This is a pre-1923 historical reproduction that was curated for quality. Quality assurance was conducted on each of these books in an attempt to remove books with imperfections introduced by the digitization process. Though we have made best efforts - the books may have occasional errors that do not impede the reading experience. We believe this work is culturally important and have elected to bring the book back into print as part of our continuing commitment to the preservation of printed works worldwide.
Este sermão trata sobre o sucesso na vida, e como o mesmo deverá ser alcançado através de paciência, persistência, honestidade, e sobretudo trabalho árduo. Mencionando, como é vulgar nos sermões, uma história das escrituras, nomeadamente a José (Génesis), este é um incitamento ao trabalho industrial e ao ofícios de manufactura como o caminho a seguir para os jovens. Obterão assim, à imagem desse personagem bíblico, o tão ambicionado sucesso na vida.
Aqui a noção de sucesso é discutível, uma vez que equivale a conforto, respeito, independência, competência, prosperidade, honra, e em ultima análise a ascenção a cargos de poder. Discutível apenas porque em minha opinião, faltam alguns atributos ao "sucesso", de cariz mais interno ao indivíduo, e existirão alguns que estão "a mais" se a comparar com a minha noção de sucesso.
Apesar deste sermão estar devidamente enquadrado numa realidade económica, social, e religiosa que difere da nossa, é inevitável fazer alguns paralelismos. A honra do trabalho manual e do trabalho duro, professado por este sermão, não esquece o devido descanso, que enaltece e faz um apelo a que as formas de entretenimento dos trabalhadores sejam elevadas a um nível superior.
Aparenta existir nesta altura toda uma estrutura, para que de facto os jovens ouvintes desta palavra, pudessem de facto prosseguir na realização da mesma. Hoje em dia, a nossa realidade social é dura a este respeito. Foram e são diariamente negadas a milhares de pessoas, o seu direito ao trabalho, como forma de subsistência e de realização pessoal. É-lhes negado o existir em plena cidadania, e mais grave, subsistir pelo seu trabalho.
Numa sociedade como a nossa em que o trabalho manual é ainda muito mal visto, mal pago e mal tudo, poderíamos por outro lado escrever uma "Alegoria do Canudo Inútil"...
Hermann Adler acredita que a sorte é inexistente, que somos nós que fazemos a nossa própria sorte, e que se adversidades se encontram no caminho, é a forma como lidamos com elas que faz de nós homens, e mulheres (acrescento eu...). Não deixa de ser verdade em muitos aspectos, mas que culpa têm os nossos jovens de agora desta precariedade do mercado de trabalho? Não foi esta sorte ditada por outros que não eles, apenas por má gestão dos dinheiros e da educação de um país? E se mesmo assim são felizes o suficiente para ter acesso a um trabalho, em que condições? Verão eles nesse trabalho o caminho para serem bem sucedidos, pelo trabalho árduo e pela honestidade como Adler defende? Como poderão eles fazer tal, pois quem consegue acreditar na honestidade e integridade, e muito menos no trabalho de quem nos governa?
Enfim, este sermão teve um objectivo próprio, enquadrado numa época própria e tem o seu mérito, se ignorarmos o seu cariz religioso. Teve com certeza um propósito social importante para quem se dirigiu na altura. Afastei-me aqui um pouco do tema pelo inevitável desabafo sobre a nossa própria realidade social, mas acabo por admitir ter gostado desta obra, pois sem dúvida me fez pensar, no tempo deles, e no nosso... Constitui, em minha opinião, um texto rico em questões para reflectir.
Clique aqui para ver o post completo no blog LinkedBooks.