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Formação do Brasil Contemporâneo

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Formação do Brasil contemporâneo é dos textos mais influentes sobre as relações entre nação e colônia no processo histórico que originou o Brasil. E é a ele, sobretudo, que Caio Prado Jr. deve seu lugar como grande intérprete do país.
Marxista e militante ligado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), o autor não via, porém, o materialismo histórico como um conjunto de fórmulas a serem aplicadas, sem mediações históricas e analíticas, a qualquer realidade. Isso o levou, aguçado por uma grande sensibilidade em relação ao Brasil, desenvolvida também nas muitas viagens que fez pelo país e pelo gosto em fotografá-lo, a promover uma verdadeira "nacionalização do marxismo".
Publicado em 1942, Formação do Brasil contemporâneo é um clássico do pensamento social e da historiografia brasileira que vem mobilizando estudiosos e atores políticos, seja para aceitar suas teses, problematizá-las ou mesmo rejeitá-las. Como poucos, o livro conseguiu formar nossa visão das origens coloniais do Brasil e do seu legado à nação. Divergindo daqueles que entendiam o período colonial em termos equivalentes ao feudalismo na Europa, Caio Prado Jr. o situa no processo de expansão ultramarina europeia resultante do capitalismo mercantil. Explicação tão bem-sucedida que dificilmente alguém acreditaria hoje num passado feudal brasileiro.
Mas este livro é um clássico também pelo que nos permite entender de certos desafios tenazes, ainda hoje abertos à sociedade. Sua tese fundamental é a de "sentido da colonização", que expressa a reiteração, mesmo após a nossa independência política, do papel do Brasil como fornecedor de produtos primários demandados pelo mercado externo. Apesar das mudanças em curso desde então, e das novas configurações da cada vez mais complexa dialética entre centro e periferia, talvez bastasse constatar a importância no Brasil de hoje das commodities agrícolas e minerais para sugerir a atualidade da análise central do livro.

390 pages, Paperback

First published January 1, 1942

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About the author

Caio Prado Jr.

20 books20 followers
Caio da Silva Prado Júnior foi um historiador, geógrafo, escritor, político e editor brasileiro.
As suas obras inauguraram, no país, uma tradição historiográfica identificada com o marxismo, buscando uma explicação diferenciada da sociedade colonial brasileira.

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Displaying 1 - 17 of 17 reviews
Profile Image for Felipe Tello.
9 reviews1 follower
July 13, 2020
O livro, pioneiro na abordagem marxista do período colonial brasileiro, é um dos poucos clássicos incontestáveis da literatura nacional. Denso e complexo mas igualmente didático e bem escrito, Formação do Brasil Contemporâneo - Colônia é quase que leitura obrigatória pra quem quer compreender a fundo os 300 anos iniciais da história brasileira - e suas implicações nos 200 anos seguintes. A categoria de "sentido da colonização", criada pelo autor, é brilhante, e por vezes dá a sensação que se mantém até os dias de hoje, de certa forma, enquanto o Brasil continua fornecedor primário de certos gêneros tropicais e absolutamente dependente de um mercado externo que lhe é alheio em diversos setores da economia. Afastado dos ufanismos e anacronismos, pecados capitais de muitos historiadores, a análise de Caio Prado Júnior é economicista porque assim deve ser a leitura de uma empreitada primariamente comercial como a colonização brasileira. A única frustração é o eterno inacabamento da obra, pensada originalmente para conter mais dois volumes - Império e República.
Profile Image for L7od.
137 reviews3 followers
August 23, 2020
Acho que a principal contribuição deste livro pra mim foi sua análise da sociedade colonial destacando as relações sociais, econômicas e políticas dos indivíduos que não eram escravizados, nem senhores de terra. O texto foi publicado na década de 40 e a visão racista do autor quanto a negros e indígenas incomoda, mas o texto realiza um feito com sucesso: ele consegue defender seu principal argumento em todos os capítulos do livro criando uma força que é reconhecida até hoje e que talvez já tenha até virado senso comum: a ideia de que a colônia brasileira sempre existiu como uma empresa fornecedora de bens para o mercado externo, cujo objetivo era fornecer capital para a coroa portuguesa e de que maneira isso ainda molda a maneira como nós brasileiros nos encaixamos no mundo. Sei que deixei algumas ideias sem conectar, mas meu objetivo aqui é leve e despretensioso: apenas comentar o que pode ser esperado na leitura do(s) livro(s).
Profile Image for Gui.
42 reviews6 followers
July 23, 2017
Ainda que eu esteja apenas minha leitura destes clássicos da sociologia brasileira, acho muito interessante o quanto eles dialogam e se complementam no entendimento de um Brasil que faz muito sentido aos meus olhos.

Um aspecto particularmente interessante, e ao meu ver, sempre atual do Brasil é o sentido da sua formação e, por que não, da sua evolução até os tempos atuais.

Leitura recomendada!
Profile Image for andrea ..
44 reviews75 followers
September 3, 2014
Apesar de em diversos momentos o autor se mostrar moralista e, até mesmo, racista, este livro é uma fonte central para a compreensão do que foi o Brasil colônia e dos reflexos disto no nosso presente. Infelizmente, Caio Prado Júnior foi um homem de seu tempo.
Profile Image for Priscilla.
1,928 reviews16 followers
April 30, 2022
Formação do Brasil Contemporâneo é um dos livros base para a grade de História nas faculdades, especialmente por sua apresentação extremamente didática fornece quase um modelo de escrita e pesquisa a ser seguido

Caio Prado Júnior foi um historiador cuja obra poderia ser considerada mais marxiana do que marxista. Formação do Brasil Contemporâneo segue uma análise processual, estrutural e sistemática do modelo econômico adotado na época e a forma como a sociedade agia e reagia a isso.

Contudo, a separação do autor em relação ao Leninismo não torna a obra apolítica. Caio Prado apenas vai na contramão do pensamento vigente e argumenta sobre um Brasil Colônia de produção interna e como isso pôde e pode influenciar a formação e consolidação da Nação.

A ideia, então, é que o Brasil por ser um país de características únicas terá também uma formação única - e dificilmente poderá ser enquadrado junto as outras ex-colônias.

Minha única ressalva é quanto a postura ao se ler esse volume. O auto coloca em todo o texto termos de cunho pejorativo, alguns explicitamente racistas. Enfim, deve-se tomar cuidado com julgamentos e anacronismos.
Profile Image for Steve.
396 reviews1 follower
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August 4, 2022
REVIEW OF ENGLISH LANGUAGE EDITION

What a magnificent history this volume, and for good reason; Mr. Prado kept company with the likes of Fernand Braudel and Claude Lévi-Strauss, for whom I have great admiration. Now having completed the foundational readings of Messrs. Holanda, Freyre and Prado, surely an underappreciated trio, I feel I’ve been exposed to a memorable collective effort worthy of both adulation and emulation.

Here Mr. Prado spoke to broad geographic, social, commercial, political and religious themes that were important to Brazil’s development, just as Fernand Braudel did so wonderfully in his work on the Mediterranean. Notably, Mr. Prado wrote absent undo focus on any single individual. Of course, slavery plays a special role in the Brazilian story, as it does in that of the United States, though for far different reasons. Then, there was the inhumane treatment of indigenous peoples, which can never have its proper recording in the annals of history, although the author’s words are a start. These were years deserving of much harsh criticism, of which he shared plenty, including for the resulting cultural dynamic among slave, Indian and European and their offspring, also affected through significant miscegenation.
With such beginnings, a process of formation still in progress at the period we are considering, one could only expect to find a population completely destitute of any moral nexus. Races and individuals are badly amalgamated; they do not blend into any coherent whole; they are juxtaposed, forming separate groups and units that merely coexist. The strongest ties that bind them into some kind of social whole are the most primitive and rudimentary human links, stemming directly and immediately from the relationship established in labor and production, particularly the subjection of the slave or semi-slave to his master.
Mr. Prado described meticulously the centuries-long extractionary practices directed by the Portuguese Crown, with the Catholic Church always hovering nearby as a meaningful, and yet unpunished, enabler. Surely Portugal must have flowered and then blossomed extravagantly at the receipt of such free and abundant natural wealth for so long, conveying a rich legacy to its future generations? Ah, no. Portugal has been one of the poorest countries in Western Europe for quite a while along several dimensions, having ineptly squandered its inheritance mostly upon first receipt. Why then? For what reason did the Indians and slaves in Brazil suffer so woefully for hundreds of years, millions of them? The pursuit of easy plunder was the immediate justification. “Just because” appears to be the answer in retrospect. That seems to be a common theme across time and place, repression existing as a necessary part of the ruling system. Then, too, there are degrees of repression as a curious observer may note in most any society.
Profile Image for Luis Emanuel .
35 reviews
August 31, 2023
"A colonização produziu seus frutos quando reuniu neste território imenso e quase deserto, em trezentos anos de esforços, uma população catada de três continentes, e com ela formou, bem ou mal, um conjunto social que se caracteriza e se identifica por traços próprios e inconfundíveis."


Uma obra que oferece uma análise criteriosa, e que busca compreender as minúcias do complexo período colonial brasileiro, trazendo a análise e a exposição das características das principais e mais relevantes áreas da sociedade (como o estudo das relações de poder e da relação senhor/escravizado) e como também dos períodos da fase colonial, como a era do açúcar e a era do ouro. Caio Prado Jr. consegue, a partir de um grande e pertinente arsenal bibliográfico e com uma sensata fuga de anacronismos, trazer à tona os desastres, falhas sucessivas e o fracasso da metrópole portuguesa no desenvolvimento de uma colônia única em suas características e singularidades. É uma obra complexa, de leitura lenta, mas que apresenta-se como crucial a todos os brasileiros os quais buscam compreender, com a profundidade trazida por um historiador responsável em seus estudos, os alicerces e bases sociais de uma colônia que permeia a realidade brasileira até os dias atuais.

"Numa palavra, e para sintetizar panorama da sociedade colonial: incoerência e instabilidade no povoamento; pobreza e miséria na economia; dissolução nos costumes; inércia e corrupção nos dirigentes leigos e eclesiásticos. Neste verdadeiro descalabro, ruína em que chafurdava a colônia e sua variegada população, que encontramos da vitalidade, capacidade renovadora?"
Profile Image for Vítor Barros.
24 reviews2 followers
May 20, 2023
Obra fundamental para compreender o Brasil. O diferencial de Caio Prado está em sua formulação de “SENTIDO da colonização”, ou seja, Brasil enquanto empresa colonial europeia, com suas possibilidades de desenvolvimento e soberania comprometidas pela relação de subordinação a Portugal, posteriormente Inglaterra e EUA. Pra chegar a tal conclusão, o autor se utiliza do método marxista, para analisar cada um dos elementos estruturantes da vida colonial em suas particularidades, e depois reconstrói estas categorias em um todo dinâmico que produz, enfim, essa síntese, o tal “sentido” da colonização.

Essa formulação foi o germe do que veio a ser a Teoria Marxista da Dependência, fundamental pra entendermos os limites que foram impostos ao Brasil dentro de uma sociedade burguesa (subdesenvolvimento, miséria, pobreza…) como consequência da posição subordinada que ocupamos dentro da divisão internacional do trabalho. Inclusive, nossa burguesia historicamente está aliada a esse processo de dominação estrangeira, e reproduz essa mesma exploração e violência internamente.

Um ponto muito negativo do livro, e que mostra ser a maior limitação no pensamento de Caio Prado, é a forma como a análise da questão racial vem recheada de uma visão racista e até mesmo eurocentrica, característica do pensamento social brasileiro naquele período. Isso é incontornável na leitura, a pesar de que o autor foi militante comunista do PCB, e teve um compromisso declarado na sua prática militante com as classes dominadas e os povos racializados.
Profile Image for Ana Luiza Alfaya.
86 reviews2 followers
January 20, 2025
Embora denso, esse livro fundamental pode ser lido em partes, começando por qualquer capítulo, uma vez que especialmente os que falam do povoamento são cansativos para os que não são mestres em geografia.
Inevitável repetir que a análise que ele propõe, de buscar origens do Brasil da 1a metade do século XX no que vinha acontecendo até o início do século XIX, pode ser feita para olhar o Brasil do início do século XXI.
Angustiante, terrível, didático, maravilhoso.
Profile Image for Ronaldo Lima.
167 reviews3 followers
May 10, 2021
Livro monumental muito bem ebasado com linguagem simples e direta que sempre precisará ser revisitado. Os problemas surgem na verdade quando Caio Prado toma liberdade no que diz, é quando fala de raça e classe que eu acho que o livro apresenta os maiores problemas, mas não deixa de ser um livro importantíssimo.
Profile Image for Nicholas.
82 reviews
September 21, 2022
Caio Prado preconiza a formação nacional do Brasil nesse volume que aparenta ser o início de um projeto não continuado, trazendo a imagem das estruturas sociais e físicas do Brasil no final do século XVIII. Próprio autor aponta na introdução que será o século XIX o ponto chave da mudança e que a análise contida nessa obra trata das estruturas que estavam colocadas previamente a essa mudança.
Profile Image for Jeana Mattei.
17 reviews1 follower
May 2, 2021
O capítulo “organização social” é mandatório pra todos brasileiros. Considero uma leitura complementar à Casa Grande e Senzala. Confesso que pulei páginas no capítulo sobre transporte porque 🥱😴
Profile Image for Marco Antonio.
6 reviews
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January 22, 2022
Apresenta a formação brasileira, centrado no Brasil Colônia, de diversos prismas, desde aspectos territoriais, como a colonização litorânea, até a formação cultural da sociedade brasileira.

Uma obra-prima da história brasileira.
Profile Image for Henrique Cassol.
137 reviews2 followers
December 2, 2016
“Os mais honestos e dignos delegados da administração régia são aqueles que não embolsam sumariamente os bens públicos, ou não usam dos cargos para especulações privadas; porque de diligência e bom cumprimento dos deveres, nem se pode cogitar. Aliás, o próprio sistema de vigente de negociar os cargos públicos abria naturalmente portas largas à corrupção”. PRADO JÚNIOR, Caio – Referindo-se à administração no Brasil Colonial. Não há de negar as semelhanças com a política atual, cuja situação quase nada mudou nestes últimos séculos.

Neste livro, Caio Prado Júnior esboça a formação do Brasil contemporâneo a partir de extensa bibliografia sobre os variados temas do Brasil Colônia, como: economia, organização social, miscigenação e atividades administrativas e políticas.
O que pude notar é que muitos dos “costumes” impróprios praticados pelos portugueses, como abusos de poder e de privilégios, corrupção e preconceito estiveram presentes desde o processo de colonização. As próprias capitanias hereditárias foram distribuídas pelo rei de Portugal aos homens livres, e como compensação lhes garantiam um título de nobreza. Nestas, praticava-se a exploração dos recursos naturais com a finalidade última de ocupar o território. Por isso, a agricultura logrou maior êxito, por ocupar vastas extensões de terra e necessitar de um grande contingente de trabalhadores. Os três elementos constitutivos da organização agrária do Brasil eram a grande propriedade, a monocultura e o trabalho escravo. “É neste sistema de organização do trabalho e da propriedade que se origina a concentração extrema da riqueza”. Logo, “o preto e o índio afluirão para as camadas inferiores, o branco, para as mais elevadas”. E, “o trabalho escravo nunca irá além do seu ponto de partida: o esforço físico constrangido; não educará o indivíduo, não o preparará para um plano de vida mais elevado”.

O atraso da colônia em termos de infraestrutura, modelo administrativo e planejamento territorial eram evidentes e os portugueses jamais tiveram a intenção de transformá-la em algo minimamente organizado até o desembarque da corte no Brasil. “A complexidade dos órgãos, a confusão de funções e competências; a ausência de métodos e de clareza na execução das leis; o excesso de burocracia [...] não poderia resultar noutra coisa senão aquela monstruosa, emperrada e ineficiente máquina que é a administração colonial”. Portanto, não há nenhuma especialização nos órgãos públicos, “nas Intendências do Ouro, nunca se viu um geólogo, um mineralogista, um simples engenheiro”. “De alto a baixo da escala administrativa, com raras exceções, é a mais grosseira imoralidade e corrupção que domina desbragadamente”.

Sobre a administração, “negligencia-se tudo que não seja a percepção de tributos; a ganância da coroa e a mercantilização brutal dos objetivos da colonização contaminará todo mundo”. E “onde havia falta de açoite, o tronco e demais instrumentos inventados para dobrar a vontade humana, desaparecia a atividade colonial”. O ócio e a preguiça imperam tanto que foram notadas pelos viajantes que aqui estiveram, como Saint-Hilaire e von Martius. Estes elementos históricos nos trazem luz sobre certos comportamentos e costumes nefastos que imperam ainda hoje nos sistemas sociais, políticos e administrativos, que, mesmo que não os justifiquem, ajudam a compreender suas origens.
Profile Image for Igor Miranda.
106 reviews7 followers
January 25, 2021
Muito antes de definir que eu leria 8 livros e que faria uma série nesse formato, eu já havia decidido que leria alguns livros importantes para a história do Brasil. Entre eles estava, sem dúvidas, 'Formação do Brasil Contemporâneo' de Caio Prado Jr. Considerado um dos livros formadores das ciências sociais brasileiras (ao lado de 'Casa-Grande e Senzala' e 'Raízes do Brasil'), eu sabia que seria uma leitura importante — o que eu não sabia é que seria tão boa quanto polêmica.

'Formação do Brasil Contemporâneo' é quase impecável. Caio Prado Jr conseguiu nele algo raro: sumarizar séculos de história brasileira em suas diversas esferas sem perder em nenhum momento a profundidade dos temas discorridos. É realmente incrível a capacidade do autor de organizar o conhecimento, todos aqueles domínios, sem perder a fluidez. Começa pelo povoamento do Brasil e suas diversas correntes no tempo; explora aspectos econômicos não apenas da grande agricultura e da mineração, mas da pecuária e da lavoura de subsistência; explora (e critica) também a organização social de uma colônia que nasceu com estruturas tanto extratoras quanto corruptoras.

Como disse para alguns amigos: é como ter a melhor aula de história do Brasil da sua vida.

Por isso, eu já tinha claro em minha mente, enquanto lia, de que se eu tivesse que indicar um livro, entre os formadores, o escolhido seria esse.

Mas algumas coisas me fizeram repensar um pouco essa escolha. Vocês vão me entender. Quando Caio Prado Jr diz que 'a contribuição do escravo preto ou índio para a formação brasileira é, além daquela energia motriz, quase nula', eu me sinto ofendido. Quando ele diz que algumas vicissitudes brasileiras também são culpa deles, eu me sinto novamente. Poderiam argumentar que o ano de 1942 é distante e que é complicado olhar aquele momento com os olhos de hoje. Eu entendo. Mas a verdade é que Sérgio Buarque e Gilberto Freyre tiraram conclusões bastante diferentes destas anos antes — e ele leu esses estudos, pois os cita. Portanto, não encubro o seu racismo.

(1) No mais, sinto que nos fins do livro, onde se é tratada a administração e a vida social e política da colônia que Caio Prado Jr apresenta a sua principal visão, aquela, precisa e inédita de que o Brasil, como nação, não havia nascido pós independência, mas sim continuado os rumos viciosos de seu passado colonial, sendo apenas um centro produtor oportunista voltado ao mercado externo, sem grandes planos de desenvolvimento próprio e de longo-prazo. Para nós, isso é claro, mas não o era na época de Caio Prado Jr. E o fato de que o nosso país se mantenha, de certa forma, sob a mesma dependência externa em sua economia anos após o estudo, só corrobora um sentimento que já era verdade nos anos 30/40.

(2) Uma das maiores dificuldades que enfrentei nessa série do Brasil foi em ponderar os meus sentimentos em relação as verdades e os absurdos contidos em estudos tão cultuados. Convido-os, então, para ler 'Formação do Brasil Contemporâneo' e discutir esses pontos comigo. Aos que já leram, seria importante ver a visão de vocês. Como disse nos stories de 'Casa-Grande e Senzala', acredito que também podemos aprender mais sobre o Brasil de ontem e de hoje com os problemas nos cernes de estudos tão importantes.
Lê-los é adentrar as entranhas do nosso Brasil. Seja por seus aspectos formadores, seja pelo seu racismo.
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