Jump to ratings and reviews
Rate this book

Inventário do ir-remediável

Rate this book
Os emblemáticos, revolucionários e referenciais anos 60 não podem deixar de influenciam a obra de quem os estava vivenciando a plenos pulmões, alma e coração. Quando se tem talento e sensibilidade literária para fazer este registro, estão dadas as condições para uma obra. Passados 25 anos, o autor fez uma rigorosa releitura e reescrita de vários contos. O título também foi ligeiramente alterado de Irremediável para Ir-remediável, num jogo de palavras de superação e transcendências.

160 pages, Paperback

First published January 1, 1970

5 people are currently reading
46 people want to read

About the author

Caio Fernando Abreu

59 books234 followers
Caio Fernando Loureiro de Abreu nasceu no dia 12 de setembro de 1948, em Santiago, no Rio Grande do Sul. Jovem ainda mudou-se para Porto Alegre onde publicou seus primeiros contos. Cursou Letras na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, depois Artes Dramáticas, mas abandonou ambos para dedicar-se ao trabalho jornalístico no Centro e Sul do país, em revistas como Pop, Nova, Veja e Manchete, foi editor de Leia Livros e colaborou nos jornais Correio do Povo, Zero Hora, O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo.

No ano de 1968 — em plena ditadura militar — foi perseguido pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), tendo se refugiado no sítio da escritora e amiga Hilda Hilst, na periferia de Campinas, São Paulo.

Considerado um dos principais contistas do Brasil, sua ficção se desenvolveu acima dos convencionalismos de qualquer ordem, evidenciando uma temática própria, juntamente com uma linguagem fora dos padrões normais.

Em 1973, querendo deixar tudo para trás, viajou para a Europa. Primeiro andou pela Espanha, transferiu-se para Estocolmo, depois Amsterdã, Londres — onde escreveu Ovelhas Negras — e Paris. Retornou a Porto Alegre em fins de 1974, sem parecer caber mais na rotina do Brasil dos militares: tinha os cabelos pintados de vermelho, usava brincos imensos nas duas orelhas e se vestia com batas de veludo cobertas de pequenos espelhos. Assim andava calmamente pela Rua da Praia, centro nervoso da capital gaúcha.

Em 1983 transferiu-se para o Rio de Janeiro e em 1985 passou a residir novamente em São Paulo. Volta à França em 1994, a convite da Casa dos Escritores Estrangeiros. Lá escreveu Bien Loin de Marienbad.

Ao saber-se portador do vírus da AIDS, em setembro de 1994, Caio Fernando Abreu retorna a Porto Alegre, onde volta a viver com seus pais. Põe-se a cuidar de roseiras, encontrando um sentido mais delicado para a vida. Foi internado no Hospital Menino Deus, onde posteriormente veio à falecer.

Ratings & Reviews

What do you think?
Rate this book

Friends & Following

Create a free account to discover what your friends think of this book!

Community Reviews

5 stars
37 (36%)
4 stars
41 (40%)
3 stars
19 (18%)
2 stars
4 (3%)
1 star
0 (0%)
Displaying 1 - 10 of 10 reviews
Profile Image for alice.
444 reviews107 followers
January 15, 2021
Em Inventário do ir-remediável, Caio Fernando Abreu está provando, desde seu primeiro livro de contos, o quão maravilhoso escritor ele é. Ainda que a experiência de passar por cada um desses contos seja marcada por altos e baixos, como quase toda coletânea de contos, esse deixa uma impressão crua e voraz.

De elo em elo, ligavam-se cada vez mais. A tal ponto que simplesmente não cabiam mais em si mesmo. Os copos colocavam-se em pé, oscilantes como se estivessem em banho-maria, os cabelos despenteados, rostos vermelhos, olhos chispantes – furiosos e agressivos no diálogo.

Contos que eu mais gostei: Apenas uma maçã e Madrugada

Contos que eu menos gostei: Triângulo amoroso: variação sobre o tema e Amor e desamor
Profile Image for maria vitória .
69 reviews17 followers
April 15, 2020
"Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha, por limitação humana."
Profile Image for becka.
431 reviews26 followers
January 21, 2021
o último conto me conquistou totalmente, até ele pensava em dar 3.5
Profile Image for josé sabóia.
14 reviews1 follower
February 3, 2025
Ora distópico, ora ligeiramente utópico, ainda que com requintes de sobriedade, é assim que sobrevive Inventário do ir-remediável, do meu amado Caio F(ernando Abreu). O livro, originalmente lançado em 1970, foi reeditado em 1995 – isso, reeditado, não somente relançado: "Por que retorná-lo agora, 25 anos depois? Primeiro, ainda acredito nele. Segundo, é praticamente um livro novo [...] Terceiro: acho que se deve insistir na permanência de tudo aquilo que desafia Cronos, o deus-tempo cruel, devorador dos próprios filhos.

Ainda que lançado em 1970, os contos foram escritos entre 1966 e 1969 (salve me engano). É o primeiro livro de contos de Caio, aliás, como o mesmo ressalta no texto "As Bodas de Prata", muito clariceano, como demonstrado em vários contos, ou, no mínimo, em passagens diversas: "Triângulo amoroso, variação sobre o tema", "Metais Alcalinos", "Corujas" são meus exemplos pessoais; existem nesses contos, e noutros, uma espécie de vaguismo, na qual é mais interessante sentir do que de fato se atentar a algum entendimento concreto do texto. Isso não é necessariamente ruim, claro, pois Caio consegue transpor sentimentos de forma concisa, mas não minto que estive no clima para ler todos os contos um em cima do outro.

Os jovens de Caio Fernando Abreu são sexuados, ausentes de energia, tenebrosos ou necessários hiperbólicos: um sensível retrato análogo à ditadura civil-militar vivenciada pelo autor no momento. Contudo, existem contos fora dessa curva, como "Fuga", que me lembra um conto do livro O Ovo Apunhalado, "Oasis"; Fuga é um dos últimos contos do livro, e conta a história de uma criança prestes a abandonar sua casa com uma coleguinha, que falta a ocasião, deixando o menino num destempero infantil, perdendo tudo que lhe foi dado. Até descobrir o paradeiro de sua colega, o menino passa a trama toda desejando o maior mal possível! É disso que gosto, Caio.

O livro é dividido em quatro partes: "Da Morte"; "Da Solidão"; "Do Amor"; "Do Espanto". Esses nomes, por acaso, refletem uma síntese do que é a obra de Caio, durante esses 25 anos de importância durante a cena queer nacional e internacional. "O ovo", talvez o mais distópico dos contos, lembra muito o que "O Ovo Apunhalado" seria quando lançado ainda na década de 70, pois cronologicamente é o segundo livro de contos de Caio. Dos livros do autor que eu li, o Inventário não chega a ser o meu predileto, porém, ainda penso, está muito longe de ser uma miséria.
Profile Image for fernanda.
60 reviews
March 30, 2022
“De repente, estou só. Dentro do parque, dentro do bairro, dentro da cidade, dentro do estado, dentro do país, dentro do continente, dentro do hemisfério, do planeta, do sistema solar, da galáxia -dentro do universo, eu estou só. De repente.
Com a mesma intensidade estou em mim.”


minha terceira leitura de caio e penso que a cada vez que me aprofundo mais nesse mundo que ele cria com as palavras, mais consigo compreender e sentir sua escrita. essa coleção é cheia de dor — porque caio sempre dói — e explora tanto o ser como a falta dele; o amor e o conhecimento, de si, do outro e do mundo. meus contos favoritos foram “itinerário”, “diálogo”, “o rato” e “inventário do irremediável”.
Profile Image for Bella.
13 reviews
July 23, 2025
No caminho de ler toda obra do Caio F. escolhi esse livro num sebo. Li ele aos poucos, conto a conto e por vezes reli frases e palavras que havia sublinhado. E nesse exercício me enxerguei nas palavras, nos pensamentos dos personagens, nas descrições de sentimentos (quase) surreais de tão próximas a mim. Descrevo a leitura desse livro como um encontro marcado: sem atraso e sem pressa, ele me encontrou no momento exato, quando meu coração estava aberto, mais uma vez, ao Caio F. Abreu 🌟❤️

Contos favoritos: Itinerário, A quem interessar possa, Inventário do Ir-remediável e Diálogo
Profile Image for laura.
130 reviews28 followers
October 13, 2023
“Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende?”

Profile Image for Victor  Barbosa .
54 reviews1 follower
October 22, 2020
Foi uma experiência um tanto chata e com poucos pontos altos. Destaque para os contos: "corujas", "o ovo" e "o mar mais longe que eu vejo".
Profile Image for José Augusto Miranda.
81 reviews3 followers
October 17, 2020
2,5

Primeiro livro de contos do CFA. Delicado, breve, por vezes insosso. Poucos me tocaram profundamente (O inventário do irremediável) outros, a maioria, já esqueci como são. No entanto, como literatura, vejo um fluxo de consciência que vem racionalizante de Virgina Woolf, passa psicologizante por Clarice Lispector e encontra cores próprias em Caio Fernando Abreu. Vou ler mais CFA, mas esse leva 2,5
Profile Image for Giselle.
54 reviews
January 29, 2024
Meu primeiro contato com a obra de Caio Fernando Abreu. Encontrei, o livro em 2005, na biblioteca do colégio. Me chamou a atenção 'Ir-remediável', este jogo de palavras que dá nome ao livro, que conforme o próprio autor, 'o título mudou, pois irremediável era algo melancólico e sem saída'. É o primeiro livro publicado do autor, reeditado, que inclui contos reunidos de 1966, quando ele tinha entre 18 e 21 anos. Foi no livro que descobri Hilda Hilst e a admiração dele por Clarice Lispector, que eu identifiquei como forte influência na obra dele. Os personagens são sombrios e vivem em um mundo de angústia e desencanto. Quando o li, imaginava Caio me abrindo os olhos e tocando nas minhas feridas. Me fez buscar outras obras dele, e claro não recomendo para todas as pessoas a leitura dele pois é preciso uma interpretação profunda da própria existência. A febre de frases soltas que aconteceu na internet com Caio e Clarice, eu acho uma injustiça a popularização pela falta de valor que o contexto da obra tem. É preciso muito estômago e uma dose pura de sintonia para captar a real essência do autor.
Displaying 1 - 10 of 10 reviews

Can't find what you're looking for?

Get help and learn more about the design.