A obra jornalistica de Nelson Rodrigues esta resumida em Memorias A menina sem estrela, coletanea de cronicas publicadas na coluna de mesmo nome do Correio da Manha, em 1967. Polemico e contundente, nas historias de Memorias Nelson foi alem dos aspectos biograficos e retratou sua epoca com estilo e graca particulares. Alem das 39 cronicas originais, esta edicao inclui mais 41 historias, que o autor escreveu em sua coluna no jornal. O livro traz, ainda, um quadro cronologico que sintetiza a relacao de Nelson com seu tempo.
Nelson Falcão Rodrigues (August 23, 1912 – December 21, 1980) was a Brazilian playwright, journalist and novelist. In 1943, he helped usher in a new era in Brazilian theater with his play Vestido de Noiva (The Wedding Dress), considered revolutionary for the complex exploration of its characters' psychology and its use of colloquial dialog. He went on to write many other seminal plays and today is widely regarded as Brazil's greatest playwright.
Nelson Rodrigues was born on August 23, 1912 in Recife, the capital of the Brazilian state of Pernambuco, to Mario Rodrigues, a journalist, and his wife, Maria Esther Falcão. In 1916, the family moved to Rio de Janeiro after Mario ran into trouble for criticizing a powerful local politician. In Rio, Mario rose through the ranks of one of the city's major newspaper and, in 1925, launched his own newspaper, a sensationalist daily. By fourteen Nelson was covering the police beat for his father; by fifteen he had dropped out of school; and by sixteen he was writing his own column. The family's economic situation improved steadily, allowing them to move from lower-middle class Zona Norte to what was then the exclusive neighborhood of Copacabana.
In less than two years the family's fortunes would be reversed spectacularly. In 1929, older brother Roberto, a talented graphic artist, was shot and killed at the newspaper offices by a society lady who objected to the salacious coverage of her divorce. Devastated by his son's death, Mario Rodrigues died a few months later of a stroke, and shortly after that the family newspaper was closed by military forces supporting the Revolution of 1930, which the newspaper had fiercely opposed in its editorials. The ensuing years were dark ones for the Rodrigues family, and Nelson and his brothers were forced to seek work at rival newspapers for low wages. To make matters worse, in 1934 Nelson was diagnosed with tuberculosis, a disease that plagued him, on an off, for the next ten years.
During this time Rodrigues held various jobs including comic strip editor, sports columnists and opera critic. In 1941, he wrote his first play A Mulher Sem Pecado (The Woman Without Sin), to mixed reviews. His following play, Vestido de Noiva (The Wedding Dress), was hailed as a watershed in Brazilian theater and is considered among his masterpieces. It began a fruitful collaboration with Polish émigré director Zbigniew Ziembinski, who is reported to have said on reading The Wedding Dress, "I am unaware of anything in world theater today that resembles this." In the play, set while the female chief character is hit by a car in the street and undergoes surgery, the stage is divided in three planes: one for real life action happening around the character, another for her memories, a third for her dying hallucinations. As the three planes overlap, actual reality melds with memory and delusion[1].
Rodrigues's next play, 1946 Álbum de família (Family Album)- the chronicle of a semi-mythical family living outside society and mired in incest, rape and murder - was so controversial that it was censored and only allowed to be staged 21 years later.
In all, Rodrigues wrote 17 full-length plays. They include Toda Nudez Será Castigada (All Nudity Shall Be Punished), Dorotéia, and Beijo no Asfalto (The Asphalt Kiss, or , better, The Kiss on Asphalt[2]), all considered classics of the Brazilian stage. His plays are frequently divided in three groups: Psychological, mythical and Carioca tragedies. In his Carioca tragedies Rodrigues explored the lives of Rio’s lower-middle class, a population never deemed worthy of the stage before Rodrigues. From the beginning his plays shocked audiences and attracted the attention of censors.
In spite of his success as a playwright, Rodrigues never dedicated himself exclusively to theater. In the 1950s, besides writing the hugely successful column A Vida Como Ela É (Life As It Is), he also wrote soap operas, movie scripts, a
Que Homem, meus senhores... que Homem! Por momentos, pareceu-me ficção, de tão maravilhosa e dura vida. É um livro fundamental para se perceber toda a restante obra. Bravo! 🤍
O filho-da-mãe é um gênio. Mestre em fazer digressões melhores do que as aproximações. E tem uma memória de elefante, feita de puro lirismo. Dá vontade de se lembrar de tudo como ele e também escrever as próprias memórias.
A introdução perfeita à literatura, mentalidade e psicologia de Nelson Rodrigues. Uma escrita quase confessional perpassa cada singela frase desse livro — uma sinceridade árdua, avassaladora, brutal te convida a sofrer junto com o autor em cada passagem.
A realidade da vida, ou melhor, a transformação da visão infantil para a crueldade e malícia do mundo (Ruy Castro diria bem: "[Para o pequeno Nelson] uma única adúltera na Rua Alegre tornava suspeita todas as mulheres no mundo"), a pobreza que assolava sua vida periodicamente, a morte e a desgraça imerecida sobre as pessoas mais queridas, tudo isso é tema crucial, e eu diria que essas memórias demonstram perfeitamente o quão estigmatizado foi o menino Nelson por essas questões e como tudo isso influenciou os seus escritos.
Digo que é o melhor livro já escrito em nossa língua. Uma experiência que perpassa entre a santidade e a podridão, o desejo e o remorso, o bom e o mal, a vida e a morte com a calma de um lago, a fluidez de um rio e a perspicácia de um gênio.
Relendo, porque uma vez não é o suficiente para Nelson Rodrigues. De longe, o livro de memórias mais divertido e, ironicamente, memorável que eu já li. Tudo do Nelson tá nele: o sarcasmos, o humor, a provocação. Magnum Opus devia ter esse livro pregado em seu significado.
(PT) As memórias de Nelson Rodrigues, escritas em diversas crónicas ao longo do ano de 1967, desde a sua infância, a sua entrada no jornalismo, bem precoce - aos 13 anos de idade - e inspiração para algumas das suas mais emblemáticas peças de teatro, como "Vestido de Noiva" e "A Mulher Sem Pecado", "Álbum de Família" e outros, e as tragédias pessoais, bem como a vida que assistiu, tal qual como é.
"A Menina Sem Estrela" é uma crónica algo invulgar, do qual não pode ser lida de forma cronológica, mas sem como episódios de uma vida que ele se recorda, e conta aos seus leitores. De uma certa forma, a principio, pode ser complicado a algo dificil de ler, mas com o tempo, torna-se fluido e fácil, como que o leitor já tenha "cutucado" o escritor para que não de disperse e conte os factos mais importantes da sua vida longa e bem recheada de casos - na altura, Rodrigues tinha já 54 anos e iria viver por mais treze.
Em suma, é um livro que, para quem goste ou tenha alguma vez ficado curioso sobre ele, é uma boa entrada. Se colocarmos de lado a sua ideologia e as suas ideias, vemos que ele tem uma bela capacidade para contar histórias e sabe cativar o leitor. Vale a pena.
Nelson Rodrigues é aclamado como teatrólogo, contista e cronista esportivo. Mas as suas memórias, relatadas em forma de crônicas, e iniciadas neste livro, são suficientes para colocá-lo também entre os grandes do gênero de Rubem Braga.
Nelson é criador de um estilo, marcado pela extrema agilidade da linguagem, por um intenso fluxo de ideias e, naturalmente, pelas frases de efeito. E em "A Menina Sem Estrela" enxergamos uma sinceridade incomum nos relatos autobiográficos, com Nelson não hesitando em revelar deslizes morais da sua vida no teatro, por exemplo.
Em muitos momentos, também é emocionante. A crônica-título é uma "coisa".
Li um ebook organizado por Ruy Castro e que contém todos os capítulos destas “Memorias “. São recordações avulso, que ora nos levam à infância ora à idade adulta . Dá-nos a conhecer a sua vida de alegrias e desgostos (muitos) duma forma muito “ sui generis “ e interessante. Assistimos aos seus triunfos , conhecemos as suas obsessões e as profundas amarguras maravilhosamente escritas. Nelson Rodrigues tem uma graça especial que ora é exaltada por muitos ora é rejeitada por muita gente . E ele , como repete ao longo do livro é muitas vezes “Humilhado e Ofendido” . Gostei muito
Uma das obras fundamentais da humanidade e o melhor ponto de partida para conhecer — e entender — Nelson e sua obra. Não morra sem antes ler este livro.
"Mas eu me permitiria insinuar que, em 1919, não foi bem assim. Começou o Carnaval e, de repente, da noite para o dia, usos, costumes e pudores tornaram-se antigos, obsoletos, espectrais. As pessoas usavam a mesma cara, o mesmo feitio de nariz, o mesmo chapéu, a mesma bengala (naquele tempo, ainda se lavava a honra a bengaladas). Mas algo mudara. Sim, toda a nossa íntima estrutura fora tocada, alterada e, eu diria mesmo, substituída. Éramos outros seres e que nem bem conheciam as próprias potencialidades. Cabe então a pergunta: - e por quê? Eu diria que era a morte, sim, a morte que desfigurava a cidade e a tornava irreconhecível. A Espanhola trouxera no ventre costumes jamais sonhados. E, então, o sujeito passou a fazer coisas, a pensar coisas, a sentir coisas inéditas e, mesmo, demoníacas". (página 81)