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A Cidade das Flores

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O enredo encena as vidas de um grupo de jovens que luta pelos seus ideais e se debate com as inevitáveis contradições entre os seus impulsos juvenis e as limitações impostas pelo governo de Mussolini. A tomada da conciência de cada um dos protagonistas é, assim, delicada, pura e heróica, como só nessa idade é possível, por vezes com uma carga verdadeiramente trágica, mas nunca deixando de irradiar o esplendor da cidade renascentista onde vivem. O amor, a arte, a amizade, o valor da intervenção, da luta política, a solidariedade são temas que atravessam todo este romance e que, muitas vezes, e sob outras formas, hão-de reaparecer na obra de Abelaira.

290 pages, Kindle Edition

First published January 1, 1959

3 people are currently reading
78 people want to read

About the author

Augusto Abelaira

26 books10 followers
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Faculdade de Letras de Lisboa. Exerceu os cargos de Director de programas da RTP (1977-78), das revistas Vida Mundial (1974-75) e Seara Nova (1968-69) e foi Presidente da Associação Portuguesa de Escritores (1978-79). A sua obra romanesca é marcada pela influência do noveau roman, através do jogo complexo com o tempo e o espaço, a que se acrescenta uma presença, por vezes irónica, do narrador que faz intervir a dúvida sobre a verosimilhança da enunciação ficcional. Publicou A Cidade das Flores (1959), As Boas Intenções (Prémio Ricardo Malheiros, 1963), Enseada Amena (1966), Bolor (1968), Quatro Paredes Nuas (1972), Sem Tecto Entre Ruínas (Prémio Cidade de Lisboa, 1978), O Bosque Harmonioso (1982), Deste Modo ou Daquele (1990), Outrora Agora (Prémio Eça de Queiroz, Grande Prémio do Romance e Novela da APE, 1997). Foi condecorado pela Presidência da República com a Comenda da Ordem de Sant’Iago da Espada, em 1997.

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Displaying 1 - 6 of 6 reviews
Profile Image for Graciosa Reis.
536 reviews52 followers
May 7, 2023
Romance publicado em 1959 (o primeiro do autor) situa-se na Itália (Florença) de Mussolini, anos 30. Ao focar-se no regime fascista italiano, o que o autor pretende é denunciar a situação portuguesa e, assim, “sugerir uma certa imagem de Portugal, o Portugal fascista dos anos 50”. Desta forma, colocando a acção noutro país, o autor logra a política de censura salazarista.
A narrativa dividida em duas partes, aborda o comportamento dos jovens perante o regime opressor no antes e durante a segunda guerra mundial.
É interessante constatar como funcionou muito bem a transposição da situação portuguesa para o meio político, social e cultural italiano. As preocupações, os desejos, os comportamentos retratados evidenciam claramente o que se passava em Portugal. (É estranho que a censura não tivesse percebido, ou foi-lhe útil ser hipócrita como o autor refere no posfácio?).

“É assim, como poderemos viver felizes sob este regime? Ele mata-nos o espírito e até nos faz descrer das nossas próprias qualidades: pois não é certo que somos incapazes dum gesto heróico e de acabar com ele duma vez para sempre? Não. Estamos roídos pelo medo, pela nossa própria cobardia.” (p. 234)
Atitudes, como a falta de empenho político, incapacidade de lutar, apatia perante o opressor, medo, ausência de fé, autocomiseração, descrença no futuro, conformismo, estão muito bem explanadas ao longo da narrativa e são representativas de uma juventude italiana, mas sobretudo portuguesa.
“ - Não crês no futuro. No fundo conformaste-te com o presente, embora ele te repugne. Desiste. Tornaste-te conformista.” (p. 178)

A Cidade das Flores continua a ser um romance intemporal e actual. De forma sublime e com alguma ironia, o autor descreve situações, constrói diálogos que ora corta ora intercala, que provocam no leitor imensas questões, imensas dúvidas sobre a existência humana, o relacionamento amoroso, a amizade, a (in)justiça, o pensamento crítico, o valor da arte na sociedade, a vida rotineira, a opressão e a guerra.

Recomendo! É importante manter viva a história de um país.
Profile Image for Alexandre Andrade.
Author 23 books40 followers
May 12, 2025
A acção situa-se em Florença, na véspera e durante a fase inicial da 2ª Guerra Mundial. Através de um grupo de personagens que se debate com dilemas éticos e com a necessidade de sobreviver e procurar o amor, Abelaira dirige-se, claramente, aos leitores de finais dos anos 50 que, em Portugal, enfrentavam também um regime repressivo que os obrigava a lidar com impasses, decisões e angústias. A dimensão alegórica é tão evidente que o autor, no posfácio à edição que li (Círculo de Leitores, 1980), se interroga sobre o que terá levado a censura do Estado Novo a permitir a publicação. Há muitas coisas interessantes neste romance. Sempre me interessou deveras a maneira como um autor se apodera de um espaço urbano que conhece mal (como era, assumidamente, o caso com a Florença de Abelaira), investindo os recursos e o poder evocativo que se esperaria da parte de alguém com uma sólida ligação sentimental ao lugar em questão. É também muito conseguido o tom de hiper-lucidez que percorre os diálogos e os encontros, mais ou menos aleatórios, entre as personagens, como se a época e a angústia lhes exacerbasse os sentidos: as menções a objectos ou gestos minúsculos, supérfluos para a narrativa, fornecem um contraponto inesperado à gravidade dos diálogos. Esta oposição entre a gravidade, própria dos tempos funestos de Mussolini, e uma ligeireza que soa a reivindicação, por parte das personagens, do direito a serem jovens e volúveis, é outro dos aspectos notáveis do livro. A maior fraqueza é uma certa fragilidade e inconsequência que decorre da aposta em falar de uma época enquanto retrata outra. A narrativa estende-se, muito conscientemente equidistante entre a parábola e o realismo, sem nunca se soltar nem ganhar a espessura e a exuberância que a teria elevado acima da condição de exercicio - um exercício tranquilo, livre e, a espaços, comovente.
Profile Image for Jorge Maia.
127 reviews6 followers
July 12, 2022
Concluído em 1957 e publicado em 1959, o romance A Cidade das Flores é a primeira obra de Augusto Abelaira. A trama – melhor, as diversas tramas que compõem o discurso romanesco – desenrola-se em Florença, num período em que o regime fascista de Benito Mussolini estava consolidado e a Itália preparava-se para entrar na segunda guerra mundial. As personagens – jovens – pertencem à classe média de Florença e vivem o drama de uma consciência dilacerada perante a situação que o país vive, os seus valores morais e a sua impotência para agir. O autor terá deslocado o espaço romanesco para um lugar fora do território nacional para iludir a censura, naquilo que seria, também, um questionamento da situação portuguesa, do regime autoritário de Oliveira Salazar, e de uma geração de portugueses oposicionistas ao regime, provenientes da classe média, mas com um pathos muito diferente daquele que habita os protagonistas do romance neo-realista em voga desde a década de quarenta.

Continuar a ler em: https://kyrieeleison-jcm.blogspot.com...
Profile Image for Cláudia Guedes da Silva.
99 reviews18 followers
Read
March 22, 2021
Li na sinopse que para escapar à censura Salazarista o autor situou a ação em Itália... Não consegui entender como é que esse facto salvou o autor da censura e até mesmo da cadeia. Demasiados cenários políticos, no extremo da intervenção e da luta contra o regime político em vigor, críticas ferocíssimas ao fascismo, descrições pormenorizadas das relações amorosas, sociais e familiares. A certa altura o autor até põe as suas personagens a desvalorizar o casamento como instituição e como o pilar da família e, a promover a mancebia. Não posso garantir, mas não consigo acreditar que este livro tenha passado pelas mãos e, principalmente pelos olhos dos censores do Estado Novo.
Profile Image for Margarida Rodrigues.
91 reviews11 followers
October 24, 2023
"eis o que é estranho: para que q itália seja livre e independente terá de perder a guerra"
Displaying 1 - 6 of 6 reviews

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