O Vale da Paixão

by Lídia Jorge

A acção de O Vale da Paixão reporta a acontecimentos anteriores invocados pela voz de uma narradora que nunca a si mesma se nomeia. É ela quem durante uma noite, depois de ter recebido uma manta de soldado, relíquia de Walter Dias, seu pai, clama pela sua figura, reconstitui a sua vida de trotamundos, reabilitando a sua imagem de banido em herói e transformando-a, através de um discurso poético dramatizado. Custódio Dias, o tio coxo que lhe serviu de pai, Francisco Dias, o avô, ou a mãe, Maria Ema, entre outras personagens, compõem um romance de família construído através de cem longos parágrafos, correspondendo cada um deles a uma evocação especial. A figura de Walter Dias tem sido apontada como uma personagem fortemente representativa da diáspora portuguesa e europeia do século xx.

Genres: Portugal, Fiction, Portuguese Literature, Romance, Literary Fiction, Contemporary

244 pages, Paperback

First published January 1, 1998

About the author

LÍDIA GUERREIRO JORGE nasceu em Boliqueime, Loulé a 18 de Junho de 1946. Concluído o curso de Filologia Românica, dedicou-se ao ensino liceal (Angola, Moçambique e Lisboa). Publicou os romances O Dia dos Prodígios (1980, Prémio Ricardo Malheiros), O Cais das Merendas (1982, Prémio Literário Município de Lisboa), Notícia da Cidade Silvestre (1984, Prémio Literário Município de Lisboa), A Costa dos Murmúrios (1988), A Última Dona (1992), O Jardim Sem Limites (Prémio Bordalo, 1995), O Vale da Paixão (Prémio D. Dinis, 1998), O Vento Assobiando nas Grutas (2002, Grande Prémio do Romance e Novela da APE/DGLB), Combateremos a Sombra (2005, Prémio Charles Bisset) e A Noite das Mulheres Cantoras (2011); os livros de contos A Instrumentalina (1992), Marido e Outros Contos (1997), O Belo Adormecido (2004) e Praça de Londres (2005); a peça de teatro A Maçon (1993) e o ensaio Contrato Sentimental (2009). Os seus romances são constituídos por vários planos narrativos, onde o fantástico coexiste com o real, e os problemas sociais colectivos são postos em relevo através de figuras humanas com dimensão metafórica e mítica. Foi condecorada, pela Presidência da República, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, em 2005.

Reviews

[Luís · Rating 3 out of 5]

In Valmares, a little girl living in a large family house discovers that she is not the daughter of her declared father, Custodio Dias, but of her uncle, Walter. Therefore, she will grow up with the image of the absentee, avoiding listening to what the family tells her about it. He bequeathed some objects to her: drawings of birds he discovered while traveling the world, a soldier's blanket, and a gun, and she sleeps.
The book is complex. The narrator speaks in the first person, "I," which sometimes becomes "she." The chronology is respected, but with flashbacks of significant moments, it feels like the book is a collage of life. The book is at once atypical, poetic, and destabilizing, yet transcribes the atmosphere with force. So, the story is still there when the time comes to a close.

[Iulia · Rating 5 out of 5]

Mulțumesc Andreei (*ṣtie ea cine!) pentru recomandare. Titlul acesta siropos m-ar fi fãcut sã ignor romanul cu strâmbãtura de rigoare. Scrie bine Ludia Jorge, e originalã, are vigoare ṣi sensibilitate, poezie, în egalã mãsurã.
Existã posibilitatea cã scriitura liniarã, lipsitã de dialog, sã alunge cititorii nerãbdãtori, aṣa cum ṣi anti-eroul Walter Dias sã provoace dezgust ṣi antipatie. Dar Valea lui Walter e exact pe mãsura lui: e tot mai frumoasã pe mãsurã ce plouã tot mai tare, are curajul propriu al acelora
care ṣtiu cã au pierdut totul încã dinainte de a fi început bãtãliile ṣi e plinã de absențe/plecãri aṣa încât sosirea acelui special vânturã-lume umple treptat spațiile în aṣteptare.

Se întorcea cum se întoarce cel care se simte bine în spațiul prin care trece, îl dominã, íl primeṣte, îl împodobeṣte, îl valorizeazã, îl potențeazã ṣi îl explicã. Vântul, suflul, viața veneau de la acel corp care sosea, de la acel corp radios, care trãia de la sine, decupând în spațiu o siluetã întreagã.

[Paula Abreu Silva · Rating 5 out of 5]

Representando a problemática da reconstituição do passado, nesta extensa metáfora narrativa, percorri muito caminhos conducentes à secundarização da figura de Walter Dias, o desenhador de pássaros, e priorização da filha-sobrinha.

De temperamento observador, analítico, imaginativo, com tendência para a retrospecção, sabemos ser a menina de Valmares leitora da Ilíada ("... tem o início d'A Ilíada dentro das pálpebras, tem uma infinidade de mortos aqueus e troianos estendidos na sua língua, tem o fim daquele livro na cabeça ... Cap.55 - Pág. 143) e, atentando no que diz Maria Ema, de outros "textos antigos solenes" (Cap.64 - Pág 166).

A familiaridade com estes textos faz com que encontremos no seu discurso narrativo, ecos de alguns aspectos míticos, mitológicos, poéticos da Ilíada.
Esse discurso constitui-se de fragmentos de memórias difusos, obscuros, ambíguos, com permanentes avanços e recuos, que fazem desta narrativa um texto belíssimo, denso, complexo, no qual, embora reconheça a existência de alguma matéria de facto, por vezes, muitas vezes, não apreendemos o que aconteceu, o que possivelmente poderá ter acontecido e o que definitivamente não aconteceu.
Afinal, a menina de Valmares "sempre havia transformado o que escutava" (Cap.6 - Pág.19).

Inquestionável, é, o facto de que a narradora escreve uma história para Walter.
"Então, para que Walter saiba"
Imagina, reimagina, compõe, recompõe, de forma que, ficcionando a vida do pai biológico, ficciona também a sua. Talvez desejando para si uma narrativa diferente do que poderá ter realmente vivenciado.

[Richard Thompson · Rating 4 out of 5]

This book is a beautiful dream poem, though at times the dream has elements of nightmare in it. The story is told from the point of view of the daughter of Walter Dias, sometimes in the first person, sometimes the third person. It floats back and forth over time with a general forward progression. Walter wanders around the world, escaping his unloving and despotic father and returning to the family home where his daughter lives for brief visits on three occasions over many years, but his presence in the family home is always palapable even when he is not there. He is the driving force in the lives of all of the other characters. I had trouble untangling the relationship between Walter and his daughter, and the ending did nothing to resolve my confusion. Perhaps the answer is that it is just a contradictory mess that defies untangling. It's love and hate, complete connection and complete disconnection, frustration and fullfillment, all wrapped together in a complex bundle.

Characters and events are tagged with leitmotivs, which create a poetic/musical feeling through their repetition and which help the reader to sort the sometimes confusingly presented events. The jumble of the telling mirrors the chaotic emotions and incomplete relationships of the characters.

This book rehearses many of the themes that play out again in Ms. Jorge's more recent book, The Wind Whistling in the Cranes. Both are stories of large once prosperous families in southern Portugal, focused on a daughter of the last generation who has a deep inner life, but who is not understood or respected by the rest of her family. Love, loss, family and frustration are embedded in both stories, but I thought that Wind was the better book in dealing with the same themes with greater clarity and completeness and in having a more upbeat tone.

One thing that puzzles me in the reviews of this book is that most readers seem to take Mr. Jorge as a realist writer, when her every word and phrase seem to me to be deeply anti-realist. The bare bones of the story when recited in the reviews make the book sound mundane and boring, though for me, it was anything but that. The emotional resonance is real, but the characters are not and the plot is metaphorical, not to be taken literally. What makes it all work is the poetry and style of the writing, which pull the non-realist elements together into a very human story.

[Raquel · Rating 4 out of 5]

Desconhecer o trabalho de Lídia Jorge fez-me reflectir sobre a enormidade de autores e de literatura portuguesa que ainda tenho para conhecer. Estive para me cruzar com ela no café, mas nunca calhou. Calhou antes cruzar-me com a sua escrita neste 'O Vale da Paixão' e apaixonar-me pela mágoa, pela apatia, pela inevitabilidade das coisas. Do alto da casa de Valmares para a superfície da Terra, onde tudo é sentido com mais intensidade.

Crítica em
http://leiturasmarginais.blogspot.pt/...

[Sónia Carvalho · Rating 3 out of 5]

3.5

[Filipa Ribeiro Ferreira · Rating 4 out of 5]

Há lá coisa melhor do que ler um bom livro na nossa própria língua?... Há mais de 20 anos que não pegava num livro da Lídia Jorge e foi com prazer que a redescobri. Às primeiras páginas já me tinha cativado. Vamos conhecendo Walter Dias e a sua filha/ sobrinha aos poucos, como se fôssemos desenrolando um novelo, andando para a frente e para trás. Do Algarve rural nos anos 40 aos loucos 80, são muitos anos de abandono, incompreensão, despeito, ciúme, raiva... e muitos pássaros desenhados.

[Maria Isaac · Rating 3 out of 5]

Grandes personagens.
Escrita virada para dentro.
Distinto.

[Raliki · Rating 4 out of 5]

Asta e una dintre puținele cărți pe care le-am citit, deși știam deja ce urma să se întâmple. Și pot să spun că a meritat din plin pentru că nu acțiunea e importantă, ci stilul, incoerența, misterul, sentimentele, senzațiile, antinomiile.
Cred că e un roman extrem de complex și original, care a fost scris pentru ca fiecare să înțeleagă totul și, în același timp nimic, din ceea ce a fost scris, de fapt.
Existăm pentru că alții ne remarcă ființă și ne validează viața. Cum am putea să știm că suntem reali dacă tuturor le-ar fi indiferentă existența noastră? Asta este întrebarea la care personajul principal caută raspuns în cele 200 de pagini pline de salturi spațio-temporale, de experiențe suprarealiste care se pierd în cele ficționale.
Limbajul e un element extraordinar de volatil, îi oferă autoarei libertatea expresiei de care avea nevoie pentru a exprima inexprimabilul, pentru a descrie indescriptibilul și pentru a omogeniza o inexistență.
Merită citit dacă vreți să dați o șansă unui roman să vă surprindă și să vă ofere totul ca și cum ar fi nimic!

[Tiago · Rating 5 out of 5]

Foi o meu primeiro livro de Lídia Jorge e levou-me à dualidade da tristeza, em saber que há autores de Língua Portuguesa cuja obra devia passar pelos olhos do mundo, e a alegria de conhecer um novo universo pela mão da autora. O livro é prosa fluida em que narrador e personagens se fundem e confundem na lenta demência do espaço e das memórias. A esterilidade da terra neste vale, contrasta com a sofreguidão e a luxúria da ambição que molda as personagens e os estilhaça em fragmentos difíceis de reconstituir. Este é um livro sobre identidade e sobre verdade, sobre trauma e ausência. Mas é acima de tudo poesia do início ao fim.

[Elena Druță · Rating 5 out of 5]

...un final deschis, ce oferă spațiu de gândire și reprezentare pentru cititor, cât și o ușoară urmă de melancolie după ceva, sentiment ce este, de altfel, impregnat în paginile și personajele cărții. Mi-a plăcut foarte mult povestirea pentru că are o urmă ușoară de tristețe și lectura lasă un gust dulceag-amar, pecetluind un univers aparte, plin de mister și miros de flori de smochin din Valmares…

[Rita Leite · Rating 3 out of 5]

#1 of quarantine

[Sonia Gomes · Rating 4 out of 5]

It is raining hard, water beating on the roof with ferocity, no one can hear anything, silently oh so silently, we feel Walter climbing the stairs, at the landing he removes his shoes, like a shadow flat on the wall, prepares to enter the room, the young girl inside looks forward to seeing him and we scream, No, No, it is dark, it is silent, why are you entering that room so furtively, Walter replies, to meet my daughter and you scream louder, no, no you cannot enter a young girl’s room at night, even if she is your daughter. Walter replies, I am not allowed to meet her, everyone guards me, I need to meet her just once, you see I disowned her a long time ago…..we realise that much like the Irmãos Dias we too have terrible thoughts of Walter.
All that Walter’s daughter knows about Walter is from gossip of others, gossip of the grandfather, Francisco Dias; gossip of the uncles, gossip of the aunt, gossip of the servants, the pact of silence, deep silence insisted by Maria Ema, no she admonishes Walter’s daughter, you are not to talk, not to call him father, you are his ���niece’, do you understand says Maria Ema the mother of the girl.
Do you remember, asks Francisco Dias of his cronies, how Walter repaired that old carriage and roamed the countryside painting birds? Sketching birds, can you believe that? Selling them like a roadside vagabond, can you believe that a son of Francisco Dias would make money selling sketches? Francisco Dias would shout.
Do you know shrieks Alexandrina, all the while stabbing the potatoes brutally, that Walter got the nineteen year old Maria Ema Baptista pregnant, oh, oh screams Alexandrina all the while stabbing at the potatoes, do you know that one evening, the Baptistas, mother, father and Maria Ema came to the house and said, our daughter is pregnant, when Francisco Dias asked the age old question, how do you know it is my son, the Baptistas took out a folder with dozens of sketches of Maria Ema, the Baptistas turned around, without a word mounted their carriage pushing Maria Ema aside, no, no they did not allow her in, she ran, ran behind the carriage, crying, pleading for them to stop, hair in disarray, losing her hat, her punishment and humiliation started on that day.
Do you know, narrated Adelina the aunt hysterically, Francisco Dias, Paizinho, a man of principles wrote to Walter, you have to marry Maria Ema, no reply, dozens of letters, no reply, Francisco Dias then visited the Commandant, leave the Army to marry? Asked the incredulous Commandant, he is our best soldier. So Francisco Dias, hat in hand returned to Valmares, what to do? What to do? Marry her off to Custodio, his oldest son, his lame son who would never manage to marry otherwise, how brilliant, what a move to save the family honour….
And Custodio did marry Maria Ema, but Custodio loved Walter, loved his rebellious nature, loved that he did everything that he Custodio would never be able to do with his lame leg. Custodio was there to protect when Walter defied his father and refused to cart manure for their vast fields, Custodio was there to unyoke the mule whenever Walter returned from his long trips, sketching birds? Who knows? Custodio just loved Walter.
And Walter’s daughter collected her material of Walter, thread by thread, skein by skein, should she keep this thread, maybe, should she snip that one, yes. Yes Walter’s daughter wove her own fabric of Walter in her mind. But in the huge deep cupboard in her room, where she had always slept alone even when tiny, Walter’s daughter had his uniform, rough and scratchy but so comforting when things got lonely. When scared of the dark, as she often was, hidden between the mattresses Walter’s daughter had his Smith revolver, it protected her, she had figured out long ago how to arm and disarm it, the revolver kept the monsters of the dark at bay.
Actually on one of his visits home, when his brothers were trying to pay off Walter, so that he would never return to Valmares, Walter had flung a huge wad of money and the revolver on the table. Oh how everyone in the family wanted him to leave, leave they said, go said the father, die please die hoped Francisco Dias silently.
And then strangely, like thieves in the night, os Irmãos Dias started leaving Valmares, spreading all over the world, much like Walter, doing strange back breaking jobs in odd places, Caracas, Vancouver, where are these places? Why is it so cold there? Why is it so hot and dusty there? And most of all why have they squandered their inheritance for such menial tasks? A son of Francisco Dias herding and milking cows? A son of Francisco Dias a miner deep in the bowels of a mine covered in black dust wearing a miner’s hat? A son of Francisco Dias dismantling wooden houses? A son of Francisco Dias running after wagons? What sort of jobs were these? Come back, come back he wrote endless letters, please come back, please please come back he pleaded, but the only one who showed signs of returning was Walter, Walter is returning, no, no, let him die, everything is in a mess here in Valmares, don’t come back Walter, once lush fields lie fallow, olive trees not pruned for ages, cattle dying, your mule long dead. No Walter do not come this is not a place for you, come back, come back please come back he wrote to the Irmãos Dias, all pieces, all threads, all skeins for Walter’s daughter fabric of Walter.
And Walter returns, why? Everyone in a tizzy, Maria Ema dressing and pursing her skilfully painted mouth in a cupids bow, don’t speak, please don’t speak; Walter’s daughter has to collaborate with her mother, the pact of silence. Days of wonder, days of laughter, Custodio’s sons in wonder at the speed at which tio Walter sketches his birds, do one more tio Walter, just one more please, go to bed says Maria Ema their mother…and the rain, rain beating ferociously on the roof, no one can hear a thing……… Maria Ema can take it no longer; the strain is much too much, Walter, Walter, Walter.
And then Walter leaves knowing he will never return, come with me he says to Walter’s daughter, no, no she replies silently.
Come back, come back, writes Francisco Dias to the Irmãos Dias, endless letters, please come back, please please come back he pleads, how can we? write the Irmãos Dias, we have businesses to attend to, they write, dairies, sawmills, real estate, travel agencies, os Irmãos Dias have now moved on, they are respected members of society in those far away countries……but something is bringing them down, dragging them down in squelchy mud, ruining their reputation for which they had worked so hard, so very hard…Walter deep in debt, Walter defrauding his business partners, Walter closing his office, opening another one elsewhere, Walter impregnating a Polish girl, Walter fleeing to Brazil, running to Caracas, letters pouring from os Irmãos Dias, most importantly the terrible way the Soldier’s Blanket has been put to use, women tumbling all over it, the Soldier’s Blanket filthy, smeared, stained, deeply ingrained with Walter’s sins, is it any way to treat a Soldier’s Blanket , a Soldier’s Blanket is the Symbol of a Nation, a deluge of letters driving Francisco Dias to a nervous breakdown. And then terrible, terrible accusations, oh Custodio you are such a fool, so innocent, an affair was going on right under your nose, Maria Ema and Walter of course, you just stayed looking on, sad. Do you know that Walter even threw his own daughter on the Soldier’s Blanket, visited her one night when it was raining so very heavily, oh the scandal, oh the horror, tell us the truth Custodio, the truth, we have a right to know. And Walter's daughter is filled with anger, how could he, how could have told them about his one and only visit to her room. But then maybe, he could have just said, you know I just wanted to be near her, my daughter, and I was guarded, prevented from talking to her, my daughter who I had seen as a toddler. Filled with anger Walter’s daughter decides to confront him, collects, collects and collects information about Walter, writes terrible stories about Walter, goes to meet Walter, surprises him, confronts him only to realise that she loves him deeply, it was always him, always her only comfort when everything was lonely and bleak, his army coat, his revolver were her security against a hostile world.
Walter’s daughter, why don’t you have a name like everyone else does, a name is the most common thing and one’s most sacred possession, even the poorest of the poor have a name Walter’s daughter; yes, you do not have a name, because nobody respects you, you once said to yourself, if had I pointed the Smith at and killed Maria Ema, everyone would have pounced on me, if I had shot Maria Ema’s sons, they would have killed me, but if I point the revolver at Walter’s daughter and kill her no one will even know, they will let my body rot. Who would have allowed a little girl to keep a loaded revolver hidden below the mattress? Yes Walter’s daughter you were an accident, and like accidents unwanted, Maria Ema or her mother should have gotten rid of you in time and then you would have saved the house of Francisco Dias a great deal of embarrassment.
Strangely but, Walter’s daughter, you are the only one who knows how to look after the land that os Irmãos Dias abandoned, you are the only one who can recognise agricultural implements even in the deep of the night just by touching them as you did when you found the right spade to dig a deep hole for Walter’s blanket, the Soldier’s Blanket which was his legacy to you when he died, a clean, sweet smelling blanket that came to you passing through a hundred countries, you buried the Soldier’s Blanket much as one buries her own father with love and respect.

[Susana Fernandes]

A minha experiência de leitura : uma névoa desde princípio até meio do livro. Depois irritou -me os estrangeirismos e linhas inteiras noutras línguas ! A narrativa é confusa, densa demais para mim. Nos último capítulos ainda pensei que iria haver um crime mas nada acontece a não ser mais narrativa chata e confusa.
O maior frete que já passei a ler . Tenho pena por ser de uma autora portuguesa e conceituada mas este livro não me agradou em nada.

[Rosamund · Rating 4 out of 5]

Enjoyably strange. An atmospheric elegy to a disappearing rural way of life in the Algarve and the diaspora accompanying that.

[Sara Cardoso · Rating 4 out of 5]

3.5

[Gabriel Levc · Rating 5 out of 5]

this is a confusing but ultimately excellent book. i found the story to be powerful and deeply touching. it is more like a poem than a novel in that it wants to express a feeling rather than a plot. brilliant.

[Chawanat · Rating 4 out of 5]

รูปแบบการเล่าเรื่องในนวนิยายเล่มนี้มีความน่าสนใจมาก เพราะเล่าแบบวนเป็น spiral คือระลึกซ้ำเหตุการณ์เดิม แต่ทุกรอบจะค่อยๆ เติมรายละเอียดเพิ่มเข้าไป จึงทำให้เรา (ผู้อ่าน) เห็นภาพของเหตุการณ์เดิมที่เฟรมภาพขยายออกเรื่อยๆ ถูกเติมแต่งเรื่อยๆ ทั้งจากเหตุการณ์และช่วงเวลาที่ยืดขยาย ซึ่งการอ่านสิ่งนี้ไปได้จนจบนั้นต้องใช้ความอดทนอย่างมาก แถมผู้เขียนยังท้าทายการรับรู้ของเราโดยการเปลี่ยนไปฟังเรื่องเดียวกันจาก point of view ของตัวละครอื่นอีก เรียกได้ว่าจัดเต็มมากในแง่การทดลองทางวรรณกรรม

แต่ในแง่เนื้อหามันเป็นนวนิยายที่ว่าด้วยเรื่องของการประกอบสร้างความทรงจำที่มีต่อคนคนหนึ่ง และการถ่ายถอนตัวเองจากความทรงจำนั้น โดยมีประเด็นเรื่องครอบครัว และปัจจัยภายนอกที่เข้ามาส่งผลให้สมาชิกในครอบครัวหนึ่งจำต้องแยกย้ายถิ่นฐานไปยังที่ต่างๆ

ภาพวาดนกต่างถิ่นในเรื่องนอกจากจะเป็นตัวแทนของความหวังและอิสรภาพ มันยังสื่อถึงการเดินทางเพื่อไปหาสิ่งที่ดีกว่า (ไม่ว่าสิ่งนั้นจะมีจริงหรือไม่) ทั้งในแง่การเดินทางจริงๆ และการเดินทางของความคิดคำนึง เป็นอีกเล่มที่อ่านไม่ง่าย แต่ท้าทายดี แอบสงสัยนิดนึงเหมือนกันว่านักเขียนโปรตุเกสนี่เขาเล่าตรงๆ ธรรมดาๆ ไม่ได้ใช่ไหมน้ออ ทุกเล่มที่เจอคือดีไซน์การเล่ามาแบบท้าทายตลอด 555 หรือเราแค่ยังไม่เจอเล่มที่ว่านั้นก็ไม่รู้

[Cathy · Rating 4 out of 5]

Though it took me some time to get into this book about a disintegrating family in rural Portugal, I ultimately got caught up in the sad but lyrical tale of a daughter trying to piece together something of her father, Walter, who abandoned her, and her mother, shortly after she was conceived. In 1951 and again in 1963, the daughter, who remains nameless throughout the novel, meets Walter, her father in name only. She remembers these two visitations to her room in the middle of the night; she also pieces together the puzzle of his life from letters received by various family members and from Walter himself, letters accompanied by paintings and drawings of birds from all over the world.

In one of Walter's many sexual encounters with women, in which he leaves a string of "legitimate descendents scattered among the coast towns," he impregnates Maria Ema. When he refuses to take responsibility, and disappears to travel the world, his brother Custodio marries Maria Ema, thus giving Walter's daughter and Custodio's niece, a father.

Meanwhile, the rest of the brothers, of whom Walter is the youngest and Custodio is the oldest, all escape from their father's despotic rule over the family's rural home of Valmares, and spread themselves from one end of the Americas to the other. Custodio is the only one that proves to be dependable and caring, remaining in his father's home in Portugal with Maria Ema and their children.

The book is very densely written; it was difficult to get into the flow of Lidia Jorge's writing, but once I got the rhythm, I was quite caught up in the story. There is hardly any dialogue in the book, and sometimes the story folds back upon itself, repeating events over and over. This gets annoying at times. Overall, though, I enjoyed the book, which gave me a different worldview and a deeper experience of Portugal's Algarve, to which I traveled last summer.

[Andreia Valadares · Rating 4 out of 5]

(◔◡◔) 𝔹𝕠𝕠𝕜 𝕣𝕖𝕧𝕚𝕖𝕨
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тíтυℓσ: "O Vale da Paixão"
αυтσя: Lídia Jorge
ρágιηαѕ:192
¢ℓαѕѕιƒι¢αçãσ:⭐⭐⭐⭐
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Este livro começa por nos contar, de uma forma romanceada, a história da família Dias.
Pois bem, este era mais uma família normal, trabalhadora e com os seus bens patrimoniais:uma casa de família - casa de Valmares. Nela era suposto habitar filhos, netos, genros, noras, sobrinhos, etc. Todavia, quando os filhos do Sr. Dias começaram a emancipar-de e a descobrir os prazeres da vida, eis que um deles (Walter Dias) foge dos caminhos ideais e engravida uma jovem moça. Após esse acontecimento ele foge e, o Sr. Dias para resolver esta situação pede a outro filho que se case com a jovem grávida e que assuma como sua a filha. E assim sucedeu.
Uns anos mais tarde, Walter regressa a casa de Valmares e a criança (sua filha), agora crescida já sabe toda a verdade. No entanto Walter nada faz para alterar a situação e, entre novas desavenças, foge.
Porém, durante todos estes anos de fugitivo, ele enviava cartas com desenhos de pássaros e, foi através desses desenhos que a sua filha descobriu o seu paradeiro. Quando ela o encontra coisas estranhas vão acontecer, nomeadamente a sua herança ser apenas uma capa de soldado.
Intrigados? 😂 Pois bem, leiam o livro.
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De uma forma geral, este clássico está escrito de uma forma capaz de enfeitiçar o leitor. A escrita é bastante fácil o que tona uma leitura fluída.
Foi uma leitura bastante prazerosa e agradável.
Recomendo vivamente.
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[Natália · Rating 2 out of 5]

This is a sad and challenging book to read. It is difficult not only because of the author's language and style but also due to its content: parental abandonment. After the first 60 pages, you start to understand the family dynamics. I believe the initial confusion is intentional because, throughout the narrative, we realize that it is the memories of Walter Dias' daughter being described, and they become distorted over time. With this in mind, the "difficult" writing makes sense.

The protagonist is unnamed and lives in frightening loneliness. Much of the book centers on her pursuit for identity, especially her role as a daughter. More than just abandonment by her father, the protagonist experiences a sense of erasure, as if she doesn't exist even to those who remained. She spends years searching for answers but doesn't find them as she hopes. Certainly, she would have liked to hear that the bird drawings were for her, so she could feel worthy of attention and love, even for a moment. She didn't even get that—a lie to soothe her restless soul after so much waiting.

This is not a book for entertainment, it's worth noting. For those who enjoy reading, reflecting, and experiencing intense emotions (laughs), it is a good recommendation.

[Maria Moita · Rating 5 out of 5]

Agradeço a quem me incentivou a ler "O Vale da Paixão" e, sobretudo, a quem me aconselhou a insistir nas primeiras páginas, até me ajustar ao estilo da autora. Assim que apanhamos o ritmo, a leitura torna-se viciante e quase nos embala, absorvidos na cadência desta escrita.

Um livro sobre as idealizações familiares que construímos, principalmente nas ausências. Um belo exercício sobre as consequências emocionais dessas ausências para quem fica para trás. Fez-me pensar em como, tantas vezes, projetamos ressentimento naqueles que estão ao nosso lado — precisamente porque lhes conhecemos as falhas. Já quem nos falta, quem está distante ou ausente, é facilmente romantizado, envolto numa aura de perfeição inatingível.

[Luis Louro Oliveira · Rating 5 out of 5]

Da autora, tinha lido um conto e estava curioso para conhecer mais. Quando comecei estava prestes a desistir, não estava a perceber o ritmo e a sentir-me confuso com a história. Fui ler algumas avaliações que por acaso explicavam a história base e afinal percebi que já estava a entender e que afinal era uma questão de estilo. Depois, sem perceber bem como, apercebi-me que afinal estava a adorar. E adorei. Walter Dias vai ser recordado.

O Desenhador de Pássaros (usado como título em inglês) seria um título muito muito melhor. Não entendo este título.

[Tanya · Rating 1 out of 5]

This book is hard to get into and boring. Seriously, pick a timeline and stick to it for longer than 2 paragraphs. I hate when authors try to be too lyrical and unique, especially when it doesn't work. I'm all for new writing ideas and techniques but this one just did not work.

[Ann Fisher · Rating 4 out of 5]

Very atmospheric. For the longest time I thought it was just going around in circles but finally it starts moving along. I especially enjoyed the flurry of correspondence near the end.

[Gabriel Franklin · Rating 5 out of 5]

"Na noite da chuva, já ela sabia que a vida não pertencia apenas a quem pertencia, mas também a quem a relatava."

[Rita Sousa · Rating 2 out of 5]

The lack of clarity in both the plot and character development left me feeling disconnected rather than immersed

[Renato Sousa]

Primeiro contacto com a obra de Lídia Jorge.

Apesar da história orbitar em torno da vida de Walter Glória Dias, dei por mim mais concentrado (e preocupado), à medida que me aproximava do fim do livro, com o que estava reservado para a filha de Walter. Cativou-me a mistura de perspectivas em relação ao pai (maioritariamente ausente, mas regularmente presente na boca dos seus familiares), oscilando estas entre fases de deslumbramento e desapontamento.

Dito de outro modo, fez-me lembrar, quando crianças, o "avaliar" uma pessoa apenas com base no tempo dessa pessoa passado connosco. Tudo o resto nos ultrapassa. Mais tarde, começamos a ouvir, atentos que somos, as conversas dos outros sobre essa pessoa, ao mesmo tempo que começamos também a ser capazes de avaliar melhor as palavras e os actos da pessoa em questão. Se é verdade que tudo isto vai ajustando a nossa perspectiva sobre alguém, em caso de críticas negativas, quando se trata de uma pessoa muito próxima, há sempre um desejo profundo de haver uma explicação para essas críticas, ou para explicar algum sucedido indesejável. Quando assim é, o deslumbramento e o desapontamento acabam por se equilibrar, ainda que isso possa ser feito de uma maneira não muito evidente, como externalizar em demasia o desapontamento, e guardar no coração o deslumbramento, ou esse laço invisível de amor, que parece totalmente blindado a quaisquer desilusões.

Aliás, dou por mim a pensar até que ponto essa mudança de perspectiva sobre a personagem central (Walter), não sai reforçada pela (dupla?!) narradora do romance, que salta entre a terceira e a primeira pessoa, assumindo o papel da filha de Walter em part-time.

Nota final? Penso que esta mesma história, agora contada por Maria Ema Baptista, daria um belo romance.

[Isabel · Rating 4 out of 5]

Foi a primeira vez que li Lídia Jorge e fiquei bastante agradada. É prosa em forma de poesia do inicio ao fim da narrativa. Escrita solene, serena, cativante, profunda e intensa.

Walter Dias ocupa praticamente todas as páginas do livro, seja quando ele está presente na narrativa, ou então quando outras personagens falam dele. Ele é a "ovelha negra" da família. É amado, desejado, odiado, desprezado e esquecido. A mim, pareceu-me mesmo que toda a família estava obcecada pela sua pessoa e pela sua vida. O seu espirito aventureiro era motivo de ciúmes mas ao mesmo, de admiração.
Houve duas personagens que me sensibilizaram.
A figura de Francisco Dias, o pai da família, pela ansiedade e tristeza que sentia ao desejar que os filhos regressassem a casa. Apenas Custódio Dias não emigrou e permaneceu humildemente e submissamente em Valmares (Faro), juntamente com a sua esposa Maria Ema e a filha/sobrinha de Walter.
A outra personagem foi a filha/sobrinha de Walter, que viveu desde criança como se fosse uma estranha entre aqueles que eram a sua família, e sofreu com a mágoa de o seu pai biológico não a perfilhar, nem se interessar muito por ela.
Por outro lado, é de enaltecer a atitude de Custódio Dias ao aceitar casar com uma mulher grávida ainda que de seu irmão, tentando assim salvar a reputação da família Dias.

[Marco Silva · Rating 4 out of 5]

A partir de um momento concreto, uma cena magistralmente bem escrita no parágrafo inicial, Lídia Jorge constrói em espiral uma espécie de saga familiar. Um homem regressa à casa familiar numa noite de chuva, descalça-se e sobe umas escadas para visitar a filha. Esse instante, com gestos precisos, é uma ponta solta de um novelo que se começa a desfiar pelas páginas seguintes. A partir daí, viajamos ao passado e ao futuro desse momento, entramos nas divisões da casa de Valmares da família Dias, conhecemos as suas intrincadas relações, com paixões e desavenças, descobrimos porque uns anseiam fugir e outros decidem ficar. “O Vale da Paixão” é também um retrato de um Portugal rural que já não existe, uma crónica das grandes mudanças que o país viveu na segunda metade do século XX.
Nunca tinha lido nada de Lídia Jorge, sabia do seu valor e as expectativas eram altas. A sua prosa é inventiva, cheia de imagens evocadoras, arquitetada de forma complexa e sem perder o foco: essa capacidade de avançar em espiral mantendo o rumo, sem se dispersar apesar dos desvios, é extraordinária. Também me pareceu extremamente original, arriscado e muito bem conseguido o narrador duplo, que salta da terceira à primeira pessoa, como se fosse uma câmara que muda de posição, sem truques nem tropeços. Sem dúvida, um nome a repetir.

Frases sublinhadas para emoldurar:

“Atrás viajávamos seis. Mudos. Tínhamo-nos sentado uns sobre os outros, éramos um monte de gado infeliz, regressando à casa de Valmares, dentro dum carro funerário.”

“Mas ela tem quinze anos e é já uma mulher velha. Já imaginou cem mil sóis levantarem-se e outros tantos pousarem, e por isso ela sabe que o novelo está feito, e como uma mulher muito idosa de alma entrevada, ela sabe ficar onde está, sabe que é melhor não entrar.”

“Invejava os mortos cujos corpos nunca tinham voltado a casa e de quem não se sabia nada, nem tinha restado coisa nenhuma, nem a ponta duma fivela.”