A fidelidade de Osman Lins à busca de uma expressão própria na ficção, decorrente de uma recusa à cômoda retomada do já conquistado e de uma fé inabalável no poder criador da palavra, foi reconhecida e admirada pela crítica brasileira e estrangeira, com raras exceções. No entanto, ele é um autor ainda pouco difundido. Por isso é oportuna esta publicação de Lisbela e o Prisioneiro.
Osman Lins (July 5, 1924, Vitória de Santo Antão, Pernambuco, Brazil – July 8, 1978, São Paulo, Brazil) was a Brazilian novelist and short story writer. He is considered to be one of the leading innovators of Brazilian literature in the mid 20th century. He graduated from the University of Recife in 1946 with a degree in economics and finance, and held a position as bank clerk from 1943 until 1970. From 1970 to 1976 he taught literature.
His first novel, 0 Visitante ("The Visitor"), was published in 1955. His later publications would bring him international recognition and establish his reputation—Nove, Novena (1966; "Nine, Ninth"), a collection of short stories, Avalovara (1973), a novel, and A Rainha dos Cárceres da Grécia (1976; "The Queen of the Grecian Jails"), a novel/essay. Lins was the recipient of three major Brazilian literary awards, which included the Coelho Neto Prize of the Brazilian Academy of Letters.
Tem alguns livros que a gente lê e não consegue formar uma opinião concreta sobre. A gente nem gosta demais e nem odeia demais, fica num meio termo, uma coisa meio indefinida. Esse foi o meu sentimento com esse livro. Por ser uma peça, e por eu nunca ter lido uma, eu esperava mais. Erroneamente eu esperava romance, paixão, representação pura de sentimentos. Eu queria viver o que os personagens estavam vivendo, o que não foi possível. Acho que é por isso que eu prefiro prosa, a gente consegue entrar no psicológico do personagem e se relacionar com ele, e foi isso que faltou pra mim nesse livro... A história é interessante, sim, mas eu não consegui criar empatia pelos personagens, não consegui me conectar.
É super engraçada, afetuosa, querida. O trabalho de linguagem do autor também é memorável. É aquele tipo de livro que imagino ser muito difícil traduzir, já que usa ditados, expressões, gírias e situações extremamente brasileiras.
Em um texto leve, cheio de ternura e graça, Osman Lins nos leva em uma epopéia sobre o amor e a justiça. Leléu como um Pierrot e Lisbela sendo sua Colombina, vivem sua aventura do amor da dama pelo vagabundo, lutando para ficarem juntos apesar de suas diferenças de classe social e o poder do patriarcado. Lisbela é subversiva, sua atuação ao final da peça salvando o "mocinho" e não o contrário sendo uma revolução para os padrões da época. Todos os outros personagens (em um elenco majoritariamente masculino) no pano de fundo da trama, são soldados e prisioneiros, que mostram a conivência da polícia ao crime quando lhe convém e atitudes morais condenáveis quando necessárias para beneficiar a si. Amo ler peças de teatro e principalmente peças que se tornaram ótimos filmes, sendo Lisbela e o Prisioneiro tão diferente da sua adaptação cinematográfica e que nos passa sua mensagem no mesmo tom: O amor é filme!
Sei que esse é um livro que muita gente curte e rendeu vários bons momentos num filme super fofo estrelado pelo Selton Mello, mas não consegui engolir a história desde que o Leléu explica como seduziu uma menina de 15 anos. Sei que tem ótimas histórias com péssimos personagens protagonistas (Breaking Bad, Alta Fidelidade), mas tudo tem limite. Queria muito ter curtido o livro, mas depois dessa não teve como :( FUÉIN
A peça "Lisbela e o Prisioneiro", escrita por Osman Lins, se passa em Vitória de Santo Antão, Pernambuco, em uma delegacia. A obra apresenta personagens caricatos e anti-heróis, com uma narrativa leve e um tom que reflete a cultura popular da região, incorporando ditos populares e causos. O protagonista, Léo, é um equilibrista que, após várias escapadas, acaba sendo preso novamente. O tenente Guedes se destaca como um delegado obstinado, que revela sua história pessoal na busca por Léo. A narrativa se adensa com a chegada de Lisbela, noiva de Noêmio, que desafia as tradições familiares e gera conflitos. A peça explora a dinâmica entre Lisbela, seu noivo, e seu pai, observando os desafios que surgem quando valores diferentes colidem. Noémie, um vegetariano, expressa descontentamento com o comportamento rebelde de Lisbela, especialmente quando ela deseja um passarinho. A trama se desenvolve à medida que as relações entre os personagens se tornam mais complexas, revelando um universo onde a leveza contrasta com temas profundos de liberdade e amor, enquanto se aproximam das tensões que surgem entre os desejos pessoais e as expectativas sociais. O enredo avança com a intensificação dos conflitos, especialmente a raiva que os prisioneiros da Paraíba sentem por Léo, órfão de suas escapadas, e as ameaças feitas a ele. Nesse cenário, aparece Frederico Evandro, o temido matador conhecido como "vela de libra", que demonstra gratidão a Léo por tê-lo ajudado em perigos. O clima de tensão se agrava com o diálogo dentre os prisioneiros, evidenciando o risível e o trágico na vida deles. À medida que o segundo ato se desenrola, a narrativa introduz Heliodoro e Olap, que tramam um plano para facilitar a fuga de Léo. Olap, disfarçado de padre, se prepara para um casamento inusitado, enquanto Léo compartilha suas lembranças de uma vida cheia de riscos e desilusões, especialmente ao relatar o fato de ter sido preso por causa de Naura. O dilema entre a esperança e o perigo se torna evidente, especialmente quando Lisbela se manifesta preocupada com a segurança de Léo. A intenção de matar Léo se torna mais concreta com a revelação de que Frederico Evandro é irmão de Naura e busca vingança. O tenente Guedes, ainda ressentido pela fuga anterior, se aproveita da situação para facilitar a ação de Frederico, acentuando o clima de traição e desconfiança entre os personagens. A conclusão do segundo ato revela a fragilidade de Léo em uma posição vulnerável, cercado por inimigos dispostos a sacrificar tudo para cumprir sua vingança. O terceiro ato ganha impulso com Lisbela, que, apesar de estar prestes a se casar com o vegetariano Noênio, demonstra um encantamento profundo por Léo. A ardilosa manipulação de Guedes parece prestes a culminar no trágico destino de Léo, mas um rompante de coragem de Lisbela em desistir do casamento radicaliza a situação. Armando-se com a arma de um soldado, ela se lança em busca de Léo, quebrando as barreiras impostas por normas sociais e expectativas familiares, levando a um clímax cheio de ação e incertezas sobre o futuro de ambos. A tensão atinge seu clímax quando Lisbela, armada, dispara contra Frederico Evandro, mas, surpreendentemente, este cai não por causa da bala, mas de um susto, complicando a situação. O delegado Guedes, em desespero, tenta encobrir o ocorrido, buscando um culpado e escondendo o corpo. No meio do tumulto, Paraíba, que busca extorquir, se envolve em um plano arriscado, enquanto outros personagens se veem em uma situação caótica, com o vendedor de pássaros se impondo de maneira inusitada. À medida que os eventos se desenrolam, revelações sobre a arma de Lisbela e a quantidade de balas surgem, criando mais confusão. A confusão se intensifica quando Paraíba é atingido acidentalmente por um tiro, levando a um desenrolar cômico em que ninguém sabe ao certo como os acontecimentos levaram às suas trágicas, mas bizarras, consequências. O enredo brinca com a ideia de que a morte de Frederico ocorre devido ao terror que ele sente, e não por um disparo letal. Com essa reviravolta, o espectador é levado a refletir sobre o absurdo das situações, onde o destino dos personagens se entrelaça de forma inesperada. A peça, através desses elementos caricatos e situações surrealistas, parece destacar uma crítica social sob a leveza do humor, mostrando um Brasil vibrante e singular. Ao final, a conclusão traz um fechamento que remete ao início da história, revelando a intrincada rede de eventos e personagens que, por meio de uma narrativa peculiar e divertida, se complementam e se desenrolam de maneira surpreendente, reafirmando a essência do espetáculo.
É uma peça muito engraçada, em que é impossível não imaginar as caras e bocas que os personagens são condicionados a fazer em cena, muito por conta dos diálogos fluídos e expressivos. A peça conta com três atos que ocorrem na cadeia da cidade mas muitas cenas, por exemplo entre Lisbela e Leléu, são apenas mencionadas, então quem espera um livro cheio de romance talvez se encontre frustrado. É importante ressaltar que o livro muitas vezes se baseia em piadas machistas marcadas pela época, mas que também é o fator que dá o tom pro envolvimento de Lisbela com o prisioneiro Leléu, esse preso por suas diversas libertinagens com mulheres, alguns desses casos sim problemáticos. Por outro lado, em meio a essa típica sociedade patriarcal, Lisbela não é a donzela que se deixa levar por promessas românticas, e sim uma personagem que não vê em Leléu um conto de fadas mas um símbolo de sua liberdade para fazer suas próprias escolhas, um mútuo acordo em tempos que apenas as vontades do homem seriam válidas em outra instância.
Um exercício que tenho feito é o de ler as obras de referência de filmes que gosto. Mais uma vez, é muito enriquecedor perceber parte do processo criativo de Guel e dos roteiristas que adaptaram a obra; o que foi incluído, o que foi adaptado e o que foi modificado. Gosto de como aprofundaram a história dos personagens-título e de Inaura, mas lamento um pouco que tenham escolhido tornar o núcleo da cadeia pública mero alívio cômico e suavizado a crítica feita no livro à polícia, que foi o que achei mais interessante. Para além disso, é sempre um deleite ler obras locais e poder se reconhecer na escrita.
É um texto meio felliniano, que se equilibra entre o cômico e o poético. A narrativa, cheia de reviravoltas, visivelmente é fruto de um trabalho meticuloso. Considero também primorosa a pesquisa das palavras, expressões e ditados do Nordeste. E o que dizer de personagens como Lisbela e Leléu? O tema central dessa pérola da dramaturgia brasileira talvez seja a busca pela liberdade; não por acaso, ela é situada predominantemente numa cadeia. Acho que é uma peça que merece ainda mais reconhecimento do público e da crítica.
Mesmo sendo nordestina, alguns diálogos custam pra a gente entender.
O início não me agradou tanto, as falas machistas me incomodavam, me perguntava "ora, mas onde está o humor dessa comédia?", ainda assim, continuei a ler, pois, de alguma forma, estava curiosa para saber o desfecho... e olha... Até teve uma reviravolta bacana.
No fim, não posso negar que acabou me arrancando algumas risadas, então cumpriu com o que prometeu.
Puro suco do teatro brasileiro, foi muito bom passar algumas horas lendo esse livro, assistir o filme no mesmo dia que chegou o livro e hoje terminei o livro, amei muito ler e sentir falta de alguns personagens que foram adaptados para o cinema, e foram melhor, Alagoas sendo representada com o maior alto nível de humor. Amo o filme e amei o livro.
Foi uma experiência bem feliz que me durou uma tarde, com ambientação numa cidade do interior de Pernambuco (de onde veio meu avô, o que é fofo). Mais machista que o filme, mas longe de ser cancelado por 1900 e bolinha. Bom! (ainda prefiro o filme contudo)
Outro livro para a universidade, e gostei muito desse, é um livro engraçadinho e com uma estória que te prende.Gostei de como o livro foi dividido e o fato da estória ir direto ao ponto, sem encheção de linguiça.
o texto é um roteiro que contém essencialmente as falas dos personagens, com pouquíssimas contextualizações de cena e movimento - e isso faz com que seja DESLUMBRANTE o desenrolar dos acontecimentos
já amava o filme do guel arraes, agora posso dizer que amo mais ainda pelo do osmar lins
O livro é bom. As regionalidades trazidas pelo autor na linguagem fizeram eu me sentir em casa (também sou pernambucana). No entanto, os eventos acontecem de uma maneira tão rápida (por se tratar de uma peça de teatro), que me deixaram com dificuldades de me conectar com a narrativa.
Adorei a trama, muito envolvente e o melhor: a linguagem é muito acessível. A peça foi feita para as massas, para elas se divertirem e terem acesso a cultura.
a leitura desse livro foi muito divertida! gosto muito do filme também, então foi difícil não ficar comparando as duas obras. no fim, acho que as duas são muito boas.
é uma leitura divertida e me deu muita vontade de ver esse texto ao vivo no teatro (ao mesmo tempo eu não consegui não pensar em como nesse caso o filme é muito superior ao livro)
Lisbela é uma jovem romântica filha do Tenente Guedes. Ela está prestes a se casar com um advogado vegetariano, destoa completamente onde mora. Porém, ao visitar o seu pai na cadeia local onde trabalha, ela se apaixonará por Leléu, um rapaz metido a Don Juan que foi preso muito recentemente. Logo ele a conquistará e fará com que ela fuja com ele no dia do seu casamento, que estava já marcado.
Essa é a premissa da peça de Osman Lins, Lisbela e o Prisioneiro. O escritor pernambucano situa toda a história em uma cidade do interior do estado, Vitória de Santo Antão. Com personagens típicos da região, a peça tem um viés cômico com breves toques trágicos.
Meu primeiro contato com essa história foi ao assistir ao filme homônimo que foi lançado em 2009. A adaptação difere muito do texto original, uma vez que muitos personagens foram substituídos, outros incluídos e outros excluídos da trama. O plot original se mantém, porém alguns secundários não foram abordados na película.
A peça segue os moldes das obras de outro autor muito conhecido no Brasil, Ariano Suassuna, no entanto, senti muita dificuldade na leitura deste texto uma vez que há pouca fluidez e pouca clareza nas cenas. No mais, é uma história agradável de ler e que prende o leitor em algumas partes.
Recomendo a todos que viram o filme é que gostem de outras obras do gênero.
Em geral, o drama de Lins deriva bastante da dramaturgia de Ariano Suassuna, isso é um fator bem evidente desde as construções do ambiente e dos personagem até a seleção da trama e seu andamento. Os personagens são bem construídos de maneira geral, mas deve-se destacar o velho carcereiro Citonho, o melhor e mais profundo. Ele carregada bastante a característica do velho sábio, experiente pela idade e mais hábil do que o estudado Dr. Noêmio. Contudo, a trama deixa a desejar, sendo bastante desinteressante e com muitas passagens bem comuns: o drama não transcende. Também sua conclusão cômica é bem fraca, com uma resolução que mais lembra piadas do programa A Praça é Nossa.
Livro sem sal, mas que me prendeu até o fim da trama (bem curta, por sinal). Li por obrigação, mas saí bem menos frustrado do que geralmente saio com um livro de vestibular. No entanto, não me senti ligado emocionalmente com os personagens, e as reviravoltas foram poucas, e na maior parte previsíveis. 4/5