martelo se materializou de repente na mão do judeu polaco e este saltou sobre o Scharführer Busch, acertando-lhe com violência na cabeça. A revolta começara.
Os homens do Sonderkommando sacaram das armas escondidas nas roupas e lançaram-se sobre os SS, atingindo-os com paus, machados, facas e tiros. Ao mesmo tempo começaram a cair no pátio garrafas cheias de gasolina que explodiram entre os alemães, espalhando o fogo e o caos. Nunca
tinham visto coisa assim, nunca os judeus se tinham unido para lhes levantar a mão, jamais haviam pensado que aquilo fosse possível. Infelizmente, as coisas correram mal e com o derrubamento de alguns barracões, alguns prisioneiros ficam lá soterrados. O crematório número três deixara de existir. A revolta no número um fora neutralizada.
Entretanto, Levin teve que se esconder e subiu para a zona de combustão e voltou a colocar a tampa, isolando-se dos fornos. Ficou por baixo da chaminé.
Com isto, os alemães decretaram que alguns iriam para o Sprengkommando” (a unidade encarregada de demolir os crematórios e fazer desaparecer os vestígios da máquina de extermínio) e os que não fossem chamados serão transferidos para Gross Rosen, um campo de concentração perto de Auschwitz.
Com a destruição do crematório, alguns prisioneiros foram levados para a floresta e mortos com lança-chamas.

Francisco orquestrou com Levin e Tanusha uma fuga ao fim do espectáculo de magia, pois ouviu falar nas "Marchas da morte". Contou-lhes que em breve o campo será evacuado e ele seria enviado para a frente de combate, acrescentou o português, voltando-se para Tanusha. Os prisioneiros ver-se-iam arrastados pelas estradas durante dias e dias, sem comida e no pico do inverno, até chegarem ao Reich. Estariam dez a vinte graus negativos.
Ao fim do espectáculo, conseguiram escapulir-se num carro SS, e Francisco indicou-lhes não iria com eles porque seria capturado e morto. Assim, teriam que avançar pelos campos até chegarem junto dos russos e ele iria fugir para sul, embrenhar-se nas florestas e sair o mais depressa possível das zonas controladas pelos alemães. Como a frente de combate se encontraria naquele momento muito fluida, os controlos estavam desorganizados e teria de aproveitar a confusão para chegar a Itália, à Suíça ou a França.
Francisco sabia que nunca mais voltaria a ver Tanusha. Mas ficaria descansado por saber que ela estaria a salvo.

O livro encerra com o manuscrito de Herbert Levin, "A magia das cinzas", no qual apela a quem o encontrar que revele ao mundo inteiro os graves acontecimentos que ali tiveram lugar.
Mencionou o seu cargo horrível, de levar o próprio povo para a morte. Se já não fosse terrível e traumatizante aquela situação, Levin foi o carrasco da sua própria família. Aí tudo lhe cai e não tem outro pensamento senão ficar com eles até ao fim. Prossegue de mãos dadas com a sua família até entrar na grande sala da morte: a câmara de gás. Entretanto, o Oberkapo Kaminsky que foi buscá-lo e a mulher e todos aqueles que lá estavam imploram-lhe que se salve e revele as atrocidades ali cometidas. Salvaria-se em honra das suas memórias. Levin sentia-se um homem sem amanhã, que vivia o presente esmagado pelo passado.

Para Herbert Levin esta seria "(...) uma vingança e sobretudo o imperativo de prestar testemunho sobre tudo o que nos está a acontecer, sobre a aniquilação da minha família, sobre o extermínio do meu povo. Eu, que estou vivo, apenas sobrevivi para me vingar e para testemunhar perante o mundo e a história. Se não fosse isso, já teria morrido. (...) E, naquele momento terrível em que me abracei à minha família na câmara de gás, quis mesmo ficar lá e morrer com eles e nada me custou mais que abandoná-los à sua sorte para me salvar. Naquele instante teria preferido morrer a sobreviver e, se não fossem a Gerda, as pessoas ali fechadas e o Oberkapo Kaminsky, seria isso que teria acontecido."

.................................................................*.............................................................................

O autor destaca uma Nota Final, onde revela as dificuldades de escrever uma obra sobre tal tema, bem como as personagens fictícias e históricas. Destaca também a vasta biografia a que se socorreu, enfatizando ainda as várias e longas conversas com sobreviventes destes lugares horripilantes e verdadeiramente infernais.

Remata da seguinte forma:
"Para compreender isto é preciso que se entenda que não há texto capaz de reproduzir fielmente a dimensão e a profundidade do horror de Birkenau. Não só o que ali se passou é inexprimível, como uma obra que tente criar no leitor a sensação de lá estar corre o sério risco de jamais ser lida, pois estar lá, mesmo que apenas pelo fio da ficção, é uma experiência insuportável. O que faz que o Holocausto seja o Holocausto não são os que escaparam, são os que lá ficaram. Apesar de as narrativas individuais com que somos habitualmente confrontados nas obras de ficção deixarem emocionalmente implícito o contrário, em momento algum podemos esquecer que os sobreviventes constituem a exceção, jamais a regra."

Relativamente às personagens:
- Gerda e Peter foram gaseados em Birkenau e Levin sobreviveu, mas faltam-nos os pormenores. A passagem do mágico pelo Sonderkommando é uma ficção. O que não significa que certos Sonderkommando não tenham passado por atrocidades, tais como gasear a própria família.
"Depois da guerra, Herbert Levin recuperou o Grande Nivelli e regressou à Alemanha para apresentar espetáculos de magia. Quando em 1947 conseguiu um visto ao abrigo de uma quota para deslocados que lhe permitia emigrar para os Estados Unidos, fez um derradeiro espetáculo no
Teatro Schiffbauerdamm, em Berlim. A tabuleta à porta do teatro mostrava o título “Riso e Lágrimas”. O Grande Nivelli apareceu pela última vez perante o público alemão com uma farda listada de prisioneiro. Durante o espetáculo tirou a farda e vestiu os trajes exuberantes de um
Harlequim, a sua forma de cortar com o passado negro e depositar esperança num futuro que desejava colorido. Uma vez na América, prosseguiu a sua carreira de ilusionista e refez a sua vida."

As figuras reais desta obra não se limitam aos Levin.
- Todos os elementos do Sonderkommando aqui apresentados correspondem a personagens históricas, a começar por Zalman Gradowski, Leib Langfus e Zalman Lewenthal, autores dos manuscritos referidos. Também têm existência histórica o Oberkapo Yaakov Kaminsky, o Kapo Georges, o Kapo Eliezer, o Kapo Lemke, o Kapo Morawa e Miklós Nyiszli, e ainda Chaim, o
homem que deu o primeiro golpe na revolta de 7 de outubro. O mesmo se passa com Shlomo. Róza Robota é igualmente uma figura histórica, o mesmo acontecendo com personagens do campo das famílias como o dinâmico Alfred Hirsch, que todos conheciam por Fredy; o Blockälteste Bondy, assassinado quando tentava evitar que as pessoas do campo das famílias entrassem nos camiões que as iam conduzir aos crematórios; e o Blockälteste Wítězslaw Lederer, que logrou escapar com a ajuda do SS Viktor Pestek e tentou comunicar ao mundo o que se passava em Auschwitz.

- O amigo de Francisco, Unterscharführer Pery Broad, SS brasileiro nascido no Rio de Janeiro e que trabalhava no Politische Abteilung, a Gestapo de Auschwitz, tornou-se tradutor do exército britânico e passou quatro anos na prisão; morreu de causas naturais em 1993. O relatório que Broad escreveu para as autoridades britânicas permanece uma das melhores fontes sobre Auschwitz do ponto de vista das SS.

- O personagem de Francisco é inspirado numa figura histórica que combateu de facto na Guerra Civil de Espanha pela Legião Estrangeira, ao lado do general Franco, e diante de Leninegrado pela Divisão Azul espanhola. Este personagem já tinha aliás aparecido nos meus romances A Vida Num Sopro e O Anjo Branco. Pouco se sabe sobre os portugueses que combateram pelo Terceiro Reich. O historiador alemão Hans Werner Neulen confirmou que havia “centenas de soldados portugueses na Divisão Azul, a maior parte dos quais vivia em Espanha”, e que “alguns deles, habitualmente voluntários, envolveram-se nos combates de retirada no Reich e pertenciam às Waffen-SS”.

O autor conclui com uma referência à relação entre a magia e o Terceiro Reich: "As alusões à ligação do nazismo ao ocultismo são absolutamente rigorosas, ao ponto de o escritor Thomas Mann dizer que 'as tendências fascistas [...] estão impregnadas de magia'. O nacional-socialismo tem várias origens intelectuais e entre elas encontram-se justamente as correntes esotéricas tão em voga naquele tempo por todo o Ocidente, mas em especial na Alemanha e na Áustria, com referências à Atlântida, às lendas nórdicas, à espiritualidade, à sabedoria do Tibete, à parapsicologia, à astrologia, à telepatia e demais ciências ocultas."

....................................................................*......................................................................................

Ler sobre estas atrocidades é terrível e inimaginável, mas lê-las através da primeira pessoa é absolutamente penoso.
Achei realmente interessante a forma como Rodrigues dos Santos elaborou esta rede de ficção, envolvendo personagens reais. Também achei que a Nota Final enriquece a obra e após me aperceber de tantas críticas negativas e de "ataque" ao autor, acho realmente necessária a leitura desta nota. Se a narrativa envolve ou não, isso é outro assunto.
Fiquei tremendamente tocada com a forma como foi descrita a vida nos campos (e de tudo aquilo que os judeus passaram antes disso, já explanado no primeiro livro "O Mágico de Auschwitz") e o final que o autor concedeu às personagens. Apesar de um "final feliz" acho que neste assunto nunca há realmente um final feliz, por toda a bagagem traumatizante que os sobreviventes carregam; toda uma vida que ali fora deixada (literalmente) e recomeçada de novo, se é que se consegue recomeçar tendo em conta as atrocidades a que foram sujeitos. Para nós é inimaginável.
E aqui reside a importância deste tipo de leituras para que não esqueçamos o que fora cometido e impedir que se torne a repetir.
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for Megan.
24 reviews
October 9, 2023
Terrible, horrible, violent, illisible, inimaginable, irréel, poignant… Mais tellement bien écrit et puissant. Je suis passée par toutes les émotions possibles en lisant ce roman. C’est inconcevable que les événements se soient réellement passés. Je n’arrive pas à m’imaginer qu’on ait pu faire de telles horreurs à des êtres humains. Lire ce roman était pénible, frustrant, affligeant, mais il m’était impossible d’arrêter. C’est grâce à ces écrits qu’on prend conscience de ce qui s’est réellement passé et de ce que les gens qui l’ont vécu ont ressenti. Je ne peux que conseiller la lecture du roman en préparant tous ceux qui s’y intéresseront aux bouleversements auxquels ils feront face.
5 reviews
December 27, 2020
Goste-se ou não os livros que este sr escreve não deixa ninguém indiferente.
O melhor de todos que li.
Com ritmo sem pausas uma história chocante que nos envolve num mundo macabro e que nos parece uma fantasia.

Infelizmente aconteceu e não há muito tempo atrás.

Adorei obrigado José Rodrigues dos Santos
44 reviews
December 15, 2020
Li muito sobre este tema, nenhum livro é fácil de ler, no entanto JRS tem uma abordagem realista mas não muito chocante, um pouco até segura. Gostei do livro, relativamente ao romance, está excepcional daria 5 estrelas, escrito de uma forma como e apanágio do escritor. Relativamente à parte histórica novamente 5 estrelas, no entanto a forma segura da ligação entre as duas, para poupar os leitores deixou o livro um pouco aquém. No entanto "a magia das cinzas" é soberbo, e assim deveria ser esta colecção. Leiam pff o carteiro de Auschwitz.
Profile Image for Emanuel.
Author 4 books7 followers
December 13, 2020
Que desfecho tão detalhado, incluindo um relato na 1ª pessoa, que afinal dá o nome a este romance, que histórico, arrebata de descritivo sem maçar, mesmo quando o objetivo era inédito, e tão bem feito. Obrigado. Tornou-se um dos meus romances favoritos.
Profile Image for Luis Gil.
9 reviews1 follower
November 25, 2020
Um Livro fantástico e ao mesmo tempo bastante forte e cru, porque não se trata meramente de ficção mas de algo extremamente horrível que aconteceu na humanidade ... um dos melhores livros de José Rodrigues dos Santos
Profile Image for Genevieve Ducharme.
336 reviews2 followers
June 7, 2022
La 2e Guerre mondiale sera toujours un sujet difficile au nombre de victimes qu'il y a eu.

Basé principalement sur des manuscripts enterrés dans les camps de concentration, ce sont les seuls témoins de ce qui se passait dans les chambres à gaz. Les uns mourrant sous l'effet des gaz et les "employés" juifs étant éliminés aux 3 mois environ, les survivants sont une espèce rare. De plus, lorsque ces survivants ont essayé de parler de ce qu'ils ont vécu peu après la fin de la guerre, leurs témoignages ont été tellement mal reçus qu'ils ont par la suite gardé le silence.

Ce n'est que des décennies plus tard que des spécialistes se sont aperçus de leur existence et ont cherché à en savoir plus. Malheureusement, la mémoire n'est plus exacte tant d'années plus tard. D'où l'importance de ces manuscrits.

Une lecture difficile, avec une fin triste, car il n'y a aucun gagnant dans une guerre. Cela reste malgré tout intéressant d'un point de vue historique. Il est important de savoir ce qui s'est passé afin de ne pas répéter ce genre d'événements.

Une histoire en deux tomes : Le Magicien de Auswitch et Le Manuscrit de Birkenau.
8 reviews2 followers
January 4, 2021
Tendo lido o primeiro livro em poucos dias, este seguiu o mesmo caminho, já que em poucos dias o li.
Temática extremamente explorada, incrível a quantidade de livros sobre este tema, mas para quem já leu imenso sobre o assunto, em diversas línguas e na perspetiva dos dois lados da "barricada", é com gosto que se lê algo escrito por um português, numa versão de ficção histórica.
A frieza da História é muito maior que aquela retratada neste livro, a crueldade humana, a fragilidade da vida, a própria morte torna-se tão banal neste livro como em tantos outros, que nos custa a imaginar tal situação. Mas a dura realidade é que a História em toda a sua extensão, já nos trouxe momentos de genocídios e de ausência de humanismo em outros momentos da nossa existência e praticada pelos mais diversos povos, até por aqueles que hoje arvoram Humanismo.
No fim ficamos com o desejo que a História de Francisco fosse diferente.....que o mágico não passasse por tamanha dor...mas a realidade? A realidade foi muito pior..
Displaying 1 - 30 of 105 reviews

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.