Et s’il fallait aujourd’hui s’appuyer sur de tout autres principes pour penser la sexualité et la lutte contre les violences sexuelles ?C’est ce que propose Geoffroy de Lagasnerie dans ce texte qui se donne pour projet de transformer l’espace de la discussion sur les principaux enjeux de la politique de la sexualité : la domination sexuelle, le consentement, la zone grise, l’emprise, l’impunité, la parole des victimes...Un livre qui pose les bases d’une conception renouvelée, pluraliste, libératrice et non répressive du corps, du désir et de la loi.
Problematizando a sexualidade como discurso em torno do desejo e legal, discutindo o consentimento e o enquadramento socio-legal das nossas vivências contemporâneas da sexualidade é o elemento chave deste pequeno ensaio que Geoffroy de Lagasnerie escreveu recentemente. E que em boa hora a @bcf_editores publicou em Portugal.
Assim a necessidade de reproblematizar alguns conceitos em torno da sexualidade, bem como a sua utilização na esfera pública como forma de controlo socio-legal faz deste ensaio um ponto de partida para um debate essencial acontecer. Quentes e polémicas serão os debates sobre a noção de consentimento, de crime sexual, ou a constante revitimização das vítimas de violência sexual.
Aqui deixo alguns pedaços do texto que poderão servir de isco para a hipótese de lerem o livro. E depois, quem sabe, encetarmos este debate necessário. (ver aqui https://www.instagram.com/p/Ce3s8BxtI...)
(16/06/2022)
Polémico. Desmonta leituras simplista. Tenho que voltar a este pequeno ensaio para o pensar melhor. (11/06/2022)
J'ai toujours ce problème avec Geoffroy de Lagasnerie: je trouve ces livres bien écrits, intéressants et en même temps plats, sans nouveauté et, surtout, sans références. En fait de réflexions, il n'y a pas ici grandes nouvelles. Peut-être ce n'est pas si important, et pourtant un livre se situe. Je me souviens que son livre "Juger" présentait le même problème : un déficit complet d'autres travaux contemporains. En somme, et avec sévérité, on pourrait dire que la spécialité de l'auteur est d'avancer des thèses déjà dites, et relativement connues, ailleurs, mais qui vont à l'opposition d'une certaine doxa. La zone grise comme concept nécessaire parce que, justement, la pénalité ne peut pas avoir l'ambivalence nécessaire ; l'invocation de catégories sociologiques (domination) faisant comme si en situation normale on n'était pas déterminé.e par d'autres contraintes ; la proposition de desexualiser la sexualité sont des points (parmi d'autres) qui ont attiré mon intérêt. Je digère assez mal, cependant, que sur la base d'un seul livre (Ian Hacking, l'Âme Réécrite) cet intellectuel balaie les traumatismes des violences passées. Pour quelqu'un qui fait preuve de finesse autre part, il n'est pas même fait mention de la possibilité que le traumatisme ait bien des effets dommageables réels mais inconscients jusqu'à sa prise de conscience (qui peut venir d'ailleurs accentuer ces effets). C'est pourtant bien connu des psychologues qui travaillent sur le sujet (voir Le Corps n'oublie rien). Lagasnerie reprend avec ses mots la thèse assez répandu que les victimes passées, surtout si elles ont oublié un temps leurs viols, affabulent ou en tout cas créent d'elles mêmes leurs souffrances. Cela me semble un propos très déplacé que de déclarer qu'il suffirait de dédramatiser la sexualité pour resignifier autrement ces expériences. En fait, on peut dédramatiser la sexualité comme on voudra mais ces expériences n'en perdront pas forcément pour autant leur caractère violent. Bref, un bouquin (un peu trop cher d'ailleurs) qui fournit un peu de réflexion mais avec un énorme point aveugle, difficilement pardonnable.
Não concordando com tudo, há argumentos relevantes aqui: o ónus da violação não é ser sexual, mas sim ser violência; o assédio em contexto de relações de poder é um problema por causa das relações de poder justamente; e há uma individualização da criminalização da violência sexual (e de género, acrescento eu) que não contribui para a discussão de alterações materiais e sociais que esvaziem estas relações de poder e comportamentos.
E há ainda mais um argumento relevante: a esquerda e os ativismos em geral têm dedicado mais tempo à ênfase na denúncia e na acusação, mas pouco ou nenhum à reparação. Esse devia ser o foco. Não apenas a reparação da vítima, mas também (e engulo em seco quando escrevo isto) a reabilitação de quem cometeu a violência.
Mas não concordo que falar e denunciar contribua para a limitação da liberdade sexual ou que incentive uma polícia do desejo. O que falta a este texto é, no fundo, uma reflexão sobre quem considera que o seu desejo é tão legítimo que justifica o uso da violência.
“Seja como for, a reflexão e a discussão que proponho introduzir situam-se num nível diferente: não o da experiência individual, mas o da construção de um movimento e de uma linguagem políticos. A esse nível, é legítimo realizar um gesto de afastamento relativamente às lógicas que podem espontaneamente apoderar-se de nós para elaborar outras retóricas - para fazer durar uma atitude ética que se estabelece através da exigência de não responder à violência através da reprodução de outras formas de violência inútil, seja ela institucional, legal ou discursiva. Neste contexto, penso que a tradição do abolicionismo penal oferece poderosos instrumentos de pensamento.”
o sexo é bué cenas, ou como disse Geoffroy de Lagasnerie, “A única atitude válida para qualquer política da sexualidade é aceitar o pluralismo das experiências”.
isto foi algo que tive de ter sempre em mente ao ler este livro, porque questiona os critérios do feminismo, a noção de consentimento explícito, a ilegitimidade de pedofilia homossexual como meio de libertação, a problemática de relações socialmente desiguais a nível das dinâmicas de poder, e o processo jurídico da violação, nomeadamente o efeito que tem nas vítimas e a reabilitação sistémica em detrimento da punição individual destes criminosos. termina com a citação “Se andas a dar voltas à cabeça à procura de quem possa ter agido de forma inapropriada contigo, é porque não és uma vítima; e não o queiras ser.”
ngl, ainda que compreenda a lógica dos argumentos dados, foi bastante difícil manter-me aberta a alguns destes takes polémicos. estas perguntas não têm uma resposta e isso é ok, porque questionar é o primeiro passo. viva o sexo!
This book made me think and reconsider things that I assumed to be absolute truths, however I think it doesn't present real and practical solutions, which leaves me with a feeling that (I didn't want to use the word impunity lol but it has to be) its ideas only accentuate and further support the impunity of the perpetrators of these crimes (when we treat these ideas in a disconnected way). I also think that there is always a lack of a perspective contrary to that of the author, it seems that certain aspects that the author criticizes are treated as the rule and not as the exception/minority that they are. Considering that this book is an expanded version of a conference, I easily forgive and recommend reading it.
Il arrive à dire que les femmes qui vivent des attouchements et qui portent plaintes sont des criminelles parce qu'elles font l'usage de la violence d'état en mettant les abuseurs en prison. Tout système de valeur est renversé. Le langage n'est là que pour se mettre au service de sa mauvaise fois. Un brûlot immonde. Je suis bien déçue. Je pensai pouvoir ouvrir ma réflexion à de nouvelles théories mais il n'y a que du vide.
Me too, consentimento, violação, as paredes falam. Os limites entre o desejo e a lei. O livro (que é uma conferência e parece partir de uma vivência pessoal - e não menos valida, por isso) convida a diversas reflexões e algumas delas meteram-me em sítios desconfortáveis. Ponto super interessante e em que estou de acordo, é a defesa do autor de diferentes dispositivos legais que não a prisão para crimes sexuais. Discordo completamente quando diz que não se pode politizar a sexualidade. Tudo é político. Portanto, não sei se gostei, se não gostei. Gostei de ter lido e voltarei a ler, certamente.
Culture du viol : est-ce que c’est pas aussi considérer la victime de viol comme un objet disponible que l’on peut utiliser dans des buts politiques, médiatiques ? Sexualité est pas un sujet comme les autres car très intime, personnel, subjectif : reconnaître la nécessité pour toute mesure législative ou mobilisation culturelle de ne jamais imposer des contraintes qui prescriraient une représentation particulière de l’intimité au détriment des autres => normes et désirs différents on accorde une visibilité démesurée aux agressions => invisibilisation du viol ? Exceptionnalisme sexuel en France : la gauche appelle à renforcer la répression (contre toutes ses positions antérieures). La sexualité devient un des seuls domaines qui engendre des logiques de bannissement. Argument de l’impunité du viol : est-il souhaitable de démultiplier les peines et les années de prison ? C’est un coût énorme. Plein de victimes veulent pas porter plainte car veulent pas replonger dans le traumatisme voire le créer, ou confier leur histoire à des inconnus, dépossession du récit => réinstituer une appartenance du corps de chaque femme à la collectivité ? Obsession de la punition : argent pour les peines, pas pour la reconstruction des victimes. Appareil répressif : le coupable est encouragé à (dé)mentir pour se défendre alors que les victimes recherchent souvent la vérité sur les faits pour pouvoir avancer. Danger : construire a posteriori une expérience vécue comme traumatisante traitement individualisé du viol fait oublier le problème systématique : rassurant pour la société mais règle rien. Notion de zone grise : impossibilité de découper la réalité en abuseur et abusé => défaut : notion qui remet en cause l’appareil répressif mais qui est utilisée pour réprimer. Notion d’emprise : - structures objectives de domination - subjectivisme : fausse conscience, manipulée (suppose l’existence d’une conscience pure) quel est le consentement vrai et éclairé ? Danger : remettre en question les relations entre classes sociales et appartenances raciales différentes par exemple Bourdieu : double vérité du travail => domination objective VS possible plaisir et réalisation de soi au sens subjectif => pareil pour la sexualité ? NON : pour le travail, qu’on ait conscience ou non de l’exploitation, il y a une souffrance matérielle, objective. Pour la sexualité, c’est la prise de conscience qui produit le traumatisme : c’est la reproduction ex post de son expérience passée => processus de réinterprétation et de resignification. Que prend-on quand on fait l’amour dans un cadre consenti ? C’est subjectif (VS exploitation économique) « Affirmer que quelqu’un a éprouvé du désir pour quelqu’un d’autre à cause d’une situation de domination et que son désir serait vicié car il a été façonné par l’histoire et la société ou « sous emprise » n’annule pas la réalité du désir et ne permet pas d’établir un dommage ». Qu’est-ce qu’une norme de désir neutre, non construit socialement ? Edouard Louis qui décrit qu’il ken en étant mineur avec ses cousins mineurs : interprété comme abus alors que pas du tout, c’était consenti et c’est légal ! Des normes de perception tendent à s’imposer nonobstant la légalité. La sexualité n’est pas à particulariser ou à surinvestir comme enjeu politique fondamental lié au traumatisme ! Instaurer une majorité sexuelle protège pas : ça contraint les mineurs à exercer eur sexualité de façon cachée (surtout les minorités sexuelles) => danger. Proposition : poser une présomption de non-consentement pour les mineurs. Est-ce que la sexualité doit être à ce point un big deal ? Détruire des carrières pour des propos ou gestes déplacés (ce qui n’arrive pas pour les autres délits genre vol, violence etc) ? Construire le viol comme le domaine de la violence et non de la sexualité expérience perso : l’auteur est en couple depuis un très jeune âge avec un homme beaucoup plus vieux, célèbre, érudit. Sa mère pense que c’est de l’emprise, lui le voit comme un contre-pouvoir libérateur contre la famille, l’école. S’il n’avait plus été en couple avec lui, peut-être aurait-il reconfiguré son expérience pour dire qu’il a été abusé, violé, qu’il se serait auto-persuadé, et qu’il aurait été encouragé par les gens autour. « Un problème politique apparaît lorsque cette reconstruction a posteriori a tendance à être promue comme étant non pas une interprétation a posteriori du passé mais comme une expression de la vérité du moment passé, dont c’est l’expérience alors ressentie qui aurait été mensongère ». « Le consentement est ce qu’il est au moment où il est ; il n’est rien d’autre que lui-même, et il ne peut être rien d’autre que ce qu’il a été ». Dédramatiser la sexualité : ne pas ajouter des blessures psychiques à un monde où il y a déjà tant de blessures physiques
Curto, magnífico e provocador. Para quem quiser um desafio para o pensamento e para o debate.
"[Foucault enunciava] que, em vez de ver a sexualidade como um domínio à parte (...) seria mais interessante desdramatizar essa atividade (...) uma construção desta como uma atividade banal do corpo (...). [Deste modo] A violação seria então traumatizante não tanto por ser sexual mas por ser violenta - e Édouard Louis insistiu no facto de, no momento da sua agressão, o medo de morrer que sentiu quando foi estrangulado o ter marcado muito mais profundamente (...) [contudo] no discurso público, institucional e judiciário, a focalização na sexualidade conduzia os seus interlocutores a esquecerem-se completamente de tentativa de homicídio para dar constantemente destaque à violação como sendo o ato mais chocante.” pp.67-69
El libro aborda varios nudos polémicos del feminismo actual. Lo cual es muy importante para la coyuntura. Se anima a hacerlo sin tapujos. Ejemplo de ello son las libertades sexuales de los 70 en Francia que parecen hoy olvidadas por movimientos "emancipatorios", cuyos reclamos punitivistas se parecen más a la derecha que a lo que tradicionalmente se asoció a las izquierdas. Sin embargo, el texto no cita a criminólogas feministas por ejemplo, que vienen trabajando esta cuestión hace mucho tiempo y presenta algunas afirmaciones problemáticas para seguir pensando las sexualidades hoy
El libro reflexiona sobre la relación entre el cuerpo y la ley y aborda cuestiones como las relaciones sexuales con menores, la violencia sexual y el consentimiento, las repercusiones del sistema actual y preguntándose si sería posible un sistema mejor. Aborda temas con una lógica impecable y muy bien argumentada, de modo que le permite entrar en cuestiones muy delicadas y aportar ideas interesantes. Algunas de ellas no las había leído en ninguna parte y me han parecido muy enriquecedoras. Además, son 90 páginas y te lo lees en una tarde.