Assim que descobre que está grávida, Beatriz planeja dar a notícia para Cristiano, mas espera pelo melhor momento. Antes que esse momento chegue, o marido morre inesperadamente, obrigando a protagonista a se refazer como viúva e como mãe.
O último sábado de julho amanhece quieto é organizado em breves capítulos que acompanham as semanas da gravidez de Beatriz. E, no ritmo dessa gestação, percorremos com a protagonista uma jornada intensa e transformadora, conduzidos por culpas e remorsos, alegrias e pulsões de uma mulher que lida com a morte e com a vida, simultaneamente.
Silvana Tavano nasceu em São Paulo em 1957, e estreou na literatura depois de anos de atuação no jornalismo como editora em revistas femininas. Com mais de vinte livros dedicados às crianças, alguns já publicados na Argentina, na China, no México, na Turquia e na Suécia, ingressou no curso de Formação de Escritores do Instituto Vera Cruz (onde hoje atua como docente) e, em 2015, começou a escrever este primeiro romance. Temas que percorrem muitos de seus livros infantis – o início e o fim de todas as coisas, as perdas e o silêncio – entram em cena também aqui e se reinventam.
Se esse livro tivesse irmãos, eles seriam Não fossem as sílabas do sábado e A natureza da mordida, uma vez que todos se assemelham ao retratar a perda e a partida silenciosa de pessoas; que acabam por deixar, mediante o silêncio, a incompreensão sobre aquilo que não foi dito.
Com a saudade acabando por dar espaço para a suposição, o leitor é apresentado à gestação de Beatriz e as semanas que dela suscederam. Narrando tanto as primeiras semanas, as últimas e o dia em que tudo amanheceu quieto e em que a dúvida surgiu pelo ato inesperado. Os dias e meses abraçados pela dor, a relação conflituosa com os amigos e os pais faz surgir a dúvida de que “será que a gente precisa sofrer pra fazer as coisas valerem a pena?” e se assim for, como se enfrenta e segue em frente meio a bagunça deixada, onde por vezes o afeto tem que abrir espaço para a raiva passar?
Nesse sentido, a obra explora a partida, mas também a chegada, o cuidado, o afeto e também a desolação, a raiva e por fim, o término incompleto e toda uma vida inconclusa pronta para ser preenchida, em mais uma obra muito bonita e delicada de Silvana Tavano. Eu tive uma ótima leitura, quase tão boa quanto Ressuscitar mamutes.
tinha esquecido de marcar este como lido? enfim, primeiro de maternidade q li esse ano e muito tocante e triste e real. escrita boa e fluida. mommy issues pra cima e pra baixo. mas de tao triste e sem redenção, q nao consigo dar uma boa avaliação. nao gosto de tristeza por tristeza. pq isso ja é a vida. nao fugiria pra literatura se quisesse mais do real. mas essas vidas importam de fato. é um assunto muito pertinente e a maternidade deveria ser tratada com a mesma seriedade.
Livro envolvente. Narrado na terceira pessoa, mas com muito acesso ao pensamento da protagonista. Silvana permite que vc sinta toda a angústia pela qual a personagem passa, sem qualquer melodrama. Leitura rápida, mas que captura o leitor.
Que grata surpresa, peguei o livro na Biblion, porque era curtinho e eu poderia ler durante a noite. Um livro sensível, bem escrito e que apresenta a história dessa mãe que perde o marido no início da gestação. Adorei conhecer a autora e estou ansiosa para conhecer mais trabalhos
um livro bem curtinho, de capítulos rápidos. porém denso. as nuances da maternidade, das tramas familiares, do luto, da morte e nascimento.
os personagens foram bem construídos, porém, senti falta dessa construção ter sido melhor trabalhada e aprofundada. entendo que, para o início da sua trajetória na escrita, a autora se propôs exatamente a isso - uma história curta, com prazo de validade (o decorrer da gestação), mas acho interessante observar a possibilidade de crescimento.
"papá querido, [...] (você) minha casa ensolarada, a sua luz constantemente me amanhecendo"