Marta, protagonista da história, vê-se obrigada a crescer vertiginosamente. Perde a mãe. Corta as tranças. Era preciso parecer mais velha. Um terrível acidente corta-lhe os sonhos. Livro recomendado pelo Plano Nacional de Leitura.
Escreveu em 1979 o seu primeiro livro, A Aldeia das Flores e publicou dezenas de obras. Alguns dos seus livros estão publicados no Brasil e traduzidos em castelhano, galego e sérvio.
Recebeu vários prémios, dos quais se destacam o Prémio da Associação Portuguesa de Escritores (1983) para O Rapaz de Louredo, o Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens (1990) para Pedro Alecrim, o Prémio António Botto (1996) para A Casa das Bengalas, o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens (2006, categoria Livro Ilustrado) para ´´Se eu fosse muito magrinho``.2 3
Em 2008 foi agraciado com a Ordem da Instrução Pública.4
Em 2010, foi nomeado para os Prémios de Autor da SPA/RTP na categoria Literatura Infanto-Juvenil com “Pinguim” (Gailivro, ilustrações de Alberto Faria).
Em 2012 foi nomeado como candidato português ao prémio literário sueco Alma 2013.
Gosto das histórias de António Mota por culpa do meu filhote, que trouxe algumas da biblioteca da escola para ler na companhia da mamã. Lembro-me particularmente bem de Sonhos de Natal que se lê de um fôlego só e que me levou às lágrimas. Por isso, e porque continuo a apostar em livrinhos infanto-juvenis que poderei recomendar ao D. e que me fazem regressar a anos mais inocentes e mais simples, trouxe da biblioteca municipal este Cortei as tranças. Marta é uma menina que vê a sua vida sofrer o pior dos embates quando a sua mãe morre num acidente estúpido. Perante esta amputação do suporte que equilibrava uma existência típica de uma menina de treze anos, a protagonista da obra corta as suas tranças infantis e veste a vida da progenitora. Deixa a escola, trata da lida de casa e quer trabalhar para contribuir para o orçamento familiar. Cresce assim demasiado rápido. Começa a penetrar na rotina dos mais velhos, mas percorre-a aos tropeções, assoberbada de dúvidas e de nostalgias pelo que foi obrigada a arrumar num cantinho onde talvez nunca mais se possa esconder. A ação de Cortei as tranças desenrola-se no meio rural e aflora não só a adolescência de Marta como também a de sua mãe. Faz-nos saltar para tempos e espaços que parecem já não mais existir e que seguramente se apresentarão como realidades desconhecidas aos miúdos nascidos no século XXI. Desconfio, por essa razão, que a simplicidade de essa vida comezinha e algo datada não seja muito apelativa, não desperte no meu filhote vontade de ler com entusiasmo esta obra, como o vejo a ler com concentração e de dedito a seguir as frases livrinhos mais atuais e mais próximos do que é o seu dia-a-dia e do que são os seus gostos. Confesso que eu própria estava à espera de algo mais, de mais emoção, de um lado mais introspetivo e de um protagonismo mais evidente de uma miúda que se apresenta como uma rapariguinha que revejo em muitas com as quais convivo diariamente – despreocupada, com alguma alergia à escola e consequentes doses de rebeldia e que, com a morte da vida, teria que despenhar-se num buraco aparentemente sem fundo… Resumindo, não foi uma leitura tão saborosa como foram as suas antecessoras – A lua de Joana e O mundo em que vivi. Contudo, já tenho em vista outras obras do autor, porque são recomendadas no Plano Nacional de Leitura e porque quero que António Mota me volte a emocionar como o fez com Sonhos de Natal. Expectativas algo elevadas? Creio que não… Por fim, deixo um reparo a algo que me desagradou – no exemplar que li (da Edinter) deparei-me com várias frases onde uma “desavergonhada” vírgula se intrometia entre o sujeito e o predicado. Não sei se essa sem-vergonhice acontece apenas no referido exemplar da Editora em questão ou se repete em outras, mas espero bem que não e que já tenha sido erradicada de edições posteriores. Estamos a falar de uma obra recomendada, como já disse, para alunos de 12, 13 anos.
António Mota é um escritor de mérito, premiado. Este livro saiu da minha estante porque ainda não o tinha lido e precisava de uma leitura simples, quase infantil, para "descansar" a mente. Ao longo da historio, foram por diversa vezes que li a violência com que os cães e gatos eram tratados, em descrições que no passado correspondiam ao dia a dia de muitas famílias e crianças mas que na atualidade são apenas reflexo da violência e da agressividade do ser humano para com os animais. E foram estas passagens que me chocaram profundamente - este livro faz parte do Plano Nacional de Leitura - logo crianças e jovens são expostos gratuitamente a esta violência. O livro não pode ser apagado, reflete a sociedade numa determinada época, mas devia ser excluído dos livros sugeridos.
A passagem da infância para a idade adulta por uma rapariga que perdeu a mãe. Uma leitura que se pode considerar simples e aprazível mas que carece de alguns promenores