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O Pequeno Livro do Grande Terramoto: Ensaio sobre 1755

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As grandes catástrofes sempre inquietaram e suscitaram a curiosidade do ser humano. O debate em torno do Terramoto de 1755 tem razões para não se esgotar. No dia 1 de Novembro de 2005 comemorou-se o seu 250.º aniversário. Para além disso, acresce nas nossas consciências o panorama de turbulência política, religiosa e civilizacional que tem dominado a história recente. O Grande Terramoto, à semelhança de outras catástrofes, esteve na origem de uma vasta produção cultural e intelectual, colocando em destaque os modos de pensamento e as polémicas dominantes de então. Evocar esta história significa colocar na ribalta as controvérsias setecentistas, abrindo novas perspectivas sobre as implicações da efeméride, mas também sobre os paralelismos que é possível estabelecer com a actualidade.

Em O Pequeno Livro do Grande Terramoto, a escrita viva e cinematográfica de Rui Tavares acompanha-nos por uma travessia inusitada, a que é difícil resistir. Que relação existe entre grandes catástrofes como o Terramoto de 1755, o 11 de Setembro de 2001, o tsunami de 2004 ou os incêndios de Roma de 64 d.C.? E se o Terramoto não tivesse acontecido? Que relatos nos deixaram os sobreviventes? Qual o impacto do Terramoto sobre o panorama cultural da época? E que sentimentos nos provoca hoje? As respostas vão surgindo, inesperadas, alternativas e fundamentadamente arrojadas. Atente-se numa das conclusões: «(...) o grande legado de 1755 é o da interpretação construtiva de um fenómeno natural. Ou seja, em termos muito simples, uma atitude que consiste em dizer que, da próxima vez, estaremos melhor preparados.»

224 pages, Paperback

First published January 1, 2005

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About the author

Rui Tavares

49 books488 followers

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Displaying 1 - 30 of 41 reviews
Profile Image for Sérgio.
111 reviews31 followers
May 23, 2021
Não tenho por hábito escrever recensões críticas exclusivamente laudatórias. Sempre considerei que tinham muita afinidade com as peças jornalísticas e artigos de opinião encomendados à letra, ao estilo da produção de A Corneta do Diabo, de Palma Cavalão. Contudo, a excelência de O Pequeno Livro do Grande Terramoto (2005) de Rui Tavares assim o exige.

Rui Tavares é escritor, historiador e cronista, no jornal Público. A sua formação académica consiste em: uma licenciatura em História, variante de História da Arte, pela Universidade Nova de Lisboa; um mestrado em Ciências Sociais, pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, subordinado ao tema O Labirinto Censório: A Real Mesa Censória sob Pombal (1768-1777); um doutoramento em História e Civilizações pela École des Hautes Études em Sciences Sociales de Paris, com a tese O Censor Iluminado, sobre a censura portuguesa no século XVIII. Consequentemente, podemos definir a sua especialização no âmbito da história e cultura do século XVIII português, com particular interesse no reinado de D. José e governo do Marquês de Pombal, bem como na orgânica do aparelho censório de setecentos. O terramoto de Lisboa de 1755 enquadra-se, naturalmente, nesta especialização.

A obra, que estilisticamente se apresenta como um ensaio, pode ser resumida como um exercício prático de teoria e filosofia da história. Tavares não se limita a apresentar-nos a mais recente investigação sobre o terramoto. De um modo didáctico, enceta uma reflexão sobre as grandes catástrofes que marcaram e chocaram um período histórico – o incêndio da Roma de Nero, a queda das Torres Gémeas de Nova Iorque – e a forma como condicionaram a mundividência dos povos que as viveram, abalando ou confirmando as suas crenças. Esta reflexão, tanto sobre acontecimentos do passado como do presente, serve de mote introdutório à catástrofe que Tavares tem em mãos, a da Lisboa setecentista.

Estão estabelecidos os objectivos do ensaio: contextualizar a Lisboa pré-terramoto; descrever a catástrofe natural em si e os cinco planos para a reconstrução da cidade; percepcionar as ondas de choque do fenómeno no panorama político, cultural, filosófico, religioso e, em última instância, civilizacional de 1755; abordar as formas como, ainda hoje, somos filhos do terramoto e nem nos apercebemos.

Com vista ao seu alcance, Tavares começa por definir duas teorias contrastantes sobre a textura da história, a orgânica da linha temporal e a posição dos acontecimentos históricos por relação a essa linha: a determinista, ou fatalista, segundo o termo utilizado no século XVIII, e a céptica, ou pirronista, também de acordo com a terminologia da época. A primeira é definida da seguinte forma: “a uma distância fria e cerebral, os saltos da agulha da história tornam-se pouco significativos; a história não tem cotovelos nem faz qualquer outro tipo de ângulos fechados, é a experiência que dela temos à nossa escala que nos faz exagerar a importância do que vemos acontecer na nossa geração; o excesso de particularidades impede qualquer visão racional ou científica da história”. Já a segunda comunga da visão: “a história é arbitrária; um acontecimento pode desequilibra-la em direcções inesperadas e só uma tentativa de racionalização, ou seja, de redução à baixa amplitude do entendimento humano, faz com que a imaginemos sob qualquer forma geométrica simples” (Tavares, p. 14). Apesar de não tomar partido definitivo por nenhuma das teorias, Tavares utiliza-as como pontos de referência ao longo da obra, não só para melhor analisar o evento 1755, mas também para melhor ilustrar as visões das vítimas da catástrofe e as discussões de vária ordem, acima enumeradas, que se lhe seguiram.

A utilização de recursos teóricos não se fica por aqui. Num ponto inicial, antes ainda da contextualização, Tavares põe em prática um exercício de “história contrafactual”, imaginando Lisboa, Portugal, a Europa e o mundo sem o terramoto, de forma a melhor fundamentar a sua centralidade nos alvores da era contemporânea. Rui Tavares vai mais longe e ilustra este exercício com mapas baseados na Lisboa pré-terramoto. Fará outro tanto para os capítulos sobre a descrição e impacto do sismo, sobrepondo a esses mapas da Lisboa afectada pela catástrofe os relatos dos sobreviventes, portugueses e estrangeiros.

O ponto mais interessante da obra, contudo, é o estudo dos debates e narrativas geradas no seio da sociedade portuguesa. Na sequência do terramoto, esta dividiu-se em dois partidos: o religioso, à volta do padre jesuíta Gabriele Malagrida, considerando o sismo um justo castigo divino devido aos pecados nacionais; e o oficial, que começou por tolerar o anterior, mas cedo definiu a catástrofe como um fenómeno natural, fruto de causas passíveis de serem identificadas pela ciência. A tese de Tavares é de que o terramoto foi essencial na ascensão do Marquês de Pombal como homem forte do governo de D. José, que trouxe consigo uma nova forma de governança, o despotismo iluminado, liberto das constrições da casuística jesuíta e do contrapoder da nobreza. No fundo, o sismo gerou o Pombalismo, que, por sua vez, procedeu à expulsão dos jesuítas e ao processo dos Távoras como forma de consolidação do poder e instituição do despotismo. Estas alterações profundas na governação tiveram eco na narrativa oficial sobre 1755, moldada decisivamente pela Real Mesa Censória, instituída por Pombal e responsável pela condenação definitiva das teses do partido religioso do padre Malagrida.

Perante tamanho arsenal de recursos teóricos, não é de estranhar que Tavares tenha sido convidado para leccionar a aula de apresentação da cadeira do segundo semestre do mestrado em Filosofia, área de especialização em Filosofia Política da FCSH da U. Nova de Lisboa, Questões de Filosofia da História, no ano lectivo de 2020/21, a 8 de Fevereiro do corrente, subordinado ao tema “Tempovidências: história da filosofia da história” (consultar link. 1º). Já os capítulos sobre o Pombalismo são espelho, e fruto, da sua tese de mestrado.

A apontar a Tavares podemos apenas realçar questões menores, que em nada diminuem a qualidade da obra. Seria interessante incluir ilustrações dos planos hipotéticos para a reconstrução de Lisboa, no respectivo capítulo. Uma abordagem das inovações técnicas utilizadas na reabilitação da cidade, como a gaiola pombalina, constituiria um complemento perfeito ao capítulo atrás mencionado. Por fim, Tavares trata da influência do terramoto no desenvolvimento das sensibilidades nascentes com o Pré-Romantismo e, posteriormente, com o próprio Romantismo, é certo. Todavia, seria relevante executar um estudo semelhante para o impacto sísmico na literatura portuguesa do mesmo período.

Referências

TAVARES, Rui (2005) – O Pequeno Livro do Grande Terramoto. Lisboa: Edições Tinta-da-China.

1º - https://www.facebook.com/photo?fbid=2... [Consultado a 22-5-2021].
Profile Image for Paul Weiss.
1,466 reviews544 followers
August 16, 2025
“… the 1755 earthquake was “the first modern catastrophe” because it was the first one to trigger civil protection efforts staggered in order of practical priority rather than religious or symbolic order,”

“and also because it was the first one to originate overall preventative legislation and a comprehensive reflection on the reconstruction of what today would be called “ground zero”.”

A SHORT BOOK ON THE GREAT EARTHQUAKE is a short (well, what else?) and workmanlike history of the earthquake that devastated Lisbon in 1755 – unquestionably one of the most significant events in Portuguese history from a number of perspectives – the debate between philosophers, government pundits, theologians, and some of the brightest minds in Europe’s Age of Enlightenment as to whether the earthquake was natural and unavoidable or whether it was a visitation of God’s wrath on the city of Lisbon as punishment for their sins and idolatry; an investigation of the possible paths that the reconstruction of Lisbon might have taken in the immediate aftermath of the devastation; a political and sociological comparison of the disaster to events of similar proportions both ancient and modern (the Great Fire of Rome in 64 AD, the 2004 Indian Ocean tsunami, the leveling of Hiroshima and Nagasaki with nuclear bombs in WW II, and the collapse of the World Trade Towers in September 2001); how the event impacted historical developments in the balance of the 18th century in Europe; and more.

Rui Tavares closes his work by expounding on the characterization of the Lisbon Earthquake as the “first modern catastrophe”.

Rui Tavares gives his readers (and presumably lovers of the non-fiction history genre) plenty of meat to chew on. But A SHORT BOOK suffers from a rather turgid and overly technical dry bones exposition that falls well short of (and suffers by comparison to) the exciting history that is offered to fans of the likes of Simon Winchester, Pierre Berton, Ken McGoogan, Erik Larson or Yuval Noah Harari.

That said, A SHORT BOOK was an interesting read and a worthy memento of a thoroughly enjoyable vacation in Lisbon.

Paul Weiss
Profile Image for Julian Worker.
Author 44 books452 followers
October 19, 2025
The great earthquake in Lisbon took place on 1st November 1755.

This book covers all aspects of the terrible events of that day from the reconstruction of the city to the philosophical debates it began amongst the intellectuals of the time.

The book also shows what Lisbon might have looked like today if the earthquake had not taken place.
Profile Image for Paulla Ferreira Pinto.
265 reviews37 followers
August 22, 2019
Pronto: depois deste, fiquei com vontade de me lançar nas 10579 páginas do Censor Iluminado...
Profile Image for Inês.
111 reviews
June 26, 2022
4.5 *
Um livro histórico sobre o terramoto de 1755 e o seu contexto político e social. A parte que mais fostei foi a narração desta catástrofe através das testemunhas oculares que rui Tavares relata com base em cartas enviadas aos familiares no estrangeiro ou com pistas do género. E fá-lo muito bem. Afinal, é sempre mais interessante e cativante aprender através de personagens.

Todos os portugueses devem saber concerteza deste marco histórico, mas poucos saberão os detalhes que este livro nos conta. O que estava a fazer lisboa quando tudo começou? Como reagiram as pessoas? Qual a interpretação [popular] religiosa do acontecimento? Porque é que se optou pelo traçado pombalino para a reconstrução da baixa, em oposição a outras medidas?

Achei as respostas a estas perguntas (e outras tantas) pertinentes e curiosas.
Profile Image for Cat.
805 reviews86 followers
June 11, 2025
um livro que vai para além da simples descrição e consequências do grande terramoto, dando também alguma perspectiva sobre a época (pré, durante e pós) e ainda debruçando-se sobre alguns cenários hipotéticos. leitura muito cativante
Profile Image for Emily Rooker.
27 reviews
December 18, 2024
I picked up the English translation of Rui Tavares’ book about the 1755 Lisbon Earthquake at the Quake museum in Belém. As a native English speaker whose Portuguese is still not quite good enough to read contemporary Portuguese source texts and other academic thought about the earthquake, this book was such a wonderful find! The book is not so much a simple retelling of the earthquake and the events following, and actually assumes that the reader has some background knowledge. This book is actually more a series of contextualizations and reflections, particularly those that don’t freeze the 1755 quake in amber but rather firmly within the world we still exist in today. I particularly loved the chapter where an imaginary Lisbonite walks through Lisbon assuming the earthquake never happened, and all that the book does to examine contemporary reactions to the earthquake, both religious and political. Overall, a really excellent read that deepened my understanding of the quake beyond just dates, facts and key people.
845 reviews
May 10, 2020
Demorei demais a ler este ensaio, não o esperava tão bem escrito e estimulante. O Terramoto de 1755 foi um evento singular sim, mas também um acontecimento que acelerou outros movimentos em curso na sociedade portuguesa e europeia de então. É interessante também lê-lo quando estamos em tempo de pandemia, porque possivelmente estamos a ver acontecer um efeito terramoto de 1755 no presente e no futuro.
Gostei especialmente do livro-amuleto, vendido à época como uma forma de protecção pessoal contra o terramoto. O livro, mesmo que não servisse para ler, tinha valor simbólico.
18 reviews2 followers
May 26, 2023
I selected this book during my stay in Lisbon, drawn to its timely relevance. While certain chapters captivated me completely, others seemed laden with peripheral matter that failed to pique my interest. Nonetheless, it remains one of the most commendable works on the subject. Should you harbor curiosity regarding this natural catastrophe, I wholeheartedly endorse it.

The book excels in its portrayal of first-hand accounts, with Chapter Six particularly shining as a veritable action movie in prose, warranting independent consideration. Moreover, the author invokes profound introspection by means of these testimonies. Notably, the author raises thought-provoking inquiries, such as the absence of context for victims in the wake of an earthquake, which reveals the darkest facets of human nature. One eyewitness astutely remarks, "From this experience, we have witnessed the hollowness of professed love from those who claim to prioritize their loved ones over themselves, underscoring the power of self-worth."

However, several chapters leave much to be desired. Chapter Four provides fleeting glimpses into the daily lives of individuals prior to the earthquake. While the author's intention is commendable, I found these accounts to be shallow and hastily rendered, making them difficult to retain for future reference, especially without foreknowledge of their significance. Additionally, the introductory and concluding chapters suffer from a certain verbosity that feels less like a pithy monograph and more like a need to meet a prescribed word count. The most evident instance of this occurrence is found in the author's "republic of letters," an extended metaphor that fails to contribute substantially to our comprehension of the central thesis—the exploration of letters from beyond Portugal during that period.

Lastly, I believe the author could have approached the speculative history aspect with both a lighter and more rigorous touch. In Chapter Two, the inquiry into the hypothetical trajectory of Lisbon in the absence of the earthquake appears too narrow in scope, focusing predominantly on specific neighborhoods. This leaves me pondering questions such as, "Would Napoleon have encountered greater resistance in invading Portugal if the earthquake had not transpired?" Portugal, once a commanding global power since the 15th century, left me desiring a clearer understanding of how much of its decline was attributable to the earthquake. While the author acknowledges the magnitude of this event ("Roman fires are regarded as a harbinger of the decline of the Roman Empire, much like the Lisbon earthquake signifies the beginning of the end for the Ancien Régime"), the work ultimately engenders more questions than answers.

Notwithstanding these reservations, I highly recommend this book to those with an ardent fascination for the Lisbon earthquake and the intricacies of societal responses to natural disasters. It offers profound insights into when the earthquake's impact subsides, when it relinquishes its grip on the collective psyche, and how individuals justify such calamitous occurrences
Profile Image for Iceman.
357 reviews25 followers
December 30, 2012
Considerado como o melhor ensaio de 2005 pelos leitores do destacável “Mil Folhas” do jornal “O Público”, e consagrado no programa da RTPN “Livro Aberto”, “O pequeno livro do Grande Terramoto” de Rui Tavares, escritor e historiador, efectua de uma forma simples e objectiva, uma análise ao terramoto de 1755 e o impacto que o mesmo teve, não só na vida social e cultural portuguesa, como também, e demonstrando uma grande capacidade de análise, em todo o mundo.

Mas Rui Tavares vai muito mais longe.

Inicialmente empreende uma comparação entre várias catástrofes naturais que, segundo ele, ficaram como marcos da humanidade. Assim, salta dos atentados às twin towers no 11 de Setembro de 2001, para o incêndio de Roma de 64 d.C., passando pelo tsunami de 2004 e acabando no terramoto de 1755, o verdadeiro objectivo do livro.

Achei isso deveras interessante, até porque ele aborda o impacto que esses desastres tiveram na mentalidade e o quanto o seu não acontecimento, ou seja, se não tivessem ocorrido, contribuiria para mudar, ou não, o curso da História, até porque a mentalidade da época estava muito encarcerada pela religião e isso é muito importante, se não mesmo vital, para se entender esse curso. E interessante também a forma como ele consegue interligar esses desastres dentro de vários denominadores comuns.

Depois Rui Tavares entra mais densamente na catástrofe de Novembro de 1755. Aí descreve os meses anteriores ao acontecimento, a disposição arquitectónica, a vida social dos habitantes e da côrte.

Mostrando várias figuras da época, vamo-nos apercebendo que Lisboa era uma cidade decadente, extremamente mal organizada ao nível arquitectónico, com ruas muito estreitas e escuras. Isso é alvo de análise, o terramoto veio quase fazer o que o Homem não tinha tido coragem para o fazer: destruir para erigir uma cidade mais moderna. Curioso constatar a enorme e obtusa religiosidade dos habitantes alfacinhas. No entanto, e isso foi alvo de uma profunda questão na época, Lisboa possuía dezenas de igrejas. Umas das razões apontadas à ocorrência do terramoto foi o de ser um castigo de Deus, pois várias dessas igrejas ruíram com centenas de pessoas que estavam na altura na missa, no entanto quem era adepto dessa explicação metafísica ficou extremamente incomodado quando se deparou com a zona de prostituição completamente incólume, enquanto que quase tudo o resto foi arrasado.

É de facto um excelente ensaio que analisa várias perspectivas dessa célebre catástrofe, focando também várias “vozes” que se ouviram do estrangeiro, assim como as influências que o terramoto de Lisboa de 1755 teve na arte, música, literatura e até na mentalidade de todo o mundo.
Profile Image for Victor Sonkin.
Author 9 books318 followers
April 28, 2025
(I read the Russian edition — which was okay, but I do have some questions.) A very good short book about one of the most momentous events of the 18th century, at least from the point of view of contemplation and understanding. It also provides a good overall perspective and some curious historical analogies.

UPDATE. There are some mistakes, but also some links to excellent sources not listed by the authors of the English-language books, and also some references to contemporary thinking about disasters and everything else that became so prominent after the 1755 disaster.
Profile Image for Maria Carmo.
2,052 reviews51 followers
May 23, 2012
Este livro é um ensaio brilhante sobre todos os ângulos possíveis em que se pode analisar o terremoto de Lisboa, inclusivé a projecção de como seria Lisboa se o terremoto nunca tivesse ocorrido! A discussão dos conceitos, a análise arquitectural de Lisboa, as consequências em termos de memória história e memória colectiva, tudo neste livro o torna uma leitura excelente de inesperada qualidade e intenso interesse. Adorei.

Maria Carmo

Lisboa 23 de Maio de 2012.
Profile Image for Jorge Pinto.
Author 5 books99 followers
February 6, 2016
É um ensaio de arquitectura? De história? De filosofia? Rui Tavares consegue nesta obra condensar variadíssimas perspectivas sobre o grande evento de 1755 que tanto definiu o país como ele é.

É um gozo ir percorrendo as quelhas daquela Lisboa pré-terramoto acompanhando vários "personagens" e as suas desaventuras, enquanto vamos percebendo o impacto que aquele acontecimento teve a nível global. Punição divina? Culpa dos pecados humanos? A natureza a seguir o seu curso?

5 estrelas.
Profile Image for André Pereira.
95 reviews2 followers
April 21, 2023
Muito bom para quem gosta de história e quer saber mais sobre o terramoto de 1755.
Suportada por variadas fontes históricas, esta lição de Rui Tavares relata os eventos antes, durante e após o grande terramoto, pelos olhos de quem o viveu bem como dos seus contemporâneos dentro e fora de Portugal. Aborda também a reconstrução da cidade e o início do Pombalismo em Lisboa no rescaldo do terramoto.

O livro foca-se também na percepção cultural de grandes desastres e na sua influência na história e cultura da sociedade. À luz da sociedade da época, são apresentadas as divergentes opiniões e justificações para tais catástrofes naturais, marcando o início do iluminismo e da racionalização deste tipo de fenómenos. No entanto, denota ainda que, nos dias que correm, ainda existe alguma irracionalidade no que toca a grandes catástrofes.
Profile Image for Carolyn Whitzman.
Author 7 books26 followers
October 11, 2023
This is a perfect example of my far greater tolerance for non-fiction over fiction. Tavares’ book is in essentially a series of short essays: Portugal in 1755 before the earthquake, November 1 through the testimony of eye-witnesses, possible ways Lisbon could have rebuilt. Most of all, it’s a meditation on the disaster as a symbol of the move from a theocratic world view (what could the victims have done to bring God’s wrath upon them) to a more fatalistic or perhaps scientific view. The book is written for an audience that knows more about Portuguese history than I do - it is as much historiography and history of ideas, rather than a straightforward account. But I learned a bit more about European enlightenment thought..
2 reviews
January 15, 2025
Excelente ensaio sobre a perspectiva humana sobre as grandes catástrofes da natureza e como nos moldam enquanto sociedade. Deliciosa contextualização daquilo que era a Lisboa/Portugal do sec. XVIII!
Profile Image for Diogo Pereira.
213 reviews2 followers
October 10, 2021
Um estudo incrivelmente interessante sobre o Terramoto de 1755 e a Lisboa antes e depois do abalo. Inclui relatos de sobreviventes, uma análise aos efeitos sociais e até uma linha do tempo alternativa onde o sismo não aconteceu, e a baixa da cidade não tem a grelha que hoje conhecemos. Tudo isto numa escrita cativante mas acessível
Profile Image for Antonio Ceté.
316 reviews54 followers
June 5, 2017
¡Todo lo que siempre quisiste saber sobre el impacto cultural y social del terremoto de Lisboa, e incluso algunas cosas que te darán exactamente igual! A ratos se me ha hecho cansino, pero tenía preciosas descripciones de decapitaciones de efigies de madera, así que mi valoración solo puede ser positiva.
13 reviews
October 29, 2018
Uma obra que aborda o tema do terramoto de 1755 não como a tragédia ou fato histórico, mas como um evento que acabou por ser transversal à religião e à filosofia, mexendo de certa forma com questões universais. O terramoto foi assim, mais do que uma cidade destruída, tremendo com muitas questões e inquietações existenciais. O seu impacto foi mundial. Para ler e reler.
Profile Image for Carolina Bento.
116 reviews7 followers
February 1, 2022
Graças a Rui Tavares, redescobri o meu interesse por História. Uma leitura obrigatória para entender o poder dos grandes acontecimentos no desenvolvimento da narrativa de um país e um povo.
Profile Image for Harvey Hênio.
626 reviews2 followers
March 24, 2023
Dia 29 do mês outubro, ano de 1755, Lisboa, capital do reino de Portugal. Um dia como outro qualquer em que as pessoas procuram cuidar de suas vidas? Nada disso. Um potente terremoto arrasa a capital lusitana. Outros pequenos terremotos ocorrem em seguida. Incêndios alastram-se pela cidade e agravam a situação. As pessoas correm, em pânico, para junto ao mar em busca de salvação mas o que encontram é um tsunami que invade a cidade e inunda completamente um quilômetro além da costa. Em desespero milhares de pessoas tentam salvar-se em meio aos escombros de um lado, incêndios de outro além de inundação vinda do litoral. Estatísticas não muito precisas falam de 70 mil mortos numa das maiores catástrofes da história da Europa.
Em “O pequeno livro do grande terremoto”, o professor e historiador português Rui Tavares, nascido em 1972, recriou com esmero esse traumático acontecimento.
Este livro foi lançado, originalmente, em 2005, quando a catástrofe completou 250 anos. Em 2022 a editora “Tinta da China” relançou a obra de forma bem oportuna pois trata-se de um excelente trabalho.
Rui Tavares não apenas nos conta a história do terremoto. Ele faz muito mais do que isso. O contexto histórico em que a catástrofe ocorreu é recriado com precisão, relatos de sobreviventes são reproduzidos e analisados, histórias individuais são resgatadas, a disputa entre a ciência, representada pelos personagens do Iluminismo, corrente política, econômica, científica e social, então em voga na época, que procuravam colocar a catástrofe numa perspectiva natural e científica e os devotos que viam a mão divina na catástrofe merecem um espaço privilegiado no livro e os desdobramentos do desastre, entre eles o fortalecimento do poder de Sebastião José de Carvalho e Melo, o futuro Marquês de Pombal, cuja atuação provocou grandes consequências, inclusive na questão da aceleração do processo de emancipação política brasileira, enriquecem, sobremaneira, a obra. Além disso o autor estabelece interessantes paralelos entre esta catástrofe e outras, como o ataque às Torres Gêmeas em 2001 e o tsunami de 2004 no Oceano Índico.
Caso você releve algumas expressões do português de Portugal com o qual este livro foi elaborado, trata-se de uma excelente leitura, indicada, para todos os públicos, interessados na análise de fatos históricos em profundidade.
Profile Image for Nuno Mendonça.
49 reviews2 followers
August 10, 2025
O terramoto de 1755 é daqueles acontecimentos que conhecemos de ouvir falar, mas que raramente percebemos em toda a sua dimensão. Rui Tavares, com a escrita envolvente a que já nos habituou, consegue condensar numa obra breve um vasto retrato histórico, urbano e cultural, tornando O Pequeno Livro do Grande Terramoto um verdadeiro “livro amuleto” — como na tradição de outros tempos, em que pequenos volumes eram levados no bolso ou junto ao corpo, não só para consulta, mas como guardiões simbólicos de saber, memória e proteção.

Entre as descobertas que mais me marcaram está a verdadeira Barraca da Ajuda, o abrigo improvisado onde D. José I viveu durante anos, afastado do centro de Lisboa por algo que hoje chamaríamos PTSD. É um detalhe humano e íntimo que nos aproxima de uma figura histórica muitas vezes reduzida a datas e decretos.

Outro ponto fascinante são os projetos de Manuel da Maia, que poderiam ter dado origem a uma Lisboa completamente diferente da que conhecemos — mais ampla, organizada e com um traçado que, no século XVIII, já se aproximava de ideias urbanísticas modernas. Ler sobre o que poderia ter sido deixa um travo de imaginação e até de melancolia.

O livro também abre a perspetiva para fora de Portugal: perceber que Kant, Voltaire, Diderot e tantos outros escreveram sobre o terramoto revela como, por um momento, Lisboa foi centro de uma reflexão mundial sobre destino, fé, ciência e a própria condição humana.

É história, mas é também filosofia e urbanismo. É memória, mas é igualmente um convite à observação do presente. Rui Tavares cumpre aqui uma das maiores virtudes da escrita histórica: mostrar que compreender o passado é também entender melhor quem somos hoje — e este “livro amuleto” é o tipo de obra que, pela sua dimensão e densidade, merece ser guardada perto, para revisitar sempre que precisarmos de lembrar como a História molda o nosso chão.
Profile Image for Fernando Pestana da Costa.
559 reviews28 followers
June 14, 2020
The Great Lisbon Earthquake of November 1, 1755, was an epoch-making event, not only for the geography of Lisbon and the collective memory of Portugal, but also in what concerned the eighteen century's arguments about good and evil, natural versus supernatural causes, the active role of God in everyday life, and the like. Even more relevant for the history of Portugal, the Earthquake and its aftermath revealed the true stature and statesmanship of one of the greatest Portuguese politicians of all times, the minister Sebastião José, one of the very few persons in the long Portuguese history to have been bold enough to pursue a path of modernization of the country (by improving education, national industry and initiative, and curbing the ever powerful and stultifying influence of the Church and the higher Nobility. On the occasion of the 250th anniversary of the cataclysm, this great little book, by a young Portuguese historian, is a delightful reading, touching in all these political, philosophical, religious, geographical, and economical developments, as well as the day-to-day issues that came in the wake of the quake and forever changed the face of Lisbon, its inhabitants, as well as the history and collective memory of the nation. An excellent reading.
Profile Image for David Cavaco.
569 reviews6 followers
September 21, 2023
Was hoping for a more direct history focusing on the human tragedy, economic impact, rescue efforts and so forth. Instead, the author stressed more philosophical debates amongst European humanist thinkers. Where was the history of Portugal's ultimate statesman the Marques de Pombal who rebuilt Lisbon from the ashes? This book was not what I expected. Skip.
9 reviews
June 5, 2025
É tão rico de referências e associações que por vezes até pode ir longe de mais e detalhar demasiado um pormenor uma personagem da história ou um evento. No entanto, não deixa de perder o interesse pela forma simples e ao mesmo tempo densa e profunda com que são contadas as múltiplas histórias, e bem argumentados factos para nos darem uma perspectiva nova sobre o terramoto.
57 reviews1 follower
August 19, 2025
Not only a retelling of the earthquake, but also a discussion of its philosophical, theological, and cultural implications. I had mainly wanted to know how the physical city as it is today came to be — the before-after commentary could have been better tbh — but I was pleasantly surprised by all else this book had to offer.
Profile Image for Ana Rodrigues.
8 reviews
January 22, 2021
Descrição completa de uma catástrofe marcante, demonstrando o poder que este fenómeno teve por todo o mundo. Rui Tavares não desilude uma vez mais.
Displaying 1 - 30 of 41 reviews

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