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Pornopopéia

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Ex-cineasta marginal obrigado, pela necessidade, a filmar vídeos promocionais, Zeca tem um único longa-metragem em seu currículo. Intitulado “Holisticofrenia”, foi rodado sem recorrer à verba oficial ou à renúncia fiscal. “A única renúncia no filme foi à lógica”, diz o protagonista. Como Zeca, Reinaldo Moraes chutou o balde vazio da literatice bem-pensante na hora de escrever “Pornopopéia”.
Vivendo na base do improviso, sem dinheiro, Zeca precisa rodar um vídeo institucional sobre embutidos de frango. Sem saber ao certo por onde começar, no entanto, ele acaba entrando numa espiral de sexo, bebidas e drogas. Esse é o ponto de partida do romance de Reinaldo Moraes, que escreveu um livro de excessos para a era dos excessos. O protagonista do livro é um produto do nosso tempo, com seu individualismo atroz e sua busca pelo prazer imediato. Sua ambição não é grande, mas seu apetite (por orgasmos e substâncias ilícitas) beira a voracidade. Essa fome o faz mergulhar numa jornada desregrada, de proporções quase épicas, que o autor narra com um texto fluido, inquieto, sempre em movimento, como o personagem.
Na contramão dos (anti-)heróis tradicionais, Zeca não está atrás de redenção ou disposto a se transformar. Na maior parte do tempo, quer (muito) sexo, (muitas) drogas e mais nada. Não enxerga o ontem e o amanhã, só o agora. Pela sua atualidade e também pela maneira como o autor domina o texto — de ritmo nervoso, ecoando o que se diz nas ruas, e não nos departamentos de literatura —, “Pornopopéia” é uma experiência única. E seus efeitos não são passageiros.

480 pages

First published January 1, 2008

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Reinaldo Moraes

23 books43 followers

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23 (4%)
1 star
10 (1%)
Displaying 1 - 30 of 65 reviews
Profile Image for Ana Carvalheira.
253 reviews68 followers
September 6, 2017
AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAH!!! NÃO POSSO!!!! AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!!! Creio ter sido essa a oração exclamativa que mais utilizei ao ler esta formidável saga porno-trágico-cómica ou trágico-porno-cómica ou comédia-trágico-pornográfica, com aspirações a epopeia hilariante escrita no mais absoluto e quase obsceno, se não fosse tão divertido, vernáculo próprio da linguagem produzida pela pátria amada, idolatrada, salve, salve!!

É um livro que nos proporciona puro entretenimento, ri tanto de ir às lágrimas na maior parte dos capítulos, todos eles estruturados de forma cinematográfica, tamanho é o ensejo gráfico que o autor, brilhante na prosa, revela. A obra é um delírio poético-porno-literário em que, utilizando o meu brasileirês mais prosaico “só dá sacanagem” mas atenção, da mais alta qualidade!

José Carlos Ribeiro, Zeca para os íntimos, é um cineasta – se é que se pode utilizar este predicativo do sujeito na personagem – falhado que, depois de se aventurar na realização de filmes pornográficos acaba, aos 42 anos de idade, a produzir “vídeos institucionais”, isto é, publicitários na Khemer, VideoFilmes, de sua propriedade e de onde vai retirando os parcos rendimentos que necessita para poder dar largas àquilo que na vida é fundamental: droga, mulheres e álcool. Não necessariamente por essa ordem, claro está! A história começa com Zeca a tentar “bolar” um vídeo institucional sobre embutidos de frango da Granja Itaquarembu mas sem qualquer resultado prático, embora hilariante nas suas tentativas e expectativas! A partir daí, a sua vida torna-se num frenesim absolutamente descomunal e expiatório das suas maiores torpezas ou, se quisermos, bemaventuranças. Como tudo, depende do ponto de vista de cada um!

A cena do Templo do Divino Zebuh Bhagadhagadhoga é um monumento à capacidade que um autor tem de nos fazer rir à dor de barriga! Contudo, o episódio do surubrâmane é “da pesada” e apenas almas mais liberais, lives de preconceitos sexuais ou sexuados ou sexualizados poderão “abrir mão” da hilaridade contextualizada e sincronizada numa experiência surúmbica do undergraudi panelinha (como Moraes, também tenho a minha lavra de neologismos inimagináveis que, aliás, pululam com enorme hilaridade neste universo pornopopaico).

Depois vem o crime que nunca falta numa história de sexo. O desgraçado do realizador falhado – apenas produziu um filme, ”Holisticofrenia” que, pelos relatos do próprio, deve consistir numa alucinogénia abordagem anárquico-realista mas, fator importantíssimo, premiado internacionalmente num desses festivais de cinema que nunca ninguém ouviu falar organizado por um país qualquer marginal da América do Sul – vê-se enredado numa perseguição policial à mais obscura máfia paulista e as consequências serão para si terríveis, apenas porque estava no lugar errado à hora errada. Ou seja, a comprar cocaína a um traficante que foi apanhado por uma bala perdida. Danou-se ou, como diria Moraes, Quipariu!! A partir daí, se a sua vida já era uma complicação só, tornou-se num pesadelo kafkaniano que só o “laissez-faire, laissez-passer" da personagem não se transforma em drama apocalítico.

E o que dizer das restantes personagens? Cada uma mais inverosímil que a outra, isso para aqueles que nunca usufruíram da camaradagem de prostitutas, bêbados, transexuais - por falar em transexuais, há um notável na caracterização: Lolla Bertoludzy cuja participação comemora mais um momento inolvidável da narrativa.

Não há um segundo de paz e tranquilidade na vida de Zeca: desde a mulher, que volta e vira fá-lo (hummmm este verbo conjugado com o pronome fez-me relembrar vários momentos da narrativa) tomar consciência de que tem um filho, Pedrinho, desde a reclusão em Porangatuba, cidade ladeada por Ubatuba no norte do estado de São Paulo, desde a PM no seu encalço já que fora acusado de homicídio, desde não conseguir afrouxar os desejos de uma líbido sempre em grande ebulição, desde as mentiras que constrói para salvar a face, ou o pelo, tudo isso regado por uma prosa muitas vezes metafórica absolutamente genial, fazem deste livro leitura obrigatória para quem gosta de rir, despreconceituosamente, a bom rir!

Não resisto em transcrever um parágrafo que nos ajuda a compreender a surpreendente idiossincrasia da personagem, José Carlos Ribeiro de seu nome:

“Cato o ‘Poesias Inéditas’, do Pessoa debaixo do abaulado que a minha bunda faz na rede. Está aberto na página que eu lia ontem antes de pegar no sono. Dou de cara com um poema assinalado a caneta com letras garrafais: DU CARALHO!!! Tem uns versos que dizem: ‘Boa é a vida mas é melhor o vinho. O amor é bom mas é melhor o sono’. Aquela rabiscaiada só pode ser coisa do Nissim em efusão poética deflagrada por alguma infusão etílica. Ele adora o Fernando Pessoa, o Nissa, em quem só vê um defeito: não ter nascido em Minas Gerais. A vida, o vinho, o amor e o sono. Tá tudo aí. Eu só trocaria o amor pelo sexo, e incluiria um fuminho e um pó. Vou sugerir isso ao seu Pessoa quando o encontrar”.

Se quisermos, também poderemos filosofar sobre essa saga atual que é o egoísmo masculino no século 21 mas não me apetece entrar por aí. Acho que seria levar muito a sério algo que já sabemos existir e digo isso sem qualquer preconceito apenas constato um facto de que este livro é exempo. O melhor é assimilarmos esta leitura na desportiva, comprazendo-nos apenas com a boa disposição que nos traz!

Como gosto de dizer … ler para crer!
Profile Image for Adriana Scarpin.
1,734 reviews
July 15, 2016
Demorei para engatar esse livro, com uma mistura de Bukowski, Burroughs, Phillip Roth com cinema da Boca, encenando um narrador deveras horrível, me parecia que ele não estava fazendo nada de novo, apenas reciclando uma vibe pós moderna. Manja o Portnoy do Roth? Nosso narrador é um Portnoy que não tem superego (que no caso do Portnoy é a cultura judaica), nadica de nada, não é apenas o estilo literário dele um fluxo de consciência e sim suas próprias atitudes. A verdade é que é um puta livro, engracadíssimo, com construções de frases umas mais geniais que as outras e eu só não dou cinco estrelas porque o mal estar que o narrador provoca por ser uma pessoa tão horrível não me permite dá-las, mesmo porque ele é um fiel retrato da psique do brasileiro médio, ou seja, misógino e canalha.
8 reviews
August 19, 2015
Classificar Pornopopéia como um livro bom para ler nas férias é um pouco perigoso. se se é homem, e se a mulher der uma espreitada.
misoginias à parte, este Reinaldo é um génio. ele veste e despe as palavras de roupas e de sons que ainda nem foram inventados. daí que na maior parte das vezes, e sem o google ao lado, houve muita palavra que eu não percebi. e que nem precisei! há coisas que tiramos pelo sentido.
compara-lo a bukowski, não me parece ser o mais correto, só por que o assunto é sexo. O Bukowski é um escritor maldito, digamos assim, não me lembro de ter gargalhado com o que li dele. O Reinaldo é diferente. Inspira riso mesmo. Quando estava a chegar às últimas páginas já me lamentava. Por isso, lede por vós mesmos.
Profile Image for Tony Almeida.
165 reviews5 followers
July 9, 2013
Bem, o que dizer sobre este livro? Quando o comecei a ler, eu estava longe de imaginar quão extenso e explícito seria o seu conteúdo. Mas, convenhamos, um livro cujo título é construído com recurso ao prefixo “Porno-” só por si já era suficiente para ter uma ideia do que aí viria. No entanto, por outro lado, olhar para o título seria extremamente redutor, e levaria o leitor a deixar de lado um livro cheio de surpresas (sim, e sexo também).

Reinaldo Moraes conta a história de Zeca, um ex-cineasta marginal com uma vida completamente descontrolada, numa espiral de sexo, álcool e drogas, que se vê involuntariamente envolvido na morte de Miro, um pequeno traficante de drogas. Com medo, foge para uma pequena localidade à beira mar onde dá continuidade a sua epopeia de sexo e álcool (aqui, o acesso a drogas era muito mais complicado). Ao virar de cada, assistimos impotentes aos desvairos que levam o Zeca cada vez para o fundo de um poço sem fim. A cada capítulo, quando pensamos que pior não pode ficar, ele se excede e vai ainda mais ao fundo.

Um livro cheio de surpresas, de linguagem divertidíssima e extremamente inventiva (é impressionante o número de palavras novas criadas), de uma crueza atroz e MUITO explícita. Mas divertido, muito divertido, se bem que talvez peque por excesso. De sexo. Se se espremesse este livro, retirando todas as cenas de sexo, álcool e drogas, a história resumir-se-ia a meia dúzia de páginas. Mas não seria a mesma coisa.

Não recomendado a almas puritanas, fechadas e extremamente sensíveis.

Já falei que envolve muito sexo?
Profile Image for Paulo Teixeira.
917 reviews14 followers
September 24, 2022
(PT) José Carlos é um cineasta que está a tentar acabar um trabalho: uma publicidade para... congelados de carne. Muito longe daquilo que queria fazer realmente, filmes "rebeldes", tentando ser um cineasta "marginal". Só que ele tem dois vícios: cocaína e sexo. E neste momento, tem uma bota para descalçar, e não tem a noite toda.

"Pornopopeia", de Reinaldo Moraes, deixa logo um aviso na capa: é uma granada literária. E nessas quase 600 páginas é mesmo uma bomba de sexo, drogas e... cítaras. Um livro de sacanagem, onde a personagem principal é um cafajeste, que ao longo da sua história, se mete em alhadas umas piores que outras, e no final, encontra-se encurralado num beco sem saída, graças a situações caudadas por ele mesmo.

Ao longo das situações, não deixamos de nos rir das situações em que se mete, mas depois, entendemos que, dê por onde der, não terá salvação, porque foi ele que se meteu nessas alhadas. Portanto, é uma tragicomédia dos dias de hoje, de um certo Brasil, de uma certa sociedade, que leva tudo sem freio, porque a seguir, tudo acaba. É absolutamente instintivo, quase primitivo, e se calhar é isso que o torna mais original e mais marcante que o normal.

Agora, deixo um aviso: este livro não é para mentes sensíveis.
Profile Image for Anna.
177 reviews
June 29, 2014
Sujo. Esse é um livro sujo da melhor qualidade. Não leia se você tem problemas com drogas, cenas de sexo explícito e protagonistas imorais e egoístas. Se, para você, assim como pra mim, livros são uma ótima forma de viver uma vida diferente da sua, seja bem vindo à mente doentia do Zeca.
Profile Image for Luis Almeida.
2 reviews2 followers
May 28, 2014
Fantástico. Reinaldo Moraes é um gênio do humor e da esculhambação.
Profile Image for Camila Buralli.
6 reviews1 follower
September 16, 2013
é genial como ele usa a língua, a oralidade, o rompimento com a pompa que separa nosso português falado do escrito. Mas depois de trezentas e tantas páginas, tanto trocadilho cafajeste fica cansativo.
Profile Image for Francisca Prieto.
62 reviews7 followers
June 17, 2013
Confesso que li um terço, achei genial, mas dei por mim a achar que era xoxota a mais. Pode ser que lhe volte a pegar em doses moderadas.
Profile Image for Ana Lúcia.
223 reviews
October 13, 2013
Não é fácil escrever sobre este livro...
Com uma linguagem explicita, nada recomendada aos espíritos mais sensíveis, conta-nos uma história muito divertida.
Profile Image for Jairo Fruchtengarten.
334 reviews8 followers
November 3, 2025
Tenho particular interesse quando o protagonista de um livro assume de peito aberto o papel de anti-herói, quando suas falhas e imperfeições são expostas como pseudo-virtudes, e cujas atitudes não buscam uma redenção no fim - muito pelo contrário. José Carlos Ribeiro, o Zeca criado por Reinaldo Moraes, é isso e muito mais.

É difícil avaliar/recomendar "Pornopopéia", uma mistura bem equilibrada de comédia, drama e (muita) pornografia, sobretudo pela escolha do autor de um estilo narrativo bem peculiar. A temática de sexo e drogas não é nenhum tabu na literatura, mas aqui tudo é levado a um extremo visceral; por outro lado, a linguagem flerta com a coloquialidade excessiva (não chega a ser um Geovani Martins), cheia de neologismos, o que por vezes compromete a fluidez do texto.

Ainda assim, há um mérito inegável na prosa de Moraes: ele domina o ritmo e o tom de sua narrativa com uma segurança impressionante. O texto é um fluxo contínuo de consciência embriagado, uma torrente de ideias e digressões que refletem o próprio caos mental de Zeca — um publicitário decadente, viciado em drogas e no próprio ego. O leitor é arrastado para dentro desse turbilhão, sem espaço para julgamentos morais, apenas para a experiência crua e delirante de acompanhar um narrador que oscila entre o grotesco e o genial.

Avaliação Final: 8,5/10
Leitura Concluída: 50º livro de 2025
Próxima Leitura: "Pequenas Coisas Como Estas" (Claire Keegan)
Profile Image for Rose.
24 reviews2 followers
January 14, 2024
Tudo que você já leu nas resenhas anteriores está correto: é uma tentativa de abrasileirar o Bukowski, de tentar localizar o erotismo misógino na metrópole paulistana e seus arredores. Há diversas referências a outros escritores estabelecidos no cânone literário, entre eles Proust e Roth (do qual Reinaldo rouba uma incursão erótica-animalesca, tal qual O Complexo de Portnoy), e também aos cineastas marginais. Cito as referências não como um trabalho próprio - o autor jamais deixa subentendido, em Pornopopeia não há espaço para sutilezas. Você lida constantemente com um narrador que menciona à exaustão nomes e obras num esforço de evidenciar sua possível erudição artística.

Um romance que tem toda essa superfície mencionada acima, mas que no fim é só balbucios de um homem maduro que nunca superou a fase fálica. É uma premissa interessante, no entanto depois das 200 páginas você cansa de ler as extensas descrições de atos sexuais, quase sempre voltado a figura do falo e da sua capacidade de satisfazer as infinitas mulheres que passam pelo seu caminho. Para quem curte: tá aí um prato cheio pra você se esbaldar. Para quem tem curiosidade: recomendo ir atrás do Pedro Juan Gutiérrez -- o bacanal é o mesmo, só muda a quantidade de páginas.

Não sei aonde começa e onde termina a relação narrador/autor, e justamente por ser tão incerta essa divisão o livro me causou um desânimo abundante. Supera, gente.

note to self: ler menos homens em 2024, em especial homens heteros brasileiros pós ditadura militar.
Profile Image for Michel Mendes.
67 reviews
December 2, 2014
Zeca, o anti-herói do livro consegue cativar o leitor já nas primeiras linhas, é meio malandro, meio trapalhão. Um macunaíma moderno.
O texto é incrível, engraçado e muito bem escrito. Nota 10! Só achei o livro muito grande e chato de carregar pra cima e pra baixo (já que depois que você começa, fica complicado largar o livro) A editora poderia ter dividido o livro em 2. Assim a parte I ficaria com o hilário caso da "surubrâmane" e a segunda com a fuga da cineasta. Reinaldo Moraes é um grande escritor. Agora quero ler o seu livro de contos "o cheirinho do amor".
Profile Image for Pedro Limeira.
59 reviews5 followers
December 22, 2014
Um livro excelente pra dar risadas. Se você já viveu um pouco na vida boêmia de São Paulo, fica melhor ainda! Cada ato mundano é muito bem descrito com um vocabulário próprio que tem graça por si só: a mesa grudenta do boteco, a fissura por mais um entorpecente, os bons e maus sexos, e assim por diante.

Ademais, é uma boa história pra te lembrar que a vida pode virar de cabeça pra baixo - e que você precisa fazer muita merda pra isso.
Profile Image for Sofia.
45 reviews
January 2, 2025
O Bukowski brasileiro. Cruel, cru, a crónica do malandro do séc XXI. Umas valentes gargalhadas com as personagens e o vocabulário.
Profile Image for Rui Torres.
141 reviews36 followers
October 8, 2023
Este livro fala sobre a vida de Zeca. Um cineasta que vive no egoísmo e no sonho de ser um realizador de elite. No entanto, contra si tem o facto de apenas ter feito uma longa metragem em toda a sua carreira.

A aventura intensifica-se quando ele tem a missão de realizar um anúncio publicitário sobre... frango. Este tema está muito longe de corresponder à ambição de que Zeca é portador, no entanto, ele aceita o desafio com todas as incertezas e trepidações que este novo trabalho lhe oferece.

A vida boémia é algo que lhe assiste. O mundo das drogas e do prazer fazem questão de o desencaminhar sistematicamente.

A narrativa está muito bem desenhada, neste que é uma espécie de diário. Um daqueles bem longos e com muitas peripécias. Existe toda uma história mirabolante a acompanhar este novo desafio profissional de Zeca o que empresta a este livro todo um entusiasmo.

Existe uma sagacidade vincada, o uma escrita desinibida e provocadora. O recurso ao calão e a muitos outros relatos fazem com que este livro contenha matéria intensa. No entanto, existe sempre uma linha de humor traçada em cada página.
Aliado a tudo isto, está a capacidade que o autor tem em ir acertando numas quantas observações sobre a sociedade e não só.

Ou seja, apesar de todo o desiquilíbrio do protagonista da história conseguimos encontrar um equilíbrio nesse mesmo desiquilíbrio. Confuso? Talvez, mas este enredo é propício a contusões.

Há quem compare o autor ao Bukowski, no entanto, acho que é sempre exagerada a comparação. Todavia, percebe-se perfeitamente o porquê dessa referência.
Profile Image for Rory Bleaker.
7 reviews17 followers
January 7, 2015
Eu tive um primeiro contato com Pornopopéia como um livro relacionado ao "Medo e Delírio em Las Vegas", que eu já tinha lido e gostado muito.
Não consegui pegar este pra ler assim que eu quis, só consegui ler um trecho em um site e depois tive que esperar mais de seis meses para finalmente por as mãos nele. E que experiência...
Pornopopéia é uma estória... Ao mesmo tempo uma coletânea de contos eróticos. Estamos acostumados a ler contos eróticos na internet protagonizados por jovens super atraentes ou coroas gostosonas, mas aqui quem narra é um "senhor enfadonho" que planeja fazer sexo com quase tudo que se mexe.
Enquanto a cocaína era o maior objetivo do nosso herói na primeira metade, na segunda passou a ser o sexo. Não que ele ainda não fosse tarado no começo, mas depois disso a coisa piorou.
Eu acho que o que eu mais curti no livro foi a primeira metade mesmo. Zeca na cidade grande explorando e mostrando seus pontos de vista sobre a fauna e flora da noite brasileira. Falando de traficante, puta, policial disfarçado, comendo umas e outras e se entupindo de cocaína.
O problema da segunda metade é que as coisas ficaram mais paradonas. Os maiores desafios dele eram decidir se comia ou não comia uma velha e se nadava ou não nadava no mar depois de acordar.
Só víamos Zeca falar com o mundo exterior por telefone e "imeios", mesmo assim ele se negava amostrar o que queríamos saber. Não lia a maior parte do "imeios" e acabava mentindo pra tanta gente ao mesmo tempo que eu não sei se conseguiria fazer igual.
Eu gostei sim de Pornopopéia, mas faltou muita coisa.
Faltaram desafios. A maior parte dos problemas do Zeca continuaram lá no final. E se o cara já tava cagado no começo, no final ficou duplamente pior.
O livro acaba meio que do nada. Talvez numa tentativa de deixar aquele gostinho de quero mais, mas aqui não funcionou muito bem.
Esse é um daqueles livros que a gente sabe que se fosse escrito de um jeito diferente, com uma reviravolta diferente, com isso e aquilo mudados seria bem mais legal
This entire review has been hidden because of spoilers.
Profile Image for Joefranks69.
2 reviews2 followers
October 13, 2012
Foi divertido, é verdade. Ri alto as vezes. E aprendi tantos sinônimos de "vagina" quanto nunca vou precisar saber...

Mas li este livro por causa de um artigo no London Review of Books, uma citação de que está estampada na capa: "A mais recente granada literária." Mas a frase completa é: 'The latest literary grenade, Reinaldo Moraes’s scabrous novel Pornopopéia, which takes [capitalism/"the market"] directly as a target, could prove more difficult [for capitalism/"the market"] to digest.' Em outras palavras, o livro supostamente ser uma granada contra o comercialismo de capitalismo e a lógica sua...

E sim, o primeiro parte sobre o vídeo institucional foi bem engraçado, e como uma crítica de publicidade - o sangue de capitalismo - foi devastadoramente exato. Mas o resto? O que foi isso? Menos granada, mais rojão molhado.
Profile Image for Gi Marques.
69 reviews5 followers
July 9, 2018
chega a irritar do tanto que esse personagem principal é babaca. ele não faz nada certo. mas, de algum jeito e haja terapia pra entender, às vezes, a babaquice inspira. escrevi muito enquanto li. passei muita raiva. deixei muita noite pra dormir depois sem ter depois pra dormir. valeu a pena. cada noite, cada raiva, cada palavra escrita. excelente livro. personagem babaquíssimo. daqueles que a gente nunca vai esquecer.
Profile Image for Eduardo Carneiro.
103 reviews4 followers
May 12, 2022
Esse livro é uma das piores coisas que já li na minha vida inteira. As pessoas dizem que gargalham com ele e eu nunca vou entender o porquê, parece um humor boomer bem zoado e nojentão. Tanta droga, misoginia, coisas que beiram a pedofilia, escatologia e sei lá mais o quê sem nenhum tipo de função no texto. Comparar esse cara ao bukowski é uma ofensa.
Profile Image for Walisson Sousa.
22 reviews
May 6, 2016
Tenho uma categoria particular em minha coleção: Vagabundos e prostitutas,
Pornopopéia tem o primeiro lugar nesse quesito, tudo de sujo e pornográfico esta nesse livro, chocante, intrigante e cativante, se você curte personagens imperfeitos e complexos você precisa ler Pornopopeia.
Profile Image for Lucas Leite.
39 reviews5 followers
November 13, 2011
Sujo, indecente, incorreto, imoral, absurdo, mas extremamente divertido. Uma overdose de humor politicamente incorreto para esses tempos de caretice.
Profile Image for Alexandre Calisto.
2 reviews3 followers
August 29, 2012
Escrita leve com muita droga, sexo e rock n roll. Agradável leitura de praia, bem ao estilo da silly season...
Profile Image for Rose Cavalcante.
33 reviews4 followers
October 3, 2017
Muito bom!
Parecia mais que a gente tava sentado num bar tomando cerveja, enquanto o protagonista contava a história.
Profile Image for Lucas Surjus.
30 reviews2 followers
March 10, 2020
Finalmente. Na terceira tentativa, consegui passar da página 200 de Pornopopeia e, em uma semana, terminei o livro. No caminho, me lembrei porque travo nesse livro: a cada duas ou três páginas sinto um ímpeto de voltar e reler o que acabei de ler, muitas vezes em voz alta, muitas vezes pra sorte ou pro azar de quem estiver do meu lado. É assim, como todos os críticos fizeram questão de ressaltar: o domínio que Reinaldo Moraes tem da língua portuguesa é inacreditável, e a cadência é alucinante, quando não psicodélica.

Mas isso o Reinaldo Moraes já tinha feito antes, em Tanto Faz. A diferença é que aqui não é, por mais que muito possa parecer, a primazia do estilo pelo conteúdo, ou pior, o estilo como conteúdo. Eis história! O livro tem uma puta duma história, e nisso acho que a crítica falhou em chamar atenção. Pornopopeia não é só hilário, depravado e, mesmo, uma obra-prima da metalinguagem e um ode à brasilidade. É uma aventura clássica que mescla o apolíneo e o dionisíaco num delírio que sutilmente sublima relação de Mesmo e Outro do leitor e do escritor que, vez ou outra, se confudem! O livro é dividido em duas partes. A Ilíada, que é metade do livro, dura praticamente 24h pelas ruas de São Paulo. De repente corta e se passam dias na Odisseia.

E no Ulisses brasileiro, o herói é simultaneamente, em momentos literalmente um herói, noutras um grandessíssimo filho da puta, quando na verdade é Ninguém, e nessa verdade eu acredito se revelar outra virtude da obra que, até onde pude ler, passou batido pela crítica especializada, ao menos a pop: o livro é genial, porra. Intelectualmente, filosoficamente, sociologicamente, o escambauamente que você quiser, não só na forma e no estilo. Tem crítica, crítica sólida, ácida. Não é sobre putaria, é sobre machismo. É a cartada final, o fim do livro, não tem como ser mais explícito do que o que acontece no fim do livro, você tem que ser uma anta pra não entender, não entender que mais humano do que a metafísica naturalista que você encontra em outros escritores que escreveram sobre a reificação, como o Michel Houellebecq, é você prestar atenção em quem está mesmo ao seu lado. Tudo bem os animais, a devastação capitalista sobre a natureza, tal, mas e nós gente?

Podem ir lá os franceses falar da metafísica que aqui a gente desce pro bagulho. O livro é sobre o que o machismo faz com as mulheres, e diferente desse olhar uau-plural de tantos outros escritores contemporâneos, o Reinaldo Moraes nem se alonga em críticas econômicas pra tentar encadear esses fenômenos em relações de causa e efeito. Ele vai direto pra putaria. Há uma coisa meio bíblica em Pornopopeia, que correlaciona o surgimento do machismo, da família e da civilização com a própria putaria em si, com o pecado original, com a danação de Eva etc. A reificação do mundo, seus efeitos finais, e também os iniciais. Eu acho possível, afinal, que o Reinaldo Moraes, em seu prosa neoneohumanistas de putacoincidências, tenha acabado no colo com um manifesto feminista. E dentre os homens fodam-se até o quinto do último dos infernos em específico os policiais e os evangélicos. É essa a mensagem do livro.
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