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Uma Longa Viagem com José Saramago

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José Saramago, Prémio Nobel da Literatura em 1998, é certamente o escritor português mais traduzido, e mais lido, no estrangeiro. E, no entanto, talvez não seja tão profundamente conhecido no seu próprio país como seria de esperar. Portugal reconhece-o pelos livros que escreveu e que surpreenderam muitos milhares de leitores, mas desconhece-o porventura em muito da sua intimidade e até do seu pensamento. Durante as dezenas de horas de conversas sem tabus de que resultou este livro, procurou-se ir além de algumas verdades feitas sobre o autor que reinterpreta o Evangelho, que optou pelo exílio ou que profetiza a inevitabilidade da União Ibérica. As respostas de José Saramago foram analisadas por vinte e quatro outros entrevistados, que comentam as suas declarações e a sua prática da escrita, tudo isto num cenário de reportagem dos lugares por onde a sua vida passou e de investigação e análise da sua obra. Há palavras nunca ditas e outras reditas sob o olhar da actualidade. Sem reticências, como compete a quem durante tão grande conversa começou e acabou um novo livro, e a meio achou que não teria mais vida para terminar o desafio de se revelar num diálogo pouco habitual por tão extenso. Uma peça imprescindível para conhecer melhor a vida e a obra de um grande escritor português.

«...documento incontornável...»
Expresso, actual

«Uma longa conversa em que Saramago se liberta, dialogante, espontâneo e sem amarras, revelando facetas desconhecidas e outras propositadamente ignoradas por quem não tem apreço pela sua obra e pensamento.»
Expresso, actual

416 pages

First published January 1, 2009

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João Céu e Silva

19 books5 followers

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Profile Image for Elsa.
64 reviews37 followers
March 19, 2018
Antes de tudo o mais talvez valha a pena referir que até ter terminado a minha licenciatura em Comunicação Social nunca sequer tinha pegado num livro de José Saramago. Não é nada de que me orgulhe mas também não tenho por que me envergonhar. Sempre li muito e tanto autores estrangeiros como portugueses, mas, Saramago digamos que estava de uma forma “silenciosa” como que “politicamente banido” lá em casa. Foi já depois de ele ter recebido o prémio Nobel que, por razões profissionais – eu era jornalista no Fundão e ele ia receber a chave da cidade – que eu... bem, eu queria entrevistá-lo e não tinha lido nada dele até então. Foi assim que, quase à velocidade da luz , li A Caverna para poder fazer perguntas inteligentes e... amei! E amei falar com ele e ver que afinal de contas o senhor não comia jornalistas ao pequeno almoço. ☺

Mesmo assim não passei a ler freneticamente tudo o que escreveu, mas li por exemplo o Ensaio sobre a Cegueira que achei muito bom e, já mais tarde, Terra do Pecado e Clarabóia dos quais também gostei bastante. O resto da obra (alguns títulos na minha estante) ainda está à espera de melhor dias.

Talvez por me sentir em “dívida” para com Saramago, e porque sempre gostei muito de ler entrevistas, achei que uma forma muito boa de o ficar a conhecer melhor e à sua obra seria deixar-me ir também nesta “Longa viagem”.

Uma longa viagem com José Saramago começou a 18 de Junho de 2007 e ao longo de quase dois anos muitas foram as horas de conversa entre o jornalista do Diário de Notícias e o Nobel da literatura 1998. Conversas que tiveram lugar entre o Arco do Cego, em Lisboa, e a segunda residência de Saramago, em Tías – ilha Canária de Lanzarote.

Um dos objectivos do autor João Céu e Silva era o de tentar “fazer a reprodução destas conversas e factos sempre no tempo e no modo em que aconteceram, sem alterar a cronologia dos eventos e das declarações, de forma a proporcionar ao leitor uma privilegiada situação de observador quase íntimo dessa vivência” e foi, no meu entender, conseguido a 100 por cento e por isso as minhas 5 estrelas. Também porque saí desta leitura com imensa curiosidade em ler outras obras de Saramago e isso parece-me que é também 5 pontos a favor de quem transcreveu esta imensa e intensa entrevista.

Entre muitas informações acerca da sua obra ficamos ainda a conhecer um pouco mais da sua vida, assim como o orgulho nas suas raízes humildes “na aldeia andei sempre descalço até aos 14 anos”; nos seus pais e nos avós analfabetos que descreve com visível carinho: o avô Jerónimo – “o homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever” e a avó Josefa que afinal “também acreditava em sonhos”.

No decorrer da leitura pude rir muitas vezes com o humor apurado de Saramago e pude mais uma vez reconhecer que foi a sua personalidade forte o que por variadíssimas vezes o fez fazer passar por arrogante aos que invejavam a sua importância no campo da literatura. Sim, porque tal como o próprio diz “o sentimento da inveja pode não ser a inveja directa, pode manifestar-se de outras maneiras também”.

Acerca da enorme polémica gerada em torno da obra Memorial do Convento e em resposta à pergunta do jornalista: “Sente-se injustiçado com as coisas que dizem sobre si?” – a resposta é bem à sua maneira: “Injustiçado?! Para isso era preciso que essa gente soubesse o que significa justiça! São simplesmente caluniadores, mentirosos e nada mais. Nem vou dar grandes nomes a essas atitudes”.

Muito provavelmente esta será a minha próxima leitura de Saramago, na minha época de secundário o Memorial do Convento não era uma obra obrigatória – boa desculpa para ainda não o ter lido, não? (ok...não)

Esta é, sem dúvida, uma “longa viagem” a recomendar a todos quantos gostariam de conhecer um pouco melhor o homem por detrás da obra, nas suas próprias palavras e não pelas de alguém que mais tarde decide escrever acerca dele.
Outra recomendação é que se algum dia forem de férias a Lanzarote, que visitem Tías e a sua casa. Talvez só depois de visitar esta ilha (em tudo tão diferente de Portugal) se consiga entender a razão que o levou a ficar por lá...
Eu percebi desde o primeiro momento que pus os pés no aeroporto de Lanzarote.

*** Spoiler ***

Termino com a última pergunta do livro:
“A epígrafe que escolheu desta vez foi Sempre chegamos ao sítio onde nos esperam. É isso que sente?
É e todos nós. Chama-se morte. O sítio chama-se morte. Queiramos ou não queiramos, sempre acabamos por chegar aí.”
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