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Language, Semantics and Ideology: Stating the Obvious

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. 1983 reprint, bright clean copy, no markings, Professional booksellers since 1981

248 pages, Paperback

First published February 25, 1982

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About the author

Michel Pêcheux

18 books1 follower

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Displaying 1 - 3 of 3 reviews
Profile Image for Meraki.
2 reviews
November 29, 2023
Análise fraca e obscura, difícil ver no trabalho do Pêcheux uma real relevância para as discussões mais recentes (ou mesmo para a época de escrita da obra) envolvendo linguística geral. Primeiro, o Pêcheux trata de assuntos de interesses das ordens metafísica e ontológica (esperado para um livro do gênero), mas sem em qualquer momento sequer tocar nas discussões mais recentes quanto a essas áreas. Na página 73, por exemplo, ele escreve:

"[...] o essencial da tese materialista consiste em colocar a independência do mundo exterior (e do conhecimento objetivo de suas leis, que chamaremos daqui para frente processo científico-conceptual) em relação ao sujeito, colocando simultaneamente a dependência do sujeito com respeito ao mundo exterior (de onde resulta o caráter necessário dos efeitos que afetam esse sujeito, chamamos, doravante, processo nocional-ideológico). Em outros termos, a proposição materialista “a matéria é independente do espírito” não poderia ser convertida em “o espírito é independente da matéria” sem abalar as próprias bases do materialismo”.

Embora eu entenda a preocupação dele em ressaltar os fundamentos metafísicos para o qual o materialismo histórico se sustenta, ele não parece dar qualquer atenção a discussões importantes no momento (1975), como, por exemplo, a recém publicação de Naming and Necessity (1970), do Kripke. Desde a publicação de Naming and Necessity, discussões quanto a possiblidade de que a mente e o corpo não possuam uma relação que seja nem materialista (ou qualquer forma de monismo redutívo) nem dualista-de-substância já haviam sido dadas, e praticamente qualquer trabalho em filosofia da mente teve, de forma ou outra, que trabalhar esta questão de algum modo nas últmas decadas. Dessa forma, o fato de que a relação entre mente x corpo possa ser uma relação de superveniência simplesmente não é trabalhada, o que é um tanto quanto estranho quando se fala de uma obra escrita apenas 5 anos após a publicação de um dos livros mais influentes para a filosofia da linguagem e da mente do século XX (grosso modo, na definição de Davidson: diz-se que fenômenos são supervenientes, ou datos, quando não são redutíveis analiticamente, por definição, ou ontologicamente, aos fatos ou fenômenos subvenientes; os fenômenos supervenientes existem além dos fenômenos subvenientes de base. Isso significa que podem existir mudanças nos fenômenos supervenientes se, e apenas se, existirem mudanças correspondentes nos fenômenos subvenientes de base. O contrário não se segue: uma mudança na base subveniente não significa, necessariamente, uma mudança nos aspectos supervenientes). Assim, o cenário aparentemente bifurcado do qual ele estabelece a dicotomia materialismo x idealismo fica necessariamente incompleta dadas as condições que já se tinha em 1975. Isso automaticamente coloca a abordagem materialista e a idealista num pé de desiguldade (além de que ele trata dos "paradoxos do idealismo" sem compreender, aparentemente, quais são as reais premissas (e suas respectivas implicações) do idealismo per se, sobretudo aquele anterior ao idealismo alemão).

Sinto que ele intencionalmente se coloca fora de quaisquer discussões envolvendo as obras do Searle, Strawson, etc. (os nomes são devidamente citados no começo do livro, mas conforme o livro passa, ele se afasta cada vez mais de quaisquer discussões mais proeminentes da tradição analítica), algo que julgo ser de grande valor para o escopo específico desse livro; de qualquer modo, como esperado para um livro que trata de temáticas do interesse da filosofia da linguagem, acaba sendo inevitável para o Pêcheux dar seus palpites quanto a certos paradigmas da filosofia analítica. O problema é que ele faz isso de forma extremamente rasa e, não obstante, obscrura (visivelmente influenciado por uma tradição de caráter mais continentalista). Em sua análise sobre a Lógica do Frege, por exemplo, ele diz (na página 87):

“[…] Frege sugere que, se é possível aparecerem ilusões na linguagem, é porque a linguagem “natural” é mal feita e contém armadilhas e ambiguidades que podem desaparecer numa língua artificial “bem feita”. Não se pode negar que a Lógica, como teoria das línguas artificiais, tenha, de fato, se desenvolvido tomando como matéria-prima a linguagem “natural”, mas é preciso acrescentar, de imediato, que esse trabalho sempre teve exclusivamente por fim liberar as matemáticas dos efeitos da linguagem “natural” (de modo que a Lógica tem se tornado progressivamente uma parte do domínio das matemáticas), mas nunca pretendeu liberar a própria linguagem “natural” de suas “ilusões” em geral. Caso contrário, a Lógica conteria nela todas as ciências — para retomar uma afirmação do próprio Frege com respeito à Psicologia.”

Esse trecho é verdadeiro apenas em parte. É fato que a lógica se aproximou cada vez mais da matemática durante boa parte do século XX; no entanto, é também evidente a existência de uma reviravolta quanto a isso na segunda metade do século, sobretudo com a ascenção dos estudos quanto à lógica informal, filosofia da linguagem, e às novas formas de incorporação do estudo da lógica dentro do campo da metaética. Nas últimas décadas, boa parte dos autores da linha de frente em Lógica não são matemáticos. Ademais, a própria concepção do Pêcheux de "Lógica" parece branda demais (neste trecho, a lógica é retomada como "teoria das línguas artificiais"; em outros trechos, ela aparece como "a ciência que estuda as leis do raciocínio").

No geral, a escrita do Pêcheux é bem condizente com o que geralmente se espera de um autor da tradição continentalista: é citada uma série de referências de autoridade, mas sem que a obra de cada nome citado seja devidamente abordada; tudo sob o véu de uma linguagem intencionalmente osbcurantista.

No geral, o livro pode ser muito interessante se você visa ter contato com uma abordagem linguística vinda de um marxista vivendo na segunda metade do século XX; algumas referências que ele trás, como Lênin e Engels, são realmente interessantes, apesar de geralmente inesperadas, para o estudo em questão e podem agregar na sua compreensão sobre marxismo (em seu lado filosófico). Mas não diria que o livro seja interessante para alguém cuja preocupação seja propriamente linguística.
Profile Image for Karlo Mikhail.
403 reviews131 followers
September 1, 2017
Great resource for a historical materialist-inflected framework for critical discourse analysis!
Displaying 1 - 3 of 3 reviews

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