Gonçalo Cadilhe é um viajante, jornalista e cronista português. Cadilhe nasceu na Figueira da Foz em 1968 e é licenciado em Gestão de Empresas. Viajar é a sua paixão e nos últimos anos esteve envolvido em vários projectos pessoais em colaboração com o jornal Expresso. O viajante português lança as crónicas das suas experiências por esse Mundo fora e publica-as semanalmente na revista Única.
As crónicas das suas viagens foram posteriormente publicadas em livro, de que são exemplo Planisfério Pessoal, A Lua Pode Esperar, África Acima e Nos Passos de Magalhães[1].
Para além disso é cronista também nas revistas portuguesas Blitz e Surf Portugal.
Uma das suas paixões é o surf, que pratica regularmente.
Desde 2008 Gonçalo Cadilhe é líder de viagem da agência Nomad - Evasão e Expedições
Gostei bastante deste livro, tal como já tinha gostado do Planisfério Pessoal. Partilho muitas das ideias e convicções do GC, embora também discorde radicalmente de outras. Como a opinião, bizarra que ele tem sobre o BookCrossing: "Sou incapaz de deitar um livro fora; muito menos de participar nessa promiscuidade irresponsável, que agora se chama book-crossing, de ler livros de desconhecidos ou de dar a ler livros a desconhecidos." Valha-me Deus, o que é que ele achará que nós andamos a fazer com os livros?!... Já para não falar das bibliotecas, imagino que não use...
“A Lua Pode Esperar" é mais do que um livro de viagens e sobre viagens: é toda uma descoberta de quem somos através dos países que conhecemos. Uns são mais familiares, como os países europeus, outros destacam-se pela sua natureza exótica, como Myanmar e Nova Zelândia, e outros ainda são indescritivelmente assombrosos, como a Namíbia ou a Bolívia.
Nesta volta ao mundo em vinte e umas paragens, gostei particularmente da forma como o autor, Gonçalo Cadilhe, descreve aquilo que um determinado país, região ou localidade lhe suscita: desde o silêncio imenso na Patagónia, à arte de bem receber os visitantes em "Tassie" (ou Ilha da Tasmânia), passando pelo deslumbrante museu ao ar livre que é Roma, pela inesquecível estupa budista que é Borobudur, na Ilha de Java, até à localidade californiana de Salinas onde, inexplicavelmente e até há relativamente pouco tempo, desconhecia que o seu filho pródigo, John Steinbeck, tinha ali nascido.
A par da sua escrita ágil, o autor pontua os destinos com pessoas e costumes locais que acabam por enriquecer as pequenas narrativas. De igual modo, apreciei o conjunto de fotografias (cuja legenda se encontra no final do livro) que servem de complemento ao texto e, mais especificamente, gostei de ver o olhar das pessoas retratadas, o que me fez pensar que, de facto, todos somos mais parecidos do que pensamos. Do olhar saem sonhos, reflexões, apreço, curiosidade, divertimento, contemplação, numa linguagem universal que facilmente captamos, sem necessidade de traduções.
Este livro é ideal para quem gosta de conhecer novas paragens e culturas. Na verdade nunca se viaja demais porque uma viagem é sempre um renovar da nossa receptividade perante a diversidade e o multiculturalismo, sendo uma oportunidade única de crescermos e somarmos nas vidas uns dos outros por meio daquilo que vivenciamos.
Até chegar à segunda metade do livro achei que lhe faltava o que eu mais tinha adorado em "África Acima": a simplicidade, a arte de quem parece escrever para si sabendo que escreve para todos. Não gostei da forma como dá a entender que só a maneira como ele viaja e como vê as coisas está certa, mesmo que esteja. Não somos ninguém para julgar a maneira de os outros encararem o Mundo ou as viagens. Em "África Acima" não me apercebi deste excessivo desprezo por alguns sítios, que apesar de turísticos, são bonitos. Dizer que ter um cachorro a segui-lo sem pedir nada em troca é recordar o melhor de uma viagem a um sítio que tem corais, locais onde desovam tartarugas ou lagoas de golfinhos é de um tremendo exagero. E a forma como o faz soa demasiado pretensiosa. Fiquei um pouco desapontada, confesso, mas no fim do livro fizemos as pazes.
Para além das descrições incríveis que faz de cada viagem, são os encontros que ele descreve que me fascinam. Encontrar um português quando chegamos ao fim do Mundo ou encontrar, a dezenas de milhares de Kms de casa, alguém com quem um dia nos cruzámos na nossa cidade natal é a prova que o Mundo é uma pequena ervilha, coisa que nós, comuns mortais desconfiávamos, mas que Gonçalo Cadilhe é capaz de provar.
"Eis porque há tantas estradas no planeta: para permitir os regressos dos que andam afastados das próprias raízes"
Quem está à procura de livros de viagens que falam dos melhores hotéis ou dos recantos escondidos que toda a gente devia visitar nesta ou naquela cidade, então bem pode passar ao lado deste livro (e de todos os outros do autor). Gonçalo Cadilhe não é um turista, é um anti-turista, um verdadeiro viajante de profissão.
"Imagino o meu amigo Achmad a sentir saudades do lugar onde me encontro agora; e eu a sentir saudades do lugar onde ele sofre as suas saudades. Eis porque há tantas estradas no planeta: para permitir os regressos dos que andam afastados das próprias raízes."
Este livro foi me oferecido com muito carinho e veio com um pedido “Que um dia possa comprar um livro teu”. “A Lua Pode Esperar” é mais do que um simples livro de viagens. É uma coletânea de histórias, experiências e reflexões vividas pelo escritor e viajante português Gonçalo Cadilhe. Nesta viagem, vamos com ele onde ele nos levar porque o destino importa menos do que o caminho.
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Gosto igualmente de viajar e de escrever e foi aliás dessas paixões que nasceu este cantinho. Mas há algo sobre escrever sobre viagens que me traz mais do que apenas viajar e apenas escrever. O clássico exemplo de “o todo ser maior do que a soma das suas partes”, mesmo que matematicamente errado. Porque a matemática não interessa nada quando tentamos pôr por palavras aquilo que sentimos, mais do que aquilo que vimos.
O Gonçalo fá-lo com uma mestria incrível que nos consegue transportar para uma história e um lugar distante ao mesmo tempo que nos aproxima dele. Viajar é mais do que ver um país diferente, é descobrir uma parte de nós diferente, que depois de exposta não pode mais voltar para debaixo do tapete. Este livro lembrou-me do que me faz sentir viva e realizada. Quem sabe um dia não terei o meu próprio livro sobre as minhas histórias.